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  • Meditação ou outra coisa?
    Iniciado por Fingarfan
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A meditação é uma prática que, através de um conjunto de técnicas, busca treinar a focalização da atenção. Sua origem é muito antiga, remontando às tradições orientais, especialmente a yoga e o budismo, mas o termo também se refere a práticas adotadas por algumas religiões, como o cristianismo, o judaísmo, o islamismo, o taoísmo e o xamanismo, entre outras.

A palavra meditar tem origem no latim mederi, que significa "tratar, curar, dar atenção médica a". O termo em páli utilizado para referir-se a meditação é bhavana, que significa 'cultivo
- Fonte, Wikipédia.


O conceito de meditação é um velho conhecido nosso. Aconselhada por muitos, tem-se tornado uma ferramenta cada vez mais comum para acalmar a mente em situações stressantes e para potenciar o bem estar e a concentração. No entanto não é isenta de críticas e muitos apontam-lhe falhas. Nalgumas dessas falhas podemos encontrar a vulnerabilidade face a entidades externas por exemplo.

No entanto os benefícios são gerais e aceites por muitos. Acalma os batimentos cardíacos, ajuda a desenvolver técnicas de controlo de respiração e de presença no momento.

Entre os vários tipos de meditação encontramos grandes variedades. Temos meditações para entrarmos em comunhão com Deus e com o sagrado. Meditações tibetanas ou índias para transmitir paz interior. Entre uma miríade quase infinita de exemplos.

Agora, outro aspecto que acrescento vindo da minha experiência própria. Perdoem-me os moderadores mas este termo vou apresentá-lo em inglês porque não tem nenhuma tradução exata para português. Mas se for caso disso, podemos lhe chamar "naturalidade".

Ora, o termo é o de Flow. Isto, para quem ainda não está familiarizado é aquilo que os atletas sentem quando estão no auge do seu potencial. É este, a meu ver, o ponto alto da capacidade humana. Este estado, criado por situações de adrenalina, extase ou até auto-induzido, é capaz de nos fazer moldar o mundo. A realidade desfaz-se e os limites do possível deformam-se. É este estado que define a experiência de quem se entrega totalmente ao momento e vive no instante. É uma aproximação infinitesimal, por assim dizer, à equação da fonte.

É com vista a este estado, que eu incluo na caixa semântica da palavra meditação, que "medito" através do movimento ou através da procura de consciência plena do que estou a fazer no instante. A imagem matemática mental que formulei disto é como um cálculo por aproximação a uma área, infinitésima, que concentra toda a informação - ou então, a origem do referencial definido pelo número de variáveis igual ao numero de dimensões onde nos encontramos. Mas isto pouco relevo tem para a história, é apenas a tentativa de interligar conhecimentos matemáticos com este tema por pura curiosidade.

A questão que agora coloco é, poderá este estado de flow - "naturalidade" - ser considerado meditação? Estará ele sujeito às mesmas críticas ou apresenta-se como uma solução diferente? Agir no momento presente, estar consciente dele e ser intuitivo nas respostas dadas pelo nosso organismo ao meio envolvente, a todos os níveis. Isto envolve desligar a perceção controlada da mente, mas deixá-la aberta a processar todos os estímulos e agir conforme esses estímulos.

Poderá essa vulnerabilidade acrescida, aliada duma capacidade exacerbada para resolver problemas, apresentar a solução per se para resolver a questão da proteção e da necessidade de barreiras?

Fica a questão.
"To have faith is to trust yourself to the water. When you swim you don't grab hold of the water, because if you do you will sink and drown. Instead you relax, and float." - Alan Watts

     O estado mental que relata e que é provocado pelo flow nada mais é que o estado mental proporcionado por uma droga que é usada por alguns indígenas do Chile.

     Ora se uma droga consegue provocar ligações entre neurónios que conduzem a esse estado, que é um estado ilusório, quem garante que quem pratica o flow não faz o mesmo (alterar ligações entre neurónios) pela força de vontade?

     O que julga ser um estado mental, pode mais não ser que um sonhar acordado por estar a religar neurónios. Ser portanto uma ilusão.

Citação de: F.Leite em 30 abril, 2017, 01:28
     O estado mental que relata e que é provocado pelo flow nada mais é que o estado mental proporcionado por uma droga que é usada por alguns indígenas do Chile.

     Ora se uma droga consegue provocar ligações entre neurónios que conduzem a esse estado, que é um estado ilusório, quem garante que quem pratica o flow não faz o mesmo (alterar ligações entre neurónios) pela força de vontade?

     O que julga ser um estado mental, pode mais não ser que um sonhar acordado por estar a religar neurónios. Ser portanto uma ilusão.

Sim, tem essa ligação com as drogas usadas pelos indígenas. No entanto o sonhar acordado poderá também não ser nada mais do que aquilo que achamos que é real. Está tudo no prisma com o qual olhamos. E assim poderíamos continuar e nenhuma resposta seria alcançada.

A conclusão a que chego com isto é que, seja qual for o estado ilusório ou verdadeiro onde habito, é onde pertenço nesse instante. Pensar doutra forma é destruir toda a minha experiência em qualquer um desses estados. A dúvida fará a sua quota na experiência humana mas a aceitação também outra parte.

E aceitação envolve o reconhecimento de todos os estímulos existentes. E o reconhecimento desses estímulos existentes leva a uma consciência do momento atual. Isso não envolve o desligar desta "realidade", se assim o quisermos chamar. Aliás, pela lógica, envolve uma maior aproximação com os estímulos proporcionados por essa realidade.

Penso que esteja a interpretar as minhas palavras sobre o estado de flow num sentido de alucinação, o que não é de todo o que estou a propor. O que estou a propor envolve, pelo contrário, uma aproximação mais forte com o momento consciente.
"To have faith is to trust yourself to the water. When you swim you don't grab hold of the water, because if you do you will sink and drown. Instead you relax, and float." - Alan Watts

#3
Compreendo perfeitamente o que dizes. Eu também não sei bem se o que faço é meditação, mas para simplificar é isso que lhe chamo.

Se fico a pensar nesta questão durante muito tempo, lembro-me de Buda e dos seus estados meditativos.
Buda meditava e procurava respostas, mas a meditação dele não consistia em "não pensar em anda" ou em "fazer um lugar especial para descansar a mente", que são as associações actuais que se fazem à meditação.
A meditação de Buda era activa, sendo aparentemente uma actividade passiva, desligava-se do mundo para se libertar das ilusões e amarras e foi nesse estado que compreendeu qual era a verdadeira natureza do mundo.

Tendo em vista o exemplo de Buda, respondo à tua questão: sim, é meditação.

Não encontro fraquezas na meditação, apesar de reconhecer a existência de influências. Elas fazem parte do mundo e não é possível fintá-las. Evitar meditar por causa delas? Porquê? Elas vêm de qualquer modo.

O que faço enquanto medito tem mudado, não segue nenhum guião. É algo que neste momento me é tão fundamental como água ou respirar.
Os seus efeitos têm sido mais do que positivos, é através dela que tenho aprendido a lidar com uma série de coisas, incluíndo as ditas influências.

"Tratar, curar, dar atenção médica a" - é isto para mim a meditação, curar, até num sentido mais abrangente que apenas a cura pessoal.
"Cedo ou tarde você vai perceber, como eu, que há uma diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho". 
(Morpheus, The Matrix)