Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.509
Total de mensagens
369.625
Total de tópicos
26.967
  • [outro]"O Jogo Humano" de Alan Watts
    Iniciado por Anitacleo
    Lido 1.317 vezes
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
A existência, reparem, é algo que é espontânea. A palavra chinesa para natureza, zìrán, significa "aquilo que acontece por si". O teu cabelo cresce por si, o teu coração bate por si, respiras essencialmente por ti, as tuas glândulas secretam as suas essências por si. Não temos controlo voluntário sobre estas coisas, então dizemos que acontecem espontaneamente. Então quando vamos para a cama e tentamos adormecer interferimos com o processo espontâneo do adormecer.

Esforcem-se a respirar e vêem que começam a atrapalhar o processo de respiração. Então se forem seres humanos apenas têm de confiar em vocês próprios para terem movimentos viscerais e adormecer e digerirem a vossa comida. Claro que se algo corre realmente mal e precisarem de um cirurgião isso é outra questão. Mas em grande parte dos casos, o ser humano saudável não precisa, desde o início da vida de interferência cirúrgica. E deixa que as coisas aconteçam por si.
Então e com o grande plano, isso é fundamental! É importante abrirmos mão e deixar acontecer. Porque se não, vamos ficar todos bloqueados. E ficamos constantemente a tentar fazer o que apenas pode acontecer de forma saudável se não tentarmos.Mas temos uma ansiedade estranha em nós, de que se não interferirmos não acontecerá. E essa é a raiz de uma quantidade enorme de problemas. Mas a base de isto tudo é esta: Se dissermos tu tens de sobreviver, ou eu tenho de sobreviver, a vida é dura e tenho de continuar, então a tua vida é uma seca e não um jogo.

É a minha contenda e a minha opinião pessoal este é o meu axioma metafísico básico, digamos que a existência, o universo físico, é essencialmente brincalhão. Não há absolutamente necessidade nenhuma para a sua existência. Não vai a lado nenhum. Ou seja, não tem nenhum destino ao qual tem de chegar.

Então, na música, não se faz o fim da composição - o ponto final da composição. Se fosse assim os melhores maestros seriam aqueles que tocassem mais rápido. E haveriam compositores que apenas escreviam os finais. As pessoas iriam a concertos apenas para ouvir um acorde sonante, pois é o final. A dançar, não apontamos para um lugar específico da sala. O destino onde devemos chegar. Todo o propósito de dançar é a dança.

Mas não vemos isso como algo que a educação nos traz para a conduta diária. Temos um sistema de ensino que dá uma impressão completamente diferente. É tudo avaliado. E o que nós fazemos, enfiamos a criança no corredor deste sistema de avaliação e dizemos anda cá pikeno pikeno pikeno! E então vão para o jardim escola e é algo fantástico pois assim que acabam vão para a primeira classe. E depois vá, a primeira classe leva à segunda classe e por aí fora. E depois sais da escola primária e vais para o ciclo e esta coisa está a acelerar, esta coisa está por aí a rebentar. Depois vais para a universidade e talvez para o doutoramento. E depois quando acabares o doutoramento vens sais e juntas-te ao mundo.

Depois metes-te num emprego da treta em que vendes seguros. E depois tens essa quota a cumprir, e é isso que vais fazer. E durante todo esse tempo essa coisa estava a vir, estava quase aí a rebentar. Essa coisa grandiosa, o grande sucesso pelo qual trabalhas. E depois acordas com os teus 40 anos, e dizes "céus, cheguei, estou aqui!" E não te sentes muito diferente de como normalmente te sentes.

E há uma ligeira desilusão pois sentes que há uma fraúde. E havia uma fraude, uma fraude terrível. Fizeram com que perdesses tudo, pela expectativa. Repara nas pessoas que vivem para se reformar e fazem essas poupanças. E depois quando têm 65 não lhes sobre nenhuma energia.Estão mais ou menos impotentes e vão para apodrecer num lar de idosos. E porque simplesmente nos iludimos o caminho todo. Porque olhámos para a vida como se fosse uma viagem, uma peregrinação. Que tinha um objectivo importante no final do caminho e o objectivo era chegar ao fim do caminho, sucesso ou o que quer que seja ou talvez o paraíso depois de morreres.

Mas passámos ao lado da finalidade ao percorrer o caminho.
Era uma actividade musical e era suposto cantarmos ou dançarmos enquanto a música tocava.

Fonte: Despertai Consciências de Portugal
Preocupe-se mais com a sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam, é irrelevante!