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  • Notícias que valem a pena – Luís Portela
    Iniciado por Faty Lee
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Notícias que valem a pena – Luís Portela

Eis aqui um homem da ciência que fala abertamente da espiritualidade. É uma longa entrevista, mas vale a pena ler!

O estudo da espiritualidade e o apoio à investigação científica nessa área são paixão e desígnio de vida de Luís Portela. No ano em que a Fundação Bial comemora o 20.º aniversário, o presidente renova a determinação em desvendar alguns mistérios da humanidade.

Para honrar um abraço do pai abdicou da medicina e da investigação em Cambridge na área que o fascina desde a adolescência – a parapsicologia. Dedicou-se à empresa familiar e trouxe à Bial, responsável pela criação do primeiro medicamento português, grandeza internacional reconhecida. Luís Portela nasceu em 1951, no Porto, filho único de sua mãe, segundo dos quatro filhos do pai. Discreto, contido, quase sempre sério, em contraste com os presidentes que o antecederam, sobretudo o avô narcísico e exuberante. Mas também o pai, a quem o lado conservador do filho preocupava, considerando-o um jovem antiquado. O miúdo essencialmente tristonho cresceu decidido a cumprir dois desafios maiores: «ser um homem honrado e formar família» e «ajudar ao esclarecimento espiritual da humanidade». Dir-se-ia que ambos foram vencidos mas falamos de alguém que ainda hoje vê o divórcio como a maior derrota dos 63 anos de vida. Apostando forte na ciência, soma dúvidas a grandes convicções e crê-se partícula de energia que anima temporariamente um corpo físico – e, claro, jura que não há só uma vida.

Estou a falar com um licenciado em Medicina, um psicofisiologista, cara de uma empresa farmacêutica internacional, um homem da área da investigação científica, que crê na reencarnação e na teoria das vidas sucessivas, crença que se associa a homens de pouca fé na ciência. Aparentemente, pode considerar-se uma contradição.


Sou um homem de convicções mas, acima de tudo, tenho dúvidas. Desde muito jovem, desde os 12, 13 anos, me pergunto por que razão a humanidade aceita de forma tão fácil, talvez demasiado fácil, fenómenos descritos desde a antiguidade que, no entanto, a ciência renega liminarmente. Eu escolho o caminho do meio – nem falo em milagres nem digo que é tudo charlatanice. E escolher o caminho do meio significa estar disponível para analisar esses fenómenos de acordo com o rigor do método científico, ajudando a humanidade a conhecer-se melhor. A minha convicção profunda é que alguns desses fenómenos são balelas e, portanto, é bom que sejam desmascaradas. Mas também é minha convicção profunda que alguns correspondem a determinadas formas de energia desconhecidas ou ainda pouco conhecidas. Ao longo da minha vida, como apaixonado pelo tema, sempre me mantive atento, quer às neurociências quer à parapsicologia. Há um conjunto de evidências comprovadas pela ciência que me fazem crer que este é o caminho a seguir.

Que vidas passadas terão sido as suas. Pensa nisso?

Há uns 20 anos, fiz um curso de terapia regressiva, não para exercer, mas na procura de um melhor conhecimento de mim próprio. Não que seja muito curioso, mas sinto necessidade de perceber as coisas para melhor me orientar. Durante o curso estive no papel de terapeuta, mas também no de paciente, em situações passadas, naturalmente. E posso dizer que são experiências muito fortes, parecendo mesmo que estamos a vivenciar esse passado em direto. Considero coisas de uma grande delicadeza, que devo guardar para mim.

Esse discurso não é uma porta aberta para as pseudociências?

A parapsicologia tem sido alvo de muitos oportunistas e de mui¬ta trapalhada, mas isso acontece precisamente devido à ignorância que grassa na área. Um mal que a ciência pode resolver, arregaçando as mangas no sentido de estudar esses fenómenos. Pasteur teorizava em torno da existência dos micróbios. Chamaram-lhe tolinho até o microscópio demonstrar que aquele mundo existia. Aqui é o mesmo – resta saber qual o equipamento, material ou não, que pode trazer à luz o que existe. A ciência deve investigar o que lhe compete.

Mas serão esses fenómenos passíveis de uma investigação e de uma verificação científicas?

