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  • O grito lancinante de uma alma » “A Carta do Além”
    Iniciado por Maída
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Sobre um tema que leva muitos a duvidar e criticar, quem quiser ler pode ir na integra pode ir a http://www.mulhercatolica.com/2009/02/o-grito-lancinante-de-uma-alma.html


"Este texto que estou postando é muito interessante e de grande valia para nós, cristãos. É de interesse de todo
cristão católico procurar saber aquilo que leva ao Céu e também, especialmente, o que deixa de levar.."

"O autor da presente publicação, no original alemão, prefere conservar no anonimato, tanto a si como os demais personagens do acontecimento.
O escrito, entretanto, corre em prósperas edições, pelas mãos de leitores sempre mais numerosos. Não se pode lê-lo com indiferença ou só por curiosidade..."
==*=*=*==
"Clara era uma moça, falecida ainda jovem, em um Convento da Alemanha. Entre os papéis que deixou, encontrou-se o seguinte manuscrito que publicamos, na íntegra, em versão portuguesa."

"A sua carta do outro mundo eu a reproduzo aqui, palavra por palavra, como a li, então. Dizia assim:

..."Clara — não reze por mim! Estou condenada[2]. Se lh'o comunico e lh'o refiro mais longamente, não pense que o faça a título de amizade. Nós aqui não amamos a mais ninguém. Faço-o como que forçada. Faço-o como "parte daquela potência que sempre quer o Mal e faz o Bem".[3]

Na verdade desejaria vê-la também chegar a este estado onde eu já me aportei para sempre.[4]

Não se aborreça com esta intenção. Nós aqui todos pensamos assim. Nossa vontade está petrificada no mal — nisto que vocês, justamente, chamam de "mal". Mesmo quando nós fazemos algo de "bem" como eu agora, abrindo seus olhos sobre o inferno, isto não acontece com boa intenção.[5]

Lembra-se que há quatro anos nos conhecemos em...? Você tinha, então 23 anos, e estava ali havia já meio ano, quando eu cheguei. Você me livrou de alguns embaraços. Você me deu, como a principiante, bons conselhos. Mas, que quer dizer "bom"?

Eu louvava então o seu "amor ao próximo". Ridículo! O seu auxílio derivava de pura beatice, como aliás, já o suspeitava desde aquele tempo.

Nós não conhecemos aqui nada de bom. Em ninguém. O tempo de minha juventude você o conhece. Algumas lacunas eu preencho aqui.

Conforme o plano de meus pais, para dizer a verdade, eu não deveria ter existido. "Aconteceu-lhes, porém, esta desgraça". Minhas duas irmãs já tinham 14 e 15 anos quando eu nasci.

Antes não tivesse existido! Pudesse eu agora aniquilar-me e fugir destes tormentos! Nenhuma volúpia igualaria àquela com que deixaria a minha existência, como um vestido de cinzas que se perde no nada[6]. Mas, eu devo existir. Devo existir assim como me tornei: com uma existência falida.

Quando Papai e Mamãe, ainda jovens, se transferiram do campo para a cidade, ambos haviam perdido o contato com a igreja. Foi até melhor assim. Simpatizaram-se com pessoas afastadas da igreja. Conheceram-se em uma sala de bailes e, meio ano depois, "tiveram" que se casar.

Na cerimônia nupcial caiu sobre eles tanta (!) água benta que mamãe se contentava em ir à igreja, para a missa dominical, umas duas vezes por ano. Nunca me ensinou a rezar direito. Esgotava-se nos apertos da vida quotidiana, embora nossa situação não fosse desfavorável. Palavras como: rezar, missa, água benta, igreja, eu as escrevo com uma repugnância sem igual.

Detesto tudo isto como detesto quem frequenta a igreja, e, em geral, todos os homens e todas as coisas. De tudo, com efeito, nos advém tormento. Todo o conhecimento recebido na hora da morte, toda lembrança de coisas vividas ou sabidas é, para nós, uma chama ardente[7]. E todas as lembranças nos mostram aquele aspecto que nelas, era Graça. Que nós desprezamos. Que tormento é este! Nós não comemos, não dormimos, não andamos por nossos pés. Espiritualmente acorrentados, olhamos imbecilizados "com urros e ranger de dentes"[8] a nossa vida levada aos montes, odiando e atormentados!

Quer saber? – Nós aqui bebemos ódio como água. Também uns para com os outros[9]. Sobretudo, odiamos a Deus.

Quero que você entenda. Os santos no céu devem amá-Lo, porque eles O vêem sem véu, na sua fulgurante beleza. Isto os torna de tal maneira felizes que nem se pode descrever. Nós o sabemos, e este conhecimento nos torna furiosos.[10]

Os homens na terra que conhecem a Deus pela criação e pela revelação podem amá-Lo. Mas não estão obrigados a isto.

Aquele que tem fé — escrevo rangendo os dentes — que refletindo, contempla Cristo na Cruz, com os braços abertos, acabará por amá-Lo. Mas, aquele de quem Deus se aproxima só na desgraça, como punidor, como justo vingador, porque foi um dia, por ele repudiado, como acontece conosco — este não pode senão odiá-Lo[11]. Com todo o ímpeto de sua pérfida vontade. Eternamente. Por força da livre resolução de ser separado de Deus: resolução pela qual, morrendo, matamos nossa alma. Resolução que nem mesmo agora retiramos nem teremos, jamais, vontade de retirá-la.

Você compreende, agora, por que é que o inferno dura para sempre? Porque nossa obstinação jamais se desligará de nós.

Constrangida — acrescento que Deus é misericordioso até mesmo conosco. Digo "constrangida", pois que, mesmo escrevendo espontaneamente esta carta, nem assim me é permitido mentir, como quereria. Muitas coisas escrevo no papel contra a minha vontade. Até mesmo o ímpeto de impropérios que gostaria de vomitar, eu o devo abafar. Deus foi misericordioso conosco não deixando esgotar na terra nossa malvada vontade como estávamos dispostos a fazer. Isto teria aumentado nossas culpas e nossas penas.

Ele nos fez morrer antes do tempo, como eu, ou fez interferir outras circunstâncias atenuantes. Agora, Ele se mostra misericordioso conosco, não nos obrigando a aproximar-nos d'Ele mais do que o estamos, neste remoto lugar infernal. Isto suaviza o tormento.[12]

Todo passo que me levasse mais perto de Deus me causaria uma pena maior do que aquela que traria a ti o aproximar-te de uma fogueira.

Você se espantou, quando eu, certa vez, durante um passeio, lhe contei que meu pai, alguns dias antes de minha primeira comunhão, me havia dito: "Anita, procure merecer um belo vestidinho, porque o resto é exagero e exibição".

Pelo seu espanto, quase fiquei envergonhada. Agora, me rio disto.

A única coisa razoável naquela exibição era que só se admitia à Comunhão, aos doze anos. Eu, naquela época, já me sentia bastante atraída pelos divertimentos do mundo, de modo que, sem escrúpulos, punha de lado as coisas religiosas, e não dei grande importância à primeira comunhão. Agora, nos causa furor, que muitos meninos façam a primeira comunhão aos sete anos. Fazemos tudo para dar a entender ao povo, que deve faltar às crianças uma instrução adequada. Elas devem, antes, cometer alguns pecados mortais. Então a partícula branca não provoca nelas um tão grande dano como quando em seus corações vivem ainda, a fé, a esperança e a caridade. Chi! Esta coisa recebida no batismo. Você se lembra, como eu já havia sustentado na terra, tal opinião..."