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  • "Deixem o nosso filho morrer, por favor"
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Citação de: incertus em 31 janeiro, 2015, 21:38
já somos QUASE deuses... mas ainda não chegamos lá... ;)

pelo menos nenhum humano que eu conheça...

por isso... quem é que decide se é ou não reversivel?

houve pessoas com danos cerebrais gráves que recuperaram e inclusive acabaram por fazer um curso superior...

uma criança recupera sempre muito mais rápido... normalmente...  ::)

http://www.youtube.com/watch?v=pzyzT8ocmAg#

http://www.youtube.com/watch?v=ob-AguFXff0#
refiro me a morte cerebral...ai  nao há nada a fazer....nao quero pensar em casos normais os medicos indiquem morte cerebral quando assim nao é....
Abençoado seja o seu santíssimo nome em favor de todos nós Deus nosso Pai.

Citaçãonao quero pensar em casos normais os medicos indiquem morte cerebral quando assim nao é....

voce vive em portugal? ...tem a certeza que pode confiar nesses carniceiros que por ai andam?  ::)
a minha religião é a verdade...

Citação de: incertus em 31 janeiro, 2015, 21:52
voce vive em portugal? ...tem a certeza que pode confiar nesses carniceiros que por ai andam?  ::)

Inflizmente vivo lol ;D... Talvez eles tenham por etica nao se envolverem emocionalmente com os doentes para nao afetar o seu trabalho, mas acredito que haja bons profissionais em Portugal, tanto medicos como enfermeiros. Embora eu sempre tenha sido bem tratado nos hospitais, tenho caso de pessoas da familia que nao. Quando nasceu o meu filho, a enfermeira do turno da noite nao dava o suplemento e o miudo passava a noite a chorar mas pronto. Ter um ventilador ligado dá muito prejuizo aos hospitais porque sao caros e há poucos
Abençoado seja o seu santíssimo nome em favor de todos nós Deus nosso Pai.

CitaçãoPesadelo no Serviço de Urologia do Hospital Garcia de Orta, parte 2

Existe uma palavra que usamos a torto e direito, dignidade. A dignidade que deve ser preservada até ao último suspiro de qualquer ser humano. Que, como afinal frisei ao Doutor [Pedro Soares], quando este nos colocou sobre a mesa a decisão de vida ou morte, era o mais importante, paralelamente à qualidade de vida, favorecida pela ausência de dor, coisa que foi garantida pelo supracitado, no caso de passarmos aos cuidados paliativos.

Eu, assumo aqui frontalmente, não tinha qualquer noção do que é a tal 'dignidade', até me confrontar, na passada sexta-feira, com um ser humano completamente desprovido da mesma. A quem lha tinham tirado, enfiado num almofariz e esmagado até só restar pouco mais de que um trapo esburacado a trepar paredes em agonia, ante a impassividade de meia dúzia de idiotas (sim, eu também lá estava).

Porque a insanidade - felizmente, confirmamos agora, temporária - se deveu simplesmente à negligência grosseira de alguém a que passarei a referir-me apenas pelo título académico, dado que a criatura mais não é de que um mero técnico escondido sob um cabide com uma bata branca, sem qualquer pingo de humanidade ou qualquer outra característica que permita inseri-lo no grupo de seres vivos vem cujas veias corre sangue quente e vermelho.

O médico responsável DEVERIA (i.e, faz parte das suas obrigações), aquando do internamento, ter-se inteirado da situação clínica do doente, que sendo um doente oncológico em fase terminal, ISTO É, um doente obviamente sujeito a dores atrozes, necessitava que o mesmo devesse, antes de mais nada, de ter chamado alguém da Unidade da Dor, para que fosse prescrita medicação para o controle da mesma (provavelmente tendo por base, a que toma em ambulatório, ou não, já que disso não percebo nada). Mais: deveria ter-se inteirado da restante condição de saúde do doente, através da indagação de familiares - e havia sempre alguém presente - ou, se outra opção não houvesse, pedindo exames complementares de diagnóstico.

Ora o que se passou aqui foi diabólicamente muito simples:

Está a morrer, é deixá-lo estar.

