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  • Contra o Acordo Ortográfico
    Iniciado por Gens
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Ou seja quem fala mal ou com erros, ou usa o "tipo" muitas vezes,por exemplo,tem menos liberdade de pensamento por isso?

Sinceramente não consigo perceber, mas tudo bem.

E continuo a achar que conhecer as palavras sim é importante e dá-nos uma melhor capacidade não só de discurso como de argumentação,agora pronuncia-las ou escreve-las de forma correcta,óbvio que  prefiro 1000x que se escreva sem erros e tento faze-lo, mas continuo sem ver o mal,de  em situações informais utilizar-se a famosa linguagem de chat,desde que se perceba, ou o que for..

E sim, a minha geração e outras, utilizam muitas vezes o "tipo",bem como outros similares,e aqui enfio a carapuça.Mas,não creio que seja por isso que tenho uma fraca liberdade de pensamento, ou que não saiba por em off este tipo linguagem,quando assim me é requerido.
"Quem vive pela espada morre pela espada...Vivo pelo que digo, morrerei pela palavra"

Citação de: margemsulwtf em 30 junho, 2015, 19:41
Ou seja quem fala mal ou com erros, ou usa o "tipo" muitas vezes,por exemplo,tem menos liberdade de pensamento por isso?

Sinceramente não consigo perceber, mas tudo bem.

E continuo a achar que conhecer as palavras sim é importante e dá-nos uma melhor capacidade não só de discurso como de argumentação,agora pronuncia-las ou escreve-las de forma correcta,óbvio que  prefiro 1000x que se escreva sem erros e tento faze-lo, mas continuo sem ver o mal,de  em situações informais utilizar-se a famosa linguagem de chat,desde que se perceba, ou o que for..

E sim, a minha geração e outras, utilizam muitas vezes o "tipo",bem como outros similares,e aqui enfio a carapuça.Mas,não creio que seja por isso que tenho uma fraca liberdade de pensamento, ou que não saiba por em off este tipo linguagem,quando assim me é requerido.

Quando tens um vocabulário limitado tens também uma consciência e compreensão do mundo limitadas, e uma inteligência também, o problema está mais no facto de usarmos um vocabulário cada vez mais limitado, e depois utilizamos mal as palavras e construímos mal as frases, lês um Alexandre Herculano e depois lês um Valter Hugo Mãe e as diferenças são notórias.

Quanto ao acordo ortográfico, se estudares inglês a sério, e tiveres de memorizar a gramática e saber escrever impecavelmente bem, sem erros, vais notar que se em Portugal tivéssemos a ortografia anterior a 1911 a aprendizagem seria muito mais rápida. Com este acordo as dificuldades na aprendizagem das línguas europeias serão ainda maiores.

Como disseste as línguas são vivas e mudam, neste caso trata-se de um mero acordo com motivos económicos muito obscuros, contra a vontade da população, pois todos escrevemos acto em vez de ato, contra a vontade de inúmeros professores universitários e escritores de renome. Angola recusa-se a aplicar o acordo, tal como Moçambique, e é triste mas no Jornal de Angola escreve-se melhor que nos jornais portugueses.

O conceito de língua viva não está muito relacionado com a ortografia. Com os avanços na Ciência a língua mudou, surgiram novas palavras, a música mudou e surgiram novas palavras, mas isso afecta o vocabulário.

A ortografia é algo muito profundo, tal como a Gramática tem um lado esotérico muito forte! Ao saberes a origem das palavras ganhas uma compreensão brutal do mundo, e de certa forma tornas-te um ser humano mais livre!
C'est dans l'air.

Pelo que leio de si, sim, você é uma pessoa articulada que sabe exprimir-se correctamente por escrito.

Infelizmente, a maioria das pessoas não é assim. Infelizmente, há muitos jovens que não sabem distinguir as situações e acham que escrever numa situação formal ou informal é igual.

A questão do "tipo" para si provavelmente será a chamada "bengala". Há muitas, hoje usa-se muito o "tipo", pode ser um "de facto", ou outra coisa qualquer que a pessoa diga muitas vezes.
Não é de bengalas que estou a falar.

