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  • Anorexia Nervosa: Música suicida?
    Iniciado por Mephisto
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Mephisto
Ai está verdadeira música suicida de tão má que é. Estás lá  ;D Gorgoroth, excepção feita à Carving a Giant é um belo grego. Depois só mesmo Emperor para aliviar a dor de ver tais coisas aqui postadas  >:D se bem que, podia ter escolhido outro video, ao vivo por exemplo. Eles e os video-clips não eram muito amigos  ::)
Agora com Satyricon é que partiste a loiça toda amigo. É a banda mais estúpida que conheço à face da terra. Antes os D´Zrt.
Depois de tal atentado aos meus ouvidos, só mesmo a diva Tarja para repor ordem nos meus sentimentos funestos que quase me obrigaram a cortar os pulsos e logo ir janela abaixo.
Continuas a ganhar terreno Pedro  ;) (Estou a brincar contigo) Mas aquilo é mesmo mauzinho  >:D
Nightwish - The Phantom Of The Opera (DVD End Of An Era) HD


Mephisto
#63
É bom. Em termos técnicos é excelente. Longe dos meus refinados gostos mas muito bom de facto, tecnicamente. (Cerebral Bore).
Olha toma lá uma do meu amigo Nelinho que também merece publicidade pelo esforço. Isto sim é uma banda nacional decente. Estes vão longe. Mega-projecto nascido das garagens de Santa Iria  ;)
Aconselho vivamente todos a verificarem este álbum e a comprarem o original se faz favor  ;D
The Godspeed Society - Rose Lithium

Agora aproveito o embalo. E vai uma do sempre bem disposto Morcego e do Tiaguinho, agora nas teclas  ;D Este rapazinho tem futuro nas teclas. Phantom Vision. Muito alternativo mas ouve-se bem.
Phantom Vision - Total Eclipse

Infelizmente, tudo o que é nacional e bom acaba depressa, aqui fica em memória desta excelente banda da minha terra  >:D
Sirius - Spiritual Metamorphosis

Ligeia
Ai (a bateria de) Sirius, Sirius... ::)
Agora...Tarja?... Gregório à recepção...

O tópico vai tão bem, que está a pedir estrago. Passem à frente, que o que aí vem é longo e nada de jeito (fruto de uma semana futebolisticamente indigesta). Cá vai...

A banda do tópico: Anorexia Nervosa é aquela serpente que não deixa um milímetro da nossa alma escapar incólume à sua passagem – sentimo-la a deslizar pelo mais íntimo de nós, a abraçar aquilo que nem sabíamos ser e, por fim, somos lentamente engolidos após uma violenta hipnose sonora. Não há resgate possível, resta-nos o lento dissolver de tudo até à fatal exposição do que mais recôndito existe em nós. E depois? Não há depois, deal with it, como diria o amigo Horatio.

O que o Chacalnegro refere acerca das ondas alfa é um facto empírico: estimulam a produção de serotonina, promovendo estados de relaxamento e bem-estar*... Não é isso, afinal, que obtemos com a audição dos nossos sons favoritos? (seja Behemoth, Mozart ou a divina Mirousia...)