Nas últimas décadas, dezenas de universidades nos Estados Unidos e na Europa têm trabalhado nesses estudos e assim aumentado o conhecimento nessas áreas. Há vinte anos, a acupunctura e a hipnose eram mal consideradas. Hoje, são praticadas em muitos hospitais europeus. Alguns religiosos dizem que uma coisa é a religião; outra a ciência. Pois eu não vejo razão nenhuma para que fenómenos descritos desde a antiguidade até hoje sejam ignorados. A ciência não tem o direito de abdicar de fazer esse trabalho de esclarecimento.

Há evidência de vidas passadas e futuras?

Cito o exemplo maior nessas áreas, o professor Ian Stevenson, que foi diretor do departamento de psiquiatria da Universidade da Virgínia. Ele e a sua equipa estudaram vários casos de crianças que relatavam dados de vi¬das passadas para os quais a sua equipa foi, depois, procurar verificação. Mais de 2500 casos permitiram a recolha de evidências de vidas passadas. A teoria das vidas sucessivas e a existência da alma ainda não podem ser consideradas como cientificamente demonstradas. O próprio Stevenson o disse. Mas o cientista deixou evidências que, agora, importa aprofundar. Por exemplo, algumas destas crianças apresentam cicatrizes de nascença, semelhantes às das pessoas que dizem ter sido em vidas passadas.

Que explicação encontra para o facto de se tratar de fenómenos tão pouco comuns?

A teoria das vidas sucessivas admite que na vinda à Terra desmemoriamos todo o passado, para melhor nos adaptarmos à vida neste planeta.

Alguns desses fenómenos têm explicação na biologia e nas neurociências.

No mundo da ciência, na ausência de conclusões duvida-se e duvidar é bom. Rejeitar sem estudar não me parece adequado.

Vida sucessivas, todas elas vividas na Terra? Numa evolução?

Olhando para o universo, teoricamente, não faz sentido que todas tenham sido na Terra. A Terra parece-me um mundo-escola, onde vimos vezes sucessivas, para aprender, para evoluir. Não quer dizer que não haja outros mundos-escola. Vimos cá umas vezes como pobres, outras como ricos, como homem ou como mulher, em diferentes etnias. Vimos a este mundo por nossa escolha, para nos aperfeiçoarmos e escolhermos o ambiente cultural, social e geográfico que mais pode ajudar-nos a melhorar.

As suas convicções baseiam-se também em experiência pessoal?

Estamos de novo numa zona íntima, mas posso dizer que, pela minha experiência de vida, física e espiritual, não me considero este corpo físico que está à sua frente. Considero-me a partícula de energia que anima temporariamente este corpo físico. Esta convicção é resultante da minha experiência de vida material e espiritual.

É um homem religioso?

Respeito as religiões, mas não sinto necessidade de perfilhar nenhuma. O caminho da espiritualidade é um caminho aberto a todos. Entendo que no mundo da espiritualidade cada um deve fazer o seu percurso, no respeito do percurso dos outros. Não gosto de dogmatismos nem de oportunismos. Gosto da simplicidade e de uma procura transparente da verdade. Acho que se deve investigar não para tentar demonstrar que isto ou aquilo é verdade ou mentira, mas para levantar o véu da ignorância.

Acredita na força do pensamento. Atribui-lhe uma validade semelhante à da gravidade, por exemplo?

Há algumas diferenças. Na eletricidade ou no magnetismo, por exemplo, as forças de sinal contrário atraem-se e de sinal semelhante repelem-se. No pensamento é ao contrário. Quem pensa positivo está a atrair positivo e a repelir negativo e quem pensa negativo atrai negativo e repele positivo. A transmissão de pensamento ou telepatia, por exemplo, é estudada em universidades da Europa e dos Estados Unidos e já não se põe a questão se ela existe ou não existe. Existe. Está bem estudada entre irmãos e pessoas muito próximas, apesar de, nalguns casos, estarem a quilómetros de distância.

Acredita que é possível prejudicar ou ajudar alguém através do pensamento?

Podemos ser nefastos a outras pessoas utilizando a energia de várias formas – pelo pensamento, pela palavra, pela atitude. Relativa¬mente ao pensamento, está mais ou menos demonstrado que se emitirmos pensamentos positivos podemos ser úteis a uma pessoa e vice-versa. Agora, se se admite que podemos emitir pensamentos que podem influenciar os outros, também se admite que cada um de nós tem a capacidade de se defender. Estes estudos podem ajudar-nos a aprender a usar essa força e precisam de ser continuados. Durante todo o século XX, a humanidade fez um esforço enorme para se conhecer melhor do ponto de vista científico. Hoje conhecemos a realidade material e o corpo físico a um pormenor impensável há cem anos. Mas a espiritualidade ficou para trás, foi pouco estudada.

