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  • Vocabulário sobre o Cristianismo Antigo
    Iniciado por Hammurabi
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Apologética: movimento que se insurgiu contra as calúnias levantadas contra os cristãos, havendo a necessidade de estes se defenderem e mostrarem quem são. Alguns apologistas muito conhecidos são Justino, Taciano, Orígenes que escreveu a obra de resposta 'Contra Celso' e ainda Tertuliano. Os seus principais argumentos são que o cristão eram bons cidadãos, e que o cristianismo (séc. II) é uma religião com doutrina, que não se trata de uma 'fábula mitológica'.

Apóstolo: termo com dois significados, aquele que é seguidor direto de Jesus, e quele que é o enviado por Jesus – título que Paulo evoca já que não constitui o grupo de Apóstolos iniciais.

Bíblia: compreende, em primeiro lugar, os livros do Antigo Testamento, anteriores á vida de Cristo, herdados do judaísmo: o Génesis, o Êxodo,  o Levítico, os Números, o Deuteronómio, formando estes cinco primeiros aquilo que os Judeus deram o nome de Lei ou Torá e a que os exegetas cristãos deram o nome de Pentateuco (cinco livros). Depois vem uma série de livros históricos: Josué, Juízes, Rute, Samuel, Reis, Crónicas ou Paralipómenos, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, Macabeus. Seguem-se os livros sapienciais: Job, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cânticos dos Cânticos, Livro da Sabedoria, Eclesiástico; finalmente, os livros proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel e ainda os doze pequenos profetas:  Oseias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miqueias, Naúm, Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. O Novo Testamento compreende os quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João, seguindo-se a narrativa das atividades dos Apóstolos: os Atos dos Apóstolos, as cartas dos Apóstolos ou Epístolas, em especial as de Paulo; o Novo Testamento encerra-se com um texto profético, o Livro do Apocalipse, cuja redação se atribui ap evangelista S. João. Em síntese, para os católicos e ortodoxos orientais, a Bíblia consta de 73 livros: 46 do AT e 27 do NT. A Bíblia da Reforma (Protestantes) apenas suprimiu as últimas sete cartas do NT, por não haver a certeza dos seus autores. Atualmente, o movimento da Bíblia ecuménica procura um acordo unânime, tanto na composição, como na tradução e interpretação.

Cristãos: nome atribuído aos fiéis seguidores de Cristo (em grego Christos significa «o ungido do Senhor»). A sua  comunidade chama-se Igreja (ecclesia: assembleia, grupo). Durante muito tempo a Ecclesia designava a comunidade agrupada á volta do seu chefe, o bispo. Ainda no séc. VII se designava «as Igrejas de Cristo». Mais tarde, a Igreja no singular começou a designar o conjunto de todos os cristãos.

Didaqué ou Doutrina dos Doze Apóstolos: é um dos mais antigos textos das origens do cristianismo [90-100] vindo de Antioquia ou outra cidade da Síria. Mostra que as comunidades cristãs ainda não se encontravam muito estruturadas.
Ebionitas: cristãos de origem judaica que rejeitavam a divindade de Cristo; adaptaram o Evangelho de S. Mateus em 'Evangelho dos Hebreus'; sobreviveram até ao séc. VII na Síria.

Elkasaítas: cristãos da Síria, que insistiam na prática dos rituais judaicos. Para eles Jesus era um simples profeta e o Espírito Santo um princípio feminino. Acreditavam que a salvação era apenas para os conhecedores da fórmula mágica'.
Essénios: grupo de judeus que se retiraram em protesto contra o Templo, separando-se da classe clerical. Retiraram-se para os mais variados locais e cidades, e também no deserto, onde formaram uma espécie de comunidade monástica, a conhecida cidade de Qumrân.

Evangelhos Apócrifos: abundantes relatos sobre a vida de Jesus, dos séc. II-IV, que não foram considerados nem incluídos no cânone do Novo Testamento. A preocupação dos seus autores foi a de preencher lacunas sobre o que os quatro Evangelhos canónicos não diziam. Nada, porém acrescentam ao conhecimento do Jesus da História. Entre os mais conhecidos estão o Evangelho de Nicodemos, EV. De Maria e EV. De Tomé.