A LunaS afirma, e muito bem, que "O problema delas não era o tipo de música que ouviam, ou a forma como se vestiam... era bem mais profundo que isso". Apenas discordo quando aqui tratam as miúdas por "pitas" (que o sejam, mas vivas de preferência, pois o suicídio é mais que uma mera "pitice"). Ao invés de ser a música (ou algum género musical específico) a causar a ideação suicida estou em crer que será mais o oposto: as nossas razões para viver é que nos conduzem as escolhas. E se a minha existência se pautar pela depressão e vazio, se sentir que a vida não faz sentido, se intimamente apenas desejo a erradicação desta sociedade e deste mundo, é natural que – consciente ou inconscientemente – vá procurar na arte a expressão do que sou e de como me sinto. Ninguém pode aqui negar que o metal (e provavelmente mais ainda nos seus começos, o hard  rock) incitam ao sexismo, à profanação, ao satanismo e à glorificação das drogas/alcoól ... Em géneros mais "extremos" vemos e ouvimos frequentemente a promoção glamourosa da morte e do suicídio, da agressão e destruição... (o "Meshisho" postou algures aqui uma faixa toda ela apologética do cortar a veia). Como é evidente, o metal tem tudo para ser a vítima e o carrasco nesta equação vida-morte: ao ser um género obscuro, aparentemente destruturado e amelódico, sanguíneo e cru, reúne todas as características que se procuram num bode expiatório... É a distorção em todo seu esplendor a ser violada pelo preconceito de quem apenas aceita o lado mais óbvio da melodia catchy (ajustada às necessidades radiofónicas e comerciais dos 3 minutos de duração para faixas de estúdio e 5 para faixas ao vivo – isto por si já diz muito...). Quando a angústia é muita certamente que ninguém  ouve Rihanna, José Malhoa ou  o Avô Cantigas  ;)
Se um de vós, apreciador de géneros extremos vier aqui ripostar que é uma pessoa mais  miminhos e sorrisos (mas tem como banda preferida os Cock and Ball Torture), mais zen (e depois delira com Necrophagist) ou que ama a vida em toda a sua glória divina (e exibe orgulhosamente a sua tatuagem de Mayhem)... A serpente ainda não vos abraçou, pois não? :D

Subjectivismos à parte, o que é certo é que – cientificamente – ainda não se provou  uma real ligação entre a preferência pelo metal e o suicídio (nos adolescentes), sendo extremamente difícil estabelecer uma relação causal entre ambos (o mesmo se aplica às "célebres" mensagens subliminares e sua influência no comportamento dos jovens).  No entanto é reconhecido que adolescentes com problemas pré-existentes (psicopatologias pessoais e familiares) podem inclinar-se para o hard rock e o metal, por serem estes os géneros que mais reflectem os seus sentimentos. Existem já estudos que corroboram fortemente a hipótese de que a preferência por este tipo de sonoridades sejam um indicador fiável da vulnerabilidade quanto a pensamentos e comportamentos suicidas, especialmente em jovens do sexo feminino (as eternas dramatico-complicadas, lol)
O facto de as miúdas que se suicidaram serem conterrâneas da banda é também estudado, mas se isto já vai longo...

Os meus 500: sempre encarei o metal como a parte obscura deformada do clássico - "o sublime distingue-se do belo pelo fato de provocar perturbações filosóficas ligadas a uma mistura de dor e prazer". É isto que me é dado pelo informe e intrincado mundo do metal, tal como é dado na perfeição irrepreensível do clássico. Mas sempre preferi vidas com marcas e cicatrizes do que proporções perfeitamente simétricas. Cada um com a sua pancada, pois...

Uma nota que nada acrescenta: o avô Ozzy foi o 1º a ser processado pelo conteúdo das suas letras, mas a "liberdade de expressão" socorreu-o (viva a 1ª emenda!), os Megadeth já estão fartinhos da especulação acerca de A Tout Le Monde...Será que a Mónica Sintra pode ser acusada de alguma coisa em casos de infidelidade, traição e divórcio? Ou a Ágata?...


*este bem-estar não é tanto no comum sentido de nos sentirmos confortáveis, mas sim a autoaceitação e procura de crescimento pessoal a partir do reconhecimento obtido através da experiência de sensações positivas e negativas (disposições afectivas).

Agora vão lá cortar os pulsos quais "pitas" de coração partido pelo mundo cruel (era isto ou My Chemical Romance);D




Mephisto
#65
Se não tivesse de ir trabalhar agora e sofrer o tão desejado choque do Síndrome Primaveril Aeroportuário, respondia-te em relação à Tarja  ;)
Meshisho? Mais uma para o báu  ;)
Li por alto mas tens toda a razão. Tirando a Tarja e o meu nick deformado claro; tens toda a razão.