Estou a falar das situações em que palavras ou expressões são usadas para substituir o nome de outras coisas. Mea culpa, se calhar a palavra "cenas" será mais adequada para o que estou a tentar exemplificar.  

Nunca lhe aconteceu estar a tentar comunicar com uma pessoa, ela está ali, à sua frente, e você não consegue perceber quem, o quê, onde, como, nada! Parece que estão engasgados e só lhe saem "cenas".

São tudo "cenas", objectos, sentimentos, conceitos... o pior é que por vezes já se percebe que a pessoa já "perdeu" a palavra certa para dizer o que quer, algures na sua mente, no meio das suas "cenas".

Nem sequer é preciso estar aqui a malhar na juventude, muitas e muitas pessoas bem adultas também não conseguem escrever um simples texto com pés e cabeça, ou falar de forma a que se perceba.
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)

A culpa é do sistema de ensino.

Os alunos estudam Geografia ou História por diapositivos, memorizam factos, esquemas, tabelas. Isto está errado e deve-se ao tipo de manuais que apareceram em anos recentes.

Os alunos deveriam estudar por textos e aprender a reter o que interessa. Deveriam estudar História por colectâneas de autores portugueses como Rui Ramos, José Hermano Saraiva, Alexandre Herculano, José Mattoso, entre outros, e Geografia por textos do Orlando Ribeiro.

A aprendizagem da nossa língua deveria ser feita com uma Gramática oficial e deveria haver exame de Gramática como já houve em Espanha (não sei se ainda fazem). De resto os alunos deveriam ser obrigados a ler obras em casa e textos de autores de referência, adequados obviamente à faixa etária. A maioria nem lê, ficam-se pelas sebentas e resumos, não lêem as pouquíssimas obras que são obrigados a ler.

Continuando nas Humanidades, os alunos não sabem nada de Mitologia clássica, não sabem nada de Cultura e História clássicas, da Roma Antiga ou da Grécia Antiga. Como podem compreender Camões? Ou as origens da sociedade portuguesa? Por que motivo os alunos não aprendem um pouco de latim e o alfabeto grego? As letras gregas são muito usadas em ciências, faria todo o sentido saber o alfabeto grego.

Actualmente existe um discurso de vitimização dos alunos, mas vejam o caso dos chineses, têm de aprender milhares de caracteres, vejam o caso do ensino em Inglaterra há umas décadas, onde os alunos na adolescência faziam exame de Latim e Grego Clássico, e os nossos avós em Portugal memorizaram os nomes dos rios e dos afluentes, de Portugal e das colónias, e a Gramática da nossa língua!

Eu noto e há décadas notava-se que mesmo os melhores universitários portugueses são muito incultos em comparação com os jovens dos nossos vizinhos europeus, se eu perguntar a um português se sabe a diferença entre um carvalho-cerquinho e um carvalho-roble, bem tenho 99% de probabilidades de ele não responder, no entanto é algo que todos os portugueses deveriam saber, o nome das principais árvores nativas de Portugal. Os portugueses saem do nono ano sem saber o nome das plantas da nossa flora, o nome das nossas serras e rios, o nome dos ossos do nosso corpo, das principais artérias e veias, sem bases nenhumas de Botânica ou de Geologia, com pouco ou nenhum conhecimento da História de Portugal.

Por tudo isto estamos em crise, estes défices de cultura, de conhecimento, levam a que na hora das eleições as pessoas não tenham capacidade para fazer escolhas acertadas, e também levam a que na sua vida não saibam controlar-se. Não é por acaso que estamos tão endividados, somos poucos produtivos, temos monumentos abandonados, extinguimos tantas espécies animais e vegetais.
C'est dans l'air.

Puca
Ahhhh mas eu sei a dos Carvalhos!

O que acontece, além da deficiência do ensino é que se perderam hábitos de leitura. Ler expande a consciência, a imaginação, a memória, o vocabulário, a capacidade de expressão, etc.

A flexibilidade linguística está sim relacionada com a expansão do pensamento. A linguagem é a nossa forma de comunicar, de nos expressar-mos de entender-mos o mundo que nos rodeia, de partilhar conhecimento e informação com os outros e connosco próprios. Logo, quanto mais escassa e pobre for a linguagem, menor será a nossa capacidade de nos compreender-mos e a tudo o que nos rodeia, ficamos limitados por falta de vocabulário.

