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  • Lendas de Portugal
    Iniciado por cepticooucrente
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A alma penada de Odelouca

Havia uma senhora em Odelouca que tinha nove irmãos. Quando os pais morreram todos foram herdeiros. Ela herdou como um qualquer dos irmãos e dividiram as terras. Mas à noite ela ia, tirava o marco dela e punha mais desviado. No outro dia punha mais desviado.
Havia lá uma senhora que se chamava Palmira e disse-lhe assim, comadre não faça isso, que isso não se pode fazer, roubar terra.
A outra respondia comadre nesta vida bem passar que na outra ninguém nos vê penar.
Acontece que ela morreu e então à noite, pelas partilhas (eu era miúda pequena) e a gente só ouvia era ais. Eu dizia assim, coitadinha, quem é, avó? Ó filha, cala-te. Ó avó, mas quem é que está chorando?
Cala-te, filha, não digas nada.
Uma bela noite estávamos jantando favas (era a primeira vez que se comia favas naquele ano) e então ouvimos um choro para o lado dum lameiro. Era um lameiro muito grande, muito grande, e quem vinha de noite de Portimão, carvoeiros e outras pessoas, quando passavam por ali às vezes as bestas atolavam-se e só puxadas é que conseguiam safar-se. Parecia que vinha daquele lado o choro, uma agonia tão grande que se comovia o coração.
Diz a minha avó assim para um filho solteiro que tinha: filho vamos lá ver que foi alguém que veio de Portimão, eu ouço também unia criança chorar, é alguem que caiu além na lama e não se dá tirado.
Abalámos e fomos lá ver. Quando chegámos ao pé, uma lua como um sol, não estava besta, não estava vulto nenhum, não estava nada.
Voltámos para casa. E aqueles ais atrás da gente, aqueles ais sempre atrás da gente, que quando fomos para a mesa ninguém falava naquela casa e aquilo já soava debaixo da mesa onde a gente estava.
Estivemos ali naquilo até ao galo cantar e o meu avô disse assina "Bendito, louvado e adorado seja o Santíssimo Sacramento do Altar". A partir daí não ouvimos mais nada. Isto ouvi eu várias vezes em miúda nova.
E depois as pessoas dali foram ter com o padre de Portimão, que era o padre Evaristo. Diziam que esse padre nunca tinha tido nada com mulheres e então que tinha virtude. Vieram pedir para ele esconjurá-la. Esconjurou pelo rio das pedras negras para ela medir um moio de areia com um meio alqueire sem fundo. Era a penitência. Coitada, nunca mais cá volta.
Então o padre disse que só no dia do Juízo, se ela já tiver a penitência paga, é que fica salva.

NUNCA HÁ BEM PASSAR QUE NA OUTRA VIDA NÃO DÊ EM PENAR.


Fonte Biblio TENGARRINHA, Margarida Da Memória do Povo Lisboa, Colibri, 1999 , p.67-68


E vocês, que lendas portuguesas conhecem? Partilhem! :)

É preciso não esquecer que em qualquer lenda há sempre um fundo de verdade e uma lição de vida.

Puca
Nesta zona as lendas não têm fim. Deixo-vos uma da terra da minha Mãe, Mouriscas perto de Abrantes, onde abundam as histórias das "Mouras encantadas". :)

Em Mouriscas, os rapazes costumavam ir para o Meirão guardar as cabras, enquanto as mães lavavam a roupa na ribeira.
Num dia em que lá se encontrava um grupo de mulheres a lavar, apareceu-lhes um homem, que se lhes dirigiu. Ficaram muito assustadas, mas o homem disse-lhes que não havia motivo para susto, pois ele apenas lhes queria pedir um favor.
— A minha mulher está para ter um filho. Preciso de alguém que a vá ajudar!
Foram então duas mulheres fazer o serviço. Entraram numa gruta lindíssima e julgaram estar diante de mouros.
Quando acabaram, o homem perguntou-lhes o que queriam de presente, mas elas responderam que nada queriam. Então, o homem colocou um punhado de pedras no avental de cada uma e elas lá partiram para o seu trabalho.
Durante o caminho para casa, as duas mulheres iam conversando e perguntando uma á outra:
— Mas para que queremos nós as pedras? E, uma a uma, foram-nas deitando fora, pelo caminho. Quando chegaram a casa, só já levavam duas pedras e viram então que elas se transformaram em ouro. Arrependidas, voltam atrás à procura das pedras que tinham largado, mas elas tinham desaparecido.


E mais uma do mesmo local:

Havia outrora na encosta do Picoto, uma pedra larga, a lembrar o tampo de uma mesa. Quem lá fosse à tardinha colocar veios de linho para fiar, qualquer que fosse a quantidade e deixasse junto a importância devida em moeda corrente, podia ir lá buscá-lo na manhã seguinte, que as mouras fiavam-no durante a noite.
Este linho tinha a propriedade de jamais apodrecer e de dar a felicidade aos noivos que, no dia do casamento, vestissem roupas desse fio. Por isso, à tardinha, havia lá sempre muito fio.
Contudo se o dinheiro deixado não correspondesse à quantidade a fiar, no dia seguinte tudo estava como tinha sido deixado na véspera, ou se o dinheiro fosse em excesso, lá estava a demasia.