Já agora acrescente-se aqui que não é divina Mirusia. É sublime, angélica divinal Marrouse se faz favor  >:D

Ligeia
#66
Citação de: Mephisto em 23 março, 2012, 13:10
Se não tivesse de ir trabalhar agora e sofrer o tão desejado choque do Síndrome Primaveril Aeroportuário, respondia-te em relação à Tarja  ;)
Meshisho? Mais uma para o báu  ;)
Li por alto mas tens toda a razão. Tirando a Tarja e o meu nick deformado claro; tens toda a razão.

Já agora acrescente-se aqui que não é divina Mirusia. É sublime, angélica divinal Marrouse se faz favor  >:D

"Ó pa eu" é mais Síndrome de Ménam Fomhair Hospitalar, mas creio que seja semelhante no conteúdo... Mas a Tarja? ("care for a little necrophilia? hmm?") Antes a Sharon den Adel, isso sim... ::)

As minhas desculpas quanto à Sublime Angélica Divinal Marousse, foi sem intenção nem desmérito, signore Mishoshep!  :P

TinaSol
Citação de: Ligeia em 23 março, 2012, 12:56
Mas sempre preferi vidas com marcas e cicatrizes do que proporções perfeitamente simétricas. Cada um com a sua pancada, pois…

Ligeia gostei da dissertação, tu e o Mephisto (a ver se não me engano a escrever o nome) tem uma forma de escrita peculiar, um tanto Christopher Moore, autor que tanto aprecio... ;)

chacalnegro
#68
Boas, não desfaço nada do que a Ligeia disse, que é uma visão muito acertada das coisas. Mas deixo aqui um comentário da minha mãe que tem 72 anos e passou por muitas dificuldades quando era criança e adolescente: "Nunca tivemos tempo para depressões, sempre tivemos a cabeça ocupada em como iríamos arranjar o que comer no dia seguinte. Lembro-me de estar semanas a juntar moedas de 1 centavo para poder comer um pastel de nata que custava 25 tostões..." ;) Acho que a única relação entre Metal e problemas juvenis é a mesma que a tendência para se vestirem de preto. Por motivos vários, sentem-se desprotegidos, socialmente transparentes e abraçam o que lhes parece ser o dark side of the force. Porque estando do lado dos "maus", do lado tenebroso, afugentam os outros e assim estão protegidos.
Sei como isso funciona, também já tive 16 anos, andava vestido de preto, com o cabelo comprido e botas doc e ouvia o Metal que me punham à frente (não porque gostava, até porque os meus conhecimentos na área eram e ainda são nulos). Assim, era da "tribo" dos ruins  o que era muito cool. ;)

TinaSol
#69
Citação de: chacalnegro em 23 março, 2012, 16:01
Boas, não desfaço nada do que a Ligeia disse, que é uma visão muito acertada das coisas. Mas deixo aqui um comentário da minha mãe que tem 72 anos e passou por muitas dificuldades quando era criança e adolescente: "Nunca tivemos tempo para depressões, sempre tivemos a cabeça ocupada em como iríamos arranjar o que comer no dia seguinte. Lembro-me de estar semanas a juntar moedas de 1 centavo para poder comer um pastel de nata que custava 25 tostões..." ;) Acho que a única relação entre Metal e problemas juvenis é a mesma que a tendência para se vestirem de preto. Por motivos vários, sentem-se desprotegidos, socialmente transparentes e abraçam o que lhes parece ser o dark side of the force. Porque estando do lado dos "maus", do lado tenebroso, afugentam os outros e assim estão protegidos.
Sei como isso funciona, também já tive 16 anos, andava vestido de preto, com o cabelo comprido e botas doc e ouvia o Metal que me punham à frente (não porque gostava, até porque os meus conhecimentos na área eram e ainda são nulos). Assim, era da "tribo" dos ruins  o que era muito cool. ;)

