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  • Hipnotismo
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josecurado
HIPNOTISMO



Definições


O termo "hipnotismo" deriva de "hipnose" e tem origem na palavra grega hypnos que significa sono.

Chama-se Hipnotismo ao conjunto de técnicas que, mediante mecanismos mentais de sugestão, permitem provocar na pessoa:

- Letargia ou sono artificial;

- Catalepsia ou estado especial de rigidez muscular;

- Sonambulismo provocado ou certos actos mais ou menos coordenados (como levantar-se, andar, executar uma tarefa simples, etc.), equivalentes ao automatismo inconsciente que se manifesta durante o sono natural, de que não fica lembrança alguma ao despertar (como acontece com algumas crianças e adolescentes, bem como em histéricos e epilépticos).



Historial


O poder hipnótico existe nos seres humanos desde épocas remotas, mas nunca se soube dar uma explicação racional do fenómeno em si.

Papiros com mais de três mil anos encontrados no Egipto fornecem-nos os primeiros indícios da existência do hipnotismo o que prova que os antigos egípcios o conheciam e praticavam.

O hipnotismo sempre foi confundido com uma espécie de bruxaria. Nos séculos XVIII e XIX, e ainda na primeira metade do século XX, personalidades importantes foram desprestigiadas pelas academias de medicina e de ciências porque dedicaram algum do seu tempo ao estudo do hipnotismo e o utilizaram.

O primeiro investigador conhecido que procurou explicar o fenómeno hipnótico foi Friedrich Franz Anton Mesmer. Ele descobriu o magnetismo animal e envolveu o fenómeno hipnótico nas suas teorias magnéticas.

James Braid substituiu o termo magnetismo por hipnotismo. Braid verificou que, no estado de hipnose, havia no cérebro um excesso de energia não consumida, pelo que definiu o sono hipnótico como sendo um sono nervoso.

Liebault e Bernheim, fundadores da escola de Nancy, deram grande impulso ao hipnotismo científico. Eles estudaram milhares de casos de uma forma minuciosa e sistemática, esclarecendo e demonstrando que o fenómeno hipnótico se produzia unicamente pelos efeitos da sugestão.

Charcot fundou a escola de Salpêtriére. Aqui, Charcot estudou quase exclusivamente pessoas histéricas. Como não possuía grande experiência sobre o hipnotismo, elaborou um conceito errado sobre o mesmo, chegando a afirmar que a hipnose e a histeria eram a mesma coisa. Com efeito, na Salpêtriére, o que se fazia era amestrar as enfermas e não hipnotizar.

Em 1882, Charcot apresentou um relatório à Academia de Medicina de Paris a explicar e a delimitar os três estados fundamentais da hipnose.

Depois de Charcot, o sentimento da perigosidade e do domínio total sobre a pessoa, através do hipnotismo, foi crescendo e para isto contribuíram escritores e cineastas que, nas suas histórias, apresentaram ao grande público estes aspectos, porventura falsos, do hipnotismo. A hipnose caiu na desgraça e no esquecimento. Apenas se ocupavam dela os homens de espectáculo e escassos cientistas.

Durante e após a Segunda Guerra Mundial, que produziu uma enorme quantidade de traumatizados, casos patológicos e de pessoas com alterações psicossomáticas graves, foi necessário utilizar todas as técnicas de terapia mental conhecidas e tornou-se então a recorrer à hipnose.

Nas frentes de batalha, quando faltou a anestesia química, experimentou-se a anestesia hipnótica a qual se revelou eficaz nas operações cirúrgicas e amputações feitas nos soldados feridos em combate.

Actualmente, o hipnotismo está em fase de grande expansão e difusão, havendo mesmo amplos sectores da ciência e da medicina que o estudam e utilizam.



O Fenómeno Hipnótico


A hipnose está relacionada com o sono provocado artificialmente pelos efeitos da sugestão. Submetido à sugestão do sono hipnótico, o sujeito hipnotizado vai mergulhando nele. Foram delimitados três graus de profundidade neste tipo de sonolência:

- 1.º grau - letárgico;

- 2.º grau - cataléptico;

- 3.º grau - sonambúlico.



