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  • Porquê?
    Iniciado por cepticooucrente
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Porquê? O ser humano tem uma estranha maneira de ser racional. Somos racionalmente irracionais, ou então irracionalmente racionais. Será isso correcto? Porque é que insistimos sempre em viver sempre fora dos tempos? Estudamos hoje a pensar no amanhã, seguimos um curso porque ouvimos dizer que são esses que num futuro vão ter uma saída, mesmo que seja completamente o contrário do que sonhamos algum dia ser. Fazemos amizades por conveniência, porque imaginamos que certa pessoa nos pode vir a ser útil amanhã, mesmo que essa pessoa não nos dê um mínimo de atenção, nós lidamos com ela com todo o cuidado do mundo. Afastamos de nós aqueles que realmente estiveram, estão, e estariam connosco, sim, estariam, porque depois de os afastarmos a maior parte das vezes de forma bruta, e fazendo-os sofrer, acabamos por realmente os perder para sempre.

Somos interesseiros. Ajudamos apenas quando sabemos que vamos ganhar algo com isso, nunca porque isso nos faria sentir bem, ou então úteis. Bebemos para esquecer. Ou esquecemos para beber. Afogamos os problemas em copos, sem mesmo dar por ela no dia seguinte acordamos com os mesmos problemas na mesa-de-cabeceira. Acabamos relações porque achamos que no futuro não vai resultar, mas como sabemos que não vai resultar, se nós vivemos no presente e não no futuro?

Temos uma estranha mania de bloquear a nossa felicidade do presente, compará-la com o passado e projectá-la no futuro, sem sequer ter razões para tal, porque a vida foi feita para ser vivida um dia de cada vez, senão para que é que existiria divisão de dias, de anos, de séculos? Para que existiria o dia e a noite? O ontem, o hoje e o amanhã? Olhamos para trás e sentimos saudades do que foi, olhamos para a frente e imaginamos como gostaríamos que o futuro fosse. Temos sonhos, criamos sonhos, mas não lutamos por eles, simplesmente porque nos acostumamos ao que a vida nos dá sem esforço. Será isso viver?

Quando algo se desvia do caminho que imaginamos que seria o nosso, ou então o melhor para nós, paramos, como se um muro enorme à nossa frente se erguesse, mesmo que esse muro na realidade não seja mais do que uma simples pedra, aquelas famosas pedras que o ditado diz que todas juntas dariam para construirmos o nosso castelo. Lembram-se? Porque é que pensamos que quanto mais pensamos isso nos leva a fazer as escolhas certas quando na realidade isso só nos leva a perder tempo, tempo precioso, tempo esse que já nunca mais vamos poder viver, sim, porque o tempo não volta atrás, nem nunca voltará. Coitado daquele que espera sentado por algo que já foi, e nunca mais virá. O comboio da vida passa milhões de vezes à nossa frente, mas nós insistimos sempre em só querer apanhar o próximo, porque nos habituamos a vê-lo passar e achamos que ele vai continuar a passar, vezes sem conta, mas e se um dia ele parar de passar? E se um dia queimarmos todas as oportunidades que a vida nos dá de sermos felizes?

Porquê? Porque é que nos custa tanto viver no presente? Porque é que deixamos sempre para amanhã o que podemos e queremos dizer hoje? Porque é que pensamos sempre que vamos ter tempo de fazer aquilo que nem sabemos se um dia vamos fazer? Porque é que depois de nos revoltamos por ter perdido as oportunidades? Porque é que depois nos roemos por dentro  por não termos tentado algo ou por não termos ditos algo a alguém quando já é tarde demais? Porque é que insistimos tanto em fugir da realidade? Porque é que insistimos tanto em viver fora de horas? Porque é que insistimos tanto em, no fundo, ser estúpidos? Porquê? Porque sim.

jafoste

Profunda reflexão esta. Na verdade, é isto que somos. Uma verdadeira ilusão! Nem sequer sabemos de onde viemos, onde estamos e para onde vamos. Vivemos a vida ao sabor do vento, ancorados ou não no passado que já foi ou na expectativa de um futuro que jamais virá. Mas é isto que torna o ser humano – HUMANO – pois se ele fosse outra coisa que não se inscrevesse aqui, certamente não seria humano.

Ainda bem que este é o retrato da maioria das pessoas. O meu sorriso esboça-se quando penso que há seres humanos que não se inserem nesta descrição, fazendo-me acreditar que podemos transpor esta nossa frágil condição. É preciso "atrevermo-nos" a ser diferentes, acreditar nessa diferença e defendê-la veementemente. Não num sentido fanático... mas no sentido do Acreditar em Amor.

