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  • Estou bem perdida
    Iniciado por Cassandra
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CitaçãoCapitão Barbossa: Aye, agora estamos bem perdidos.
Elizabeth Swann: Perdidos?!
Capitão Barbossa: Por certo temos de nos perder se queremos encontrar um sítio que não foi encontrado, caso contrário toda a gente saberia onde ele fica.
Piratas das Caraíbas

O medo de nos perdermos é algo que aflige. Dizem-nos que perdermo-nos é darmos connosco em sítios desconhecidos e perigosos. As antigas histórias infantis reflectiam esses medos, colocando as personagens em situações em que se viam perdidos em bosques escuros e assustadores, onde se viam a braços com toda a espécie de perigos.

Estar perdido é mais um dos ramos do medo, vivênvia mal vista e mal compreendida na sociedade. Não se percebe porquê, por um lado ter uma certa dose de medo é um dos motores da sobrevivência, por outro lado toda a história de sucesso do Homo Sapiens dependeu da decisão de pequenos grupos de se irem perder noutras terras e de irem enfrentar o desconhecido.

Se nunca ninguém tivesse tido vontade de se perder, nunca teríamos saído do local onde aparecemos. De igual forma, se formos sempre pelos mesmos caminhos veremos sempre as mesmas coisas. Muitos dirão "ao menos é seguro", agarrando-se ao medo paralisante do desconhecido - mas quem disse que seguir outro caminho é necessariamente perigoso? Pode ser, pode não ser. Por vezes, caminhos são apelidados de perigosos apenas porque alguns não querem que eles se tornem conhecidos.

Em tudo neste vida é preciso alguma sensibilidade e bom senso para tomar a melhor decisão.
Ninguém diz que se deve ir sem considerar os riscos, porque isso também não é ser inteligente. Uma coisa é o medo descontrolado que se torna paralisante, outra coisa é a dose certa de medo, aquela impressão na nuca que nos diz que o melhor é estarmos quietos - vale a pena ouvir estas impressões, elas costumam dar bons conselhos.

Um exemplo de como pode correr mal o não dar ouvidos a estas impressões na nuca é este: conheci uma rapariga que estando a percorrer um caminho no mato, decidiu que em vez de ir pelo caminho traçado podia encurtar uns quilómetros e ir a corta-mato. Ela bem viu que havia ali umas silvas, e até pensou que aquilo podia correr mal, até porque não conseguia perceber a dimensão do matagal de silvas para que estava a olhar. Mesmo assim, tendo em vista a poupança de quilómetros, avançou. E percebeu que devia ter dado ouvidos à impressão na nuca quando se viu embrenhada nas silvas até à cintura.

Numa outra nota, isto é outra coisa que devemos aprender sobre os caminhos - experimentar perdermo-nos noutro caminho é uma coisa, fazer corta-mato é outra. Não há atalhos na vida, seja lá qual seja o caminho escolhido ele deve ser feito na sua totalidade. Pensar que se pode ignorar os espinhos das silvas na expectativa de poupar uns quilómetros não dá bom resultado. Foi assim neste caso particular, é assim na generalidade da vida.

Como dizia, é preciso sensiblidade e bom-senso para ir aferindo em cada bifurcação se há um perigo real em experimentar algo novo (como um matagal de silvas sem fundo à vista) ou se apenas querem incutir a ilusão de perigo para impedir que se vá por ali - às vezes põe uma ou duas silvas no princípio do caminho só para dar a entender que por ali não é boa ideia. Tudo truque, até as silvas são de plástico! Passadas as duas imitações vemos não há nada de perigoso nesse caminho.

Sobretudo, o que é preciso é ter um objectivo. Não há sentido de orientação, sensibilidade ou bom-senso que resistam à falta de objectivo, de um destino. Mas, de outra forma, o destino também pode ser definido pela negativa, como diria José Régio "não sei por onde vou, não sei para onde vou, sei que não vou por aí" - é comum serem-nos apresentadas as alternativas "boas" e "correctas". São sedutores, estes caminhos. São visivelmente confortáveis e seguros, e não há que ter qualquer problema em seguir a multidão e percorrer estes caminhos, desde que eles sejam certos para nós. De igual forma, não deve haver problema em admitir que eles não servem a todas as pessoas. Alguns de nós sentem-se deslocados ali, sentem que deveriam estar noutro lado qualquer que não ali. Custa deixar esses caminhos, pois muitos dirão para não o fazer.

