Chico Xavier fala dos seus bens materiais

"Partirei desta vida sem um níquel sequer... Tudo o que veio a mim, em matéria de dinheiro, simplesmente, passou por minhas mãos. Graças a Deus, a minha aposentadoria dá para os meus remédios... Roupas?! Os amigos, quando acham que eu estou mal vestido, me doam... Sapatos, eu custo a gastar um par... Em casa, a nossa comida é simples... Não tenho conta bancária, talão de cheques, nenhuma propriedade em meu nome, a não ser esta casa que eu já passei em cartório para outros, tenho apenas o usufruto... Nunca tive carros, nem mesmo uma carroça... De modo que, neste sentido, nada vai me pesar na consciência. Fiz o que pude pelos meus familiares, se não fiz mais, é porque mais eu não podia fazer... Nunca contei o dinheiro que trazia no bolso, mesmo aquele que alguns amigos generosos colocavam no meu paletó..."

GRUPO DE ESTUDO ALLAN KARDEC

Nota-se a simplicidade e humildade que Chico tinha enquanto encarnado, sempre disposto ajudar o próximo sem cobrar um único cêntimo. Mais de 10mil cartas psicografadas a pessoas que iam a sua casa de todo o Brasil e Estrangeiro para receber mensagens dos seus entes queridos e 400livros sem receber nada. Como Ainda conseguem difamar e chamar este homem de farsa, quando dedicou toda a sua vida ao próximo?

Tirando de parte o grande homem que ele foi e tudo que fez, fica uma questão e uma observação:

O que aconteceria se toda a gente se despojasse dos seus bens matérias, deixasse de usar carro, comprar roupas, comprar algo mais do que legumes para comer, desactivasse as contas bancárias, basicamente repetisse os passos de desapego de Chico Xavier ?

Certamente muita gente diria, "Era perfeito, viveríamos num mundo de simplicidade e de conectividade com Deus e com a Natureza!"

Eu pelo contrário diria que seria uma grande barbaridade que levaria ao extremismo de grande parte da população, pelo efeito bola de neve que isso criaria, criando desemprego, fome e mais miséria com muitas mortes à mistura.
E mais ainda entre muitos, o fim do sistema eléctrico, agua potável, gestão de infraestruturas etc.

Refiro-me a isto porque analisando, Chico Xavier era realmente uma pessoa especial, e tinha todo o "direito" de viver uma vida pomposa como vivem por exemplo os grande médiuns de Hollywood verdadeiros ou não, mas escolheu uma vida despegada dos meus materiais, no entanto, em troca do seu serviço recebia em forma de donativo, caridade e amizade roupa dos amigos, algum dinheiro para comida e uma reforma do Estado. Mas tal não aconteceria se toda a gente seguisse esse caminho, o do total desapego, pois ninguém teria roupa para dar, dinheiro para dar, nem o Estado reforma para pagamento dos medicamentos, que nem seriam produzidos por quem os faz deixaria de trabalhar para os fazer.

Concluindo, por vezes vejo por ai na Internet (a mesma que se tem que pagar e ter um computador para usufruir), uns textos sobre a necessidade do desapego material total, em que viveríamos em grande fraternidade e mais próximo de Deus, dando exemplos de grandes pessoas como Gandhi e Chico Xavier, e deixa-me irritado ao ver aquilo que considero de uma enorme ignorância, e questiono-me "quem são estes iluminados que acha que sabe interpretar aquilo que Deus quer ou deixa de querer".

Sendo assim se alguém souber, o que é que diz o Espiritismo sobre os bens matérias, o desapego global desses mesmos bens ?

Tenho de ler mais sobre Chico Xavier...

Mas a pergunta do Acnamon é pertinente: o que diz o Espiritismo sobre termos bens materiais e até luxos (para alguns )?

Excelente questão, Acnamon!

Para mim, o desapego dos bens materiais tem mais a ver com uma atitude emocional em relação a eles, do que propriamente não ser dono de bem nenhum. Os bens existem e têm a sua função, uma vez que vivemos encarnados numa dimensão 3D. Creio que uma pessoa rica e possuidora de bens materiais, que faz uso deles e através deles pode ajudar o próximo, pode se aproximar de Deus tanto ou mais que uma pessoa pobre, sem bens, mas que tem o coração cheio de raivas e ressentimentos em relação à sua condição. Aí o desapego a ser praticado é em relação aos sentimentos que, esses sim, nos afastam de Deus.

E sim, se alguém souber a visão do Espiritismo sobre os bens materiais, partilhe aqui.