Não gosto da resposta "porque sim". Ela parece muito determinista, vaga e muito pouco esclarecedora. Prefiro respostas como: "porque somos humanos, porque sofremos, porque deixamos de acreditar e voltamos novamente a acreditar, porque desistimos e depois recuperamos as nossas forças, porque odiamos para compreender o amor, porque... enfim... vivemos numa ilusão que nós próprios criamos e não sabemos, não queremos ou não conseguimos viver de uma outra forma!".
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Incrível esta reflexão.

Excelente mesmo! :)

I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

sofiagov
Citação de: cepticooucrente em 19 fevereiro, 2015, 13:18
Porquê? O ser humano tem uma estranha maneira de ser racional. Somos racionalmente irracionais, ou então irracionalmente racionais. Será isso correcto? Porque é que insistimos sempre em viver sempre fora dos tempos? Estudamos hoje a pensar no amanhã, seguimos um curso porque ouvimos dizer que são esses que num futuro vão ter uma saída, mesmo que seja completamente o contrário do que sonhamos algum dia ser. Fazemos amizades por conveniência, porque imaginamos que certa pessoa nos pode vir a ser útil amanhã, mesmo que essa pessoa não nos dê um mínimo de atenção, nós lidamos com ela com todo o cuidado do mundo. Afastamos de nós aqueles que realmente estiveram, estão, e estariam connosco, sim, estariam, porque depois de os afastarmos a maior parte das vezes de forma bruta, e fazendo-os sofrer, acabamos por realmente os perder para sempre.

Somos interesseiros. Ajudamos apenas quando sabemos que vamos ganhar algo com isso, nunca porque isso nos faria sentir bem, ou então úteis. Bebemos para esquecer. Ou esquecemos para beber. Afogamos os problemas em copos, sem mesmo dar por ela no dia seguinte acordamos com os mesmos problemas na mesa-de-cabeceira. Acabamos relações porque achamos que no futuro não vai resultar, mas como sabemos que não vai resultar, se nós vivemos no presente e não no futuro?

Temos uma estranha mania de bloquear a nossa felicidade do presente, compará-la com o passado e projectá-la no futuro, sem sequer ter razões para tal, porque a vida foi feita para ser vivida um dia de cada vez, senão para que é que existiria divisão de dias, de anos, de séculos? Para que existiria o dia e a noite? O ontem, o hoje e o amanhã? Olhamos para trás e sentimos saudades do que foi, olhamos para a frente e imaginamos como gostaríamos que o futuro fosse. Temos sonhos, criamos sonhos, mas não lutamos por eles, simplesmente porque nos acostumamos ao que a vida nos dá sem esforço. Será isso viver?

Quando algo se desvia do caminho que imaginamos que seria o nosso, ou então o melhor para nós, paramos, como se um muro enorme à nossa frente se erguesse, mesmo que esse muro na realidade não seja mais do que uma simples pedra, aquelas famosas pedras que o ditado diz que todas juntas dariam para construirmos o nosso castelo. Lembram-se? Porque é que pensamos que quanto mais pensamos isso nos leva a fazer as escolhas certas quando na realidade isso só nos leva a perder tempo, tempo precioso, tempo esse que já nunca mais vamos poder viver, sim, porque o tempo não volta atrás, nem nunca voltará. Coitado daquele que espera sentado por algo que já foi, e nunca mais virá. O comboio da vida passa milhões de vezes à nossa frente, mas nós insistimos sempre em só querer apanhar o próximo, porque nos habituamos a vê-lo passar e achamos que ele vai continuar a passar, vezes sem conta, mas e se um dia ele parar de passar? E se um dia queimarmos todas as oportunidades que a vida nos dá de sermos felizes?

Porquê? Porque é que nos custa tanto viver no presente? Porque é que deixamos sempre para amanhã o que podemos e queremos dizer hoje? Porque é que pensamos sempre que vamos ter tempo de fazer aquilo que nem sabemos se um dia vamos fazer? Porque é que depois de nos revoltamos por ter perdido as oportunidades? Porque é que depois nos roemos por dentro  por não termos tentado algo ou por não termos ditos algo a alguém quando já é tarde demais? Porque é que insistimos tanto em fugir da realidade? Porque é que insistimos tanto em viver fora de horas? Porque é que insistimos tanto em, no fundo, ser estúpidos? Porquê? Porque sim.

jafoste

ainda bem que somos capazes de voltar a acreditar...há muitos porquês!!! fazem parte da nossa existência...
excelente reflexão.... :-*

Citação de: sofiagov em 20 fevereiro, 2015, 08:41
ainda bem que somos capazes de voltar a acreditar...há muitos porquês!!! fazem parte da nossa existência...
excelente reflexão.... :-*

