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NAVEGANDO NA INFERNET


Estávamos no ano 3.273 (do calendário judeu), quando, de repente, caí em profundo torpor. Dali, então, senti minha mente mergulhar em delírios: vi-me sentado no sopé duma montanha, que era contornado por um riacho de água corrente. Ao volver para a linha do horizonte, vislumbrei uma tremenda fresta que se abriu nas nuvens, e por aquela abertura o Anjo do Senhor descendo dentro duma redoma, uma espécie de garrafa com a inscrição 51.
Tamanha foi a minha surpresa, quando surgiu diante de mim um trem fantasmagórico, serpenteando a cordilheira com um "balacobaco" azucrinante. Ao passar por mim aquela carruagem, fui abduzido para o seu interior. Dos passageiros, falante, só havia eu; os demais se comunicavam por telepatia. Ali eu dividia o espaço com seres monstrengos. Perplexo, procurei saber do maquinista, onde seria o paradeiro daquele camboio. Ele me respondeu: "Sheol, Ades, Hell, Nara, Inferno!" Então, exclamei: Basta! Agora já entendi!
Na parada final, estacionamos perante um gigantesco portão de ferro, ladeado por uma guarita, dentro dela havia um cão-de-guarda de dez cabeças – era um cachorro afalado – um recepcionista muito cavalheiro, que atendia pelo nome de Cérbero. Em seguida, cada visitante recebeu um crachá, no qual constava um código de barras sobreposto pelo número 666. O maldito credencial era indispensável para que pudéssemos trilhar inferno adentro.
Distando uns cinqüenta metros da entrada, deparamos com um delta – a nascente de três rios – Geena, Estige e Baratro. Defasados entre si por um ângulo de 120 graus, pelos seus meandros abismais corria uma calda de lavas incandescentes. À meia-noite, a pino, horário local, fomos arrecadados por um barco que aportou à margem do Baratro, cujo timoneiro era o Sr. Aqueronte. E assim zarpamos rumo a uma jornada horripilante.
À medida que velejávamos, nas orlas, ia surgindo um aglomerado de galpões em forma de baias; pois lá as almas penadas são alojadas conforme as suas categorias. Na linguagem infernal, aqueles depósitos são chamados de biotérios, as criaturas que neles agonizam são denominadas de cobaias. Acolá, todos vivem sob os cuidados das Fúrias(entidades infernais), e estas, por sua vez, recebem a supervisão do médico alemão, Dr. Joseph Menguelli(ex-manipulador génetico dos Campos de Concentração Nazistas). O tédio só foi quebrado quando os navegantes avistaram um suntuoso anfiteatro à esquerda do rio, ali a tripulação foi obrigada a ancorar a fim de que pudéssemos apreciar a maravilha à vista. Adentramos, sentamos e aguardamos o início do espetáculo. –Adivinhem que era o dramaturgo?  -Pasmem, Dante! Com a sua Divina Comédia.
No primeiro ato: assistimos a um delegado sendo empalado por um espeto abrasante, cuja extremidade pontiaguda transfixava o casco de sua cabeça(escalpo).
A segunda encenação: exibia como protagonista um advogado chicaneiro que tinha 80% do corpo carcomidos por um cranco maligno. Ainda restavam 20% de sua anatomia deplorada.
O terceiro drama: apresentava o cadáver de um pastor com 90% do seu total sendo dizimado por uma nuvem de gafanhotos; os 10% restantes, os insetos pouparam; temendo indigestão.
Finda a sessão, despedimo-nos com a tradicional saudação dos teatros terrenos: ~porcaria~! ~porcaria~! ~porcaria~!
Tomado por acesso de pânico, pus uma venda nos olhos para não seguir assistindo àquelas alucinações macabras. Todavia, ainda tive nervos para solicitar ao cicerone, o meu maior desejo, qual seja, o de contemplar a trindade satânica: Lúcifer, Belzebu e Aschtaroth. Tive, enfim, a glória de chegar à ante-sala que dava para o bunker(porão blindado), onde está assentado o trio onipotente. Frustrante! Ao fim duma longa sabatina, o chefe-de-gabinete e selecionador, Lunguinho, concluiu, alfim, que eu não era digno de me entrevistar com aquelas três sumidades, porque, segundo ele, aqui na terra eu teria status de um sujeito phodido. De imediato, ouvi, simultaneamente, uma descarga de sifão, entoada por um murmúrio que me parecia ser do John Lenon: The dream is over!" (o sonho acabou).
Quando dei por mim, foi com os solavancos da empregada, sacudindo freneticamente a minha rede. Ainda em madorna, pude entrever numa das mãos da "secretária" – uma xícara contendo chá de boldo com casca de laranja – na outra mão, uma notinha deixada pelo garçom da noite anterior. Mas, só despertei para valer, com os toques do telefone: era o meu chefe ligando pela sexta vez! Vade retro satana!

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