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  • Crónica de uma suspeita falhada ( vou também postar aqui)
    Iniciado por Templa
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Hoje foi dia de ler alguns dos milhentos emails da minha caixa do correio. Ao abrir um apanhei um susto valente. Um que me obrigou a ir ligeira a uma livraria e folhear avidamente o conteúdo de um livro.  Não era nada de mais, como eu, quase compulsivamente, tinha pensado. Gato escaldado de água fria tem medo e eu sentia-me assim, escaldada. Mas a escrita era do dono, e o dono não era eu, embora o dono tenha coisas escritas por mim. Não lhas dei, nada disso. A escrita nunca se dá, é sempre nossa, mesmo que o leitor a tenha comprado. Apenas lhe tinha dado o direito de a ler a seguir a mim, tão só.

E ele agora escrevera um livro, não sabia eu com que escrita, com que ideias, com que competência.

Foi ao fim da tarde. O dia correra-me bem. À hora do almoço tinha conseguido dar rumo a um extraterrestre, o número 22/4, especado em frente a um repórter de televisão, sem ele nem eu, nem ninguém, sabermos o que fazer. Não pegava na história desde sexta-feira por causa disso, não tinha atitude para a criatura, nada. Estava mais ou menos emerdada, embaraçada, e hoje, com um simples toque, resolvi a questão, dei acção ao homenzinho e a toda a gente. Já tinha um fim delineado, mas a forma de lá chegar demorava. Mas, felizmente, tudo ficou no trilho, embora eu não saiba para que escrevo e para quem o faço e até por que o faço.

Depois, ao fim da tarde, largo desenfreada, vou à primeira livraria e nada de livro, estava na segunda e lá vou eu, com encomenda reservada em nome de Laranjalima, ou Rafaela Plácido, ou outro nome qualquer dos meus do mundo virtual.

No fim, após algum tempo de leitura, não havia pecado e se houve algum foi o meu, quando quebrei a dieta com aquela sanduíche vegetariana de pão integral barrado a maionese, com cenoura, couve roxa, tomate, alface e queijo magro, grande como o tamanho da minha fome. Todo o resto era a inocência de quem gosta de escrever e partilhar a escrita, a única maldade ali era a minha, uma gata escaldada e com medo de água fria.

Era hora de regressar a casa, depois de ver duas ou três montras no Cidade do Porto e ir à casa de banho, enquanto pensava, pela milionésima vez, que uma sanita às vezes é mais preciosa do que cem milhões de euros no bolso, embora eu nunca tenha tido dentro do meu nem a milionésima parte, até me falta arcaboiço para abarcar tanta grandeza de milhões!...

Entretanto, comprei limões na Rotunda da Boavista, espantei a vendedora com a viagem que eles iam fazer comigo e cheguei a casa uma hora mais tarde.

Quando me sentei ao computador, não tendo temporariamente Net, decidi matar o tempo e aguardar esse bichinho já com um lugar cativo na minha vida, enquanto dava para aqui duas de escrita, hoje e quando estou nos meus dias.

O livro, esse é tal e qual o dono, sem tirar nem pôr: enigmático e cheio de entrelinhas. Boa pessoa, contudo. E só o conheço pela Net. Vou ver se ela já chegou...


Templa






PS - Isto foi quando eram 21h58m   do dia 24/04/2010




Templa - Membro nº 708

#1
muito bom!gostei muito! principalmente da descrição da sandes:"aquela sanduíche vegetariana de pão integral barrado a maionese, com cenoura, couve roxa, tomate, alface e queijo magro,"
nham,nham ;D

#2
Mesmo assim, fiquei com remorsos. Não era suposto eu comer aquele pão todo, ainda por cima com um cheirinho a maionese.

Beijinho
Templa - Membro nº 708