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  • Maria Teresa Capaz
    Iniciado por cepticooucrente
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Maria Teresa, desempregada, e Henrique, diretor geral, casaram numa cerimónia simples numa tarde de primavera, perante o aplauso contido de meia dúzia de familiares. Felizes, abandonaram a festa cedo, rumo a uma curta lua-de-mel em Londres, onde Henrique teria impreterivelmente de se encontrar nos dias seguintes, devido a inadiáveis compromissos decorrentes da sua atividade profissional.

A brevidade da viagem não os impediu de regressarem com a questão da descendência já resolvida, e passadas apenas algumas semanas, Maria Teresa comunicou radiante ao recém-marido que estava de esperanças.

Ele tornou-se mais atento, cuidado que inicialmente ela até apreciou. Ligava-lhe várias vezes por dia, monitorizava-lhe as horas de descanso, controlava com rigor o que comia, acompanhava-a sempre que ela precisava de sair de casa. Mas tanto fez que, num instante, tornou-se uma presença incómoda para a mulher, que lho deu a entender com jeitinho.

Ele não gostou e ficou desconfiado, afinal ela passava muito tempo sem ele.

Começou a controlar cada passo dela, a vigiar-lhe o telemóvel e a sugerir de forma mais ou menos evidente que ela podia ser uma muito mais capaz dona de casa se dedicasse ao lar a devida atenção.

A falta de tempo livre decorrente da quantidade de tarefas que Maria Teresa passou a impor a si mesma num esforço para o manter contente e assim conseguir alguma paz, resultou num esfriamento das já ténues relações sociais que mantinha. Maria Teresa sentia-se sozinha. Queria mesmo ser uma boa esposa, queria muito ter a sua família, mas aquilo andava a dar cabo dela. À medida que a gravidez avançava, a mobilidade dela diminuía e as suas formas se arredondavam, o cuidado do marido foi dando lugar a um certo desprezo. "Vais mesmo comer isso?", "O que é que aconteceu aos teus pés?", "Ressonas!", "Onde é que vais assim vestida?", "Já não te posso ver sentada", "Tanta gaja disponível e eu aqui, feito parvo".

O bebé crescia na proporção inversa à alegria da mãe, que definhava, cada vez mais infeliz.

No dia do parto, Maria Teresa lá foi, resignada. Não estava nervosa e não tinha medo, mas também não estava contente nem ansiosa como seria suposto. Já só queria ver-se livre daquele peso, voltar a ser ela. O pai não ficou para assistir, voltaria mais logo, tinha de preparar uma apresentação internacional, da qual sairia uma promoção quase certa.

Enquanto esperava, Maria Teresa pensou na sua vida e no cretino que afinal era o homem com quem tinha casado.

João Francisco nasceu numa tarde de segunda-feira, de parto normal. No instante em que o viu tão pequenino e indefeso, Maria Teresa, soube que tinha de mudar.

Na quarta regressaram os três a casa. Maria Teresa, quase sem conseguir mexer-se e perante a absoluta indiferença do marido, retomou as suas tarefas habituais: lavou, arrumou, engomou, fez o jantar, cuidou do filho.

Na manhã seguinte, como habitualmente fazia, levantou-se para preparar o pequeno-almoço dele: torrada aparada, meio copo de sumo de toranja e uma chávena de chá preto, na qual, desta vez, diluiu discretamente o conteúdo de um frasquinho que trazia no bolso.

Ele comeu depressa, ansioso pelo sucesso da apresentação e irritado por não ter dormido sossegado – claro que ela não compreendia, pois se estava em casa sem fazer nada, bastava-lhe querer para passar a tarde a dormir!

Saiu engravatado, de pasta na mão, sem sequer se despedir do filho.

Duas horas depois, em casa, Maria Teresa arrastava uma mala com alguns pertences dela e do filho pelo corredor, chamava um táxi e fechava atrás de si a porta de uma vida que agora sabia não ser para ela.

À mesma hora, no escritório, em pleno discurso de apresentação aos altos quadros internacionais, a saqueta diluída por Maria Teresa no chá fazia o seu serviço e Henrique, sem arrogância nem dignidade, borrava-se pelas pernas abaixo.

Marta Elias

No mínimo um misto de verdade e humor.

Achei interessante, muito embora compreenda que uma relação apenas se deteriora quando se perde a comunicação. As grávidas são sempre muito sensíveis, levam sempre tudo a peito e isto é a realidade das hormonas. Pós parto, exatamente a mesma coisa... pois as hormonas continuam ainda desequilibradas até que tudo se reponha. Não vejo nesta história nenhum incidente grave que não pudesse ser resolvido através da comunicação  :-\

Pelo menos, o marido conseguiu ter um "êxtase" na sua apresentação, lol
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Concordo. Penso que a história foi superficial demais para ter este desfecho, ainda que engraçado (foi o que fez querer partilhar). ;D

Falta de comunicação, compreensão pela fase (ou fases) que ambos atravessavam... enfim, falta de tolerância e cedência. Acima de tudo, falta de tentativa para que tudo resultasse. Acho que cada vez mais as pessoas tentam menos e vão embora com cada vez mais facilidade.

Bem, mas lá que as hormonas da Maria Teresa lhe deram ideias, no mínimo, hilariantes, lá isso deram! :D :D :D

As mulheres são sempre mais hilariantes nas suas estratégias quando comparadas com os homens.

Quando era muito nova, fui ao cinema com um grupo de amigos. À nossa frente estava sentado um casal... um rapaz e uma rapariga, na altura com cerca de vinte e tal anos, mais novos que nós. Às páginas tantas, ele começa a discutir com ela e prega-lhe uma chapada. Nós que estávamos mesmo atrás, vimos tudo e ficamos de boca aberta. Ela, manteve uma postura que ainda hoje, sempre que me lembro sorrio... levantou-se e muito alto disse-lhe: "aqui é assim, em casa vai ser pior".... lol toda a gente ficou a pensar que ele é que tinha levado uma chapada  >:D
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Membro nr. 34334

Hahaha bem feito! Essa é que foi a verdadeira chapada! :D

Tenho uma prima que utiliza e sempre utilizou os transportes públicos. Estávamos naquela altura em que os autocarros enchiam de tal forma que só se mexem os olhos lá dentro... E nesse aperto, haviam muitos aproveitadores... >:(
Um dia, a minha prima lá ia no seu autocarro de rotina, fazendo a viagem de pé, pois lá está, ia cheio "até à rolha". Um senhor põe-se atrás dela e... enfim... lá começa a "encostar-se" demais... e bem, a minha prima lá começou a sentir algo que... se fosse hoje ainda poderia ser o telemóvel, mas naquele tempo era muito pouco provável.  :P Sendo ela uma pessoa das costuras, tem sempre na mala uma espécie de "kit". Vai então, muito tranquila e descansada, à sua mala, discretamente tira uma agulha e põe atrás de si. Quando o autocarro "balançou" para o lado que o homem queria... bem... ele quis gritar, mas como sabia o que estava a fazer, a minha prima olhou para ver a próxima paragem e apenas o viu muito vermelho e com as lágrimas nos olhos... >:D >:D
O autocarro balançou as vezes que foram precisas e ele não se encostou a mais ninguém até à paragem seguinte, onde saiu. ;D >:D

Hahahahha! Esta está boa! Vê como as estratégias femininas são mais hilariantes?
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Membro nr. 34334

Realmente, nós somos tramadas. ;)

Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem