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  • Fiz um trabalho para cortar magia negra e tenho uma dúvida.
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fialves
#15
Malleus,

Estive a pesquisar. O filósofo que deu uma solução parecida com a que avancei foi Harry Frankfurt. Escreveu o seguinte sobre o paradoxo da pedra e creio que ele tem razão:

"Por que não seria Deus capaz de cumprir a tarefa em questão? Para ser claro, é um acto -- levantar uma pedra que Ele não consegue levantar -- que se contradiz a si mesmo. Mas se Deus é supostamente capaz de realizar um gesto que se contradiz a si mesmo -- o de criar a tal pedra, em primeiro lugar -- porque não seria Ele capaz de realizar outro, o de levantar a pedra? Afinal de contas, existirá maior proeza do que realizar dois gestos aparentemente impossíveis do ponto de vista lógico, em vez de realizar apenas um?"

saudações

Bons Dias,
Caro Fialves,

De facto nós encontramo-nos com conceitos diferentes de omnipotência, ou seja as nossas premissas primeiras são diferentes no que diz respeito ao conceito. O senhor está a usar uma definição de omnipotência Agostiniana (de Santo Agostinho), enquanto Eu uso uma definição de omnipotência contemporânea.

Segundo o que creio, e como já em cima expliquei, para mim omnipotência de Deus significa que Deus pode fazer tudo aquilo que é possível segundo a sua natureza. Agora do que é que isto me diferencia do senhor. Pelo simples facto de que ao contrário do Senhor, e ao contrário de Agostinho, e ao contrário de Ockham que afirmou que Deus estava acima da lógica, e que ele podia fazer coisas ilógicas. Eu pessoalmente não creio nisso, e advogo uma posição menos fideísta. Posição essa que é hoje em dia maioritária na Teologia Contemporânea.

O próprio Descartes tem uma posição muito similar à sua, mas ele em vez de advogar Deus acima da lógica, advoga Deus como anterior à própria lógica. Contudo, não creio nessas posições. Até porque se seguirmos a sua consequência, juntamente com a filosofia cartesiana chegamos a um beco ainda maior sem saída.

Por último, com respeito à VERDADE, então penso que vamos estar totalmente em desacordo. Sinceramente, não creio numa VERDADE enquanto transcendental, eu prefiro a verdade (com letras minusculas) enquanto atribuição. Por isso, nenhum de nós consegue dizer estar mais perto dela a nível ontológico. O mesmo já não se passa a nivel epistemológico, por exemplo o senhor pode dizer estar mais perto da verdade se afirmar que Madrid fica em Espanha, caso se eu afirmasse que Madrid ficava em Portugal.

Saudações

Tudo sobre Magia Negra: http://magianegrars.blogspot.pt/

Ligeia
Citação de: fialves em 01 novembro, 2012, 13:48
Malleus,

Estive a pesquisar. O filósofo que deu uma solução parecida com a que avancei foi Harry Frankfurt. Escreveu o seguinte sobre o paradoxo da pedra e creio que ele tem razão:

"For why should God not be able to perform the task in question? To be sure, it is a task—the task of lifting a stone which He cannot lift—whose description is self-contradictory. But if God is supposed capable of performing one task whose description is self-contradictory—that of creating the problematic stone in the first place—why should He not be supposed capable of performing another—that of lifting the stone? After all, is there any greater trick in performing two logically impossible tasks than there is in performing one?"


saudações

Boa tarde Fialves,
Solicito que traduza a sua citação uma vez que  o idioma oficial do fórum é o português.
O texto (em inglês) ficará até ao final da tarde, altura em que será eliminado.

Gratos pela compreensão.
Cumprimentos

fialves
Acho que não é um beco sem saída, porque Deus é sempre quem tem a última palavra. É Ele que diz: vou criar algo que não consiga levantar. E que de seguida diz: vou passar a poder levantar o que não conseguia levantar antes.

Ou seja, Deus tem sempre a última palavra e mesmo a sua impotência é uma decisão que decorre da sua omnipotência. E que, em todo o caso, pode ser revertida. Basta que Deus queira. Não é que Deus faça coisas ilógicas (expliquei-me mal acima):mas sim que faça coisas aparentemente ilógicas. Porque a lógica existe: se Deus quer, Deus pode. Se não quiser, não pode.

O mesmo se aplica no caso do livre arbítrio: concedeu-nos essa graça, mas pode retirá-la quando quiser.

Creio que a posição contrária é que conduz a um beco sem saída.

Mas tem razão, concordemos em discordar:)

abraço



Citação de: Malleus Maleficium em 01 novembro, 2012, 13:56
Bons Dias,
Caro Fialves,

De facto nós encontramo-nos com conceitos diferentes de omnipotência, ou seja as nossas premissas primeiras são diferentes no que diz respeito ao conceito. O senhor está a usar uma definição de omnipotência Agostiniana (de Santo Agostinho), enquanto Eu uso uma definição de omnipotência contemporânea.

