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  • Dália Negra, a história por trás do filme
    Iniciado por MissTiny
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Elizabeth Short

A conexão entre a vida de Elizabeth Short e o cinema foi marginal, mais um sonho não realizado do que qualquer outra coisa. Até a morte da moça. Aos 22 anos de idade, a jovem que saiu de Massachusetts para "conquistar Hollywood" foi brutalmente assassinada, num caso jamais esclarecido pela polícia. Quando uma menina que ia para escola ao lado da mãe, às 7h45m do dia 15 de janeiro de 1947, afirmou ter visto num terreno baldio uma boneca, nascia o caso Dália Negra. Num de seus mais supreendentes relatos a respeito dos bastidores de Hollywood, o escritor Kenneth Anger descreve no livro de fofocas cinematográficas "Hollywood Babylon II" o que depois de quase 50 anos permanece sendo um dos maiores mistérios de Hollywood. Caso que serviu de inspiração indireta para dois filmes, "True Confessions" (1981, com Robert Duvall e Robert De Niro) e " Dália Negra ", de Brian De Palma.

A longa-metragem mais recente, com Scarlett Johanson no elenco, alude directamente ao livro homónimo de de James Ellroy . Mas guarda muitas semelhanças com a história original, relatada por Anger, embora a trama principal corra paralelamente ao caso policial. De Palma foi às origens do mistério, como se constata no "Babylon II". Impressiona, por exemplo, a incrível caracterização da Dália, moça de cabelos negros e olhos azuis que costumava se vestir de preto - daí o apelido - e que foi fielmente encarnada pela atriz Mia Kirshner. O longa também traz as principais - e assustadores - características do crime ( as fotos são fortes ). Estão no filme e no caso real as tenebrosas mutilações que fizeram o belo corpo da jovem - que seria prostituta, segundo o "Hollywood Babylon II", embora biógrafos neguem - ficar parecido com o de uma boneca quebrada. Também estão nos dois as condições em que o corpo foi encontrado: limpo, com o sangue drenado, ainda que dividido em duas partes.

Mais de 50 homens assumiram, falsamente, o assassinato.

Mas "Babylon II" conta ainda mais detalhadamente a tragédia e mostra porque além de notório pela barbaridade o crime acabou revelando mais da crueldade que se supõe imperante no mundinho do cinema nos EUA. Por exemplo: sabe-se, pelo livro, que mais de 50 homens "assumiram" a autoria do crime. Que estranho interesse pela prática de um acto tão escabroso, não? O livro revela ainda outros inimagináveis requintes: o assassino torturou a moça por três dias e pintou o cabelo dela com henna, para, depois, lavá-lo, possivelmente com a intenção de despistar a polícia. Ideia, aliás, digna de tramas cinematográficas, o que faz aumentar a suspeita, disseram investigadores na época, de que o assassino poderia estar entre os supostos clientes da moça, alguns altos funcionários de grandes estúdios.

A série de livros "Babylon" é um sucesso underground, odiado pelos artistas e seus descendentes, mas adorado pelo público. Foi publicado originalmente em 1959, mas ganhou novas versões a partir de 1984. Entre os sórdidos escândalos que relata estão a careira deslizante do ex-presidente Ronald Reagan e relatos de sua mudança de personalidade após se casar com Nancy, a paixão de Elizabeth taylor pelo álcool - com as respectivas e chocantes fotos da atriz muitos quilos mais gorda do que jamais se viu - e os muitos supostos envolvimentos de astros com drogas. Sobra até para Carmen Miranda, quem, segundo Anger, guardava cocaína no salto do sapato. Brian De Palma leva as coisas bem mais leves.


Fonte:
Rodrigo Pinto - O Globo Online