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  • Quisera eu...
    Iniciado por Faty Lee
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Quisera eu...

Quisera eu compreender as amálgamas infindáveis lições desta vida
Que percorrem por entre os pedaços vazios do meu Ser em evolução.
Quisera eu que cada horizonte fechado fosse celeste abóbada de mim
E fazer de cada crepúsculo irmão das auroras infindas,
onde sol e luz se beijam no trespassar mútuo das luzes omnipresentes.

Quisera eu sorrir em todas as lágrimas que se perdem, sem cessar
Pelos ensinamentos escritos e naqueles que ficam por escrever
Em todas as linhas semibreves do sentir que se derramam passo a passo
À procura de uma dádiva incessante da tonalidade desse Ser, que é em mim
Ao qual me abraço na ousadia do silêncio, pelas ondas inimagináveis do Acreditar...

Ah! Quisera eu pensar-me Flor de Liz, neste paraíso terrestre onde apenas há a sombra
A sombra de mim, que foge apressadamente, cavalgando neste e em outro lugar, sem fim.
Quisera eu fechar um livro sem páginas, de uma vida que nem sequer tenho coragem de ler,
Com hieróglifos mágicos, num tom dourado que aparecem e desaparecem com o olhar
E se entrelaçam com outros inventados para que eu continue ainda a querer...

Quisera eu que o sonho fosse expressão da vida e que o sentir
fosse o rio que corre sem margens nas mãos de uma criança que aprende, pela primeira vez, a caminhar...
Quisera eu no labirinto fechado, da vida e da morte, um dia percorrer
E conhecer todas as dimensões poéticas e patéticas do meu Ser
Que escarnece em vivências longínquas, pedaços de esperanças ao amanhecer...

A entrada por onde se sai do labirinto antiquíssimo penetra numa gruta convexa por dentro -
ali onde os sentidos se não limitam, ao tropeço no real, arlequim de todas esquinas mais ínvias.
Onde jazem os segredos que perpassam cristalinos em água transbordante, no sombrio da noite.

E paro! Apenas escuto a escravidão dos sentires amordaçados em ecos de vento,
Que ecoam extenuantes nas lápides de uma boca fechada, rigorosamente silenciada
De tudo pensar saber e do nada saber dizer...

Cansados de eternidades tardias, eis que chegam agora os guardiães de todo o Ser,
com as cores intactas da vida, penduradas em seu olhar de maré segura.
Conduzem elas, pelo sopro que exalam na melodia do fogo
Em que os múltiplos tempos entretecem o manto aurífero
em que hão-de ser, altar-jardim que ecoa ao rumor das fontes primaciais.

Faty Lee - Cristais de um Tempo (2009)
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
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