Teorias do Fenómeno Hipnótico


A hipnose tem sido e continua a ser objecto de diversas teorias. Na verdade, é reconhecido que tendo havido um espectacular avanço na descoberta de métodos e de técnicas no campo da aplicação prática, permanece ainda por explicar, senão totalmente pelo menos suficientemente, todo o processo mental que se desenrola no fenómeno da hipnose. Além disso, não são completamente conhecidos todos os factores que intervêm na composição dum quadro hipnótico considerado em sentido muito mais vasto do que aquele que se apresenta apenas por um operador e respectivo sujeito. Há quem se atreva a falar de hipnoses colectivas o que levanta de imediato acalorados debates entre os prós e os contras. Por exemplo, o fenómeno hitleriano para inculcar na mentalidade germânica os ideais nazis muito dificilmente se entende sem o recurso a um misterioso processo hipnótico de massas em que Hitler foi um poderoso médium.

Num contexto meramente pontual e individual, as teorias do fenómeno hipnótico são as seguintes:

- Patológica, criada por Charcot;

- Projecção do pensamento, defendida pelo filósofo Schopenhauer;

- Dissociação mental, advogada pelo Dr. Janet;

- Fisiológica por repetição de estímulos, da autoria de Pavlov;

- Psicológica, que reduz o hipnotismo exclusivamente a um factor sugestivo;

- Psicanalítica, que o considera apenas um regresso às recordações da infância no subconsciente;

- Psicomagnética, defendida pelo Dr. Álvarez Patiño;

- A teoria de White, para quem tudo isto é comédia e ficção;

- Psicossomática, por fim, definindo a hipnose como um fenómeno puramente sugestivo, conjugado com outro puramente fisiológico de inibição cortical.

A maior parte dos hipnólogos são partidários desta última teoria.



Explicação do fenómeno hipnótico


Tanto quanto se sabe, a hipnose é um fenómeno unicamente sugestivo que segue um processo neuro-fisiológico. Este processo consiste em estabelecer um foco de conexão e, através dele, enviar uma série de estímulos ao córtice cerebral. Estes estímulos activam o córtice cerebral no sentido de comandar todos os centros de inibição. O córtice cerebral fica bloqueado quando atinge a inibição total, produzindo, então, o fenómeno hipnótico.

Através do foco de conexão já estabelecido, pode-se provocar maior excitação no córtice cerebral o que produzirá maior inibição em todas as zonas, sendo este processo que estabelece os diversos graus de profundidade hipnótica.



Os Graus de Profundidade


Praticamente a totalidade dos modernos hipnólogos estabeleceram que são três os graus de profundidade, sendo os restantes estados intermédios.

O sujeito hipnotizado no primeiro grau ou letárgico ainda está consciente e permanece lúcido embora aceite ordens. No segundo grau ou cataléptico e no terceiro grau ou sonambúlico, já obedece mecanicamente às ordens do operador.

Os hipnólogos afirmam que ninguém é obrigado a ser hipnotizado; as pessoas hipnotizadas são-no por sua própria vontade e, uma vez submetidas ao estado hipnótico, apenas aceitam as ordens que estejam de acordo com o seu código pessoal de conduta. Portanto, o processo hipnótico só pode iniciar-se, por princípio, com a autorização subentendida do sujeito. Esta suposta autorização é, pois, o primeiro factor da sugestão.

A letargia é o sono artificial provocado, quer pela sugestão (hipnose), quer por um medicamento (narcose) e caracterize-se por extrema indolência e diversos graus de apatia. A apatia hipnótica, quando atinge o seu ponto máximo, chega a provocar a insensibilidade à dor. Por isso, o hipnotismo é usado como substituto de substâncias químicas analgésicas e anestésicas. Paralelamente, em caso de ferimentos, dá-se a diminuição substancial de hemorragias e até mesmo o seu estancamento.

A catalepsia é um estado de plasticidade motriz no qual o paciente conserva as atitudes que o operador lhe imprime (flexibilidade cerosa). A rigidez muscular surge automaticamente logo que o paciente é submetido a uma força tendente a contrariar a atitude ou postura que lhe foi ordenada pelo hipnotizador. Esta rigidez muscular é tão forte que um sujeito hipnotizado neste grau e apoiado horizontalmente apenas com as espáduas e os calcanhares em duas cadeiras consegue suportar o peso de outra pessoa sobre o abdómen.