A que se deve o desinteresse da comunidade científica por esses temas?

Criou-se a tal divisão que me intrigava desde criança – por um lado aceita-se tudo; e por outro renega-se tudo. Faltou cultura científica em torno deste tema. A área da espiritualidade ficou para trás. O que eu e muitos mais desejam é que no século XXI seja feito um esforço nesta área semelhante ao que foi feito relativamente à materialidade no último século.

A ciência foi matando a espiritualidade?

Não a estudou devidamente. Claro que, investigando tão bem a matéria, a humanidade ficou focada na matéria. E tão focada esteve na matéria que ignorou o resto. Mas o cenário está em evolução. Anualmente são publicadas centenas de artigos destas áreas, e alguns chegam a jornais científicos de grande qualidade. Antigamente era apenas a rapaziada da parapsicologia, mas agora não: há gente da medicina, da psicologia, da física, da matemática, da filosofia, interessados num trabalho interdisciplinar.

Refere num dos seus livros o gosto pela meditação. É prática diária?

Cada um de nós pode encontrar-se na mais profunda intimidade por qualquer via. Há quem utilize a da meditação, há quem utilize a da oração, há quem utilize a da regressão. Eu prefiro a via da meditação. Guardar para mim alguns minutos diários para relaxar, partir ao encontro do meu eu e fazer um exercício muito básico: onde estou, o que me aconteceu nas últimas 24 horas, para onde quero ir, o que desejo que aconteça nas próximas 24 horas comigo próprio. Mais do que corrigir o mundo, quero corrigir-me a mim, procurando levar uma vida saudável e equilibrada, em harmonia com a natureza.

E quando tem uma gripe, o dono da Bial recorre ao paracetamol ou a um chá da medicina alternativa?

Tomo os comprimidos da medicina tradicional. Considero-me um membro da ciência ocidental e aposto nela, como é público. Mas também acho que a medicina oriental merece respeito. A verdade é que essas medicinas ditas alternativas conseguiram em muitos casos boas soluções para os problemas. Deve haver uma abertura.

A Fundação Bial, criada em 1994 para estudar a espiritualidade humana, já apoiou 460 projetos, desenvolvidos por mais de mil investigadores de 26 países. No ano da comemoração do 20.º aniversário, que trabalhos destaca?

A fundação tem uma página da internet onde disponibiliza os resultados de todos os trabalhos. Para que possam ser discutidos, organizamos de dois em dois anos um simpósio, na sede da Ordem dos Médicos no Porto, no qual os nossos bolseiros apresentam a uma plateia formada por gente prestigiada das neurociências e da parapsicologia os seus trabalhos. Os resultados que no início achei muito interessantes foram os obtidos na psicocinese («movimento à distância») com animais. Mais recentemente, agrada-me muito o facto de cada vez mais investigadores de outras áreas se interessarem por estas questões. O número de papers cresceu muito e alguns deles são francamente bons.

Por que razão só assumiu abertamente a defesa da espiritualidade depois de trocar o cargo de CEO da Bial pela presidência não executiva? Ou é uma coincidência?

Não é. Durante todos estes anos evitei misturar as coisas. Mas ao longo de todos estes anos sempre fui encontrando abertura e apoio. A Fundação Bial foi criada com o apoio do presidente da República Mário Soares, da Ordem dos Médicos, do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas. E tem sido gerida por esse conselho e pelos Laboratórios Bial. Merecemos o respeito porque ficou claro que exigiríamos o rigor do método científico. Temos um conselho científico de trinta personalidades dos mais diversos países, ao mais alto nível. O meu livro Ser Espiritual – Da Evidência à Ciência, primeira obra em que exploro de forma mais aprofundada a minha visão da dimensão espiritual, vai já na 18.ª edição. No último ano, fui convidado para mais de cinquenta intervenções públicas por universidades, instituições do ensino secundário, bibliotecas públicas, associações culturais e doutrinas religiosas. Recentemente, em meados de novembro, a Gradiva publicou uma reedição, revista e atualizada, do meu livro Serenamente, que tinha tido duas edições em 2001. O livro esteve esgotado nos últimos anos com grande procura dos leitores e, efetivamente, a terceira edição esgotou rapidamente. Foi já publicada uma quarta edição.

