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  • Lulea - A cidade sueca do Facebook
    Iniciado por cleopatra
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Luleå, a cidade sueca onde o Facebook guarda os seus segredos

02.06.2014

Em 2013, Luleå, uma cidade sueca, próxima do Círculo Polar Ártico, inaugurou o primeiro centro de dados do Facebook, na Europa. Correu tão bem que um segundo está já em construção


O Centro de Dados é um discreto edifício cinzento, no meio de pinheiros e abetos, com área equivalente à de cinco campos de futebol. Na foto, ainda em construção.


No andar dos servidores, só se veem máquinas, estruturas metálicas alinhadas em filas, com alguns fios coloridos. Se medíssemos todos os cabos teríamos mais de 2000 quilómetros de fios.
A percentagem de ar aquecido que é devolvida ao exterior varia consoante a estação do ano, porque uma parte é aproveitada para aquecer os espaços de trabalho.


O piso superior é uma sucessão de corredores, com filtros, ventoinhas e engenhos vários, de grandes dimensões, através dos quais o ar é filtrado, para chegar sem impurezas ao destino.

É daquelas coisas em que não se pensa quando se está entretido a escreverposts, a ler ou a comentar assuntos no Facebook. Mas, se contrariarmos a velocidade que a internet imprimiu às nossas vidas, chegaremos rapidamente à questão: onde está armazenado todo o caudal infindável de textos, vídeos e imagens que aparece no nosso mural e é diferente para cada um dos 700 milhões de utilizadores ativos do Facebook em todo o mundo?

Desde junho de 2013, uma parte de toda a informação que circula no Facebook está na Suécia. Luleå recebeu o primeiro Centro de Dados da rede social na Europa (em março deste ano foi anunciada a construção de um segundo, já em andamento), mas não é certo que o post que acabámos de partilhar esteja algures no interior deste discreto edifício cinzento, no meio de pinheiros e abetos, com área equivalente à de cinco campos de futebol. Pode estar em Prineville (Oregon) ou em Forest City (Carolina do Sul), nos outros dois data centers da empresa.

A decisão do Facebook de colocar esta espécie de disco externo em Luleå surpreendeu os 75 mil habitantes da cidade, mais habituados a verem chegar praticantes de desportos de inverno. Mas não Anders Granberg, um antigo pianista, apreciador de jazz, que dirige o The Node Pole (um trocadilho com o Pólo Norte).

A missão desta agência público-privada é atrair investimento para uma região periférica, fora das geografias que normalmente interessam às grandes empresas. Em 2008,
Granberg e os colegas mudaram de atitude: "Em vez de sermos reativos, passámos a ser pró-ativos. Analisámos o que precisavam as empresas e o que tínhamos para dar e fomos à luta", conta à VISÃO, de olhos quase a saltar das órbitas, no seu escritório todo equipado com móveis IKEA.

MÁQUINAS E AR PURO...
Com energias renováveis e baratas à disposição (as 16 hidroelétricas à volta de Luleå, no Báltico, produzem o dobro da energia necessária à cidade), clima frio, muito terreno disponível e o saber da universidade local, não foi difícil à agência adivinhar que uma relação de Luleå com as indústrias de tecnologia da informação e comunicação teria tudo para dar certo.

Só talvez não tenham imaginado que o clique acontecesse tão rapidamente. Em 2009, uma delegação sueca, da qual este homem afável e acessível fez parte, deslocou-se às instalações do Facebook na Califórnia, depois de saber que a rede social procurava um local para instalar o terceiro centro de dados. Luleå só esperou um ano até ouvir o "sim". "A questão ambiental foi determinante", revela Granberg. "Quando navegamos na internet, nunca pensamos que estamos a gastar energia, mas essa é uma questão sobre a qual vamos ter de refletir em breve e que já preocupa o Facebook", prossegue.

Dos três centros de dados da empresa, o de Luleå é, de longe, o mais eficiente e sustentável. É o irlandês Niall McEntegart, gerente do Departamento de Centro de Dados para a Europa, Médio Oriente e África, quem o garante.

Conhecemo-lo às oito da manhã. Está de sapatilhas, calças de ganga e camisa, à nossa espera, na receção do Centro, onde há uma imagem gigantesca do polegar mais famoso do mundo. Será McEntegart a mostrar-nos os bastidores do Facebook durante uma hora. Começamos por ver umopen space, com secretárias e computadores (o anfitrião pede para não os fotografarmos de perto "porque eles podem estar já a trabalhar versões futuras do sítio").

"Eles" são seis ou sete colaboradores que estão à frente de um enorme painel grafitado. Há outras obras de arte mural, na sala reservada ao lazer, que tem consolas, pingue-pongue, bilhar, pufes... Os motivos artísticos afastam-se aqui, também, do mundo terreno, mas não são virtuais: evocam as famosas auroras boreais do Ártico.

Subimos para aceder a uma espécie de arca frigorífica enorme, com portas difíceis de abrir pela pressão. McEntegart pede-nos para não tocarmos nas paredes "Há energia viva" e para tirarmos o lenço que trazemos ao pescoço: "Pode voar, porque há muito vento." Sentimo-lo mal se abre a porta do primeiro corredor interminável.

O piso superior é uma sucessão de corredores, com filtros, ventoinhas e engenhos vários, de grandes dimensões, através dos quais o ar é filtrado, para chegar sem impurezas ao destino: "Aqui, tudo funciona com ar puro. Melhorámos a eficiência, exponencialmente, se a compararmos com a dos outros data centers, onde temos ar condicionado", diz o irlandês, com o entusiasmo de um miúdo a quem se põe nos mãos um brinquedo novo.

A confiança no clima da região é tal que o Facebook reduziu em 70% os geradores de segurança - Granberg já nos havia dito que a última vez que faltou a energia em Luleå ainda Nixon era Presidente dos EUA...

O destino do ar são os servidores, que se encontram num piso inferior: "No fundo, é um sistema muito simples para fazer circular e arrefecer o ar: quando o calor sai da parte traseira dos servidores, é encaminhado para o exterior do complexo", explica McEntegart. A percentagem de ar aquecido que é devolvida ao exterior varia consoante a estação do ano, porque uma parte é aproveitada para aquecer os espaços de trabalho.

No andar dos servidores, só se veem máquinas, estruturas metálicas alinhadas em filas, com alguns fios coloridos. O cenário é animado por números como este: 2 mil quilómetros. Se medíssemos todos os cabos que estão no andar dos servidores seria este o número a que chegaríamos. Mas isto é só o Facebook. Desde que o gigante da internet se instalou em Luleå, várias empresas das TIC, que gravitam em torno do Facebook, chegaram à região e outras se esperam.

Os pica-paus que vivem nas árvores em volta não deram por nada. O ruído de saída do ar do edifício foi controlado para não perturbar os vizinhos. Já os habitantes humanos da região não só notaram como agradeceram: construíram, num parque central da cidade, um polegar, símbolo do Facebook, de gelo, com o tamanho de uma árvore.


fonte: Visão (02/06/2014)
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem