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  • Assuntos de Natal
    Iniciado por Margarida
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Quem és tu, Menino Jesus


Olhei o céu numa noite fria, sentindo a geada invadindo a pele, os ossos e pensei: Meu Deus, mais um Natal se avizinha e apesar de há meses os preparativos andarem já com evidência nas ruas e nas lojas, até mesmo em alguns lares será que todos têm a noção da sua mensagem?
Serei só eu a ver a destruição dos sonhos de crianças cada vez mais novinhas ao fazerem com que tenham desde tenra idade tamanhas responsabilidades?
Onde estão esses tempos em que se brincava na rua, em que quando o vizinho nos oferecia um rebuçado a mãe não se zangava e até agradecia, sem ter medo que fossemos drogados, raptados e até violentados?
Onde estão esses tempos em que cantarolávamos melodias de Natal, líamos livros de histórias lindas, simples sem monstros, sem bruxas ou feiticeiras, em que o próprio livro nos coloria a imaginação e nos fazia sonhar?
Onde estão os tempos onde podíamos ir à missa do galo, todos em família, sem medo de sermos assaltados, em que a família se unia para esse momento já tão perdido nos dias de hoje?
Meu Deus onde estão os dias nos quais mal conseguíamos adormecer na expectativa que mal o sol raiasse íamos a correr para junto da lareira ou da árvore de Natal para ver quantos presentes o Pai Natal teria trazido, onde está toda essa inocência? O Sonho? O acreditar na magia? Mas tendo consciência desde cedo do nascimento do Criador!
Hoje olho em meu redor e sinto-me perdida, ensino certos valores aos meus filhos e quando estes se reúnem com colegas o mundo que lhes transmiti, é ceifado pelos ideais consumistas de outrem.
Sinto-me triste, tenho saudades de velhos tempos de inocência, das pessoas que perdi e tanto amei, da ajuda que se dava a quem precisava sem termos medo de arriscarmos a vida porque apesar da pobreza, o pobre que era pobre era honesto, hoje se abrir a carteira na rua para dar uma esmola arrisco-me a ficar sem ela, até mesmo se o seu conteúdo for pouco, posso ainda ser agredida ou ainda pior.
E a Família? Onde está o calor familiar? Onde está a reunião ao fim do dia em que falávamos como nos tinha corrido o dia, o que havia para resolver no dia seguinte, o que se aprendia na escola, os amigos que fazíamos, olhávamos os nossos pais com respeito vendo-os como gigantes sábios a quem obedecíamos sem contestar.
Hoje vejo as Famílias, separadas ou mesmo quando estão juntas mal se vêem ou conhecem, apenas partilham o mesmo espaço comum, os filhos só servem para irem à escola, fazerem os trabalhos de casa no ATL, chegarem a casa e tomarem banho, jantarem, verem um pouco de televisão, jogarem em playstations todas xpto (que foram oferecidas e custaram uma fortuna para compensar a falta de atenção e carinho) ou pior ainda, ignorar que as crianças se afundam em chats na internet falando sabe Deus com quem, o que dizem e a que são assediadas.
No dia seguinte vão de novo para a escola, cria-se um ciclo vicioso em que quando se dá por isso o tempo passou e eles deixaram já de ser as nossas crianças fazendo-nos pensar em como o tempo passou sem que desse-mos conta, se calhar passou até lentamente nós é que não nos demos ao trabalho de parar um pouco para desfrutar desses momentos maravilhosos.
Espero um dia, que os humanos vejam de novo a Luz e saibam quem és tu, Menino Jesus!

Margarida
Sou como sou, quem gosta, muito bem.
Quem não gosta, paciência!
Viva a liberdade de escolha!

O PRESENTE DE NATAL


Ainda sei o meu nome! Chamo-me Maria Soledad, nasci em Madrid mas vim para Portugal arrastada pelo meu marido.
Que saudades eu tenho desse velho maluco... era maluco, mas era meu! Éramos os dois tontos autênticos, loucos um pelo outro.
Depois de tanta luta, de tantas batalhas e tantos sacrifícios conseguimos educar os nossos 3 filhos e dar-lhes formação universitária para que vencessem na vida.
Hoje graças a Deus estão bem na vida, casados, cada um com o seu cargo importante em empresas de destaque, enfim bem encaminhados como sempre desejei, dando-lhes de igual modo a melhor formação cívica que me foi possível mas acima de tudo dei-lhes uma vida cheia de carinho, conforto e muito amor.
Daria a minha vida caso fosse possível, se algum deles dependesse disso para sobreviver.
Foram ainda 7 anos que gozei da verdadeira lua-de-mel, bom parecia assim embora os nossos corpos já não tivessem o vigor de antigamente.
Havia a paixão renascida, o calor humano que nos unia ainda mais e sobretudo o romance.
Foram dias e dias de carinhos e agrados, o levar o pequeno-almoço à cama, os passeios à beira mar, ou mesmo no parque urbano repleto de pinheiros e eucaliptos onde caminhávamos de mãos dadas, outras vezes abraçados quando o tempo estava frio e sempre nos aquecíamos com o calor do corpo um do outro.
Como eram bons os nossos almoços, sempre com troca de olhares cúmplices, como se fossemos adolescentes a sonharmos com aventuras amorosas e trocas de carinhos às escondidas de todo o resto de gente.
Lembro-me dos Natais que passámos, a entre ajuda que nos era característica, apesar dos afazeres para recebermos os nossos filhos e os nossos netos.
Dias antes de chegarem a nossa casa, decorávamos a árvore de natal ao gosto dos dois, sem atropelos, sem discussões, somente algumas traquinices, umas cócegas aqui, outras ali acabando com um beijo apaixonado como nos bons velhos tempos em que nos conhecemos.
Sinto-me a definhar, aqui estou, sozinha, abandonada neste lar de idosos, uns a dormirem o dia inteiro, outros às brigas e as outras pregadas às televisões.
Perdi o meu querido faz 8 meses, mas desde que os meus filhos me desterraram para aqui, só os vejo de tempos em tempos, esqueceram-se da mãe, de tudo o que me sacrifiquei por eles, enfim não estiveram para me aturar e ainda aproveitaram para se apoderarem de tudo, tudo o que levei uma vida inteira a juntar.
Resta-me esperar pela luz do Senhor, fazer a última viagem para me reunir com todos aqueles que me amavam de verdade.
É triste! Sinto uma tristeza profunda por os meus filhos e os meus netos me terem riscado das suas vidas, como se me tivessem feito um funeral ainda em vida.
Desejei uma prenda de natal, ai que velha tonta eu sou... mas nunca se é velho para receber um carinho, um afecto, foi tudo o que pedi ao meu Menino Jesus e por milagre, exactamente ao fim das 12 badaladas entre a véspera e o dia de Natal, meu Pai colocou-me nos braços do meu amado, rodeada dos meus queridos pais e alguns amigos que vieram ao meu encontro para esta nova vida Celestial.
Graças a Deus, este foi o melhor presente que uma velha como eu poderia receber no Natal.


Margarida
Sou como sou, quem gosta, muito bem.
Quem não gosta, paciência!
Viva a liberdade de escolha!