O Português é uma língua riquíssima, com uma imensidão de vocabulário e significados. Temos uma ferramenta valiosíssima para comunicar e receber informação e estamos a deixar que se perca, que se destrua.

Facto e fato, são coisas diferentes, se se escreverem da mesma forma como se distinguem? Tal como acto e ato (verbo atar), etc.

Este acordo, é uma forma limitativa para o pensamento, o seu objectivo desconheço, mas que ficamos mais pobres é uma realidade. Por isso não o cumpro, nem o aceito. :)

#35
Vou fazer um tópico sobre os carvalhos.
C'est dans l'air.

#36
Citação de: Cassandra em 30 junho, 2015, 20:06
A questão do "tipo" para si provavelmente será a chamada "bengala". Há muitas, hoje usa-se muito o "tipo", pode ser um "de facto", ou outra coisa qualquer que a pessoa diga muitas vezes.
Não é de bengalas que estou a falar.

Estou a falar das situações em que palavras ou expressões são usadas para substituir o nome de outras coisas. Mea culpa, se calhar a palavra "cenas" será mais adequada para o que estou a tentar exemplificar.  

Nunca lhe aconteceu estar a tentar comunicar com uma pessoa, ela está ali, à sua frente, e você não consegue perceber quem, o quê, onde, como, nada! Parece que estão engasgados e só lhe saem "cenas".

São tudo "cenas", objectos, sentimentos, conceitos... o pior é que por vezes já se percebe que a pessoa já "perdeu" a palavra certa para dizer o que quer, algures na sua mente, no meio das suas "cenas".

Tem razão, de facto  :D interpretei mal o seu comentário, agora compreendo a situação a que se referia.Contudo,continuo a achar que isso não tem a ver com um novo acordo ortográfico, ou com a utilização de linguagem de chat,etc,mas sim ,ou com o pouco vocabulário ou preguiça da pessoa em questão.E não propriamente pelo seu insucesso gramatical,no que diz respeito a erros de ortografia...

Quanto ao de devermos de ter um sistema de ensino, onde se contemple e valorize mais a literatura portuguesa,isso aí concordo plenamente,pois considero até,algumas obras totalmente desnecessárias e ultrapassadas...

Mas o grande problema para criar o hábito de leitura nos mais novos, por vezes não é a preguiça destes, mas sim a obrigação que temos em ler obras que nada nos dizem.Se querem criar jovens leitores, dêem-lhes mais variedade de temas,de obras,de autores,assuntos mais contemporâneos,(refiro-me aqui,claro ao que nos é imposto na escola)...Por isso para mim, o segredo não é o sobrecarregarem-nos de livros, mas sim escolherem toda uma panóplia mais interessante dos mesmos.

O conteúdo do programa do ensino em Portugal, necessita urgentemente de uma revolução.
"Quem vive pela espada morre pela espada...Vivo pelo que digo, morrerei pela palavra"

Puca
Não é desculpa, nunca houve tanta variedade de leitura disponível para todas as idades e todos os gostos. Basta entrar numa livraria e olhar para as prateleiras. Não é necessário ser obrigação, esse é mesmo o erro, fazer da leitura um prazer é o caminho certo. :)

Outro dia, em conversa descobri que uma menina de 21 anos, universitária, nunca tinha lido um livro completo. Juro que fiquei estupefacta. Agora já leu um, fiz questão de ir com ela comprar um livro. :)

#38
Citação de: Puca em 30 junho, 2015, 23:13
Não é desculpa, nunca houve tanta variedade de leitura disponível para todas as idades e todos os gostos. Basta entrar numa livraria e olhar para as prateleiras. Não é necessário ser obrigação, esse é mesmo o erro, fazer da leitura um prazer é o caminho certo. :)

Outro dia, em conversa descobri que uma menina de 21 anos, universitária, nunca tinha lido um livro completo. Juro que fiquei estupefacta. Agora já leu um, fiz questão de ir com ela comprar um livro. :)

Pois eu sei, daí me ter referido intencionalmente, ao que nos é imposto na Escola...Claro que não é desculpa,pois como disse e bem, hoje em dia, temos milhares de obras que podemos aceder.Porém, no que diz respeito ao que nos é imposto durante o ensino, já não é assim.

