«Quem nasce em Portugal é por Missão ou Castigo»

Quem nasce em Portugal é por Missão ou Castigo" – – Profecia lapidar da Montanha de Sintra.

E a nossa grande Raça partirá em busca de uma Índia nova, que não existe no espaço, em naus que são construídas «daquilo que os sonhos são feitos». E o seu verdadeiro e supremo destino, de que a obra dos navegadores foi o obscuro e carnal ante-arremedo, realizar-se-á divinamente.

Profecia de Fernando Pessoa, extraída de A Nova Poesia Portuguesa no Seu Aspecto Psicológico, in A Águia, nº 12, II série.

Hoje em dia andamos todos descontentes com o país. Estamos à beira das eleições e vemos como os ideais de Abril foram pervertidos. Os três principais partidos do poder estão envolvidos em inúmeros escândalos de corrupção. O aparelho de Estado é totalmente permeável a interesses económicos, financeiros ou políticos que prejudicam o cidadão comum. O país tem pouca mobilidade social e algumas conquistas civilizacionais como o Serviço Nacional de Saúde ou a escola pública podem no futuro estar em risco devido ao elevadíssimo endividamento público.

Outros povos europeus e de outros continentes têm economias mais produtivas e eficientes. Estados sociais mais generosos e sociedades mais justas, menos corruptas. Produzem mais cientistas, músicos, filósofos. Mas Portugal não consegue atingir este grau de desenvolvimento, e permanece na «cauda» da Europa.

Por outro lado,  inúmeros autores ao longo da nossa História atribuíram uma missão especial aos portugueses. Dizem que somos especiais e estamos «escandalosamente protegidos» pela Providência. Alguns afirmam que «fomos possuídos por um demónio no reinado de D. Manuel I» mas que quando formos resgatados voltaremos a ser um povo respeitado.

Afinal de contas, o que tem Portugal de especial? Estaremos protegidos por alguma entidade ou poder? Ou na realidade seremos um povo como qualquer outro com os seus defeitos e qualidades, que se acha superior mas que não consegue controlar ou sequer reconhecer os seus «vícios»?

Acham que nasceram portugueses por missão ou por castigo?

Nem por missão nem por castigo.
Todos os povos têm os seus momentos bons e maus. No entanto, Portugal ainda é um país de brandos costumes e a globalização e a entrada de muitos estrangeiros que cá se têm vindo a radicar, têm transformado um pouco costumes e mentalidades. Muitos dos actos violentos que acontecem diariamente - roubos e vandalismo- têm sido cometidos por estrangeiros. No aspecto político, já o meu pai dizia "as moscas são sempre as mesmas..." e eu acrescento... "e...as ratazanas, também!".
Se compararmos Portugal com outros países... Talvez ainda consideremos que vivemos num pequeno oásis.

Não há é justiça social, nem laboral, nem ética, nem moral, nem política, nem material, etc...
Acolhemos refugiados em apartamentos novos e temos pessoas a morar na rua. Atribuímos subsídios a cérebros estrangeiros e deixamos os nossos sair da sua terra ou então os que ficam definham e morrem....(como o jovem do concurso Quem Quer Ser Milionário que acertou as respostas quase todas com uma facilidade estúpida e vive uma vida miserável, ao menos ganhou 10000 euros...).
Subimos os salários aos gestores, aos futebolistas, perdoamos impostos a grandes empresas, mas não conseguimos subir o salário mínimo, ou baixar o IVA, ou acabar com a corrupção e lavagem de dinheiro em que se transformou, por exemplo, o futebol.
Toda esta imoralidade, desculpem o puritanismo, mas não encontrei outra palavra adequada, está agarrada em nós. Trabalhamos como vivemos, atabalhoadamente...Não seguimos regras, não gostamos de acatar ordens, e raramente cumprimos com a nossa palavra. Alguém dirá que é o nosso ADN, somos latinos mediterrânicos, temperamentais, etc...Tudo bem. Mas os espanhóis e os italianos também são, e já começaram a recuperar as economias porque foram eficientes, que é o que nos falta a nós.
O nosso lado bom felizmente é imensamente maior, porque somos pessoas, na grande generalidade, de bom coração e se virmos alguém sofrer, tentamos ajudar, dando até a camisa do corpo, mas cuidado, isso também está a desaparecer e se não prestarmos atenção a nossa enorme humanidade diminui drasticamente...
Orgulho-me de ser português e do (pequeno) Grande País onde nasci mas entristece-me vê-lo sempre a pendular junto ao abismo...

ADN? Não me parece que seja genético. Pois a este nível nós somos praticamente iguais aos outros povos do sudoeste da Europa: italianos, franceses, galeses, ingleses, irlandeses, galegos, castelhanos, asturianos, catalães...

Gens o meu termo ADN foi usado de uma forma irónica...

Desculpa se não me expressei corretamente.

Eu sei que foi por forma irónica. E eu peguei nas tuas palavras para fazer o convite à reflexão.

Mas o objectivo deste tópico é outro.

Discutir se de facto Portugal é «especial», se tem alguma missão por cumprir ou se tem uma protecção divina, como defendem vários escritores ou poetas.

