Vozes que se ouvem mentalmente no estado semiacordado

Gostava de partilhar uma situação que, embora não seja frequente, acontece com alguma recorrência e constatar se mais alguém passa ou passou por uma experiência com enquadramento similar.

Quando estou num estado semiacordado, ou seja, imediatamente antes de acordar, naquela fracção de segundo, já aconteceu ouvir vozes de forma distintiva.

Acontece com mais frequência quando adormeço em sítios onde não é comum atingir o estado profundo de sono, como no sofá da sala, por exemplo. Esse facto poderia atribuir uma explicação óbvia: É o som da televisão. No entanto, essa explicação deixa de ser óbvia devido a vários factos que a anulam:

1 – Já aconteceu com a televisão desligada
2- Não acontece exclusivamente na sala, acontece também no quarto, envolto em silêncio
3- O estímulo não é auditivo, é mental. Ou seja, as palavras "ouvem-se" de forma clara mentalmente, de forma ainda mais cristalina do que se fossem proferidas verbalmente, de forma demasiado consciente para ser um sonho.

Há um ligeiro paradoxo: Embora se oiçam as palavras, acontece tudo numa fracção de segundos, tão rápido que parece interferir com a capacidade perceptiva do discurso. Nunca consigo descortinar uma frase propriamente dita, apenas descortino a emoção que lhe é adjacente: ou seja, se é dita com raiva, com alegria, com humor, etc.

A psicologia diz que há um estado intermédio entre o estado de sono e de vigília, chamado estado hipnagógico. É um estado altamente criativo, onde a mente – não embriagada pelas preocupações do quotidiano – está voltada para o interior e tem acesso ao vasto "baú" do nosso subconsciente e a todas as faculdades que temos lá armazenadas e adormecidas. Como escreveu o psicoterapeuta Brian Weiss, "é um estado onde temos acesso a todos os nossos recursos e a nenhumas das nossas restrições auto-impostas".

É apelidado de "estado de génio" e individualidades como Thomas Edison não só tiveram noção disso, como aprenderam a domesticá-lo para usufruir dele. Edison usou técnicas de meditação e tentava alcançar esse estado voluntariamente. Para o prolongar, sentava-se numa cadeira, com uma bola na mão, com uma taça de metal imediatamente por baixo. Sempre que adormecia, a mão abria-se e o barulho acordava-o. Repetia este exercício vezes sem conta até conseguir prolongar esse estado de consciência intermédio. O próprio terá admitido que esse exercício terá desempenhado um papel preponderante no processo criativo por trás de muitas das suas invenções.

A questão que levanto é: será que durante a presença nesse estado alterado de consciência, o acesso a todas as nossas capacidades extra-sensoriais é igualmente destrancado?

Refiro-me à generalidade delas. Será que todos os tipos de interacção mediúnica estão "disponíveis" nesse pequeno período de transcendência?

Ou será que apenas são amplificadas as que já temos, ou até desconhecemos que temos?

Por exemplo: Que eu sabia, não tenho mediunidade audiente, pois nunca tive qualquer tipo de experiência consciente que me indicasse isso. Mas durante o estado hipnagógico, pareço ter-lhe acesso, embora de uma forma demasiado fugaz para que a consiga discernir.

Deixo a questão, curioso por saber se já tiveram experiências semelhantes e, caso afirmativo, qual é a explicação que lhe atribuem.

Já tentaste perceber se estás a sonhar? Vês imagens, ou é apenas o som?

Sim, as primeiras vezes que me aconteceu coloquei essa hipótese. Depois à medida que aconteceu mais vezes, coloquei-a de parte, pois o fenómeno acontece nesse estado intermédio e ainda perdura, embora por uma fracção de segundos, naquele primeiro instante do acordar.

É difícil de conseguir explicar por palavras, mas a frase prolonga-se durante esse instante em que desperto, em que já estou acordado. No entanto, acontece tudo demasiado rápido para que possa fazer uma análise detalhada do que foi dito. É um paradoxo tempo/espaço similar ao das experiências de quase morte ou dos sonhos lúcidos, onde situações que são percepcionadas como tendo durado longos minutos ou até horas - à luz da nossa realidade terrena - aconteceram em poucos segundos. Naquele instante do despertar, ouve-se uma frase, ou o final de uma frase, quando esse espaço de tempo nem é sequer suficiente para verbalizar uma palavra. Daí, como tentei explicar em cima, ouvir algo mas não conseguir descortinar a mensagem verbalmente. Apenas as emoções que lhe estão ligadas.

Não tenho noção de ter visualizado nada, em nenhuma das situações.

Isto é recorrente, mas com muito pouca frequência. Em 30 anos, deve ter acontecido 6 ou 7 vezes, em pelo menos 3 habitações diferentes. Essa frequência é demasiado baixa (e demasiado espaçada no tempo) para me levar a desconfiar de se tratar de um sinal que deve ser interpretado, relativamente a determinada faculdade que deve ser desenvolvida. Se fosse o caso, acho que a frequência seria maior. Parece-me um mero tropeção fortuito, onde naquele instante acedo a determinada frequência que não me é acessível conscientemente, meramente devido ao referido estado em que me encontro (hipnagógico).