Eu pouco entendo de espiritismo, mas acho que a questão não se prende com o "ter" bens materiais, mas sim a relação que tem com eles. Ou seja, imagine que você nasce numa família cheia de bens materiais, essa será a sua grande provação de vida, ou seja, usufruir deles porque na realidade lhe foi conferida essa oportunidades, mas não se apegar a eles a pontos de desvirtuar a sua aprendizagem. Reconhecendo que os bens materiais são na verdade ilusórios e quando você partir não quererá certamente ficar preso a esta vida por causa desses bens, não lhe parece?

Há pessoas que são incapazes de dar alguma coisa de que não precisam... hoje em dia temos o OLX e etc... para fazer algum dinheiro. Mas repare há pessoas que preferem deixar os casacos do falecido marido no guarda fato, a ser comido pelas traças e pelo tempo do que simplesmente dar a quem precisa. Isto é muito negativo, são pessoas que agem de forma egoísta e estão a pensar apenas em si e não nos outros. São pessoas no fundo que são escravas dos seus próprios bens

O chico viveu num tempo completamente diferente do nosso. Faleceu 2anos depois de termos entrado no seculo xxi. Ele já veio de uma familia pobre, podia ter ficado milionario com os seus livros, mas sempre doou tudo a pessoas necessitadas e instituições de caridade. Na era que vivemos hoje é impossivel levarmos a vida que ele levou, deixar tudo para trás. Eu acho que a principal mensagem que ele quis transmitir foi que embora tenhamos bens, não nos devemos pegar a eles, fica cá tudo. Devemos doar o que não precisamos ao proximo, como fizeram com ele.

Óptimas respostas, muito obrigado.

Era um pouco o que eu pensava, até porque se analisarmos a questão das reencarnações, se seguíssemos uma lógica da necessidade do total desapego físico, quem nascesse numa família abastada e por isso crescesse segundo os princípios unicamente matérias seria uma pessoa desde já amaldiçoada.

Penso que expressei bem o que queria dizer, pois do mesmo modo uma pessoa pobre seria uma pessoa abençoada porque não teria um suposto apego material, sendo que no fundo ambos tem o apego material, aquele que muito tem que se apega a tudo que tem e aquele que quase nada tem que se apega aquilo que ainda vai tento

Por isso e como muito bem explicado a cima, concluo que depende de como vemos as posses e como a repartimos, tenhamos muito ou não.

Mas também como em todo o lado, existe os extremistas aqueles que sentem a obrigação de dar para agradar "aos deuses", verifiquei isso na Índia dos milhares de dólares que dão anualmente para as Instituições de caridade e templos, que embora esse dinheiro seja para dar comida aos pobres e manutenção das infraestruturas, via em algumas pessoas uma ostentação em doar. Esse donativo não seria em alguns casos de coração e partilha do seu excesso, mas sim com o objectivo de para alem de ter o seu nome para sempre registado nas paredes dos templos na área de agradecimento às famílias que suportaram a sua construção, como para de algum modo suprimirem os pecados que foram e vão praticando e ao mesmo tempo para atrair maior abundância financeira.

Tenho ainda que fazer nota que estou a avalia-los com base na nossa cultura "dar sem intenção de receber", pois na cultura deles é realmente uma obrigação moral e existe um medo à imagem do "dizimistas evangelicos" em que e parafraseando um certo Pastor (ler com sotaque brasileiro) "Para Deus te ajudar, vocês tem que (wait for it) me ajudar, e já estou avisand que Deus não paga imposto então o dizimo é sobre o valor bruto do sua renda mensal".


E agora surge outra questão, que é algo que sempre me intrigou, imaginemos que ganho o euromilhoes, na loucura 50 milhões de euros (menos 20% para o Estado  ), naturalmente devido à minha natureza grande parte desse dinheiro seria doado quer seja para a caridade ou familiares e amigos, mas aqui surge uma grande questão Kármica, estaria eu a interromper o crescimento espiritual e as provações  e expiações que cada um deveria ter, seria eu aqui um elemento de bloqueio, pois ao ajudar de forma tão abundante uma instituição ou mesmo criar outra bem como familiares e amigos, contribuir para um desnível do estilo de vida que algumas pessoas teriam que viver como parte da sua evolução ou escolha pré-encarnação.

Já pensei diversas vezes nesta hipótese pois realmente tenho um sonho de criar uma fundação para o desenvolvimento de ajuda a criação e deficientes (com vertente espiritual mas não religiosa), e para tal viro os meus pedidos de crescimento empresarial e económico nesta vertente para quando chegar aos 40 anos possa completar este meu desejo.

