Culto aos Deuses Lusitanos

Não estou a falar dos Wiccans, apesar de existir ligação entre eles e o paganismo celta. Mas quando falava em tradições, posso ter explicado mal, mas falava naquilo que hoje vemos em Trás-os-Montes, como é o caso da música ou da "teatralização" das "crenças do povo", que está de acordo com tradições celtas. Obviamente que isso não se passa em todo o norte de Portugal, mas ainda temos lugares dignos da tradição deixada pelos antigos povos que cá viveram. O que existe hoje é que esses lugares dignos são vistos como templos Cristãos, onde existe um Santo associado. Mas apesar de tantos anos se passarem, qual é mais importante na sua concepção? A criação do templo ou a cristianização do templo? Qual é o que tem mais significado? É a criação de um lugar sagrado, ou é a "tomada" desse lugar sagrado para ser alterado para um lugar "semi-sagrado"?
Os bruxos são outra história, e não falava sequer dos bruxos que evoluíram na cultura cristã. É verdade que as coisas mudam, e que uma religião com um número baixo de seguidores, então essa mudará muito mais. Mas muda em que sentido? Nas suas crenças ou nas suas tradições?
Dou-lhe razão em algumas coisas, mas não quero de forma alguma deixar de parte algo que já foi nosso.

Não estou a falar dos Wiccans, apesar de existir ligação entre eles e o paganismo celta. Mas quando falava em tradições, posso ter explicado mal, mas falava naquilo que hoje vemos em Trás-os-Montes, como é o caso da música ou da "teatralização" das "crenças do povo", que está de acordo com tradições celtas. Obviamente que isso não se passa em todo o norte de Portugal, mas ainda temos lugares dignos da tradição deixada pelos antigos povos que cá viveram. O que existe hoje é que esses lugares dignos são vistos como templos Cristãos, onde existe um Santo associado. Mas apesar de tantos anos se passarem, qual é mais importante na sua concepção? A criação do templo ou a cristianização do templo? Qual é o que tem mais significado? É a criação de um lugar sagrado, ou é a "tomada" desse lugar sagrado para ser alterado para um lugar "semi-sagrado"?
Os bruxos são outra história, e não falava sequer dos bruxos que evoluíram na cultura cristã. É verdade que as coisas mudam, e que uma religião com um número baixo de seguidores, então essa mudará muito mais. Mas muda em que sentido? Nas suas crenças ou nas suas tradições?
Dou-lhe razão em algumas coisas, mas não quero de forma alguma deixar de parte algo que já foi nosso.

Não é por ter existido no território que ocupamos que se possa dizer isso - não somos lusitanos! As tradições portuguesas são de base cristã. As tradições pagãs dessa dimensão, podem não ser tão ancestrais quanto se possa pensar à primeira vista. Até os "Caretos", no norte, são símbolos cristãos - o diabo, faz parte da cultura cristã... Não serão aquisições cristãs mas, parecem-me mais criações cristãs com influências locais. Se quem iniciou a tradição conhecia e demonizava figuras celtas, é normal que elas surjam nessa vertente não que se integrem realmente nos cultos.
Por outro lado, a ideia de sustentar uma cultura lusitâna depois de tantas invasões e aculturações é difícil. Aqui não estamos apenas a falar de cristianização. O território português já passou por muitas mãos, os lusitanos foram subjugados pelo imperio romano (antes da cristianização do império) durante séculos, depois da queda do império, a cultura islâmica. O que pode restar da cultura lusitâna é uma descrição superficial do ponto de vista do invasor, uns megalitos e pouco mais.

Mas se repararmos, o que acontece com os "caretos" de Podence, não acontece noutro lado. Na cultura cristã não vemos disso. A cultura cristã é bem mais moderada nas festividades e nas tradições. Não falo sequer do "diabo", que nem sei se é o ponto principal nos caretos quando saem à rua, mas sei bem que o diabo foi criado pelos cristãos. Mas falo da festividade em si, da música também.. Basta estarmos lá, basta viver as tradições lá de cima, para perceber que aquilo não tem uma base cristã. Claro que só acontece lá porque as tradições se foram regionalizando, e talvez por isso, só em Trás-os-Montes exista isso, mas, a meu ver, está ligado com as tradições ancestrais juntamente com a Galiza. Basta percebermos a relação que estes dois povos têm, o simples facto de na Galiza gostarem que falemos a nossa língua, coisa que não se vê em outros sítios de Espanha. Por isso, existe uma cultura em comum nesta zona, existe uma "amizade" que não é certamente dos tempos modernos. Será que essa "amizade" foi construída pelos cristãos?