Daí ter curiosidade em tentar encontrar mais pessoas que tenham experiências similares. A ausência ou a abundância de mais exemplos, poderão ser conclusivas na forma como abordo este fenómeno, ou mesmo na importância que lhe dou.

Parece ser a descrição dos meus episódios de telepatia. É a sensação, de captares como frequências confusas de radio, directamente dentro da cabeça. Quando acordo por vezes também tenho esses episódios, normalmente são fracções de pensamento, tão rápidos que não chego a entender.

Isso a mim acontece muitas vezes, não só na hora de acordar como na hora de adormecer, por vezes até digo para mim eu não estou a dormir estou bem acordada como isto pode ser porque parece que estou a sonhar, oiço vozes e vejo imagens não sei o significado disso acontecer nem o que quer dizer afinal.
Alguém sabe?

percebo perfeitamente aquilo que dizes, a diferença é que comigo acontece com muito mais frequencia e antes de adormecer...
tenho a certeza que não conheço a lingua em que estam a falar, nunca ouvi nada assim, mas entendo sempre as mensagens na perfeiçâo ( sem saber como...)

boas energias  

Exatamente comigo é mais antes de adormecer, embora ao acordar também mas menos vezes, mas tenho a certeza que estou acordada nesses momentos já cheguei a olhar para o relógio para ter a certeza que estou acordada

Obrigado a todos pela partilha. De facto é interessante verificar que parece existir uma interligação entre esse tipo de ocorrências e esse estado intermédio de consciência, entre a vigília e o sono. Imediatamente antes de acordar ou de adormecer, acaba por ser a mesma coisa, pois sucede nessa fronteira entre os dois estados, onde estamos semiacordados. 
Gostei da descrição da isisgaia e achei muito interessante a questão levantada pelo Tomane, do entendimento imediato de uma linguagem aparentemente estranha. Uma espécie de xenoglossia ao contrário. Neste caso não somos nós que falamos uma língua estranha, apenas a conseguimos percepcionar, não linguisticamente, mas semanticamente, sem saber como. Muito interessante.
Luna, nestas situações nunca consegui ver nada. O seu caso pode ter outra leitura, mais ligada à mediunidade propriamente dita.

Entendo perfeitamente o que diz Yesterdays. Comigo já aconteceu algumas vezes, mas somente duas é digna de nota, pois tenho certeza que nessas ocasiões estava plenamente acordado.
Na primeira vez, estava fazendo uma oração e ao fundo, podia ouvir claramente uma voz que parecia fazer uma discurso. Não compreendia o idioma, mas percebia o tom da fala, que lembrou a oratória dos discursos de Adolf Hitler. E lembro que isso me causou uma sensação de desconforto, pois quanto mais eu rezava, mais intenso era a conotação da fala.
Depois de alguns anos, eu estava tentando tirar uma soneca depois do almoço e novamente esse fenômeno auditivo aconteceu. Dessa vez parecia ouvir uma rádio mal sintonizada e novamente não conseguia compreender as palavras.
Mas o que mais me intriga é o fato de estar totalmente acordado, sei que estava consciente e vez por outra abria os olhos. E também ter certeza de que não era um som externo, pois as vozes vinham de dentro da minha cabeça.

As vezes, antes de dormir, vejo imagens de lugares e rostos que não conheço, mas aí acho que já foge do assunto...

A tal questão da percepção emocional da natureza do discurso mantém-se, é interessante. Embora a compreensão semântica em detrimento da linguística, manifestada pelo Tomane seja ainda mais intrigante.
As outras questões – uma delas já levantada pela Lunacristina – são também interessantes e podem ter muitas interpretações.
O contacto com rostos/locais (aparentemente) desconhecidos também me acontece em certos sonhos. Geralmente costumo associar a várias coisas: pura imaginação, projecção astral, ou situações de vidas passadas que não consigo contextualizar na presente (daí a aparente estranheza), mas que no fundo me devem ser bem familiares.

Embora a compreensão semântica em detrimento da linguística, manifestada pelo Tomane seja ainda mais intrigante.

Yesterdays Soul , nunca tinha observado esta questão por essa prespetiva e confesso que agora estou um bocado intrigado...

Na verdade eu nunca dei importancia ao assunto até porque seja o que for ou quem for é para me guiar.
eu quando acordo lembro-me das vozes mas não me lembro da mensagem, já não consigo percebe-la.
o que muda é a minha atitude em relaçao a determinadas questoes ou situaçoes, que passa a ser completamente diferente.

Por exemplo uma coisa que dantes me deixasse irritado ao ponto de partir algo se fosse preciso, neste momento a minha postura relativamente a essa mesma situaçao é pacifica e tento resolve-la atraves do diálogo.

boas energias  


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já me aconteceu mas muito poucas vezes.... nunca liguei muito 

muita paz e luz

A mim também acontece algumas vezes mas só ao adormecer 

ola,
a mim acontece me vezes sem conta... e chego ao ponto de parecerem conversações... mas não têm nada a ver comigo simplesmente parece que estou a "cuscar" conversas soltas

Obrigado a todos pelas partilhas interessantes.