O sonambulismo provocado é muito semelhante ao automatismo inconsciente que se manifesta durante o sono, sobretudo em crianças e adolescentes, em histéricos e certos epilépticos, por actos mais ou menos coordenados, como levantar-se, andar, executar uma tarefa simples, etc., de que não fica lembrança alguma ao despertar.



Quem Pode Ser Hipnotizado


As pessoas muito primitivas são facilmente sugestionáveis devido ao seu elevado grau de crendice cuja vivência de corre num contexto anímico. Entretanto, podemos garantir que todas as pessoas normais, mesmo as que possuem um elevado grau de cultura, podem ser hipnotizadas. Todos somos sugestionáveis. Assim, o sucesso da hipnose sobre um determinado sujeito é apenas uma questão de paciência, tempo e competência do hipnotizador.



Quem não Pode Ser Hipnotizado


Os oligofrénicos, isto é, os que sofrem de atraso ou perturbações mentais, são as únicas pessoas no mundo a quem é completamente impossível hipnotizar, nomeadamente se possuírem ideias fixas ou centradas num único objectivo de carácter idealista ou fanático.



Quem Tem Poder para Hipnotizar


Em virtude de o hipnotismo ser actualmente considerado uma ciência oficialmente aceite ou pelo menos tolerada, difundida em todo o mundo, existe uma infinidade de cursos de hipnotismo à disposição dos interessados. Efectivamente, muita gente enceta um curso desses. Poucos chegam concretamente ao fim e só um reduzido número se pode gabar de ser realmente capaz de hipnotizar.

Não chega o simples querer. Só hipnotiza quem possui certos dons à partida e os desenvolve ao longo de um curso apropriado. Como qualquer estudo na área do esotérico, também o hipnotismo exige muito trabalho mental e treino prático para se atingir o sucesso. Ora, é justamente aqui que se encontra o maior problema: concentração mental é coisa que muito pouca gente se dispõe a exercitar. Evidentemente, os vendedores de cursos de hipnotismo não informam com clareza esta condição aos potenciais compradores, antes sugerindo que é coisa fácil e ao alcance de qualquer pessoa. A verdade só iria comprometer o negócio. Acresce que o hipnotismo envolve segredos de ordem técnica e ética que os mestres nunca revelam publicamente nem o dão a conhecer a quem não tenha merecido prévia confiança. Por outras palavras, os genuínos processos de hipnotismo não estão à venda nestes cursos de cariz tão popular. Logo, o que está à venda, em matéria de cursos de hipnotismo, só serve para os curiosos incautos que sonham exercer, facilmente, poder mental sobre os outros.

O verdadeiro, autêntico e genuíno hipnotismo permanece na área do Esoterismo e respectiva Iniciação em que os estudiosos terão de desenvolver um árduo trabalho de concentração e auto-controlo ao longo de alguns anos até conseguirem colher os primeiros frutos. Tudo o mais, como diz White, «é comédia e ficção» (e espectáculo, acrescentamos nós) onde impera a sugestão primária sobre sujeitos colaboracionistas ou psicologicamente fragilizados.

  Entretanto, existem aspectos do hipnotismo prático que são perfeitamente acessíveis e relativamente fáceis de dominar para quem lhes dedique empenhado interesse e algum do seu precioso tempo.



Utilização do Hipnotismo


Actualmente, utiliza-se o hipnotismo em variados campos. Eis alguns exemplos:

- No desporto, aplicando métodos de relaxação hipnótica.

- Na pedagogia, para produzir maior concentração mental e aumentar o nível de aproveitamento escolar dos alunos.

- Nos institutos de beleza, para a estética cutânea, revitalizando a pele e ajudar a fazer desaparecer as rugas do rosto.

- Nas clínicas dentárias e médicas, para extracção de dentes sem dor nem sangue, na cirurgia e na obstetrícia.

- Na psicologia e na psiquiatria, para descobrir e corrigir traumas psicológicos através das regressões, para eliminar todo o tipo de vícios, hábitos e tendências perniciosas para a saúde. O hipnotismo cura um elevado número de enfermidades que não sejam de origem somática como, por exemplo, dores de cabeça e de dentes, enjoos, insónias, gaguez, etc.

