A Morte que Trazemos no Coração

É no coração que morremos. É aí que a morte habita.


Nem sempre nos damos conta que a carregamos connosco, mas, desde que somos vida, ela segue-nos de perto. Enquanto não somos tomados pela nossa, vamos assistindo e sentindo, em ritmo crescente ao longo da vida, às mortes de quem nos é querido. A morte de um amigo é como uma amputação: perdemos uma parte de nós; uma fonte de amor; alguém que dava sentido à nossa existência... porque despertava o amor em nós.

Mas não há sabedoria alguma, cultura ou religião, que não parta do princípio de que a realidade é composta por dois mundos: um, a que temos acesso direto e, outro, que não passa pelos sentidos, a ele se chega através do coração. Contudo, o visível e o invisível misturam-se de forma misteriosa, ao ponto de se confundirem e, como alguns chegam a compreender, não serem já dois mundos, mas um só.


A Morte que Trazemos no Coração

Só as pessoas que amamos morrem. Só a sua morte é absoluta separação. Os estranhos, com vidas com as quais não nos cruzamos, não morrem, porque, para nós, de facto, não chegam sequer a ser.

Só as pessoas que amamos não morrem. O Amor é mais forte do que a morte. O sofrimento que se sente é a prova de uma união que subsiste, agora com uma outra forma, composta apenas de... Amor. Dói, muito. Mas com a ajuda dos que partem acabamos por sentir que, afinal, não fomos separados para sempre...

O Amor faz com que a nossa vida continue a ter sentido. A partida dos que foram antes de nós ensina-nos a viver melhor, de forma mais séria, mais profunda, de uma forma, inequivocamente, mais autêntica.


Devemos cuidar de todos os que amamos. Aos que partiram, porém, aquilo que lhes podemos dar é o amor àqueles que ficaram cá. Porque estes continuam a precisar de nós, do melhor de nós... e é sempre uma iniquidade quando um amor por quem partiu mata, em alguém, o amor por aqueles que ainda cá estão.

A morte ensina-nos que o Amor é perdoar mais do que vingar; consolar mais do que ser consolado; partilhar mais do que acumular; compreender mais do que julgar; dar, darmo-nos, oferecer o melhor de nós, mais do que termos o que sonhámos.

Não é difícil compreender que os nossos sentimentos e gestos são determinantes, não só para a nossa felicidade neste mundo, como também para a da outra vida, de que esta faz parte. Repousa em nós, calma e firme, a certeza de que a vida não se mede pela quantidade dos dias... mas pelo amor de que se foi autor e herói.

... chorar a morte de um amigo é a prova de que a sua vida, aqui, teve valor e sentido. É o mesmo amor que nos deu alegria à vida que nos faz, agora, chorar... não desapareceu, está vivo. Habita-nos o coração.

Ficam as lágrimas choradas no silêncio do fundo de nós. Fica o silêncio onde se ama.

Fica a esperança, que é certeza, de que todo o carinho e ternura que ficaram por dar não se perderam... adiaram-se apenas.

Afinal, a mesma morte que leva os que amamos, também nos levará a nós... será pois uma simples questão de tempo até que possamos abraçar e beijar aqueles a quem, agora, disso a morte nos impede.

No fundo do nosso coração, bem mais fundo do que a morte em nós, está Deus.



A Deus peço a confiança na eternidade do Amor; a Deus peço que ajude os que neste momento sofrem a dor do espinho que a morte crava; a Deus peço que me continue a ensinar e a ajudar a Amar com todas as forças de que sou capaz. A-Deus.

José Luís Nunes Martins, in 'Filosofias - 79 Reflexões'

nem sempre aceitamos a morte de quem amamos ..embora a vida é assim deste jeito e desta forma...o terror de perder os nossos amigos/familiares é uma agonia constante ...
e se fossem vocês próprios ? se soubessem que apenas tinham uns dias de vida... qual a vossa reacção perante a morte que sabiam estar iminente?

Uma reacção boa a minha não ia ser de certeza...

Mas acho que iria querer estar rodeada das pessoas que amo e me amam até ao fim. Aproveitar bem esse amor...

nem sempre aceitamos a morte de quem amamos ..embora a vida é assim deste jeito e desta forma...o terror de perder os nossos amigos/familiares é uma agonia constante ...
e se fossem vocês próprios ? se soubessem que apenas tinham uns dias de vida... qual a vossa reacção perante a morte que sabiam estar iminente?

Excelente tópico!

Esta questão em específico é daquelas às quais tenho imensa dificuldade em responder. Isto porque é muito fácil teorizar acerca da morte, falar de como reagiríamos, se ela parece ainda distante no tempo. A menos que eu sofra uma morte repentina, em que não teria tempo para pensar, acho que haveria uma parte de mim de revolta, de incompreensão pelo mistério que a morte é, tristeza por deixar os meus amados, e também acho que um pouco de paz por saber, pelo menos a um nível mais teórico, que a morte é a passagem para outra forma de vida, talvez mais verdadeira, mais profunda...