Ah Chacal o teu comentário, trouxe uma certa nostalgia, fez-me lembrar os meus avós - que saudades - também falavam assim nesses termos, mas nem sequer tinham doces, um dia de trabalho não chegava para comprar 1L de azeite, e as histórias...
Nos meus 16 anos, por acaso ouvia o que queria, tenho um mano que gosta de "martelinhos", outro que é fã incondicional do metal, o meu pai eram os fados, (belos duetos que fazíamos os dois) e gostava de tudo.
Também tive a "nóia" do preto, naquela fase em que andava à procura de identidade talvez, e por uma questão de aceitação, é verdade.
O meu filho à uns tempos disse-me "mãe não me dês a mão, nem um beijo à porta da escola, pq os meninos gozam-me e dizem que sou um beto", lá lhe disse que ele deve fazer como se sentir melhor, e pensar pela cabecinha dele e não o que os outros dizem, se os outros meninos disseram para ele comer cócó se ele come, blá,blá, blá... não me agradou mas aceitei. Passado um tempo foi ele que me pediu um kiss e disse-me que não queria saber dos outros meninos, e até agora é assim. Acho que, ao fim ao cabo, estas coisas fazem parte do nosso crescimento....mas daí ao suicídio, please...  :-\

chacalnegro
Citação de: TinaSol em 23 março, 2012, 16:57
Ah Chacal o teu comentário, trouxe uma certa nostalgia, fez-me lembrar os meus avós - que saudades - também falavam assim nesses termos, mas nem sequer tinham doces, um dia de trabalho não chegava para comprar 1L de azeite, e as histórias...
Nos meus 16 anos, por acaso ouvia o que queria, tenho um mano que gosta de "martelinhos", outro que é fã incondicional do metal, o meu pai eram os fados, (belos duetos que fazíamos os dois) e gostava de tudo.
Também tive a "nóia" do preto, naquela fase em que andava à procura de identidade talvez, e por uma questão de aceitação, é verdade.
O meu filho à uns tempos disse-me "mãe não me dês a mão, nem um beijo à porta da escola, pq os meninos gozam-me e dizem que sou um beto", lá lhe disse que ele deve fazer como se sentir melhor, e pensar pela cabecinha dele e não o que os outros dizem, se os outros meninos disseram para ele comer cócó se ele come, blá,blá, blá... não me agradou mas aceitei. Passado um tempo foi ele que me pediu um kiss e disse-me que não queria saber dos outros meninos, e até agora é assim. Acho que, ao fim ao cabo, estas coisas fazem parte do nosso crescimento....mas daí ao suicídio, please...  :-\

Ena Tina, o que tu foste fazer... Que saudades dos meus avós... Pois, a nostalgia. Sabes, como já nasci tarde os meus avós agora seriam muito velhos se fossem vivos, passaram por 3 sistemas diferentes de governação, por tantas histórias, por tanta miséria, mas também por tantas alegrias. Que saudades das histórias que eles contavam da vida no campo. Hoje há demasiada confusão de sentimentos e atitudes porque esquecemos os velhos e os sofrimentos por que passaram para hoje termos em excesso. É esse excesso que leva a atitudes de desnorteio e desidentificação e miúdas a suicidar-se porque acham que são as mais desgraçadas do mundo (o Metal não tem nada a ver com isso).
Não era bom voltar atrás, ao tempo deles, mas talvez fosse bom ouví-los de vez em quando para que tenhamos referências do que foi e do que é isto tudo. O sofrimento é uma constante da vida, mas pode ser relativizado e encaminhado para fortalecer e não para se ser derrotado. E de música passamos outra vez à razão inicial do post. Gosto destas voltas e destes matizes! ;)

#71
Citação de: Mephisto em 23 março, 2012, 00:34
Um grande (lol) Luna S. Valeu a tentativa de me traçares um perfil psicológico expresso. Muito errado. É pelo vicio em si. A música torna-se viciante; apenas isso. Medo dos sentimentos e reacções? Sim! Mas em casos bem mais palpáveis... ;D

;D Mas, pelo que me dizes, não foi totalmente incorrecto o que eu escrevi, se bem que a contextualização possa ter sido um tanto exagerada (para não dizer a inadequada).  :P

