Nossa Senhora do Faro

 Os Valencianos, quando querem socorrer-se da Padroeira Celeste, lançam o seu olhar para um monte imponente que os fascina pela beleza e pelo mistério, o Monte do Faro.
  Lá no alto, olham a paisagem sempre bela e fresca do rio Minho. Mas, se o monte e a paisagem lhes inebriam o olhar, o que mais os atrai é o Santuário da Senhora do Faro. Ali o erigiram os frades de Ganfei para abençoar a terra que está a seus pés e as águas que ali nascem em minas abundantes e puras, a que o povo pôs o nome de Minas dos Frades. Todo o Valenciano se orgulha da protecção da Senhora do Faro.
  Acontece que um dia um homem daqui, tendo ido para terras de África, ficou cativo dos Mouros.
  No meio das paisagens agrestes e secas de África, e sujeito à escravatura mais vil, o homem desfalecia de dia para dia. Agrilhoado pelos pés, privado de tudo e tendo de suplicar todos os dias por um pouco de água, desesperava aquele homem pela sua terra de águas puras. Lembrava-se sobretudo da Senhora do Faro.
  Uma noite, devotamente, encomendou-se à protecção da Senhora do Faro, suplicando-lhe que o socorresse. E nestas orações adormeceu o pobre homem.
  Uma brisa fresca e um barulho de água a correr, que lhe eram familiares, acordou-o. Era manhã e os seus pés ainda se encontravam agrilhoados, mas o local já não era África, mas um monte que logo reconheceu ser o Monte do Faro, sua Terra! Naquele momento o homem compreendeu que fora ouvido pela Virgem Mãe de Deus!
  Agradecido à Senhora de Faro, deixou pendurado na capela da sua salvadora o grilhão que carregara nos pés, em memória do milagre ocorrido.

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