Garantem-me que algumas figuras públicas lhe relatam casos «estranhos».

Muitas. Que não posso revelar.

E relativamente à família, prega no deserto?

Não ando a vender as minhas ideias, nem na minha família. Tenho cinco filhos, uns estarão mais próximos das minhas convicções do que outros.

Escolheu medicina sobretudo para obter resposta a estas questões. Mas o interesse vem da adolescência como já disse. É verdade que começou a ler a Bíblia com 13, 14 anos?

É verdade. Hoje, confesso, parece-me um pouco estranho que um adolescente se interesse pela leitura comparada da Bíblia católica com a protestante, por exemplo. E que ainda lesse livros sobre ioga, budismo, espiritismo. Gostava de confrontar informação.

Nessa altura já pensava em medicina?

Em miúdo, queria ser polícia sinaleiro. Com 15 ou 16 anos coloquei a hipótese de ser frade ou monge budista.

Procura da meditação?

De purificação. Não para expiar pecados, mas o prazer de nos conhecermos melhor, de identificarmos os nossos erros, de procurarmos corrigi-los. O prazer de evoluirmos.

Não devia ter muitos interlocutores da mesma idade. Falava com amigos desse interesse?

Na meninice fiz, de facto, um percurso algo isolado, que foi sendo alargado ao longo da adolescência. Por vezes falava com adultos. O meu avô materno tinha um amigo que se interessava por estas coisas e que até me emprestava livros, muitos deles proibidos naquela época. Falava também com uma amiga da minha mãe. Mas gostava de brincar com os outros miúdos, de jogar à bola, por exemplo, embora tenha sido um miúdo essencialmente tristonho.

Porquê?

Fui uma criança tranquila, sem necessidade de manifestações efusivas. A fase pré-escolar, de pouco convívio com os amigos, foi marcada por uma forte ligação à minha mãe e aos meus avós maternos.

Nunca se arrependeu de ter abandonado a medicina, a docência na faculdade, de ter prescindido da bolsa que lhe permitiria fazer investigação em Cambridge na área da espiritualidade, a sua paixão?

Na vida, devemos dar o nosso melhor mas não devemos ser demasiado exigentes. Nunca me arrependi, nem nunca me senti infeliz. Quando estava na encruzilhada – fico ou sigo –, pensava na sorte que tinha por ter duas boas soluções. Eu tinha engendrado ser médico e investigador. Acabei por não seguir esse caminho, adaptei-me. Mas como a minha paixão sempre foi poder dar um contributo para o esclarecimento espiritual da humanidade, quando decidi ficar na Bial prometi a mim mesmo que, quando tivesse algum dinheiro, ajudaria outros a fazerem o caminho da investigação. Assim nasceu a Fundação Bial. Foi tudo acontecendo naturalmente.

A história de vida dos seus pais influencia essa análise?

Nunca associei uma coisa à outra. Mas para mim foi um grande fracasso. Procurei dar o meu melhor e não fui capaz. Mas tenho ainda um desafio existencial que me acompanha desde os 12 ou 13 anos e que guardei, de alguma forma, para a última fase da minha vida: dar um contributo para o esclarecimento espiritual da humanidade. Era isso que pensava fazer toda a vida, a vida levou-me por outro caminho, mas o meu objetivo principal é esse. Desejo que esse seja o meu último capítulo.

Seguiram-se três horas de conversa...

Fonte: Notícias Magazine
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Obrigada pela excelente partilha!

Adoro ver quando a ciência e a espiritualidade "baixam as armas" e dão as mãos...!

Parece ser esta a verdadeira orientação... e quando isso vem da parte de alguém com um "status" científico... na sua plena capacidade mental, dá que pensar, sem dúvida! Olha que esta entrevista não levantou os "ses" naturais... mas se fosse o Sr. António ali da esquina a falar sobre isso... bem vai lá vai... tudo tem que ver com a credibilidade da fonte, quando esta é forte, os que ousam contrariar silenciam-se :)
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Estou em crer que cada vez mais mais pessoas desse "status" a "abrir os horizontes" para estas orientações... e aí, por conseguinte, os Sr. Antónios vão poder dizer cada vez mais "eu já sabia" ou "eu disse-te"! :D
Os "ses" podem não acabar, mas irão diminuir!