De certeza que todos nós nos revemos em pelo menos um dos porquês que aqui estão.
Por isso quis partilhar mal a li... :)

#5
Citação de: cepticooucrente em 19 fevereiro, 2015, 13:18
Porquê? O ser humano tem uma estranha maneira de ser racional. Somos racionalmente irracionais, ou então irracionalmente racionais. Será isso correcto? Porque é que insistimos sempre em viver sempre fora dos tempos? Estudamos hoje a pensar no amanhã, seguimos um curso porque ouvimos dizer que são esses que num futuro vão ter uma saída, mesmo que seja completamente o contrário do que sonhamos algum dia ser. Fazemos amizades por conveniência, porque imaginamos que certa pessoa nos pode vir a ser útil amanhã, mesmo que essa pessoa não nos dê um mínimo de atenção, nós lidamos com ela com todo o cuidado do mundo. Afastamos de nós aqueles que realmente estiveram, estão, e estariam connosco, sim, estariam, porque depois de os afastarmos a maior parte das vezes de forma bruta, e fazendo-os sofrer, acabamos por realmente os perder para sempre.

Somos interesseiros. Ajudamos apenas quando sabemos que vamos ganhar algo com isso, nunca porque isso nos faria sentir bem, ou então úteis. Bebemos para esquecer. Ou esquecemos para beber. Afogamos os problemas em copos, sem mesmo dar por ela no dia seguinte acordamos com os mesmos problemas na mesa-de-cabeceira. Acabamos relações porque achamos que no futuro não vai resultar, mas como sabemos que não vai resultar, se nós vivemos no presente e não no futuro?

Temos uma estranha mania de bloquear a nossa felicidade do presente, compará-la com o passado e projectá-la no futuro, sem sequer ter razões para tal, porque a vida foi feita para ser vivida um dia de cada vez, senão para que é que existiria divisão de dias, de anos, de séculos? Para que existiria o dia e a noite? O ontem, o hoje e o amanhã? Olhamos para trás e sentimos saudades do que foi, olhamos para a frente e imaginamos como gostaríamos que o futuro fosse. Temos sonhos, criamos sonhos, mas não lutamos por eles, simplesmente porque nos acostumamos ao que a vida nos dá sem esforço. Será isso viver?

Quando algo se desvia do caminho que imaginamos que seria o nosso, ou então o melhor para nós, paramos, como se um muro enorme à nossa frente se erguesse, mesmo que esse muro na realidade não seja mais do que uma simples pedra, aquelas famosas pedras que o ditado diz que todas juntas dariam para construirmos o nosso castelo. Lembram-se? Porque é que pensamos que quanto mais pensamos isso nos leva a fazer as escolhas certas quando na realidade isso só nos leva a perder tempo, tempo precioso, tempo esse que já nunca mais vamos poder viver, sim, porque o tempo não volta atrás, nem nunca voltará. Coitado daquele que espera sentado por algo que já foi, e nunca mais virá. O comboio da vida passa milhões de vezes à nossa frente, mas nós insistimos sempre em só querer apanhar o próximo, porque nos habituamos a vê-lo passar e achamos que ele vai continuar a passar, vezes sem conta, mas e se um dia ele parar de passar? E se um dia queimarmos todas as oportunidades que a vida nos dá de sermos felizes?

Porquê? Porque é que nos custa tanto viver no presente? Porque é que deixamos sempre para amanhã o que podemos e queremos dizer hoje? Porque é que pensamos sempre que vamos ter tempo de fazer aquilo que nem sabemos se um dia vamos fazer? Porque é que depois de nos revoltamos por ter perdido as oportunidades? Porque é que depois nos roemos por dentro  por não termos tentado algo ou por não termos ditos algo a alguém quando já é tarde demais? Porque é que insistimos tanto em fugir da realidade? Porque é que insistimos tanto em viver fora de horas? Porque é que insistimos tanto em, no fundo, ser estúpidos? Porquê? Porque sim.

jafoste

Muito bom!

Atrevo-me a dizer que quem não sentiu esses "porquê" todos não é humano :D

A resposta a todos esses porquês é simples: porque não sabemos quem somos e não acreditamos em nós, preferimos a ilusão á verdadeira realidade.
Mas o difícil é de lá chegar e para chegar lá teríamos de colocar em causa muitos falsos equilíbrios das nossa vidas.
Confusos? :D

Vamos despertando aos poucos.
Tudo de bom.

É bom saber que não tenho nenhum ponto comum com o descrito, da mesma forma como o descrito representa a esmagadora maioria dos seres humanos.

Há sempre uma hipotese para a diferença...
Não me trates por VOCÊ!!!
Respeito mais tratando-te por TU do que tu a tratares-me por VOCÊ!