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  • As ovelhas tresmalhadas, estão tão vivas como as outras!
    Iniciado por Lilith Lua Negra
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Quando era pequena frequentava a igreja todos os domingos de manhã, era como que uma terapia, assistia à missa e depois, quando o tempo estava agradável, passeava pelo jardim, voltava pela escola onde colhia rosas pequeninas que levava à minha mãe.

Não tive uma educação cristã, com catequese, nem nada parecido, ia sozinha à igreja ou com uma amiga da escola e o que aprendi dos rituais foi por ver os outros fazer.

Muitas vezes quando me sentia sozinha, ou triste, passava por lá, como quem recorre a um amigo, desabafar um pouco com Deus, além do mais, era o único local onde podia chorar em sossego, porque quando eu era criança tinha de ser feliz, para os outros "saberem" que a nossa família era perfeita, estava proibida de chorar à frente das pessoas.

Lembro-me da luz ténue, do cheiro, do silêncio e do eco, principalmente da segurança que sentia lá dentro, ali ninguém me podia fazer mal, ali eu era EU.

Depois deixei de ir à missa e então comecei a ir muito mais vezes à igreja.

Apercebia-me que, para mim, o ritual de uma missa não era nada, comparado com a energia que sentia numa igreja em silêncio, onde as pessoas entravam e saíam gerindo o seu tempo, rezavam sem incomodar os pensamentos dos outros, eu não tinha de fazer os rituais de sentar e levantar, dar beijos, fazer o sinal da cruz, rezar esta ou aquela oração e cantar em coro, era mesmo muito mais agradável, assim podia falar com Deus, contar-lhe tudo aquilo que precisava e sentir em paz as suas respostas, escrevia as minhas próprias orações, nunca pedi perdão a Deus, mas sempre lhe agradeci, o oportunidade que me deu de aprender, em cada vez que me permitiu errar.

Desta forma, sempre que via uma igreja vazia, entrava, primeiro ia apreciar a arte, as esculturas e os vitrais, depois procurava um cantinho recatado e entrava em meditação. Quando saía, sempre que saía, era mais Eu e sentia-me mais perto de Deus, assim, este passou a ser o meu diário espiritual.

Com o passar dos anos fui ocupando o meu tempo com cada vez mais responsabilidades e apercebi-me que, se fosse para ir à missa havia sempre tempo, mas se fosse para passar pela igreja tinha sempre coisas mais importantes para fazer (opinião da família).

Na altura a opinião dos outros era importante, porque dependia deles para sobreviver, logo, ou fazia o que me mandavam ou era castigada.

Para os católicos da minha família, ir à missa era nobre e envaidecia-os, enquanto que, passar pela igreja "fora de horas", era apenas uma desculpa para andar na vadiagem!

Depressa optei por trazer a igreja até mim, assim, enquanto andava atarefada fisicamente a cumprir as minhas obrigações, a minha mente estava em Deus.

Passei a viver entre o céu e a terra, fisicamente estou aqui, mas o meu espírito está constantemente a comunicar com o além, já não falo só com Deus, falo comigo, percebi cedo que se todos fazemos parte do Uno, eu também sou Deus, assim, falo comigo, com a parte de mim que não é física, ou seja, comigo mesma.

Quando um dia a minha mãe me emprestou uma bíblia, folheei-a, mas não senti a mínima vontade de a ler, não é a minha linguagem, não é isso que me aproxima mais de Deus, ou da Verdade, não me faz amar mais os outros, tão pouco ajudá-los mais, sinto que já sei o que ali está escrito, que não é por me mandarem fazer uma coisa que devo fazer essa coisa, tem de vir de dentro, tenho de sentir vontade de a fazer, sempre por devoção mas jamais só por obrigação. Contudo, não coloco de parte um dia ler tudo até ao fim, se sentir que preciso fa-lo-ei!

O que sou e o que faço, nasceu e cresceu com a minha Fé, não vejo nos outros pessoas melhores do que eu, trago o Amor Altruísta na minha Alma e uma mágoa enorme acerca do que vejo de cinismo em alguns dos outros.