SEM TIRAR NEM PÔR.

Senão como explicar que o meu sogro tenha estado

    Terça;
    Quarta
    Quinta
    Sexta (até aqui estando o médico nas instalações todos os dias)
    Sábado

SEM MEDICAÇÃO: PARA A DOR, nem para minorar o sofrimento emocional e facilitar o sono, NEM PARA A DIABETES e HIPERTENSÃO, não estando estas sequer sob qualquer tipo de medição ou vigilância, devido ao médico não o ter solicitado?


Saiu à pouco tempo o resultado de um estudo em que foi finalmente estabelecido um paralelo para as dores de parto: são (genericamente) comparáveis às cólicas renais. Onde o inverso também é válido.

- Ora estamos aqui a falar de alguém com um cancro nos rins em fase avançadíssima.

Não estamos a falar, certamente de alguém com uma infecção urinária e consequente cólicas.

Mas, até dou de barato que tomemos as dores a que o meu sogro estava sujeito como uma cólica renal/dor de parto.

Quem já sofreu uma cólica renal ou quem já foi mãe, não perdeu noção do que essas dores são. Da sua intensidade.

ENTÃO AGORA IMAGINEM ALGUÉM AO QUARTO DIA DE TRABALHO DE PARTO. SEM EPIDURAL. A FRIO.

É de estranhar que o senhor, a quem tinha sido dito que teria alta nesse dia, ao verificar que tal não ia acontecer, tenha arrancado todos os cateteres que tinha no corpo, tenha pontapeado o tabuleiro das refeições, se tenha recusado a tomar mais medicação, tenha agredido verbalmente quem lhe apareceu à frente - nomeadamente os familiares mais próximos (e não é sempre assim?)?

E é de compreender que a resposta dada pela equipa de enfermagem e equipa médica tenha sido... espera lá... nenhuma?

NEM SEQUER TENTANDO ENTENDER O QUE SE ESTAVA DE FATO A PASSAR?

O meu sogro não se queixou, na sexta-feira, de dores. Vendo a porta de saída ali mesmo ao alcance da mão, optou por aguentar mais umas horas, sem se queixar. E depois, o inferno soltou-se*, e ele perdeu de fato, a razão. É transportou-se para aquele limbo onde, juro pela saúde dos meus filhos, já estive e do qual me recordo com arrepios, onde perdemos o contato com a realidade e estamos como que num quarto sem portas, tal e qual um pássaro numa caixa de vidro sem aberturas.

Como disse atrás, o senhor arrancou todos os cateteres e afins (à exceção do dreno). Tendo rejeitado violentamente os alimentos, não foi forçado a comer, nem lhe foi dado soro por via endovenosa, já que não voltaram a canalisar-lhe as veias.

A sua alimentação consistiu, durante toda a sexta-feira, num copo de leite fresco.

Sábado, novamente comida no chão. Só ao jantar uma auxiliar se compadeceu e lhe deu a sopa à boca.

OU SEJA, UM DIABÉTICO ESTEVE SEM INGERIR QUALQUER ALIMENTO, sob nenhuma forma, DURANTE PERTO DE 48 HORAS. A somar às tais 96 horas das tais dores.



E perguntam vocês: o que é que a família (não) fez para deixar a situação arrastar-se a esse ponto?

A família esteve presente. Acompanhou. Sofreu. Mas não lhe foi fornecido qualquer tipo de informação. O pouco que foi pingando, tirado com muita paciência e alguma... graxa simpatia, só permitiu completar o puzzle no domingo.

E sobre isso já volto a falar. Agora tenho mesmo de fazer uma pausa.


A quem possa interessar:

    Pesadelo no Serviço de Urologia do Hospital Garcia de Orta, parte 1
    Pesadelo no Serviço de Urologia do Hospital Garcia de Orta, parte 3


*do inglês 'the hell broke lose', que se refere a 'tudo ter ficado completamente descontrolado.

in:

donadecasa.blogs.sapo.pt/436928.html

só para reflectir... ;)
a minha religião é a verdade...