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  • Misteriosos túneis subterrâneos nos Olivais, Lisboa
    Iniciado por Black Diamond
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  Olá a todos! Há já algum tempo que não postava nada, mas depois de muitos me pedirem para indicar mais umas ''casinhas peculiares'' no Bairro da Encarnação, nos Olivais, descobri algo que provavelmente vale mais do que qualquer casa abandonada e sinistra. Para quem é da zona provavelmente já ouviu falar do livro O bairro da Encarnação e as Antigas Quintas dos Olivias à venda na junta de freguesia por 10 euros, que a meu ver, em especial quando se é da zona, vale a pena investir porque as curiosidades que descobrimos são muitas. E qual não foi o meu espanto, quando descobri o que descobri ao procurar o que havia aqui antes de a minha casa ser constrúida. A Quinta da Torre, ocupava um grande terreno que englobava parte das actuais ruas Quinta do Morgado, grande parte da rua do mercado que desce até à Avenida de Berlim e até parte da Alameda Central da Encarnação! Toda esta zona dos Olivais encontrava-se assim dividida em vastas e desordenadas (em termos de delineação dos terrenos) propriedades que faziam fronteira umas com as outras. A minha casa encontra-se dentro dos limites desta Quinta da Torre que data de tempos antigos segundo a introdução do livro: ''Em 1763 constava de casas com lojas e 1º. andar, pátio e mais oficinas, vinha, árvores de fruta, tendo um olival da parte de fora, e estava na posse de Teresa Isabel Maria da Silva. Fazia parte dos bens vinculados pelos antepassados dos condes dos Arcos...mantendo-se portanto em poder da família ao longo de muitas gerações''   Portanto, em 1763 isto já estava nas mãos de uma das muitas gerações que por alí passaram. Não diz quando foi construída mas a julgar, por outras quintas mencionadas no livro que datam do século XIV deve ser bem antiga.

 Ora aqui está a parte que interessa que já data da construção do Bairro da Encarnação que teve início em 1939 com a compra daquela propriedade. ''Na parte arenosa da quinta, junto das casas em ruínas, uma moradia em acabamentos afundou-se, ficando o telhado ao nível do solo. Segundo o testemunho de Álvaro Reis Santos, que durante algum tempo colaborou com as obras, ''Durante os trabalhos de remoção dos escombros verificou-se que havia uns túneis que algums corajosos, munidos com dois rolos de cordel, como pista para regresso, foram explorar, encontrado extensas galerias, com salas, bancos e mesas feitos em pedra e que não pareciam naturais. A polícia depois foi lá e mandou fechar''.

Ironicamente a minha casa situa-se ao lado da zona onde as ruínas da Quinta estavam, por isso possivelmente perto da ''zona arenosa'' onde os túneis e galerias foram descobertos. A questão que me incomoda aqui é esta: nem nunca se ouviu falar disto, a não ser agora com este maravilhoso livro. Nem nenhum registo a não ser este, e pior nem nunca se fizeram explorações! Coisa que não me admira que acontece neste país, muito menos na altura de Salazar em que a prioridade não era propriamente fazer escavações históricas, mas, para a casa se ter afundando (uma casa com dois andares) completamente, aquilo deve estar pelo menos a uns 3 ou 4 metros de profundidade e o que deu para entender era que aquilo não só não pertencia à Quinta da Torre, como ainda eram um labirinto infidável que os trabalhadores não tiveram oportunidade de explorar por completo, já que no pouco que fizerem tiveram que levar 2 rolos de fio para encontrarem o caminho de volta! E construções feitas em pedra não devia ser uma casa qualquer de habitação que ficou subterrada por acaso. Não pareciam naturais? O que que queriam dizer com aquilo? A mim o que me parece é que aquilo pode ser alguma coisa ou medieval, ou até mesmo romana já que era tudo em pedra. Descobri isto hoje e pode-se dizer que embora não me agrade propriamente a ideia de esburacarem a zona onde vivo que eu tanto estimo, mas também me agonia saber que posso estar a viver por cima de algo com um valor histórico-cultural incalculável! Não gosto de atirar foguetes antes da festa mas a mim parece-me o caso já que não é comum haver labirintos, salas com mesas e tudo, tudo em pedra abaixo do solo! Não há nada ou ninguém que financie pelo menos um pequeno estudo no terreno? Há instrumentos que conseguem ver se existem anomalias abaixo do solo. Podia-se saber o tamanho daquilo e a sua profundidade sem sequer ser preciso abrir um buraco. De certeza que concordam comigo que isto merecia ser investigado especialmente aqui na própria Lisboa. Mas duvido que alguém ou alguma entidade da Câmara ou do Estado (especialmente hoje em dia) mostre interesse por este tipo de coisas quando já temos monumentos maravilhosos por aí a cair de podre. A não ser que eu diga que há petróleo ninguém vai querer saber o que está aqui debaixo...Deixo isto aqui não só para informar mas também para pedir, a todos os que lerem isto, se souberem de mais alguma coisa ou se tentarem informar-se melhor, pesquisar ou até só dar sugestões sobre o assunto agradeço. Agradeçia ainda mais se alguém que percebe do assunto ou conheça alguem que percebe, desse uma opinião ou até alertasse uma insituição deste tipo de coisas já que isso não é propriamente o meu forte. Também vou tentar saber mais qualquer coisa mas vendo que aquele livro é o único registo que há, a esperança é pequena.

