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  • Contra o Acordo Ortográfico
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Puca
#45
"Os Maias" foi leitura obrigatória na escola, agora não sei se ainda é. Mas até li rápido. Gostei da história, mas descrições...deixa para lá... saltava páginas e páginas! :)

Agora, por causa disto lembrei-me de uma história muito engraçada.

Outra das leituras obrigatórias eram "As pupilas do Sr. Reitor" de Júlio Dinis.
Fui com uma amiga muito despassarada a uma livraria para comprar o livro. Ela, muito despachada chega ao balcão e diz: "Boa tarde, queria duas pilulas do Sr. Heitor, se faz favor." a srª da livraria já com um sorriso na cara, pergunta: "A menina quer o quê?" e a minha amiga insiste muito determinada: "Duas pilulas do Sr. Heitor."

Podem imaginar a risota, que se seguiu, foi de tal forma que ainda hoje nos rimos com este episódio. :)

Citação de: sofiagov em 01 julho, 2015, 09:38
o Eça é um escritor demasiado pormenorizado a escrever...descreve por exemplo a sala onde decorre a história com pormenor tal que parece que vês e te encontras lá....
o Maias são pesados no sentido da descrição em detalhe do autor, mas o final desta história é magnifica adorei ler...
mas confesso que não li rapidamente o livro  ;D...
Pormenor interessante o que indicas. Realmente em Eça temos a descrição pormenorizada dos ambientes do livro, o que pesa um pouco para nós leitores de agora.
Mas pensemos nisto, na época não havia televisão ou rádio. Havia os primórdios muito rudimentares do cinema com a ajuda de Aurélio Paz dos Reis na sua exibição de "A Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança", isto em 1896 quando Eça publica os Maias em 1888.
A necessidade do escritor pormenorizar tudo, liga-o ao Realismo, claro, mas entende-se do ponto de vista de não haver outras formas de transportar o leitor aos locais descritos. Imaginemos-nos como leitores, sem mais nenhum auxilio visual que nos permitisse imaginar a cena projectada pelo escritor, e depressa nos apercebemos que era importantíssimo o carácter realista e minucioso da sua escrita. :)
O Homem é do tamanho do seu Sonho!

#47
Citação de: silknet em 01 julho, 2015, 16:02
Pormenor interessante o que indicas. Realmente em Eça temos a descrição pormenorizada dos ambientes do livro, o que pesa um pouco para nós leitores de agora.
Mas pensemos nisto, na época não havia televisão ou rádio. Havia os primórdios muito rudimentares do cinema com a ajuda de Aurélio Paz dos Reis na sua exibição de "A Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança", isto em 1896 quando Eça publica os Maias em 1888.
A necessidade do escritor pormenorizar tudo, liga-o ao Realismo, claro, mas entende-se do ponto de vista de não haver outras formas de transportar o leitor aos locais descritos. Imaginemos-nos como leitores, sem mais nenhum auxilio visual que nos permitisse imaginar a cena projectada pelo escritor, e depressa nos apercebemos que era importantíssimo o carácter realista e minucioso da sua escrita. :)


Exacto é mesmo este o ponto que eu também quis chegar,os Maias são ainda hoje obrigatórios no programa do secundário, porém é uma obra ultrapassada,não que não tenha temas ainda contemporâneos,como:a tradicional educação portuguesa fechada para o mundo,a corrupção, a vida boémia, etc...,mas exposta de um modo cansativo e ultrapassado.É importante saber como era o nosso país nessa altura,claro que sim, mas de certeza que haveriam outras formas de tal.
"Quem vive pela espada morre pela espada...Vivo pelo que digo, morrerei pela palavra"

Voltando um pouco atrás...

Citação de: margemsulwtf em 30 junho, 2015, 22:59
Tem razão, de facto  :D interpretei mal o seu comentário, agora compreendo a situação a que se referia.Contudo,continuo a achar que isso não tem a ver com um novo acordo ortográfico, ou com a utilização de linguagem de chat,etc,mas sim ,ou com o pouco vocabulário ou preguiça da pessoa em questão.

Coisa magnífica, a destruição de palavras. (...) Afinal de contas, qual a razão de ser de uma palavra que seja simplesmente o contrário de outra? Cada palavra contém em si própria o seu contrário. Olha, "bom", por exemplo. Se temos a palavra "bom", para que é que precisamos da palavra "mau"? "Imbom" faz o mesmo efeito. Melhor, até, porque é rigorosamente o oposto de "bom", coisa que "mau" não é. Ou ainda, se queremos uma versão mais forte de "bom", que sentido faz termos toda uma gama de palavras vagas e inúteis como "excelente", "esplêndido" ou outras que tais? "Extrabom" cobre perfeitamente este sentido. (...) No fim, todo o conceito de bondade e maldade será abarcado por apenas seis palavras... que são, no fundo, uma única.
(...)
Não vês que a finalidade da novilíngua é precisamente restringir o campo do pensamento? Acabaremos por conseguir que o crimepensar seja literalmente impossível, pois não haverá palavras para o exprimir. Todos os conceitos de que possamos ter necessidade serão expressos, cada um deles, exclusivamente por uma palavra, de significado rigorosamente definido, sendo eliminados e votados ao esquecimento todos os seus sentidos subsidiários. (...)
Ano após ano, cada vez menos palavras, e o alcance da consciência cada vez mais limitado. (...) Já alguma vez pensaste, Winston, que no ano 2050, o mais tardar, não haverá um único ser humano capaz de entender uma conversa como a que estamos a ter agora?

(1984, George Orwell)


Linguagem de chat, novos acordos ortográficos, preguiça das pessoas, um sistema de ensino pouco eficaz, literatura "moderna" mal e porcamente escrita...

Sabem o que é isto? É uma tempestade perfeita, é o que é!


Relativamente a livros, então e as novas edições de obras antigas seguirem o Novo Acordo? Hum, isso é que é bonito!  :P

Eça de Queirós é um autor muito importante para quem quer prosseguir estudos - ensina a ler da diagonal.  8)
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)