Às vezes os saltos de fé são apenas loucura, às vezes só parecem loucura. E loucura é não ter um objectivo, e ir só porque sim. Loucura é aceitar um objectivo apenas porque nos dizem que aquilo é que é bom, mesmo que já tenhamos experimentado e já tenhamos visto que é capaz de ser, mas não para nós.

Se não há um objectivo definido, é preciso procurá-lo. Em havendo objectivo, o caminho revela-se. Em querendo um objectivo, o caminho revela-se.

E se o objectivo foge à norma, perdermo-nos vai ser inevitável.
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)

#1
Então e quando estamos perdidos e já terminamos o caminho ?  

Será uma viagem em vão ... quando se termina o caminho  ...cheio de silvas e pedras no sapato... cheio de feridas e arranhões , transpirados e exaustos....  carregado de coisas ....ninguém consegue passar pela porta estreita.



Eu acho que o mais importante é tirar peso durante o caminho... mesmo perdidos andamos leves..... com menos peso conseguimos ver para retirar outras coisas que vão incomodando como o peso , silvas ou pedras no sapato.....


Não é que a leveza alivie muito .... mas em vez de queremos a continuar ser grandes vamos reduzindo um pouco passo a passo.
No fundo admitindo ou não , somos todos como um cubo de gelo num Oceano.... quando derretemos chegamos a casa.

Na verdade o caminho está feito ... perder-se está ao alcance de todos ... mas todos os caminhos vão lá dar ! Nem que seja a Vida a dar Lições constantes afim de nos reduzir .... Já Jesus dizia: "o Mais pequeno dos Homens será o maior aos olhos do meu PAI"
A verdade doi, mas liberta

Quem terminou o caminho já se perdeu e já chegou onde tinha de chegar. Assim sendo, quem chegou ao fim do caminho já não está perdido.

Citação de: KALKI em 28 setembro, 2017, 17:40
Será uma viagem em vão ... quando se termina o caminho  ...cheio de silvas e pedras no sapato... cheio de feridas e arranhões , transpirados e exaustos....  carregado de coisas ....ninguém consegue passar pela porta estreita.
Na minha opinião, isto não acontece - terminar o caminho carregado de coisas. Não faz sentido. O caminho de que falo só se faz precisamente quando se larga o lastro, e sendo assim, quem chega ao fim não vai pesado, dorido e cheio de feridas. Pelo contrário, chega leve e satisfeito. Tal como aqueles que correm por gosto - o cansaço físico é largamente superado pela satisfação de ter corrido e por isso torna-se irrelevante.

Citação de: KALKI em 28 setembro, 2017, 17:40
Na verdade o caminho está feito ... perder-se está ao alcance de todos ... mas todos os caminhos vão lá dar ! Nem que seja a Vida a dar Lições constantes afim de nos reduzir .... Já Jesus dizia: "o Mais pequeno dos Homens será o maior aos olhos do meu PAI"
O problema de se falar no geral é que podemos acabar a falar de coisas diferentes.

Dentro daquilo a que eu me estou a referir, definitivamente, nem todos os caminhos vão "lá" dar. Essa do "todos os caminhos vão dar a Roma" é uma fantasia bonita, mas como se pode facilmente constatar através de um mapa, a maioria dos caminhos neste mundo não vai dar a Roma.
Da mesma forma, a maioria dos caminhos não vai "lá" dar, isso também é facilmente visível pelo modo como o mundo vai correndo.
Um caminho pode ser o correcto/apropriado para alguém, e certamente o caminho termina em algum lugar. Mas isso não quer dizer que esse caminho vá "lá" dar.

São coisas diferentes. "Lá" não é um destino de chegada qualquer, é "O" destino.
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)