Mas se repararmos, o que acontece com os "caretos" de Podence, não acontece noutro lado. Na cultura cristã não vemos disso. A cultura cristã é bem mais moderada nas festividades e nas tradições. Não falo sequer do "diabo", que nem sei se é o ponto principal nos caretos quando saem à rua, mas sei bem que o diabo foi criado pelos cristãos. Mas falo da festividade em si, da música também.. Basta estarmos lá, basta viver as tradições lá de cima, para perceber que aquilo não tem uma base cristã. Claro que só acontece lá porque as tradições se foram regionalizando, e talvez por isso, só em Trás-os-Montes exista isso, mas, a meu ver, está ligado com as tradições ancestrais juntamente com a Galiza. Basta percebermos a relação que estes dois povos têm, o simples facto de na Galiza gostarem que falemos a nossa língua, coisa que não se vê em outros sítios de Espanha. Por isso, existe uma cultura em comum nesta zona, existe uma "amizade" que não é certamente dos tempos modernos. Será que essa "amizade" foi construída pelos cristãos?

Não, a amizade não tem nada a ver com a história. Terão sido os lusitanos a criar as bases de coisas como os "Caretos"? Em que aspecto os "Caretos" poderíam ser considerados parte do culto dos deuses lusitanos? Mesmo havendo ligação, é possível, não me parece que se possa associar os "Caretos" à cultura lusitana ou aceder a algum aspecto da cultura lusitana através destas personagens.

Mas também não vejo ligação disso com o cristianismo. Assim sendo, olhando os dois pontos de vista, essa tradição não vem de nenhum lado?

Essas tradições vem dos cultos locais, que hoje podem nem ter nome...

Olá!

Dentro dos académicos dignos de credito recomendo as obras de Leite de Vasconselos "As religiões da Lusitânia",e o outras suas publicações de cariz etnográfico
Destaco também Eduardo Amarante,outro académico com créditos firmados.
O livro "Inverno Magico" foca as tradições sazonais transmontanas,bom para quem queira aprofundar seus conhecimentos etnográficos de uma região rica em cultura popular.

Quase tudo o que existe hoje em termos de Cultos é uma mescla das religiões de outrora.

Uma amálgama que perdurou no tempo e ganhou novas formas e conceitos...

Claro que alguém (Igreja Católica) tentou sempre deturpar as reais intenções de todos e quaisquer cultos que não fossem os católicos, atribuindo nomes e características que por vezes não tinham sentido algum.

Já com muitos meses de atraso mas caso ainda estejas interessado... na Rocha da Mina e na Ermida de São Miguel da Mota, onde existiu um templo dedicado a Endovélico (ambos nos arredores da aldeia de Terena, concelho de Alandroal -distrito de Évora) ainda se realizam essas cerimónias de culto.

Vários grupos seguidores de cultos pagãos, Wicca, etc. deslocam-se até esses dois locais e podes encontrar com alguma facilidade alguns vestígios de rituais que são lá deixados. As pessoas da zona não encaram com muito à vontade o assunto mas também não o "rejeitam". E falo por experiência própria que a Rocha da Mina é um sítio BASTANTE especial, daqueles com uma energia muito própria. S. Miguel da Mota nem tanto, é muito mais aberto...

muito interessante este topico

parabéns 

a descricao dos deuses/as e a religiao dos lusitanos é interessante e nao a conhecia mas sabia alguma coisa de deuses celtas/gauleses e coincide um pouco com estes, o que quer dizer que havia relacoes culturais entre os diferentes povos celtas (e naquele tempo nao havia internet, jornais, telefone ou televisao)

também interessante que uma boa parte da cultura lusitana tinha origem nos povos galaicos/galegos