Depois, ainda um pouco de decepção pela sociedade, pelos seus juízos de valor, pela arrogância de se acharem uns melhores que os outros, detentores da razão, escondidos atrás de um livro que lêem vezes sem conta, embora talvez não apliquem tantas vezes os seus ensinamentos, quantas os aplicam aqueles que condenam por não o lerem, ou não o fariam!

Eu não condeno os que seguem a sua religião, pelo contrário, apenas não concordo que afirmem que, quem não faz parte do rebanho, está mais longe de Deus, só está longe quem prefere estar, mas ainda assim, continua no seu direito, como todos os outros, cada um sabe de si, todos temos o mesmo direito a estar vivos!

Não é um livro, mesmo que tivesse sido escrito com o punho de Deus, que me vai ensinar o que fazer, quando, na minha Alma, os Seus ensinamentos foram gravados com Amor, lágrima após lágrima, dia após dia, vida após vida.

Nem é por me sentar de joelhos que respeito mais a Deus se, mesmo enquanto limpo o chão, estou diluída na Sua energia. Sinto-O talvez mais, que aqueles que se ajoelham perante a imagem de Deus, mas viram a cara ao lado para espreitar o que a vizinha levou vestido para a igreja.

Não é um padre que, apenas por ser padre, me toca mais fundo que o meu próprio Eu, aquele que toda a vida me acompanhou, ou do que a minha avó, ou do que qualquer outra pessoa, pois todos temos algo a ensinar, a aprender, de todos e não só da palavra de Deus. As pessoas que ocupam um posto, nem sempre são as mais indicadas para o cargo.

Não é uma vela acesa que tem mais poder do que a nossa mente, mais energia do que a nossa Alma, embora acredite, que ela ajude a conseguir o mesmo, àqueles que não possuem a Fé dentro de si e a tenham de procuram em artefactos, mas garantidamente não acredito mais numa vela do que em mim própria, nem em rituais, cruzes, imagens ou em qualquer outro objecto!

Não é uma igreja, um lugar mais de culto, que aquele que me acolhe, nem que ele seja sem tecto, nem paredes, como o é a natureza, à qual hoje recorro quando sinto necessidade de estar mais junto a Deus, mais comigo mesma.

O que me afasta das religiões dos outros, é o facto de me quererem fazer ver que estou errada, porque eles é que leram a bíblia e vão todos os domingos à igreja e só por isso eles é que sabem.

Acontece que eu não preciso saber de mais nada para além do Amor, só tenho de saber de mim e não fazer mal aos outros, se eu nunca impedi ninguém de entrar numa igreja ou de ler a bíblia, como podem ter a arrogância de mo mandar fazer a mim?

Como se, quem não o fizesse, estivesse mais longe de Deus.

Como? Se Deus nos deu a natureza e não as igrejas e além disso nascemos analfabetos?

Eu acredito que nascemos com tudo o que precisamos para existir, nós, enquanto espíritos, não precisamos de nada, apenas de nós mesmos, não de rezas, velas, livros, igrejas, rosários, confessionários, perdões, hóstias...

O corpo que ocupamos necessita de uma série de coisas básicas para sobreviver, mas nós nem isso!

O nosso espírito apenas precisa de se lembrar do que é, depois de tudo ter sido apagado pelas crenças, pelos rituais, pelas ideias dos outros, pelo que a vida em sociedade nos impingiu, pelos idealismos das religiões, seitas, grupos, bairros, clubes, do molho, ou do rebanho se preferirem!

Posso sentir Deus dentro de mim, apenas porque existo e dele me apercebo, ou posso não o conseguir sentir e terei então de o procurar num livro, ou de o ouvir da boca de um padre, estar dentro de uma Igreja, não importa a forma como se chega lá, importa apenas é que se chegue!

Cada um vê Deus onde quiser, as igrejas servem para ajudar a chegar até Ele, mas também há os outros, os que não precisam de nada disso, porque já vivem com Deus em si mesmos!