Eu acho que sim. Apesar de todas as contrariedades políticas e sociais, pobreza e desemprego, criminalidade cada vez mais crescente, corrupção, desigualdades no acesso aos bens, na distribuição da riqueza, e a tantos níveis que passava aqui o resto da tarde a enumerar, temos aspectos onde somos afortunados e "protegidos" até.
Temos um clima invejável, uma Fauna e Flora únicas, gastronomia excelente, vinhos do melhor que há, fruta fantástica, mulheres bonitas e homens não muito feios, paisagens de cortar a respiração, pessoas boas, de bom coração, com boas intenções, que querem ajudar e andar com isto para a frente. É por isso que acredito ainda.
A nossa missão como dizes, provavelmente, será, como temos visto em tantos cargos que temos ocupado a nível mundial, estabelecer um clima de paz e sobriedade social, de igualdade entre todos e com prevalência de um sentido apurado de bom senso, refinado com a nossa inteligência sagaz e enérgica.
Se temos uma protecção divina? Talvez, não descarto nenhuma hipótese, mas não quero entrar também num "sebastianismo" exacerbado que um dia teremos um salvador...escrevemos nós mesmos a nossa história e com a nossa força de vontade, coragem e garra que nos caracteriza podemos mudar o mundo. Acredito em tudo isto sim.
Mas claro que também concordo contigo que há uma estrelinha a brilhar por nós. Não queria citar o Obama mas não resisto :
"Sim, nós conseguimos", ou como se diz na minha terra, "até os comemos, carago!".

"Nossa existência não é mais que um curto circuito de luz entre duas eternidades de escuridão."
Vladimir Nabókov

Portugal ainda (e apesar de...) é um cantinho à beira mar plantado!
Podíamos ter mais  auto suficiência , enfim! meramente isso não há por politiquice europeia...
No entanto somos um povo de misturas (sanguíneas)...diga-se um povo do mundo além fronteiras...em tempos descobríamos terras , hoje vendemos tudo ao desbarato  
Gosto do meu pais pois é lindíssimo e cativante.
Castigo é ficar preso sem sair do mesmo lugar...

Apesar de geneticamente sermos celtiberos/celtas, é impressionante a influência cultural de outros povos...

Romanos: Língua, Direito, Arquitectura, Religião, Organização Territorial, Ordenamento, Higiene, Medicina, Literatura, e trouxeram a influência grega.

Gregos antigos: a sua influência cultural veio com os romanos.

Muçulmanos: nora e técnicas de regadio, algumas plantas e variedades de cultivo, azulejo, técnicas de construção como o adobe, tapeçaria, cestaria e outras artes artesanais, Medicina, Matemática, Navegação.

Judeus Sefarditas: Cabala, Misticismo, Esoterismo, Medicina, Navegação, comércio, finanças.

Visigodos e Suevos: deixaram também um pouco da sua cultura.

Mais tarde houve as influência tropicais do Império...

Que mistura cultural fantástica! Com um Algarve meio mourisco, e na outra ponta um Alto Minho Celta...

E não somos o povo da miscigenação?

Não sei se somos o povo.
Mas acho que somos um povo de miscigenação...penso que sim...

Quando o povo de Portugal saiu em busca de novas terras veio para o Brasil e a história foi longa, vocês nos abandonaram e nem se preocuparam em passar as vossas culturas e nos ensinar os estilos arquitetônicos.

Num país onde se tem uma cultura fixa que se passa de geração em geração, se encontra solução para os problemas mas no Brasil, ninguém sabe de onde seus antepassados vieram de tanta mistura.

Os governos são estrangeiros e não se importam com o povo, preferia que ainda fossemos dependente de Portugal, na minha opinião é Missão  . 

Eu acredito que todas as pessoas nascem nos locais onde têm que cumprir as suas missões pessoais. Se nascemos portugueses significa que há um karma comum que nos une de alguma forma. Se os refugiados chegam a Portugal é porque karmicamente tudo se estruturou nesse sentido. Acredito, portanto, que temos um karma individual que nos diz respeito a nós próprios e um karma coletivo que diz respeito a um grupo de pessoas que se concentram num determinado lugar.

A propósito deste tema vou contar-vos uma anedota engraçada.
Andava Jesus a fazer os seus milagres por todos os locais por onde passava. Encontrou um homem que chorava muito e Jesus perguntou: "porque choras tu bom homem?". Ele respondeu: "sou cego, senhor". E Jesus levantou a sua mão e disse: "cego vê". E o cego viu. Mais à frente um outro homem que chorava muito. Jesus perguntou-lhe: "porque choras tu bom homem?". Ele respondeu: "sou paralítico, senhor". E jesus, levantou a sua mão e disse: "paralítico anda". E o paralítico andou. Cansado de fazer tantos milagres ao longo do seu dia, sentou-se para descansar. Ao seu lado, encontrou um homem que chorava imenso. E Jesus, mesmo cansado, perguntou: "porque choras tu bom homem?". Ele respondeu: "sou português". E Jesus, abraçou-o e chorou muito também

Às vezes parece castigo!...

Às vezes parece castigo!...