é difícil teorizar sim...
mas isto é somente o que no momento achariam/fariam nesses dias...
a morte pode estar tão perto como longe não sabemos.
Nesta pergunta, nós sabemos ...ai tudo muda.....o que deixamos para trás, as pessoas, etc...complicado não é .

complicado não é .

Nem digas nada...

É sempre bom reflectir sobre uma realidade que nos toca a todos, e é a realidade que pode dar um sentido à vida. Mas é mesmo complicado...

Deixo aqui uma reflexão... não é bem no contexto do coração, mas engloba vida e morte...

Reflexão




Nas religiões falam muito do "Arrebatamento", ou seja, uma entidade virá do céu e levará consigo os escolhidos...
Deixo duas questões (Apenas respondam, caso assim o entendam)

Caso essa teoria religiosa do arrebatamento, venha a ser verdade, o que vocês farão, se no vosso circulo de amigos e família, vocês sejam os únicos escolhidos para ser salvos?

ou

Caso essa teoria religiosa do arrebatamento, venha a ser verdade, o que vocês farão, se no vosso circulo de amigos e família, vocês sejam os únicos, que não foram escolhidos para ser salvos?

Nem digas nada...

só a morte não tem solução...tudo o resto tem conserto...
Se rasgas um tecido pode cosê-lo e ele fica bom para reutilizar...se ele arder já não há nada a fazer, desapareceu no fogo não é...
a vida também é um pouco assim, circula em ciclos viciosos...
imagina que estás a aprender a andar de bicicleta e numa recta vais em zigue-zague...cais, mas não desistes até percorreres essa recta até ao fim sem ondulações nem cair...no entanto mesmo que fiques  uma "expert" em andar na "bicla" nada te garante que não vais cair e magoar-te...
a tua mente faz o teu caminho...

força e muita calma

só a morte não tem solução...tudo o resto tem conserto...
Se rasgas um tecido pode cosê-lo e ele fica bom para reutilizar...se ele arder já não há nada a fazer, desapareceu no fogo não é...
a vida também é um pouco assim, circula em ciclos viciosos...
imagina que estás a aprender a andar de bicicleta e numa recta vais em zigue-zague...cais, mas não desistes até percorreres essa recta até ao fim sem ondulações nem cair...no entanto mesmo que fiques  uma "expert" em andar na "bicla" nada te garante que não vais cair e magoar-te...
a tua mente faz o teu caminho...

força e muita calma

Às vezes penso que, quando nascemos, o mundo espiritual fica de luto pela nossa "morte" naquele plano, e quando morremos aqui, a nossa chegada é celebrada lá como um nascimento. O facto da morte não ter solução talvez seja devido a uma visão limitada que temos, por não compreendermos totalmente o mistério da vida e da morte. Mas consigo perceber o que quis dizer, penso eu...

Eu sei que isso é mesmo assim, mas quando penso na morte de alguém, principalmente de algumas pessoas, como é natural... entro em pânico, é uma dor que não consigo controlar nem acalmar... pelo menos ainda.

Às vezes penso que, quando nascemos, o mundo espiritual fica de luto pela nossa "morte" naquele plano, e quando morremos aqui, a nossa chegada é celebrada lá como um nascimento. O facto da morte não ter solução talvez seja devido a uma visão limitada que temos, por não compreendermos totalmente o mistério da vida e da morte. Mas consigo perceber o que quis dizer, penso eu...

eu compreendi-te...o facto é que tudo que o nasce inevitavelmente tem que morrer... qualquer ser vivo, até mesmo o que é inanimado perdura mas não resiste para todo o sempre vai-se deteriorando.

Bom...Bom...era eu por-me na bicicleta e fugir da morte...ahahah! mas isto já estava a ser ridícula ...  

agora a serio...a morte é fim para outro começo...para quem acredita.

agora a serio...a morte é fim para outro começo...para quem acredita.

E para aí podes ir de bicla... é o caminho da vida.

Sim, tudo o que nasce morre. E todas essas filosofias e crenças podem nos ajudar a fortalecer o nosso lado emocional quando deparamos com a morte. Mas viver a morte ao nosso lado, sobretudo a dos nossos amados (e quem sabe a nossa própria) tira-nos o chão, sem dúvida.

Eu já decidi: vou morrer durante o sono, aos 127 anos, 3 meses e 1 dia!  

Sim, tudo o que nasce morre. E todas essas filosofias e crenças podem nos ajudar a fortalecer o nosso lado emocional quando deparamos com a morte. Mas viver a morte ao nosso lado, sobretudo a dos nossos amados (e quem sabe a nossa própria) tira-nos o chão, sem dúvida.

Eu já decidi: vou morrer durante o sono, aos 127 anos, 3 meses e 1 dia!  

mais 2h e alguns minutos....

Isso é se for para "dormir" até mais tarde...