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  • Quem tem C* tem Medo
    Iniciado por cepticooucrente
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O medo pode ser impulsionador ou paralisante. Pode ser o melhor meio para enfrentar desafios ou o que nos mantém demasiado tempo num limbo ou até mesmo num marasmo. Lidar com o medo envolve todo um conjunto de vivências que se tornam decisivas para a sua aprendizagem. O medo traz consigo, quer o que nos faz bem, como o que pode tornar-se num problema.

O medo pressupõe sensações de desprazer diante de um objecto, pessoa ou situações que tememos. Se é certo que perante qualquer uma dessas circunstâncias, corpo e mente mobilizam, enfrentar o medo poderá representar um acto de superação. Enfrentá-lo torna-nos mais capazes e mais confiantes. Superar o medo pode ser uma forma de preservação e de conquista do Eu.

Nada há de mais assustador do que sair da zona de conforto; seja ela física ou psíquica. Dominar o medo é, pois, sinal de amadurecimento.

O medo pode ser auto-preservativo ao ajudar no reconhecimento dos nossos limites físicos e psicológicos. Contudo, se num acto de engrandecimento o desafiarmos, tal poderá significar o desconsiderar de tais limites e o descurar das suas consequências. Deste ponto de vista, desafiar inconsequentemente os medos, fará aumentar a probabilidade de o desafio acabar mal.

Perante situações que despertam medo, nem sempre é fácil estabelecer a fronteira que divide a tomada de decisão entre avançar ou recuar. Tal dependerá de vários fatores. Contudo, se é justificável recuar perante o que coloca em risco a nossa integridade física ou moral, convém não esquecer que foram já muitos os que, ao desafiá-lo, agiram em benefício de uma causa social, política, moral ou ideológica.

Quando sentimos que alguma situação nos tira do eixo que interfere com o nosso equilíbrio psíquico, tal deverá ser encarado como um sinal que deveremos ter em linha de conta. Como sinal de que algo deverá ser por nós equacionado, analisado, ponderado, elaborado. O medo nada mais é do que um mero sintoma. Um aviso amigo que nos alerta para que nos procuremos e nos centremos no que nos fará sentir melhor.

O nosso inconsciente guarda marcas, fragmentos, vestígios de vivências: boas e más. As más podem atrapalhar a decisão, podem avivar o que foi recalcado, reprimido mas nunca apagado. Quando reaparecem as marcas de momentos que nos deixaram inseguros ou em situação de risco, o medo surge ganhando tanta mais força quanto mais negativa for a experiência interiorizada. Nestas alturas, o medo surge como alerta de uma anterior experiência traumática, lembrança ameaçadora ou sensação de que algo prejudicial poderá ocorrer.

Se não devidamente trabalhado, o medo paralisa e impede-nos de avançar. Afastar o medo nada mais é do que criar condições para o esvaziarmos. É procurar entender o que nos bloqueia. É desvendar o monstro que nos petrifica e sarar as mazelas que limitam os nossos movimentos.

Torna-se fundamental enfrentar o medo que nos impeça de viver tranquilos. Porém, e contrariamente ao que seria desejável, há quem use o medo como meio para se esconder, ou como forma de se poupar ao trabalho de o delapidar. Ao resistirmos a enfrentar o medo, ao decidirmos não desafiar incómodos e desconfortos, tudo se tornará mais fácil, é um facto. Porém, não tão gratificante quanto a difícil tarefa de submeter o sofrimento à análise que o provoca e, por consequência, a um desfecho positivamente eficaz.

Convém reter que é sempre possível fazer algo mais que nos ajude a viver melhor, que nos ajude a livrar de incómodos, neuras, crises ou dúvidas existenciais. Mais. Quando não nos sentimos capazes de o fazer a sós, há sempre um lugar no 'divã' para uma conversa acompanhada.

Reclamar dos medos, responsabilizá-los pelo nosso mal-estar e infelicidade – sem nada fazer para os afastar – é meio caminho andado para espoletar níveis crescentes de ansiedade e angústia.