Evangelhos Gnósticos: é o conjunto dos evangelhos apócrifos escritos por comunidades cristãs que se consideravam mais 'conhecedoras', ou a quem era dado ter acesso a certos conhecimentos profundos e secretos, vivendo retiradas da sociedade.

Evangelhos da Infância: é o género literário que privilegia a vida de de  Jesus, no que toca a acontecimentos ocorridos desde a sua conceção até á sua visita no Templo, quando tinha apenas 12 anos. Privilegiam a linguagem do maravilhoso e estão escritos em tom apologético e concordista, para mostrar o cumprimento das profecias do Antigo Testamento. Foram incluídos n os Evangelhos Canónicos de Mateus e de Lucas.

Gnosticismo: via o cristianismo como parte da cultura e ciência helenística. Os 'conhecedores'  (gnósticos) eram superiores aos que apenas  tinham fé. Os seus defensores, no séc. II foram: Bardesames, na Síria, Valentim, em Roma, e Basílides, em Alexandria. A ideia base é que existem e 'eoes' nas criaturas, que são a emanação de espíritos divinos. O mundo foi criado por uma divindade secundária (Demiurgo), que é o deus do Antigo Testamento, mas não do Novo Testamento. Existem três tipos de homens: gnósticos ou pneumáticos (têm o conhecimento; terão grande felicidade eterna), psíquicos (têm fé e fazem boas obras: terão uma pequena felicidade), hílicos ou materiais (serão destruídos na morte).

Livros Deuterocanónicos: foram incluídos mais tardiamente no cânone. Escritos em grego originalmente, fazem parte da Bíblia dos Setenta, mas não da Bíblia Hebraica. Também não foram aceites pelos Protestantes (desde o séc. XVI).

Marcionismo: Marcião do Ponto, afastado da Igreja local e excomungado pela de Roma, em 144, fundou a sua própria: rejeitava o antigo Testamento; do Novo, só aproveitava o Evangelho de Lucas (sem as passagens da infância), e algumas cartas de Paulo. Na sua doutrina, Jesus Cristo tinha apenas corpo aparente e apareceu a primeira vez na sinagoga de Cafarnaum.

Maniqueísmo: Movimento que nasceu na Mesopotâmia, no séc. III, com Mani, que se apresentava como continuador de Zaratrusta, Buda e Jesus Cristo. Pregou na Índia e na Pérsia um sincretismo do dualismo presa, ascese budista, gnose, referências bíblicas a Jesus, cujo corpo era só aparente. Dizia-se ser o Paráclito, anunciador da 'doutrina dos três selos' a evitar: casamento, uso de carne e de vinho, trabalho manual.

Montanismo: Montano e duas profetisas da Frígia advogaram a 'fuga do mundo' e eram contra o gnosticismo. Defendiam uma iluminação individual, contra a igreja episcopal. Milenaristas e rigoristas, praticavam o ascetismo severo e renúncia ao casamento.

Versão dos Setenta ou Bíblia dos Setenta: é a primeira tradução grega do Pentateuco. O nome resulta da lenda que diz ter sido a tradução realizada por 72 sábios, em 72 dias, reunidos a convite do rei Ptolomeu Filadelfo, numa ilha perto de Alexandria.  Esta versão foi sendo feita, na realidade, ao longo dos séc. III e II a.C., pelos judeus da Diáspora Helenística. Os judeus da Palestina nunca aceitaram a Bíblia dos Setenta.


Fontes: História do Cristianismo, ed. Presença;
           Jesus: O Homem e o Filho de Deus, gradiva;
           História e Cultura do Cristianismo, ed. 70

chacalnegro

 obrigado, se tu ou alguem souberem mais alguns podem colocar, porque há mesmo muita coisa que não pus, apenas decidi fazer um 'apanhado dos termos mais conhecidos e dos mais 'estrambólicos'.

Mephisto

"Somos seres espirituais com corpo físico, e não seres humanos que buscam a condição espiritual." (Sara Marriott).