- Na investigação científica da mente, para estudar e conhecer o ser humano e todos os fenómenos parapsicológicos de percepção extra-sensorial.

- Nos treinamentos militares, para superação pessoal do ser humano como, por exemplo, aclimatação a baixas ou altas temperaturas, mudanças bruscas de velocidade, forças centrífugas, etc.



Pode o hipnotismo ser utilizado para obrigar alguém a praticar o mal?


Quando, em hipnologia, falamos de sono num indivíduo hipnotizado, referimo-nos ao sono hipnótico e não ao sono fisiológico.

O sono hipnótico é um estado de vigília durante o qual são dadas ao sujeito hipnotizado as sugestões oportunas como se estivesse normalmente desperto. O sujeito hipnotizado pode aceitar ou rejeitar as ordens que lhe são dadas, consoante a sua própria e exclusiva vontade. Todas as pessoas que se comportam realmente mal na vida, fazem-no porque as satisfaz comportarem-se assim, estejam ou não hipnotizadas. A uma pessoa que não seja ladrão ou assassino em potência nunca se poderá obrigar, através da hipnose, a cumprir uma ordem de roubar ou matar outra pessoa.

Os nossos códigos de conduta moral, uma vez estabelecidos, são profundamente gravados no subconsciente, desde que nascemos e dia após dia, por meio de um processo mental consciente em que intervêm a educação, os valores morais, éticos, legais, etc., reconhecidos e veiculados pela civilização, pela cultura, pelos costumes e por normas de convívio social em que o respeito pelos outros é condição essencial para que sejamos respeitados. Nas ordens dadas sob hipnose, tudo o que contrarie os códigos de conduta moral inculcados na mente, encontra de imediato uma oposição declarada pelo subconsciente e, assim, o hipnotizado simplesmente não obedece às ordens do operador.

Porém, na defesa pessoal de convicções e ideais num contexto colectivo, o caso poderá mudar de figura. Existem muitas maneiras de defendermos as nossas convicções e uma delas pode emergir por via da sugestão que se aloja no subconsciente, o que traz à tona a questão sobre a possibilidade da hipnose colectiva. Há muita gente receptiva que é sugestionada para defender convicções recorrendo à violência física, agredindo e até assassinando os opositores. Nestes casos, num sujeito hipnotizado neste sentido, essa tendência violenta será fortemente favorecida porque o subconsciente não oferece qualquer resistência, pelo contrário, reforçará a ordem dada. Mas aqui, também o hipnotizador é grandemente responsável e só levará a cabo esse processo hipnótico se possuir uma mente totalmente destituída de ética. Os hipnotizadores dignos desse nome possuem códigos deontológicos precisos que tornam remota tal possibilidade.

Mas... e a auto-hipnose?



A Auto-Hipnose


Sim!

Por incrível que pareça, todos nós possuímos a faculdade mental de nos hipnotizarmos a nós próprios, seja sob orientação exterior de um hipnólogo experimentado e competente, seja por motivação interior reagindo a determinados estímulos exteriores. Este é o lado sombrio do fenómeno hipnótico, mal conhecido porque não é perceptível.



A Auto-Hipnose Positiva


A auto-hipnose é uma técnica importantíssima para nos superarmos a nós próprios, para nos podermos controlar quando assim o desejamos e conseguirmos o nosso ritmo pessoal, harmonizando a mente e o corpo. Esta técnica é a mais eficaz para eliminar as tensões nervosas e a dispersão mental e conquistar a máxima relaxação psicofísica e a perfeita concentração das ideias. Esta técnica não é difícil nem perigosa. É uma maneira de controlar mais facilmente as crianças, os jovens, e mesmo os adultos.

Existem oradores, conferencistas, pregadores, etc., que utilizam a auto-hipnose antes de enfrentarem o auditório. Futuramente, a maioria das pessoas que terão de enfrentar o público, de fazer um esforço psíquico ou físico, virão a ser praticantes desta ciência e, assim, chegarão a dominar-se individualmente através desta poderosa arma que todos temos dentro de nós: a auto-hipnose.