A melhor forma de nos livrarmos das sensações de medo que nos impeçam de avançar, é enchermo-nos de coragem para decifrar os sinais que nos travam, desvendar os fantasmas que nos emperram. O medo deve ser afastado do nosso trajecto sempre que nos crie situações de impasse no nosso auto-conhecimento e bem-estar.

Defendo que mais vale arrependermo-nos de algo que fizemos do que nos arrependermos de algo que deixámos por fazer. Se não correr bem, é possível seguir em frente. Se não o fizermos, é impossível voltar atrás.

O primeiro passo para enfrentar o medo é tentar perceber qual a razão de o ter, enumerar as oportunidades que, por medo, deixámos escapar e quais as suas consequências, ganhar coragem e tomar uma atitude, abandonar pensamentos negativos e atribuirmo-nos um voto de confiança para avançarmos e superarmos medos e receios incapacitantes. Há que pensar em quem agiu em situações de medo tendo obtido êxito; factor que ajudará a estimular a enfrentar o medo. Toda a experiência serve de aprendizagem. Ter medo é normal. Anormal é não o reconhecer ou nada fazer para o afastar.

Realço que situações há em que se sente medo de ter medo. Não do medo tal como o reconhecemos na maioria das situações. Mas aí já entraríamos no campo das fobias – o que exige um acompanhamento técnico especializado.

Como nota final, diria que o medo é medroso. Tem o mesmo tipo de comportamento que um caniche: bastará que sejamos assertivos com ele para que perca a pujança e fuja a sete pés. Mais cedo ou mais tarde, voltará a espreitar, é certo. Umas vezes ladrando mais alto, outras nem tanto. Umas vezes mais perto, outras ao longe. Quanto mais alto ladrar, mais nos chamará à atenção para a importância de agirmos de imediato até que se atreva a desafiar-nos de novo atormentando o nosso merecido descanso.

Nada como termos uma trela sempre à mão para, de quando em vez, o levarmos a dar a sua volta higiénica. Não esquecer, também, de trazer uns doces no bolso para lhe enganar a fome e ajudar a amenizar – de preferência, calar – o ladrar assustado. Convém é não passar a mão pelo pêlo sempre que tenha os dentes de fora.

Tranquilidade é conquista. Conquista do nosso bem-estar e do que nos faça sentir a viver sem perpetuar uma mera e insípida sobrevivência.

Lembre-se: não há que ter medo de ser feliz – por mais medo que nos cause.



Isabel Feio

Reflexão importante.
O medo paralisa e impede-nos de tomar decisões que causam mudança.
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

Excelente reflexão, dominar os nossos medos é uma etapa evolutiva sem dúvida. :)

Gostei bastante do titulo do tópico cepticooucrente, bastante "sui generis".. ;D ;D ;)
O Homem é do tamanho do seu Sonho!

Citação de: silknet em 07 julho, 2015, 10:31
Gostei bastante do titulo do tópico cepticooucrente, bastante "sui generis".. ;D ;D ;)

Também achei. ;D

Bastante apelativo, e é bem preciso! ;)

#4
O medo é uma ferramenta muito importante ao ser humano porque impede-nos de fazer loucuras e agravar mais a nossa situação, mas é o pai das nossas imperfeições morais. Egoismo, inveja, ciume, avareza entre tantos outros que estancam o nosso Espirito na evolução.
Abençoado seja o seu santíssimo nome em favor de todos nós Deus nosso Pai.

Citação de: misticopt28 em 07 julho, 2015, 14:56
O medo é uma ferramenta muito importante ao ser humano porque impede-nos de fazer loucuras e agravar mais a nossa situação, mas é o pai das nossas imperfeições morais. Egoismo, inveja, ciume, avareza entre tantos outros que estancam o nosso Espirito na evolução.

precisamente misticopt28! Impede a nossa subida na escada evolutiva! E temos mais ferramentas para que predomine o bom-senso... :) ;)
O Homem é do tamanho do seu Sonho!