Claro que posso dizer "ai e tal se é para o bem geral então tudo bem", mas depois posso dizer "mesmo sendo para o bem, estarias a interromper os desafios pessoais de cada alma" ou mesmo na loucura "estava no plano destas pessoas que tu tivesses esse grande proveito financeiro para poder lhe ajudar na sua evolução".. isto é, há muitas hipóteses e interpretações, mas claro que em assumo para mim aquela que mais me agrada "vai fazer aquilo que pretendes e consequentemente as pessoas que estarão no teu caminho e for esse o seu destino farão parte e beneficiaram desse teu projecto".

Que achas vocês sobre o assunto.

Ao ganhar o euromilhões certamente poderiamos por toda a nossa familia bem e sem necessidades, ainda como dizes criar ou ajudar instituições e mesmo assim não precisariamos de nos preocupar o resto da vida nem os nossos filhos. Mas vem a grande questão que poês sobre interferir na sua evolução, certamente ajudar umas instituições estaria correto, na parte das pessoas que nos rodean acho que deviamos ser "egoistas" para não atrapalhar as suas provações, com isto não quero dizer que não se pudesse dar um miminho.  Espero que me esteja a fazer entender

Eu acho que, com o exemplo do euromilhões, pode ser uma hipótese de evolução. Reparem, se ficarmos milionários, ajudar os nossos familiares, financeiramente, proporcionar determinadas condições que melhorariam a qualidade de vida deles, não é praticar o bem? Não é uma forma de demonstrar o amor que lhes temos? Eu acho que sim.

A mesma coisa com os desconhecidos. Que feliz que eu me sentiria ao ajudar no que pudesse o IPO, por exemplo, ou outras instituições de apoio! Ou até criar uma minha!
O que quero dizer é que teríamos uma boa ferramenta para fazer o bem, ajudar quem precisa, os nossos e os que não conhecemos!! Eu acho que isso é evoluir.

Agora, se eu ficar milionária e aplicar os meus milhões apenas em mim, em luxos e aquelas loucuras que só temos em sonhos, e se ainda por cima continuar a negar pedidos de ajuda que possam surgir (e que surgem sempre nestas situações), não me parece que seja lá grande evolução. O único amor ao próximo seria os empregos que iria criar com a criadagem...

Espero ter-me feito entender.

Claro que não iamos dar aos de fora e negar ajuda aos que nos são proximos. Digo é por exemplo dar 1milhao aos pais e irmãos, 1milhão aos tios e por fora. assim com certeza estavamos a interfetir

Acnamon, veja as coisas pelo lado positivo. Se você ganha o euromilhões e tem que ceder 20% do valor ao estado, você acabou por resgatar uma dívida que tinha com esta instituição. Já pensou em quantas vidas você não enganou o estado

A questão que coloca não me parece nada relevante. Porque você até pensa em dar a alguém... e aqueles que nem sequer pensam nisso? É o seu livre-arbítrio que conta. Não importa o muito ou o pouco que tenha, mas aquilo que faz para ajudar os outros. Se ajuda, é porque em certa medida essas pessoas já o ajudaram em outras vidas também... e por isso o retorno será para eles, daquilo que fizeram. Em que medida você estaria a interferir em algo que não deva? Isso não existe num mundo onde tudo, aparentemente é demasiadamente perfeito Tudo está no seu lugar! Agora aquilo que cada qual fizer com o dinheiro que você der, será também do livre-arbítrio deles, não lhe parece?

E por termos esse livre arbítrio é que podemos ou não evoluir. 😊

Faty Lee,

Eu gosto de ver pelo lado positivo, no entanto analiso sempre todas as variáveis, e não consigo deixar de não o fazer, pois assim penso que estarei a viver na ignorância, mas isto é meramente a minha perceptiva e valida somente no meu pensamento.

A cena é que com o forum posso sempre ver outras perspectivas e outras concepções da realidade para que não fique somente enquadrado na minha, no fundo é uma outra forma de estudo, que por vezes se enquadram na minha e por outras não, ainda mais com tanta energia e forma de pensamento femininas que temos anda é sempre interessante ver o lado do pensamento feminino.

