Faço uma sessão espírita?

Obrigado Flavio2 mas o problema aqui é que por vezes queremos essa confirmação que penso que seja o caso da ana-eh,mas só ela poderá responder a isso 

Sem discordar com nenhuma das partes, em resposta à tua questão, sou da opinião que não deves fazer uma sessão espirita.

A ida a um centro espirita, tal como foi dito, não vai subtrair-te o sentimento que carregas. Possivelmente ficarás confundida, revoltada, mais angustiada, pois a muito boa vontade que as pessoas dispensam nesses espaços dedicados ao estudo da doutrina, nem sempre estão dotados de pessoas capazes de lidar com a psicologia do luto. Com isto não lhes diminuo o mérito quanto à enorme capacidade de esclarecer ou abrir caminhos a uma nova perspectiva do mundo espiritual, contanto, o sentimento que expões, a forma como o expões, revelam teres essa sensibilidade pelo que resta apenas, concentrares todos os teus esforços para alcançar o derradeiro momento da despedida. Não quer dizer com isto que não tenhas a sorte de encontrar de imediato uma pessoa capaz de satisfazer o teu desejo, mas tal como o Inominado esclareceu, não é politica dos centros espíritas estabelecerem contactos dessa natureza, razão pela qual vais efectivamente "perder" o teu tempo.

Reclamando novamente as palavras ao Inominado, aceita essa sugestão. Medita, entrega-lhe esses pensamentos. Eles sufocam -é verdade-, sufocam sobremaneira. Os anos passam, o sentimento prevalece, a angústia teima defender o cerco daquilo que à memória deveria ser pilhado durante o luto. Esse sentimento de que falas, essa ausência constante, essa ligação assente nas palavras que ficaram por dizer, os gestos que ficaram por dar ou receber, o vazio que nos consome na vil certeza de que algo ficou incompleto.

A vida não é justa, a natureza é cruel. Basta olhar ao nosso redor para que percebamos que só enganamos a nós próprios, quando teimamos, em contra-ciclo, desmentir a realidade que nos rodeia. As fatalidades acontecem, a injustiça assalta-nos arrancando de nós, - sem traços de ressentimento, sem hinos de glória- aqueles que amamos, aqueles que deram um sentido e um rumo à nossa vida, em determinado momento. A fatalidade existe feroz, fareja-nos a toda a hora, cerca-nos a todo o momento desde que nascemos, até à hora em que partimos, rumo aos insondáveis mistérios do criador.

Mas será que na injustiça da fatalidade não alimentamos nós -à posteriori- a injustiça do direito à continuidade?

"O pensamento da morte engana-nos, pois faz-nos esquecer de viver." Vauvenargues , Luc de Clapiers

Foste tu Ana, quem pediu a ele que não te deixasse morrer. Tudo aquilo que viste, foi exactamente aquilo que precisavas de ver, nada mais. Não procures desenterrar palavras sem corpo, pois carregas a nobreza do sentimento na alma. Presta-lhe essa homenagem e vive, já que ele, infelizmente, não teve essa oportunidade. Mas também sabes que ele vive, doutra forma. Se ele precisasse de te dizer alguma coisa inspirar-te-ia com uma intuição, com um sonho. Não procures falar com ele através de médiuns, pois dificilmente saberás com quem realmente estás a falar. Já tiveste a prova que necessitavas, não alimentes mais essa "obsessão".

A senhora que visitaste falou-te muito bem. Carregas o peso dos mortos no sentimento de culpa que alimentas na palavra que nunca deste. Acredito que sintas uma espécie de egoísmo -continuares em frente-, mas estarás a ser bem mais egoísta contigo e com ele, não o fazendo. Como poderá ele estar em paz se tu não estás? Como poderá ele partir em paz se tu não te libertas desse sentimento?

Pensa nisso. Libertares-te da dor não significa apagares da memória. Guarda aquilo que ele de melhor te deixou, e deixa partir aquilo que infelizmente vos separou. Se no fundo existe tempo para tudo, na realidade todo o momento tem o seu tempo. A morte não passa de um até breve.

Quando as memórias, os pensamentos, as reflexões, te consumirem ao ponto do sufoco, dirige-te à campa onde jaz seu corpo, senta-te, chora aquilo que tiveres de chorar, fala aquilo que tiveres de falar em voz alta, diz-lhe tudo o que ficou por dizer. Não tenhas vergonha, fá-lo sozinha. Quando o conseguires fazer, conseguiste alcançar o derradeiro momento da despedida. Sai em paz com ele e com a vida. Quando abrires a porta de casa no dia seguinte, lembra-te que tens uma vida pela frente, para ser vivida. Essa é a melhor homenagem que lhe podes prestar. Ser feliz.  