Por meio da auto-hipnose, a humanidade aproximar-se-á mais da autêntica perfeição e os seus membros se transformarão em super-homens.

(Até onde chega o optimismo dos adeptos do hipnotismo!)

A auto-hipnose, para ser levada a bom termo e ser de facto positiva, precisa da orientação de hipnólogos experimentados e competentes (mais um negócio em perspectiva?). Caso contrário, cair-se-á na auto-hipnose pura, individualista e solitária, onde não haverá qualquer controlo porque os auto-hipnotizados nem sequer têm consciência do estado em que se encontram.



A Auto-Hipnose Negativa


A auto-hipnose negativa é aquela que o sujeito produz quotidianamente sobre si próprio, solitariamente, obedecendo a estímulos exteriores, sem qualquer controlo e sem que disso tenha consciência.

O ocultismo maléfico (uma praga actual) desenvolve um enorme esforço para manter a quase totalidade dos humanos num estado mental que os impeça de se aperceberem do real. É por este processo e não outro que se concretiza o hipnotismo colectivo das massas.

Por outro lado, o esoterismo benéfico desenvolve um esforço incomparavelmente maior para libertar humanos desse sono inconsciente. Mas a luta é desigual: é muito mais fácil, e não é preciso esforço algum, para se cair na auto-hipnose negativa, porque todos a possuímos naturalmente dentro de nós e ela medra copiosamente no mundo profano.

Ouçamos Gurdjieff, grande mago do Ocultismo:

«O homem vulgar está constantemente num estado de inconsciência semelhante ao sono (hypnos). É ainda pior, porque no estado de sono (sono fisiológico) ele fica totalmente passivo, enquanto no estado de pseudovigília (sono hipnótico) pode actuar. Mas as consequências dos seus actos repercutem-se sobre ele e sobre o seu meio e, entretanto, ele não tem consciência de si mesmo. Não é mais do que uma máquina: tudo chega até ele. Não pode controlar os seus pensamentos, nem a sua imaginação, nem as suas emoções. Vive num mundo subjectivo, ou seja, num mundo feito do que ele acredita amar ou não, desejar ou não. Ignora o Real. O mundo autêntico é-lhe ocultado pelo muro da sua imaginação. Ele vive no sono.

»Como acordar? É o problema vital para todo o humano digno desse nome. O esforço e a reeducação devem começar pela convicção de que está a dormir. Logo que ele tenha não só compreendido como comprovado que não se conhece verdadeiramente e que a análise de si mesmo constitui o primeiro passo no sentido do verdadeiro despertar, ele terá vencido a primeira barreira.

»Mas o homem mecanizado não pode acordar por si mesmo. Ele precisa de ser "ajudado" por um homem que não esteja adormecido. Esse "instrutor" é absolutamente indispensável.»

Para ilustrar o seu ensinamento, Gurdjieff contou aos seus discípulos a seguinte parábola:

«Era uma vez um mágico rico e avaro que possuía numerosos rebanhos de carneiros. Não contratou um pastor nem fechou os pastos. Os carneiros meteram-se pelos bosques, caíram pelas ravinas e fugiram à aproximação do mágico porque suspeitaram do que ele faria à sua carne e à sua lã.

»No entanto, o mágico encontrou a solução: hipnotizou os carneiros e convenceu-os em seguida de que eram imortais e que esfolá-los lhes fazia bem à saúde. Em seguida, convenceu-os de que ele era um bom guia, que era capaz de todos os sacrifícios pelos seus queridos carneiros a quem tanto amava. Depois disso, o mágico meteu na cabeça de cada carneiro que uns eram leões, outros águias e outros até mágicos. Feito isso, o mágico conseguiu o que queria. Os carneiros ficaram definitivamente amarrados aos respectivos rebanhos; eles esperavam com serenidade o momento em que o mágico os tosquiasse e cortasse as goelas.»



A Gnose Esotérica e o Hipnotismo


A hipnose é um estado de consciência alterado, com o consentimento do sujeito hipnotizado, mediante meios e técnicas de sugestão. O adepto gnóstico, em princípio desperto, não consentirá alterações à sua consciência mental, pelo que apenas aconselhamos o recurso ao auto-hipnotismo positivo moderado.



J. Curado