Textos de Isilda Janas


Para mim, das mais lindas, é a lenda das amendoeiras:

Diz a lenda que um poderoso rei mouro andou em guerra por terras do Norte frio onde a neve cobre tudo durante parte do ano. Dessas lutas trouxe consigo prisioneiros e escravos. Aconteceu, porém que, entre os escravos, vinha uma jovem princesa linda, de olhos muito azuis, cabelos cor de ouro, pele luminosa e porte altivo de rainha.
Pois foi por essa jovem que o rei mouro se apaixonou. Para ele, era a Bela Princesa do Norte. Ela era sua prisioneira, sua escrava, mas o rei, fascinado pela beleza da jovem, deu ordens para que ela vivesse livre no seu reino. "Que não a persigam, que não a molestem", foram as ordens do rei.
A bela princesa nórdica agradeceu com um lindo com lindo sorriso e o rei ficou feliz.
Algum tempo depois, o rei foi encontrá-la em preparativos para regressar à sua terra Natal.   
Alarmado, o jovem mouro quis saber que razões a levaram a desejar abandoná-lo e ao seu reino. A Bela Princesa do Norte disse-lhe que eram muitas as saudades que sentia da sua terra onde nascera. Preso àqueles olhos azuis, logo ali o rei lhe declarou o seu amor e lhe pediu que ficasse para casar com ele pois já não podia viver sem ela.   
Mais uma vez a Princesa do Norte agradeceu com o seu belo sorriso.
Fez-se o casamento; as festas e a alegria pareciam nunca mais acabar. Foi no meio do último dia de festas que o rei deu falta da Bela Princesa que era agora sua esposa.
-Procurem-na, procurem-na - dizia o rei desesperado.
Acabaram por encontrá-la doente, estendida na cama, quase morta e chorando, chorando..
Vieram médicos e sábios, mas ninguém conseguia curar a jovem que já mal tinha forças para sair da cama.
Abatido e desgostoso, o rei já não sabia o que fazer para salvar a sua amada. Foi então Que pediu para falar ao jovem apaixonado um velho prisioneiro que também viera das terras do Norte. E disse que sabia como curar a princesa. Entre desconfiado e esperançoso, rei deixou que o velho falasse com a enfraquecida princesa.
O velho era um poeta e começou a falar-lhe das recordações e saudades que ambos sentiam das suas terras do Norte. A Bela princesa do Norte abriu os olhos e sorriu. E a esperança a esperança voltou do coração do mouro.
O poeta disse ao rei como podia fazer voltar a alegria à sua amada. Falou-lhe da neve que cobria os campos e caminhos lá ao norte e explicou-lhe que a princesa sentia a falta desse manto branco por onde costumava passear o seu olhar. Aconselhou o pequeno rei a mandar plantar muitas e muitas amendoeiras pois estas, ao florirem, dariam a ilusão de que a neve cobria os campos.
O rei assim fez e algum tempo depois ele próprio acompanhou a princesa para que ela olha-se os campos frente à sua janela.
    -Neve! A minha querida neve!
O lindo sorriso e as juras de amor foram o agradecimento.
Ambos estavam felizes e o reino encheu-se de amendoeiras com flores brancas que davam à bela nórdica a ilusão de estar na sua terra Natal.

Esta lenda é tão marcante para mim, que faço interiormente a analogia com uma música/letra de Chris de Burgh que se chama "The Girl With April in Her Eyes"... Lindo!

https://youtu.be/76xHPdqpdbU
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Lenda da Fundação do Mosteiro de Alcobaça

Diz a lenda que quando D. Afonso Henriques saiu de Coimbra, à frente das suas tropas, para a tomada de Santarém, ao chegar ao alto da Serra de Albardos, recordou os milagres do Abade de Claraval, fazendo voto solene a S. Bernardo, caso tomasse Santarém, de lhe dar e aos monges, todas as terras que daqueles montes se avistavam.
    Passado tempo, Deus mandou descer do Céu uma legião de anjos, anjinhos — arquitectos, que levavam nas mãos rendas brancas sustentadas por asas, as linhas do Mosteiro a construir. A teia celeste, pairando levemente nos angélicos dedos, foi descendo, descendo, até pousar nos verdes terrenos.
    Deslumbrado, com os fios de tão branca meada, o povo, surpreso, viu brilhar na sua frente os traços do futuro Mosteiro, que mais tarde veio a erguer-se em Alcobaça, depois de transportado, nos dedos delicados dos anjos, o traço divino!



Fonte Biblio S/A, . Algumas Lendas da Região de Alcobaça

As lendas das mouras encantadas são das mais conhecidas e existem de norte a sul do país...
Mais conhecidas do que essas só a do sebastianismo que preconiza o regresso do rei Sebastião num cavalo branco, numa manhã de nevoeiro!