Perdoa este texto que deveria ser apenas uma simples resposta, mas o teu relato despertou-me algo muito pessoal.

Felicidades.

Concordo com tudo o que foi dito só há um pormenor a ana-eh pode estar a sofrer sozinha sem que ninguém lhe explique o mundo espiritual.O que provoca ainda mais sofrimento.
Quando fui confrontada com a mesma situação,lembro-me perfeitamente de procurar tudo o que era informações sobre o que era a morte e de como desencarda como se deve proceder.
Parecia uma esponja a absorver todos estes assuntos,até que cheguei à conclusão que a melhor homenagem é mesmo sermos felizes para que eles estejam bem.
Se a Ana conseguir diferenciar a realidade da fantasia conseguirá obter mais Paz interior caso contrário continuará a fazer perguntas sobre o que deve ou não fazer.
É preferível ela obter respostas num centro espirita certificado,do que obter fantasias aqui ou acolá.

Eu não sigo nenhuma filosofia,a minha filosofia é conseguir viver em Paz com este sofrimento.
Mas é apenas uma opinião.Existe quem encontre consolo nas palavras e sem ter que seguir á regra o espiritismo.

Anokidas, concordo com o que dizes. Tudo bem. Permite-me fazer-te uma questão muito sincera: Já frequentaste alguma centro espirita?
Para não pensares que é perseguição  tenho outra questão a colocar-te noutro tópico. 

De maneira alguma penso que estás a perseguir,estamos a debater pontos de vista

Não,nunca frequentei um centro espirita,em tempos fui a um de visita por pensar estar a ser vitima de alguma coisa,mas eram outros tempos onde eu pensava que tudo era obra de forças superiores.Foi uma breve visita de 5 minutos apenas

Não fiz neste momento porque não tenho nenhum perto da minha casa,só arredores.Talvez se tivesse já teria lá ido fazer outra visita,mas desta vez com outra mentalidade.

Obrigado pela tua sinceridade. Claramente, única e exclusivamente pontos de vista. 

Quando fores diz então o que achaste. 

Fica aqui a promessa,se vir que não me traz consolo em palavras pelo menos deve servir para aprender alguma coisa,continuarei a ir à missa

Nada consola a humana condição de ser.  Quanto mais conhecimentos absorves, mais distante te sentes daquilo que conceptualizamos como Verdade. O caminho é tão sinuoso e solitário que, na medida que sentes alcançar a tão almejada resposta, pressentes o fosso de outro enorme e insondável abismo. Quanto mais avanças em conhecimento mais retrocedes em essência. Tanto desejas uma coisa que ela acaba por te entrar porta dentro, e, depois, passas a vida a tentar desmentir aquilo que viste, por todos os meios, através de todos os saberes, de todos os conhecimentos, de todas as ciências. 

Este paradoxo da humana condição de ser, absorve todo o receio de ser humano, abrindo portas à cosmogénese espiritual, utopia da real vontade de conquistar a suprema eternidade e prevalência do espírito.

Mas isto já é o raio do tinto alentejano a falar!  antes que me acusem de falta de assertividade (por não saberem ler) e me reclamem bibliografia medieval  , está justificado.

Vai em frente, só não te deixes intoxicar pelo tinto, como eu. 

Enganas-te Mephisto,a resposta pode estar no tinto Alentejano que também ajuda a clarificar a mente

Não querendo desviar o tópico permite-me apenas concordar com isso 

Ainda estou á espera da questão do outro tópico 

Anokidas, concordo com o que dizes. Tudo bem. Permite-me fazer-te uma questão muito sincera: Já frequentaste alguma centro espirita?
Para não pensares que é perseguição  tenho outra questão a colocar-te noutro tópico. 

Um Terreiro de Umbanda serve para sua questão???

A questão não é minha obrigado. 

A questão não é minha obrigado. 

Peço desculpa então pela minha colocação.

Só queria ajudar.

lancelot

Na boa Lancelot  

Estava apenas a dizer que a questão não era minha, mas acho deveras pertinente e positivo outras abordagens.  

Isto assim fica algo confuso, permite-me explicar melhor. Aquilo que queria dizer estava contextualizado com o inicio do tópico. A questão é minha para a Anokidas. A ida ao centro espirita. Nos termos que expões a tua questão (Lancelot) penso que se aplica mais à Ana. Se serve para ela.