A ver se ganho o euromilhões para financiar um exploração aqui e dar bom uso ao dinheiro  ;)  
That's the Way I like it.

Descobri há uns tempos que na Av de Berlim havia um riacho qualquer. Nas traseiras do cemitério dos Olivais (por trás da antiga Renault Gest) vês por lá uns túneis a descoberto.
Entre a Portela e Moscavide também existe um túnel que o pessoal dantes usava para cortar caminho :)

A do riacho já sabia. Mas esses túneis também eram como os que descrevi? A para aí, 3 metros abaixo do solo, todos feitos em pedra de uma maneira que pelos vistos quem viu estranhou, com mesas e bancos da mesma pedra também? É que aquilo não me soou a uma simples passagem ou travessia rápida. Estava escrito que o fim daquilo nem foi encontrado e que com a distância de 2 rolos de fio grande nem exploraram metade. Não me parece que aquilo tenha sido uma coisa que qualquer um usasse ou tivesse acesso. Especialmente porque aquilo, como disse já dever ser bem antigo, mais antigo que a quinta que aqui se encontrava. E totalmente secreto visto que ninguém deu com aquilo nem há registos sobre isso. Antes daquelas quintas serem construídas nem sei o que havia aqui. Se uma aldeia ou se só uma área deserta o que ainda seria mais misterioso...
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A avaliar pelo que sei e conheço aqui pela zona de Moscavide e Olivais, não me parece de todo estranho que sejam aquedutos e acessos aos mesmos. O tunel que encontras junto ao cemitério encontra-se à superficie e "afunda" ao passar por debaixo da estrada na direcção para Moscavide/Portela. Penso que o túnel que se encontra entre a Portela e Moscavide advém desse.
Tudo isto eram quintas e quintas, logo faria sentido um sistema de aquedutos que transportasse água do riacho até às extremidades dos Olivais nos séculos XVII e XVIII (incluindo Moscavide que antes se designava por Olivais-extra). Ali nos Olivais Velho também encontras poços e construções bastante antigas. (Já para não falar nas quintas que ainda prosperam pela zona que curiosamente, se encontram próximos à localização desses túneis).
Quem saberá de certeza responder a esta questão será a EPAL que tem ali junto ao local do riacho uma enorme fonte de captação e um reservatório. Após uma breve pesquisa no seu arquivo, encontrei diversos artigos e fotografias (não pesquisei mais porque o interface da ferramenta é pouco intuitivo) das obras que executaram em toda a zona.


Sim...A explicação dos aquedutos até parece provável. Explicava o porque de estarem debaixo do solo, o tamanho, complexidade e a razão por estarem perto de uma antiga quinta. A questão é, que nenhuma parte desses túneis, (creio eu, pelo menos aqui na zona) não está à vista infelizmente. Agora o que me deixa na dúvida, (visto que não tive oportunidade de ver com os meus próprios olhos) é o relato que foi feito das pessoas que entraram lá. Aquedutos e construções antigas não são a minha especialidade mas, acho que nos aquedutos não costuma haver mesas e bancos de pedra pois não? Aquilo não é própriamente um bom sítio para o povo se juntar ali à conversa ;D Em segundo, os homens que ali entraram eram da construção civil. Com certeza já viram ou estiveram num aqueduto antes ( foi mais que um a entrar, inclusive um responsável das obras de construção do bairro) e se aquilo fosse um aqueduto ou um túnel de passagem comum concerteza eles tinham percebido e nem tinham necessidade de explorar. Afinal eles até já sabiam como era aquela zona. Se sabiam das quintas antigas também deviam saber como estas eram abastecidas. No entando nas palavras deles, era um labirinto de túneis que ''não pareciam naturais'' ora um homem das obras não precisa de ter um curso para avaliar uma coisa que se vê com senso comum. Alguma coisa eles acharam anormal ali, provavelmente não só os tais bancos e mesas, como não reconheceram o que aquilo era. Se fosse um aqueduto eles viam logo à primeira os intrincados na pedra que serviam para transportar a água. Aí até eu percebia o que era. O que me deixou intrigada foi mesmo o relato feito. Como tens acesso a esses documentos da EPAL?
That's the Way I like it.

#5
Se fores ao site da EPAL encontras lá o arquivo.
Entretanto fiz uma breve pesquisa sobre a construção do aqueduto das águas livres de lisboa e a própria construção deste, começou a partir de uma espécie de barragem romana situada em Belas.
Se pesquisares pela quantidade enorme de chafarizes que existem por Lisboa (que datam do século XVII e alguns são até anteriores), é fácil de fundamentar a existência de aquedutos pelos Olivais. Até tens ali junto à saída do novo metro uma parte dum aqueduto que ali existia.
E sim, existem dentro dos aquedutos e reservatórios outro tipo de construções, sejam eles bancos, mesas e até santos.

"Eu não preciso dos padres do mundo, porque não preciso do Deus do céu. Isto quer dizer, que tenho meu Deus dentro de mim" - Eça de Queirós


Muito interessante Black Diamond. Gostava de ver esse livro. Bom trabalho.