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  • A história do homem que andou com o diabo às costas
    Iniciado por TyranusZeng
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Há já muitos anos, havia um rapaz que era pastor e vivia no campo junto das suas ovelhas, lá dormindo junto ao bardo numa choça que ele próprio construíra com paus e giestas, raramente vindo à aldeia a não ser para comprar mantimentos ou para vir namorar uma rapariga cá da terra.
Num domingo, depois de ordenhar e acomodar as ovelhas, lavou-se, vestiu o fato dos domingos e veio para a povoação namorar a tal rapariga. Esteve com ela até perto da meia-noite, após o que se pôs a caminho do local onde tinha as ovelhas. Assim que saiu da povoação, ali para os lados da Malhada, apareceu-lhe pela frente um cabrito aos saltos que ora se chegava, ora se afastava dele. O nosso homem, quando viu o animal, logo pensou que se tinha perdido de algum rebanho e que o melhor era apanhá-lo e levá-lo com ele até aparecer o dono. Se bem o pensou, melhor o fez. Depois de algum esforço, porque o cabrito se escapava, lá conseguiu apanhá-lo e colocou-o às costas.
Como o bardo ainda estava longe, a mais de uma hora de caminho, o rapaz começou a sentir que o cabrito era cada vez mais pesado. Contudo pensou para si que a sensação de peso era devida ao seu cansaço, pois já era quase uma hora da manhã e levantara-se muito cedo nesse dia. Porém, aquilo que ele julgava ser ilusão era de facto verdade. O cabrito ia crescendo e transformando-se em bode, pesando cada vez mais e de tal maneira que já lhe escorria o suor pelo rosto e arfava de cansaço.
Mas, o homem forte como era, fez das tripas coração e lá continuou o seu caminho a arfar e suar. Já perto do seu local de destino, sentiu algo quente, húmido e mal cheiroso a escorrer-lhe pelo pescoço pelo que, cansado e arreliado, não se pode conter sem exclamar: "O diabo do cabrito cada vez pesa mais e ainda por cima mija-me para o pescoço'. Nisto ouviu-se uma grande gargalhada, o chibo saltou-lhe dos ombros e desapareceu no mato, pairando no ar um intenso cheiro a enxofre".

Fonte Biblio MILHEIRO, António S. Miguel de Acha - Memórias da Cultura Tradicional Idanha-a-Nova, Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, 2002 , p.35

Bom conto. Penso que haja muitos versões deste conto.