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  • É ou seria amar-te assim perdidamente?
    Iniciado por cepticooucrente
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É amar-te assim perdidamente

Ele vestiu os seus jeans favoritos com a primeira t-shirt que lhe apareceu. Ia só beber uma cerveja com um amigo de longa data. Divertidos e sorridentes, desceram a rua em direcção à esplanada.

Ainda não existiam smartphones.

Ela passou como andava sempre.

Costas direitas, apreciando tudo. Viu-os e parou. Cumprimentou o amigo e apresentou-se a ele. Não os largou mais naquela tarde solarenga.

A ele não o largou nessa tarde, nem na seguinte. Nem nas tardes de chuva. Em nenhuma. Até hoje.

Anos depois, brinda, apaixonada, ao amor.

"Estavas com essa t-shirt quando te vi pela primeira vez", confessa-lhe ela segundos antes de ele lhe esbugalhar os olhos de admiração. "Sim, vestias também uns jeans claros e largos", continuou, de olhar embevecido. E ele petrificado. E estupefacto. E de olhar esbugalhado. E de boca semiaberta por tamanha recordação. "Já me tinham falado de ti e quando te vi descer aquela rua pensei 'Ena, que giro que é!'".

Beijam-se apaixonadamente.

Casam na primavera.



Seria amar-te assim perdidamente

Ele vestiu os seus jeans favoritos com a primeira t-shirt que lhe apareceu. Ia só beber uma cerveja com um amigo de longa data. Divertidos e sorridentes, desceram a rua em direcção à esplanada.

Já existiam smartphones.

Ela passou como andava sempre.

Corcunda, com o telemóvel constantemente na mão, a vibrar, de minuto a minuto, com a mensagem da Telepizza, com o update do status no perfil de facebook do ex-namorado, com a newsletter da Groupon com descontos em conjuntos de panelas, com a vigésima sétima identificação em fotografias de gatos cintilantes a desejar "bom dia", com o centésimo quinquagésimo sexto convite para jogar FarmVille.

Não o viu. Nem a ele, nem ao amigo.

E seguiu na sua habitual coscuvilhice e ilusória vida de likes, de fotografia em fotografia, dos rapazes adicionados na noite anterior.

Anos depois, brinda, de chá quente na mão, sozinha, enterrada no sofá, ao amor.

Sem discurso.

Nem beijos.

Mesmo quando anda de mão dada na rua com um rapaz, continua solteira. Dentro do coração.

Já se cruzou com o grande amor da vida dela, ele, mas não desgrudou os olhos do smartphone para o ver.

Diana Abrantes

Muito bom! Mais uma indicação de como a tecnologia nos pode roubar a vida...
"Onde está Deus?" - perguntei à minha sobrinha de três anos.
"O que é Deus?" - indagou ela. "Deus é Amor." - respondi-lhe.
"Está aqui!" - disse ela, envolvendo-me no abraço mais delicioso do mundo!

Imaginativo e com humor. Bem idealizado :)
Os dois testes mais duros no caminho espiritual são a paciência para esperar o momento certo e a coragem de não nos decepcionar com o que encontramos.
Paulo Coelho

Bem conseguido... explicita bem o que somos capazes de fazermos a nós próprios  :-[
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Não prestar atençãopode custar caro, infelizmente ...
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

#6
Eu pessoalmente mesmo tendo a idade que tenho não ligo a telemóveis e se for preciso tenho o meu vários dias desligado.
Não só acontece com a tecnologia, mas também com outros casos.... Por exemplo, às vezes o amor da vida de alguém pode ser alguém que esteja mesmo perto dessa pessoa e inclusive falem-se todos os dias e no entanto a pessoa não se apercebe disso, estando até constantemente a queixar-se que ninguém lhe quer ou algo género, quando existe a outra pessoa que dava tudo para que algum dia ficassem juntos... e se calhar se for preciso "desculpa, mas só te vejo como um/a amigo/a" ou até mesmo com o pensamento eventualmente em alguém que até nunca haveria de querer alguma coisa com essa pessoa... Digo isto também porque existe uma situação bastante presente como esta na minha vida... :)

É verdade que a tecnologia nos ajuda bastante nos dias de hoje, mas é claro que tem muitos pontos negativos, como esse já referido. Eu ainda sou um adolescente e realmente não entendo como é que os meus colegas conseguem passar um dia inteiro a fitar uma tela e a teclar como se não houvesse um amanhã.
E ao acabar de ler este tópico, lembrei-me logo desta imagem:

Exato... não percebo mesmo qual a necessidade de estar o dia todo literalmente agarrado ao telemóvel... ok, tudo bem, eu também passo ainda algum tempo no computador mas não sou nenhuma viciada como muita gente é com o telemóvel... Não consigo mesmo compreender o porquê de ficar a mandar mensagens o dia todo e até mesmo nas próprias aulas, mas pronto... cada um sabe de si...