De resto isto não me assusta, foi meramente uma questão que achei que estivesse relacionada com o desapego, a bondade e dar tudo daquilo que temos, sendo neste caso, o que aconteceria se de repente tivemos mesmo muito, muito mais do que aquilo que precisamos para o resto das nossas vidas, e qual a abordagem espirita sobre esse assunto, deveremos recusar ou aplicar o desapego ou deveremos aplicar a caridade, e qual é o efeito sobre os outros, sobre aqueles que à nossa volta sendo familiares ou amigos teriam as suas vidas completamente transformadas. Seria esse um destino positivo ou seria esse um destino negativo! quando chegar lá saberei, e se o forum ainda estiver a bombar ponho a resposta

Do meu interesse pelo espiritismo é do seu estudo, que é bastante mais avançado do que o Católico e com grande e inúmeros textos em PT-BR que são certamente mais fáceis de obter,  ler e interpretar do que as escrituras de por exemplo da ciência védica ou alquimicas, que são igualmente repletas de fantásticas teorias sobre estes temas.

pois... eu também concordo... 

mas analizando a questão a nivel planetário... acho que o facto de não existir dinheiro, não significa que não exista trabalho...

e enquanto existir trabalho, e pessoas dispostas a trabalhar, coisa que o ti chico aparentemente nunca se recusou a fazer, vão existir sempre os bens "de consumo"...

...se esta sociedade, em vez de andar a trabalhar para "encher os bolsos"... andá-se a trabalhar para "os outros"... ou seja... "para todos"... então não ia faltar nada a ninguém... pois nem toda a gente quer um ferrari... outros iam querer outra coisa qualquer...

a questão de andar "em sintonia" com a natureza... também não nos obriga a andar todos a pé ou de burrico... obriga-nos sim a ser-mos responsáveis na gestão dos recursos que temos e usar as tecnologias para o bem comum...

o que temos feito... é andar a aceitar um tipo  de politicas que nos obrigam a gastar os produtos que "eles" querem que nós gastêmos... porque aceitamos também a filosofia que o dinheiro trás felicidade e nos agarramos a este paradigma egoista...

se a humadidade desse prioridade às necessidades em vez de dar prioridade às vontades... não precisavamos do dinheiro para nada... e ainda sobrá-va...

Olá a todos,

  Eu gostava de acrescentar uma coisa às respostas dadas, das muitas coisas boas que foram ditas.
 
  Devemos ter noção que Kharma(expiação,etc.), é um utensilio de reparação de um Mal feito anteriormente, mas para que a pessoa tenha, algures, a consciência dele. Não é perpetuo, não serve como punição, e sim como elucidação, como ensinamento.

  Quem de nós tem a coragem para afirmar que este ou aquele deve continuar a sofrer o seu Kharma?
 
  A nossa ajuda a esse alguém, na verdade, pode ser o fim desse Kharma.
  Caso nós não o façamos, haverá outros caminhos.
  Por outro lado, se essa ajuda, não tenha que ser o fim desse Kharma, acreditem, que por mais que se tenha dado e ajudado, essa pessoa de uma maneira ou outra irá vivênciar esse Kharma.
  Ajudemos sempre que se possa, consoante as nossas posses!
  Estamos a interferir? Optimo, então estamos no caminho certo. Misticopt, não é dar 1 milhão ao irmão e não aos tio, é dar uma ajuda ao irmão e ao tio em fazerem algo de Bom para todos nós. algo de produtivo, de util. Não dar o peixe mas ensinar a pescar, com valores sem prejudicar o próximo.
 
  Sempre a Caridade.
  A Caridade desinteressada, é talvez, a coisa mais comum em todas as religiões. Do Cristianismo, Budismo, Hinduismo, Islamismo, Judaísmo, Confucionismo, Taoismo,etc.

  Quanto ao Chico, ele viveu sempre do trabalho até se reformar e ter a sua devida reforma. Depois do trabalho, se dedicava aos outros. Nasceu e morreu pobre, no entanto, foi-lhe doado muito dinheiro,casa,terrenos, que ele ia sempre dando aos mais carenciados.
  Até aos dias de hoje, ninguém compreende bem a ideologia da gratuitidade dos serviços prestados. Ainda hoje as pessoas que por algo sentem-se gratas, sentem o dever de "pagar", deixando notas escondidas nas cadeiras dos centros. Nos EUA, a maior confusão, é exactamente a não aceitação de dinheiro, pois não estão habituados.
  Se falarmos aqui neste forum, que um médium não deve aceitar dinheiro, nem mesmo "aquilo que possam dar", é um Deus que nos acuda, pois dizem que os mediuns também devem pagar suas contas,etc. como se alguém proibissem os mediuns de trabalharem, e depois no seu tempo livre, dedicarem-se à ajuda ao próximo... E na DE, existe a Lei do Trabalho, que também lhes iria causar alguma irritação.

Abraço,