O poeta

Para quê fugir
Se no rosto de uma criança
Sinto algo que nunca morre
Algo que sobrevive para sempre
Mesmo quando essa criança não é mais criança
e o brilho dos olhos se perdeu
substituído por uma falsa atitude de segurança
Para quê fugir
Se no rosto de um louco
Sinto algo que sobrevive
Que não se deixa abater por uma sociedade podre
ou por um destino insólito,frouxo
Existe sempre um segredo perdido,uma esperança
Algo belo e forte
que subsiste até ao fim
Mesmo quando esse louco é trespassado por uma lança
Mesmo quando ele morre
Existe sempre aquele segredo perdido
Para quê fugir
Se no rosto de um poeta
Sinto algo indecifrável
existe sempre uma palavra,uma expressão
algo que não se perde no tempo
mesmo quando esse poeta cai numa depressão
e as suas mãos não tocam mais nos sentimentos do mundo
E aí o poeta murmura uma canção
"No brilho dos olhos de uma criança
o louco ao entender esmoreceu
entender o poeta não entendeu
mas sobre o louco hipnotizado pela criança
ele toda a vida escreveu"

Anita