Segundo o que creio, e como já em cima expliquei, para mim omnipotência de Deus significa que Deus pode fazer tudo aquilo que é possível segundo a sua natureza. Agora do que é que isto me diferencia do senhor. Pelo simples facto de que ao contrário do Senhor, e ao contrário de Agostinho, e ao contrário de Ockham que afirmou que Deus estava acima da lógica, e que ele podia fazer coisas ilógicas. Eu pessoalmente não creio nisso, e advogo uma posição menos fideísta. Posição essa que é hoje em dia maioritária na Teologia Contemporânea.

O próprio Descartes tem uma posição muito similar à sua, mas ele em vez de advogar Deus acima da lógica, advoga Deus como anterior à própria lógica. Contudo, não creio nessas posições. Até porque se seguirmos a sua consequência, juntamente com a filosofia cartesiana chegamos a um beco ainda maior sem saída.

Por último, com respeito à VERDADE, então penso que vamos estar totalmente em desacordo. Sinceramente, não creio numa VERDADE enquanto transcendental, eu prefiro a verdade (com letras minusculas) enquanto atribuição. Por isso, nenhum de nós consegue dizer estar mais perto dela a nível ontológico. O mesmo já não se passa a nivel epistemológico, por exemplo o senhor pode dizer estar mais perto da verdade se afirmar que Madrid fica em Espanha, caso se eu afirmasse que Madrid ficava em Portugal.

Saudações



Citação de: veruska2 em 27 outubro, 2012, 13:10
Ola
Eu fiz um trabalho para cortar magia negra com velas, e terei que mandar tudo ao mar.
O que pergunto é, se em vez do mar se pode ser no rio?

Titulo alterado conforme regras do fórum



Ola.
Primeiro, quem te fez esse trabalho? (não é preciso nomes claro, mas para compreender melhor é necessário saber se foi um bruxo, médium, foste pesquisar e viste este método, etc..)
Digo isto porque se é um trabalho da religião Umbanda, e lá trabalham muito com velas, se disseram para deitar as velas ao mar é porque é um trabalho específico para Iemanjá. Já se for ao rio é do domínio de Oxum, e portanto o trabalho terá outra finalidade. Fiz-me entender?
'Sementes do Karma passado não podem germinar quando torradas no fogo da Sabedoria Divina'

Boas Tardes,
Caro Fialves,

Em primeiro lugar agradeço a citação que colocou, não conhecia esse autor.

Contudo, deixe-me partilhar também alguém consigo, nomeadamente uma corrente pouco conhecida em Portugal, mas que por cá já vai chegando alguma coisa, a saber a Radical Orthodoxy (Ortodoxia Radical). O nome pode parecer um pouco assustador, relembra alguma associação fanática, mas não se trata daquilo que o nome possa parecer.

Uma das coisas interessantes da Ortodoxia Radical foi ter compreendido bem os riscos e problemas associados ao Fideismo, nomeadamente o facto de com o fideismo estar associado a concepção metafísica da univocidade do ser. Confesso-lhe que quando era mais novo simpatizava muito com o Fideismo, recordo-me bem de quando comecei a ler Lutero, Ockham mas principalmente Kierkegaard e de naquele tempo pensar: «estes gajos é que têm razão».

Contudo, a pouco e pouco foi mudando a minha posição, nomeadamente porque aquilo que ao princípio parecia resolver muitos problemas, acabava por se tornar na figura grega do ouroboros.

Sabe, na minha opinião um dos grandes problemas do fideismo, não é só o facto de relegar a razão para segundo plano na sua relação com a fé, mas principalmente esta ignorar a Analogia do Ser, tanto seja de atribuição como de proporcionalidade. Ora, o risco que acontece disto é postular-se um Deus desencarnado do mundo e da matéria. Entenda-se que não me quero referir a nenhuma forma de panteismo ou de pananteismo. Um dos problemas da filosofia com bases na univocidade do ser, que veio desembocar na actual filosofia continental e analítica, é que Deus já não é preciso para nada, Deus fica separado da nossa própria narrativa. O Senhor pode argumentar, mas como pode lá ser isso se temos Jesus o Filho de Deus Encarnado (para quem acredita) e temos a Igreja (não sei a sua confissão). Pois é, contudo se levamos a fundo a univocidade do Ser, então rompemos a nossa ligação ontológica com Deus.

Em parte este é o diagnóstico que a Ortodoxia Radical faz ao presente «state of affairs», isto porque segundo a Analogia do Ser, nós estamos intrinsecamente vinculados com Deus pois participamos com ele do «Esse» (falando como S. Tomás), por isso é que os teólogos contemporâneos que falam da Co-Criação, empregam o conceito de Analogia de Ser.