Citação de: Mephisto em 23 março, 2012, 00:34
Quanto a Behemouth, não perceberes o sentido do unicórnio ali é não visionares o quanto de "poético" está naquele todo (lol). O unicórnio simboliza a pureza e a força. A miúda do lado "cá da terra" a pureza e a fragilidade. O video está extraordinariamente perverso e irónico. Nada está ali à toa. Não há um único segundo neste video que seja despropositado. O melhor que vi até hoje. Nem os meus Cradle batem esta metáfora visual  >:D

E foi com este videoclip que Adam "Nergal" Darski voltou em grande, após uma batalha contra a Leucemia.  Não deixa de ser um vídeo forte e brutal, da maneira extrema dos Behemoth. Mas o unicórnio...eu desde pequena que implico com os unicórnios...são cavalos com um corno na testa pá! Um simples cavalo negro já emana grande beleza e a força, não precisavam de lhe ter cravado com um corno no meio dos olhos.  :laugh:


Citação de: Ligeia em 23 março, 2012, 12:56

A banda do tópico: Anorexia Nervosa é aquela serpente que não deixa um milímetro da nossa alma escapar incólume à sua passagem – sentimo-la a deslizar pelo mais íntimo de nós, a abraçar aquilo que nem sabíamos ser e, por fim, somos lentamente engolidos após uma violenta hipnose sonora. Não há resgate possível, resta-nos o lento dissolver de tudo até à fatal exposição do que mais recôndito existe em nós. E depois? Não há depois, deal with it, como diria o amigo Horatio.

O que o Chacalnegro refere acerca das ondas alfa é um facto empírico: estimulam a produção de serotonina, promovendo estados de relaxamento e bem-estar*… Não é isso, afinal, que obtemos com a audição dos nossos sons favoritos? (seja Behemoth, Mozart ou a divina Mirousia…)

A LunaS afirma, e muito bem, que “O problema delas não era o tipo de música que ouviam, ou a forma como se vestiam... era bem mais profundo que isso”. Apenas discordo quando aqui tratam as miúdas por "pitas" (que o sejam, mas vivas de preferência, pois o suicídio é mais que uma mera "pitice"). Ao invés de ser a música (ou algum género musical específico) a causar a ideação suicida estou em crer que será mais o oposto: as nossas razões para viver é que nos conduzem as escolhas. E se a minha existência se pautar pela depressão e vazio, se sentir que a vida não faz sentido, se intimamente apenas desejo a erradicação desta sociedade e deste mundo, é natural que – consciente ou inconscientemente – vá procurar na arte a expressão do que sou e de como me sinto. Ninguém pode aqui negar que o metal (e provavelmente mais ainda nos seus começos, o hard  rock) incitam ao sexismo, à profanação, ao satanismo e à glorificação das drogas/alcoól … Em géneros mais "extremos" vemos e ouvimos frequentemente a promoção glamourosa da morte e do suicídio, da agressão e destruição… (o "Meshisho" postou algures aqui uma faixa toda ela apologética do cortar a veia). Como é evidente, o metal tem tudo para ser a vítima e o carrasco nesta equação vida-morte: ao ser um género obscuro, aparentemente destruturado e amelódico, sanguíneo e cru, reúne todas as características que se procuram num bode expiatório… É a distorção em todo seu esplendor a ser violada pelo preconceito de quem apenas aceita o lado mais óbvio da melodia catchy (ajustada às necessidades radiofónicas e comerciais dos 3 minutos de duração para faixas de estúdio e 5 para faixas ao vivo – isto por si já diz muito…). Quando a angústia é muita certamente que ninguém  ouve Rihanna, José Malhoa ou  o Avô Cantigas  ;)
Se um de vós, apreciador de géneros extremos vier aqui ripostar que é uma pessoa mais  miminhos e sorrisos (mas tem como banda preferida os Cock and Ball Torture), mais zen (e depois delira com Necrophagist) ou que ama a vida em toda a sua glória divina (e exibe orgulhosamente a sua tatuagem de Mayhem)… A serpente ainda não vos abraçou, pois não? :D