Por isso, é fundamental que existam Igrejas, mas não é necessário ficarmos lá fechados para sempre, podemos ir ao encontro de Deus e depois voltar com Ele dentro de nós!

Da mesma forma, é necessário conhecer a palavra de Deus, viver sob os seus ensinamentos, o que não é fundamental, é ler vezes sem conta aquilo que já sabemos e que já vive dentro de nós!

Devemos sim, conhecer e dar a conhecer todos os caminhos, para podermos escolher o nosso. Agora, obrigar a quem procura o seu próprio lugar no mundo, a seguir pelo mesmo percurso que nós traçamos para nós, ou que já antes outro alguém o fez por nós, é estar a desviar os outros do seu caminho original, ao invés de ajudar, estamos a atrasar a sua evolução, a camuflar o seu Eu, a obrigar que sejamos todos iguais, provavelmente a mentir e a fazer com que os outros mintam.

Ainda não somos perfeitos, é-nos dado tempo para evoluirmos, para isso estamos aqui, ajudem os outros dando a conhecer e não impingindo, isso só atrasa e rouba o que é de todos por direito, o tempo!

Embirro sim, com as pessoas cheias de razão que se servem da Bíblia, da Igreja e de Deus para influenciar os outros, para esconderem as suas fraquezas enquanto deitam os outros abaixo.

Um dia todos seremos Uno, uns mais depressa, outros mais devagar, cada um deve chegar ao seu próprio ritmo, porque não somos ninguém para empurrar os outros, não sabemos o que eles escolheram como obstáculo para si mesmos nesta vida.

Eu apenas penso que não estou errada numa coisa, ninguém embirra com Deus, com a Bíblia ou com a Igreja, há é quem embirre com o uso que alguns fazem disso, usando-os como se fossem seus proprietários ou estivessem incumbidos por Deus de mudar as ideias dos outros sem sequer os conhecer.

O mundo perfeito era cada um meter o nariz na sua própria vida, respeitar as crenças de cada um, dar a conhecer a todos um pouco de tudo o que existe, não era andar por aí fora a espalhar a palavra de Deus sob o ponto de vista de uma determinada religião, escolham, depois recolham-na em vós mesmos e deixem que os outros a escolham também, da forma que melhor a sentirem, respeitem e dêem-se ao respeito, o mesmo se aplica para o satanismo, o clubismo, bairrismo, somos seres independentes uns dos outros, que interagimos, a viagem é a solo o destino é Uno!

Sou sincera, não gosto de ver ninguém a angariar o que quer que seja, prefiro conhecer e depois decidir se quero ou não, por isso quanto mais longe estiver do interessado e mais perto do produto, mais fácil será usar o meu livre arbítrio, depois a responsabilidade é minha, para o bem ou para o mal, tenho esse direito!

Creio que, quanto mais independente, tanto mais evoluído é o espírito... Deus está só, no entanto está em cada um de nós e todos nós somos Ele, como as gotas de água que formam o mar, somos um todo e não existimos uns sem os outros!

Para mim, o melhor ensinamento é este:

"Não faças aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti!"

O equilíbrio consegue-se entre o que é espírito e o que não o é.

Para chegar á fonte é preciso ir a montante do rio e isso é nadar contra a corrente.
Aplausos doutra ovelha tresmalhada e ronhosa (não ranhosa), mas sim cheia de manhas e senhora do seu nariz, que gosta de ficar de lado a observar o rebanho e segue sempre o seu próprio caminho. Genuíno e poético na sua simplicidade.
"Que minha porta se abra àqueles que habitam fora da riqueza, da fama e do privilégio. Que os que jamais andaram descalços não encontrem o caminho que chega à minha porta....
Que o lugar onde habito seja como uma floresta. Que haja caminhos e veredas para as cavernas e poços e árvores e flores, animais e pássaros, todos conhecidos e por mim reverenciados com amor." A Bruxa, Rae Beth

"Não faças aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti!"
Lili
Parabéns pela sua mensagem plena de amor e profundidade.