Lenda de Pedro Sem

A torre medieval que se encontra diante do antigo Palácio de Cristal, no Porto, é ainda hoje conhecida por Torre de Pedro Sem. A história diz que essa torre pertencia a Pêro do Sem, doutor de leis, jurisconsulto e chanceler-mor de D. Afonso VI, no século XIV. Mas a lenda remete para uma data posterior, no século XVI, a existência de um personagem Pedro Sem que vivia no seu Palácio da Torre. Possuindo muitas naus na Índia, Pedro Sem era um mercador rico mas não tinha títulos de nobreza, o que muito o afectava. Era também usurário, emprestando dinheiro a juros elevados, à custa da desgraça alheia, enquanto vivia rodeado de luxo. Estavam as suas naus a chegar, carregadas de especiarias e outros bens preciosos, quando a sua máxima ambição foi realizada através do seu casamento com uma jovem da nobreza, em troca do perdão das dívidas de seu pai. Decorria a festa de casamento, que durou quinze dias consecutivos, quando as naus de Pedro Sem se aproximaram da barra do Douro. O arrogante mercador acompanhado pelos seus convidados subiu à torre do seu palácio e, confiante do seu poder, desafiou Deus, dizendo que nem o Criador o poderia fazer pobre. Nesse momento, o céu que estava azul deu lugar a uma grande tempestade! Pedro Sem assistiu, impotente e encharcado pela chuva, ao naufrágio das suas naus. De seguida, a torre foi atingida por um raio que fez deflagrar um incêndio que destruiu todos os seus bens. Arruinado, Pedro Sem passou a pedir esmola nas ruas, lamentando-se a quem passava: "Dê uma esmolinha a Pedro Sem, que teve tudo e agora não tem...".

Oh pá ADORO estas histórias e lendas portuguesas !!!! Adoro mesmo este reviver dos tempos antigos!!!! :D

I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

Lenda de Valongo e Susão

Os nomes de Valongo e Susão têm origem nesta lenda que remonta à época em que alguns cristãos perseguidos no Oriente se refugiaram em Cale, foz do rio Douro. Entre eles estava o rico negociante judeu Samuel, recém convertido ao Cristianismo, e a sua filha Susana. Pensavam os fugitivos estarem já livres de perseguições quando foram obrigados a defender-se dos árabes que dominavam a região. Com astúcia, prepararam uma armadilha e capturaram o jovem Domus de cujo resgate esperavam obter a paz. Enquanto decorriam as negociações, Domus e Susana apaixonaram-se e o mouro pediu para ser baptizado para poder casar-se com a jovem. O acordo com os muçulmanos era assim impossível e decidiram todos fugir, deixando Portucale (Porto) em direcção ao Oriente. Chegados ao topo da Serra de Santa Justa depararam com uma paisagem lindíssima e a apaixonada Susana exclamou um elogio sincero ao vale longo que sob os seus olhos se estendia. Desceram ao vale e nele decidiram ficar para sempre, edificando as primeiras casas de uma povoação que se veio a chamar Susão, em memória da bela Susana. O vale que Susana tinha achado belo e longo ficou conhecido como Valongo.

sofiagov
Citação de: cody sweets em 15 julho, 2015, 14:15
Oh pá ADORO estas histórias e lendas portuguesas !!!! Adoro mesmo este reviver dos tempos antigos!!!! :D



verdade ;)


:)
Lenda da Princesa Fátima
Fátima, jovem e bela princesa moura, era filha única do emir, que a guardava dos olhos dos homens numa torre ricamente mobilada, tendo por companhia apenas as aias e, entre elas, a sua preferida e confidente Cadija. Apesar de estar prometida a seu primo Abu, o destino quis que Fátima se apaixonasse pelo cristão que seu pai mais odiava, Gonçalo Hermingues, o "Traga-Mouros", o cavaleiro poeta que nas suas cavalgadas pelos campos via a bela princesa à janela da torre. Rapidamente o coração do cavaleiro cristão se encheu daquela imagem e sabendo que a princesa iria participar no cortejo da Festa das Luzes, na noite que mais tarde seria a de S. João, preparou uma cilada de amor. No impressionante cortejo de mouras e mouros, montando corcéis lindamente ajaezados, Fátima era vigiada de perto por Abu. De repente, os cristãos liderados pelo "Traga-Mouros" saíram ao caminho e Fátima viu-se raptada por Gonçalo. Mas Abu depressa se organizou e partiu com os seus homens em perseguição dos cristãos e a luta que se seguiu revelou-se fatal para o rico e poderoso Abu. Como recompensa pelos prisioneiros mouros, Gonçalo Hermingues pediu a D. Afonso Henriques licença para se casar com a princesa Fátima, a que o rei acedeu com a condição que esta se convertesse. A região que primeiro acolheu os jovens viria a chamar-se Fátima, mas a princesa, já com o nome cristão de Oureana, deu também o seu nome ao lugar onde se instalaram definitivamente, Ourém.

fonte: lendasdeportugal.no.sapo
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem