Como saber se sofro de uma maldição?

Eu estou a ser seguido por uma psiquiatra há quatro anos e a ser medicado para a ansiedade. Os medicamentos ajudaram-me a superar a minha inibição, mas não aliviam a dor que sinto quando as circunstâncias são mais dolorosas e, por um lado, ainda bem, porque é sinal que as minhas faculdades mentais não estão adormecidas.

Curiosamente os psicólogos que consultei não me diagnosticaram fobia social porque eu tenho à vontade para comunicar com as pessoas em circunstâncias normais. Apenas me inibo nos dias em que os olhares e as manifestações de preconceito são mais intensas e superam as minhas espectativas mais negras, o que considero ser uma reação normal de um ser que tem sentimentos e amor-próprio.

Eu estou a tentar encontrar respostas no campo espiritual porque, por um lado, considero que muito do que me acontece no campo social é desmesurado, tendo em conta os contextos, e por outro porque nada daquilo a que me proponho dá certo, como se algo estivesse a impedir a minha vida de seguir o seu curso normal. Os meus pais são testemunhas da quantidade de coisas que já experimentei para resolver determinados aspetos estéticos e físicos e dos fracassos sucessivos com os quais tenho lidado durante estes anos. O caso mais recente está relacionado com a minha visão: tenho miopia e astigmatismo nos dois olhos e atualmente nenhum oftalmologista consegue receitar-me lentes que satisfaçam as minhas necessidades básicas. Quase não leio nada com o olho direito, receitem-me as lentes que receitarem, e o olho esquerdo está a piorar a olhos vistos, pois está praticamente a funcionar pelos dois. Recentemente ouvi coisas horríveis da boca de uma contactologista da Optivisão por ter ousado ser sincero durante os testes e ter dito que nenhuma das lentes que ela me estava a colocar à frente me proporcionavam uma visão clara e sem névoa. Segundo ela, as pessoas que distinguem todas as letras dos testes têm cem por cento de visão. Eu expliquei-lhe que distinguir não é sinónimo de ver nítido e que não é admissível eu ter que lutar constantemente para ler as letras do computador, mas ela, para além de ter desvalorizado, teve o desplante de me dizer que o problema estava nos meus critérios, que eram muito exigentes. A partir do momento em que me dizem que sou exigente por querer ver nítido, o que é que eu posso fazer? Das duas uma: ou desisto e vou a outro lado, ou afronto a médica e acuso-a de incompetência e má assistência, o que, bem vistas as coisas, não me ia levar a lado nenhum. O problema é que, vá eu onde for, deparo-me sempre com as mesmas questões. Neste momento estou convencido de que vou perder uma das coisas que me dá mais prazer: a capacidade de estar ao computador. Como querem que não desespere? Quando acho que nada pode piorar, o destino espeta-me uma farpa. Estou farto.