Quanto a ter lido um livro completo, tenho 19 a caminho dos 20,se o fiz,(sem contar com contos infantis na infância),sucedeu-se apenas com o Memorial do Convento,por necessidade da disciplina de português.E mesmo assim não sei se não passei algumas partes, se eu sinto orgulho nisto?Claro que não, mas não é nada que me assombre, nem lá perto.Uma pessoa pode até ler bastante, mesmo ser nunca ter lido um livro completo.

Agora se lesse mais seria mais culto?Creio que sim,mas isso nunca meti em causa.
"Quem vive pela espada morre pela espada...Vivo pelo que digo, morrerei pela palavra"

No meu tempo li A Aparição do Vergílio Ferreira. E ajudou-me a crescer. O Memorial do Convento... é uma obra interessante mas apenas isso... o Saramago é um autor que não vale o que dizem... aliás para mim vale muito pouco ou nada mas isso sou eu...

Infelizmente temos poucos livros para jovens mas há obras que todos deveríamos ler para percebermos o país que temos e quem somos.
C'est dans l'air.

Puca
Não há poucos Gens, há muitos para todos os gostos. Mas realmente na escola escolhem obras pesadas que não prendem a atenção e não apelam ao gosto pela leitura.

Hoje, com os meus 46 anos e hábitos de leitura enraizados desde a infância, acho o "Memorial do Convento" uma chatice, tal como a maioria do livros de Saramago. ;)

Citação de: Puca em 01 julho, 2015, 00:30
Não há poucos Gens, há muitos para todos os gostos. Mas realmente na escola escolhem obras pesadas que não prendem a atenção e não apelam ao gosto pela leitura.

Hoje, com os meus 46 anos e hábitos de leitura enraizados desde a infância, acho o "Memorial do Convento" uma chatice, tal como a maioria do livros de Saramago. ;)

Há coisas simples que instruem.

Não acho os contos do Miguel Torga pesados, nem os poemas, no entanto é um autor com grande profundidade. Os poemas da Sophia também não são pesados. O Camilo Castelo Branco lê-se bem. O livro de citações do Padre António Vieira é óptimo.

O Eça é de facto pesado no entanto é importante para perceber uma época. Apesar disso, os Contos do Eça lêem-se muito bem.

O Fernando Pessoa só se percebe admitindo a presença do Ocultismo e na escola o tema é tabu.

O Histórias e Narrativas do Herculano é bom.

As obras têm de ser diluídas ao longo dos anos.
C'est dans l'air.

Puca
Os contos do Torga são deliciosos. :)

Mas claro que têm de ser leituras diluídas e de acordo com a maturidade dos jovens que os irão ler. Fazer um prévio enquadramento de época e deixar o gostinho para descobrir mais. Agora  impingir-lhes certo tipo de obras por obrigação, é certamente um pesadelo.

Podiam alternar clássicos com algo menos literário mas mais apelativo.

Citação de: Puca em 01 julho, 2015, 00:48
Os contos do Torga são deliciosos. :)

Mas claro que têm de ser leituras diluídas e de acordo com a maturidade dos jovens que os irão ler. Fazer um prévio enquadramento de época e deixar o gostinho para descobrir mais. Agora  impingir-lhes certo tipo de obras por obrigação, é certamente um pesadelo.

Podiam alternar clássicos com algo menos literário mas mais apelativo.

Os Maias são de facto uma obra pesada. Depois o livro tem letras pequenas.... faria mais sentido uma edição escolar dividida em capítulos com letras maiores...
C'est dans l'air.

sofiagov
o Eça é um escritor demasiado pormenorizado a escrever...descreve por exemplo a sala onde decorre a história com pormenor tal que parece que vês e te encontras lá....
o Maias são pesados no sentido da descrição em detalhe do autor, mas o final desta história é magnifica adorei ler...
mas confesso que não li rapidamente o livro  ;D...