Por último, recomendo-lhe ler a obra prima de Milbank «Theology and Social Theory» que já tem uma tradução em Portugal do Brasil. Mas se me permite, também lhe recomendo ler o livro «Radical Orthodoxy» da Routledge Francis & Taylor, que é uma sintese interessante dos principais temas da Ortodoxia Radical, infelizmente esse volume ainda não tem tradução para Português.

Saudações,

Saudações
Tudo sobre Magia Negra: http://magianegrars.blogspot.pt/

#21
Citação de: fialves em 01 novembro, 2012, 12:46
Olá Malleus,

Conheço mais ou menos a teoria teológica que cita, compreendo o seu ponto de vista e admito que possa estar certo, mas a explicação que avancei parece-me mais próxima da verdade. Porque, mais uma vez, recorrendo à lógica:

1) Se Deus é omnipotente, por definição essa omnipotência não pode ter outros limites que não os da própria vontade de Deus. Neste caso concreto, Deus pode retirar-nos o livre arbítrio mas não o quer fazer. Da mesma forma que tem poder para destruir os demónios, mas não o faz, porque também essas criaturas receberam Dele o livre arbítrio. E porque tem planos, para uns e outros, que dependem em larga medida do livre exercício das suas prerrogativas individuais, para que possam ser responsabilizados pelos seus actos.

2) Se Deus é omnipotente pode criar uma pedra suficientemente grande e pesada para Ele próprio não a conseguir levantar. Isto numa primeira fase. Mas numa segunda fase pode dizer, porque é omnipotente: "levante-se a pedra". E a pedra levanta-se. Ou seja, é sempre a Sua vontade que rege as leis físicas que presidem ao acto de levantar a pedra. Se Ele é omnipotente a ponto de fazer algo ilógico -- criar uma pedra que Ele próprio não é capaz de levantar -- também é omnipotente a ponto de o fazer duas vezes, isto é, de mudar as regras de forma a poder levantar essa mesma pedra. Basta que o queira (além disso, Deus é totalmente espírito, logo não está sujeito à lei da gravidade ou aos limites da força física que são próprios de um corpo carnal).

Se não estou em erro, há alguns filósofos cartesianos que defendem esta solução para o paradoxo da pedra, mas não estou certo disso e não quero induzi-lo em erro. Vou pesquisar isso e já lhe digo algo.

Saudações




Até que ponto Deus é omnipotente para vocês, Malleus e fialves? Para permitir que o mau exista a ponto de interferir no livre arbítrio ou que permita existir uma entidade demoniaca?
A citação de Eclesiastes também fala de não consultar os mortos, e você omitiu, como fica os espíritas?
Será que estas citações de Eclesiastes se referem a não cultuar como deuses este elementares?
Como leigo, veio estes questionamentos, ao ler este debate interessante, espero que ambos possam dissertar sobre estas dúvidas, como outros integrantes do fórum que venham a ler este tópico.
Antes de Julgar, procura ser justo; antes de falar, aprende. Eclesiástico cap 18 verc 19

Penso que não. Deverá ter alguma coisa a ver com o sal.
Ou então, se é assim que se faz no mar, é porque terá de ser no mar.
Não pode ser ao calhas.
;)
Ashesrain

Até que ponto Deus é oniscente?

Já que mesmo dentro disso sabendo que Lucifer se iria rebelar o criou à mesma para que corrompesse milhares de almas?
"Eu não preciso dos padres do mundo, porque não preciso do Deus do céu. Isto quer dizer, que tenho meu Deus dentro de mim" - Eça de Queirós

Hahahaha!
Exacto.
Já andava a sentir falta dos teus comentários.
Ashesrain

Não tem havido ca fanáticos por partidos políticos...
"Eu não preciso dos padres do mundo, porque não preciso do Deus do céu. Isto quer dizer, que tenho meu Deus dentro de mim" - Eça de Queirós

Citação de: bordan em 20 abril, 2013, 11:37
envia o teu email
cristina
Bordan, aqui ninguém envia o email a ninguém.
Como sabes, é essa opção no registo e perfil.
Se não o metem lá, é porque não o querem la´.
Portanto, sendo isto um forum, todos os assuntos são discutidos aqui em público.
Não te serve de nada pedires o mail a ninguém.
Caso contrário, estas no forum errado. Lamento!
Abraço!
Ashesrain

Deus tudo pode, portanto pode cortar o maleficio dos outros
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

Ah pode? Oh Cleopatra e toda a gente, vou perder uma horita a reunir mais umas mentirinhas e contradições daquele livron que eu e o Lauviah ADORAMOS...

Chamado Bíblia ;D  ::)
"Eu não preciso dos padres do mundo, porque não preciso do Deus do céu. Isto quer dizer, que tenho meu Deus dentro de mim" - Eça de Queirós

Filha, se te mandaram colocar no mar, é porque a energia ou entidade é a que está ligada ao mar, é melhor colocar no mar e numa praia que voce não frequente ou frequente pouco!