Subjectivismos à parte, o que é certo é que – cientificamente – ainda não se provou  uma real ligação entre a preferência pelo metal e o suicídio (nos adolescentes), sendo extremamente difícil estabelecer uma relação causal entre ambos (o mesmo se aplica às "célebres" mensagens subliminares e sua influência no comportamento dos jovens).  No entanto é reconhecido que adolescentes com problemas pré-existentes (psicopatologias pessoais e familiares) podem inclinar-se para o hard rock e o metal, por serem estes os géneros que mais reflectem os seus sentimentos. Existem já estudos que corroboram fortemente a hipótese de que a preferência por este tipo de sonoridades sejam um indicador fiável da vulnerabilidade quanto a pensamentos e comportamentos suicidas, especialmente em jovens do sexo feminino (as eternas dramatico-complicadas, lol)

O facto de as miúdas que se suicidaram serem conterrâneas da banda é também estudado, mas se isto já vai longo…

Os meus 500: sempre encarei o metal como a parte obscura deformada do clássico - "o sublime distingue-se do belo pelo fato de provocar perturbações filosóficas ligadas a uma mistura de dor e prazer". É isto que me é dado pelo informe e intrincado mundo do metal, tal como é dado na perfeição irrepreensível do clássico. Mas sempre preferi vidas com marcas e cicatrizes do que proporções perfeitamente simétricas. Cada um com a sua pancada, pois…



Muito bem exposto Ligeia!
""Ha no homem algo de fundamental, que nao se consegue."

Ligeia
Citação de: TinaSol em 23 março, 2012, 14:42
Ligeia gostei da dissertação, tu e o Mephisto (a ver se não me engano a escrever o nome) tem uma forma de escrita peculiar, um tanto Christopher Moore, autor que tanto aprecio... ;)
TinaSol, quem me dera ter metade da capacidade de escrita tanto de um como de outro! ;) Mas grata pela tua observação, fiquei foi sem jeito (é que gosto mesmo das imperfeições que a maioria evita/esconde/detesta)  ;D

Chacalnegro, a partir do momento em que o mundo moderno apenas tem como problemas a actualização dos estados no Facebook, é natural que as psicoses apareçam em força. Tua mãe (e avós) tinham outras preocupações que se prendiam com o contexto vivido (real), tão diferente do actual (real e virtual com fronteiras difusas). No entanto a enxada é o melhor antídoto para a depressão, isso é certo e sabido (chapadas nem tanto) ;D Só não concordo totalmente com a parte do metal e o "vestir de preto" como uma fase, modismo ou necessidade de qualquer coisa... ::) Mas o que lamento verdadeiramente é esta sociedade que não protege nem dignifica os mais velhos: quem se comove com um velho solitário perante uma criança desprotegida ou um animal abandonado? Muito poucos. Quantos apelos (mesmo agora que aparecem tantos idosos mortos em casa) e iniciativas comunitárias é que vemos por aí? "Menos poucos", mas não os suficientes... As pessoas optam maioritariamente pelo que lhes chega aos olhos, e a velhice é tida como decadência e que tentamos ocultar por carecer de "frescura"...

LunaS, grata pelas tuas palavras :) E o que sinto para com os centauros aproxima-se do  que sentes para com os unicórnios  ;D







chacalnegro
Citação de: Ligeia em 23 março, 2012, 23:44
TinaSol, quem me dera ter metade da capacidade de escrita tanto de um como de outro! ;) Mas grata pela tua observação, fiquei foi sem jeito (é que gosto mesmo das imperfeições que a maioria evita/esconde/detesta)  ;D


Não sejas modesta, quem me dera ter metade da vossa capacidade de escrita! ;)

Ligeia
Não é modéstia, é mesmo verdade, Chacal!
Quando era gaiata escrevia que era um consolo de se ler, depois embruteci  ;D