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  • "Cidades dos mortos" nas rotas turísticas
    Iniciado por Ghost.Hunter
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Os cemitérios portugueses são o novo filão do turismo, considerado exótico e negro, que ganha cada vez mais adeptos, em busca destes espaços para admirar jazigos ou assistir a simples velórios. O principal público é estrangeiro, oriundo do Norte da Europa e da Ásia.



Se amanhã, feriado de Todos os Santos, um desconhecido estiver junto de uma qualquer campa, isso é turismo cemiterial. Mais concretamente, uma vertente do denominado "Turismo Negro", que inverteu a prática corrente de encarar aqueles espaços como locais de dor e tristeza, reservado à família.

Os cemitérios portugueses estão entre os mais ricos em termos de oferta de arte romântica - pleno século XIX - , aponta a Associação dos Cemitérios Importantes da Europa (ASCE), sendo procurados por turistas do Norte e Centro europeus ou asiáticos, pouco habituados à exuberante arquitectura cemiterial lusa.

Contudo, à excepção do Porto e de Lisboa, onde este fluxo turístico tem cada vez maior representatividade, os municípios, gestores destes espaços, tendem a minimizar a sua importância. Sinal disso é que, em Portugal, só o Prado do Repouso e o Agramonte, no Porto, integram a Rota Europeia de Cemitérios. E em Lisboa existe o único museu nacional cemiterial.

Segundo Gilberto Coralejo Moiteiro, docente de Património Cultural no Instituto Politécnico de Leiria, "as autoridades deverão acrescentar às suas preocupações tradicionais a criação de condições propícias às novas funções turísticas que os cemitérios têm vindo a assumir".

"As vantagens económicas e patrimoniais que estes novos usos potenciam devem ser capazes de activar uma cadeia de acções de valorização do património, que passam pela investigação, protecção legal, conservação e interpretação, por forma a dotarem aqueles espaços fúnebres dos meios de resposta indispensáveis à procura turística e de lhes devolver simultaneamente o respeito e a dignidade que a sociedade espera ver neles", explica.

Fluxo turístico visto como macabro

As origens da procura são bastante recentes, daí a morosa assimilação pelos principais responsáveis do sector turístico. "Alguns estudiosos do fenómeno do turismo cemiterial tenderam a classificá-lo de 'Negro', dado constituir, para boa parte das pessoas, uma prática macabra ou mórbida", refere Gilberto Coralejo Moiteiro, traduzindo as causas da apreensão: "A relação do homem com os cemitérios é antiga e assenta em factores de ordem espiritual, associada ao culto dos mortos. Aliás, como ainda é possível verificar, pelo menos no campo da catolicidade, no costume de visitar os cemitérios no Dia de Finados".

"O cemitério é antes de tudo um espaço de representação do morto, não um espaço da morte. Os que lá vão (turistas) querem saber quem foi o morto e como esse morto queria ser conhecido após sua morte, como seria sua biografia na eternidade. Portanto, o espaço cemiterial é dialéctico nesse sentido", disse, por outro lado, ao JN, Eduardo Morgado Rezende, geógrafo cemiterial brasileiro, autor de "O Céu aberto na Terra".

Fonte:JN
Ghost Hunter PT
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