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  • A escolha do parceiro em nossas vidas
    Iniciado por Faty Lee
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A escolha do parceiro em nossas vidas

Como decorre o processo de escolha dos parceiros na vida adulta? Quando nos identificamos com alguém, o que está por detrás dessa identificação inconsciente que fazemos? Porque razão escolhemos alguém que se assemelha aos nossos pais ou cuidadores?

Segundo Freud a identificação surge como a "mais remota expressão de um laço emocional com outra pessoa". Este autor refere que podemos identificar-nos com coisas boas do indivíduo, mas podemos, também, identificarmo-nos com os sintomas das pessoas, problemas que se apresentam no outro, mas que reconhecemos como nossos, pois, em algum momento da nossa vida, já passamos por aquilo que o outro está a passar e tendemos a nos colocar no lugar dele. Neste caso, Freud observa a escolha que o indivíduo faz, como uma anulação do objeto, ou seja, o objeto seria a pessoa com quem iria se identificar e dá uma total importância ao sintoma do mesmo, identificando-se com o sintoma e não com o objeto. A Psicologia chama este fato de empatia.

Nasio diz que a pessoa pode identificar-se com o outro de duas maneiras, a primeira é através da vontade consciente, é o caso de você admirar uma pessoa, vestir-se como ela, falar com o modo da outra pessoa, enfim, traços que são visíveis e que você adota como seus. A segunda forma de identificação é inconsciente, pois ocorre um movimento ativo de ir em busca da pessoa que elegemos a fim de assimilar seus traços, se possível incorporá-la, mas, sem qualquer consciência porque fazemos ou porque escolhemos certa pessoa para adorá-la, amá-la ou odiá-la.   


A escolha do parceiro amoroso

Os teóricos do desenvolvimento (e.g., Papalia & Olds, Erikson) referem que escolher o nosso parceiro amoroso é uma tarefa que espelha o sentido de identidade. As pessoas procuram unir-se com parceiros semelhantes fisicamente, intelectualmente, emocionalmente, entre outros, como se houvesse a procura de uma semelhança para decidirem qual será a pessoa ideal para compartilhar as suas vidas, além disso tentam buscar, na repetição, a semelhança da relação dos seus próprios pais, ou seja, a aproximação com a mesma felicidade e união se assim o tiveram.

Para Bee nós praticamos um processo de escolha antes de nos unirmos a alguém, composto de três etapas: a primeira a ser observada são as caraterísticas externas da pessoa. Neste primeiro momento, será observado se esta pessoa combina fisicamente, a idade e também se a classe social são compatíveis. No segundo momento, observamos as atitudes e crenças em relação ao sexo, religião, se as escolhas são semelhantes às suas ou não. Já, no terceiro e último momento, a compatibilidade relaciona-se aos ideais sobre sexo, relacionamento, família e filhos, aspetos que são fortes influenciadores para o escolhido. Portanto, para Bee somos atraídos por quem é parecido connosco. Também não podemos esquecer que a atração sexual exerce um poderoso papel na hora de atrair ou ser atraído por alguém.


O processo de Identificação

A identificação é um processo inconsciente e psicológico que ocorre em tenra idade. A criança com 4/5 anos identifica-se com alguém ou alguma coisa, quando se confunde com esse alguém ou essa coisa. Identificar-se significa querer ser o outro, assimilar o outro, sendo este um desejo inconsciente que pode ser manifestado nas nossas ações e intenções. A menina nesta idade usa as roupas da mãe, quer pintar as unhas e usar os seus colares, enquanto o menino usa a gravata do pai e os seus sapatos. Ou seja, a menina incorpora os traços da figura materna e o menino os traços da figura paterna. O processo de identificação refere-se não apenas àquilo que é visível no outro, mas também as emoções, sentimentos, afetos, desejos e fantasias ocultas na vida interior desse outro.

Por isso, a criança necessita de um pai e de uma mãe presentes ou de figuras substitutas para realizar o processo de identificação. Se o ambiente inicial for alterado ou tiver condições anormais que não proporcionem um desenvolvimento sadio para a criança (e.g., abusos, violências, ausências emocionais), isto criará resíduos de problemas não resolvidos e necessidades que não foram satisfeitas.

A identificação é um ato de amor, que só ocorre quando houver entre a criança e os seus pais, uma ligação de amor. Nasio refere uma história em que há uma intensa identificação entre pai e filho, que, após muitos anos, o filho deixa a agricultura para ser definitivamente um marinheiro, e subitamente o seu pai o lembra de que, quando jovem, este era seu sonho e, sem saber disso, o filho, quando adulto, vai realizar inconscientemente um sonho que era da infância de seu pai. Também Minuchin conta a história de uma mãe a quem lhe foi comunicado que o seu filho era esquizofrénico e que durante a consulta começou a chorar. O terapeuta ofereceu-lhe um lenço para limpar as lágrimas e esta, inconscientemente, limpa as lágrimas do seu filho que estava sentado ao seu lado.


A identificação pode ser evolutiva, quando a criança adquire no seu comportamento um valor de reforço secundário, sendo este reforço espelhado na capacidade da criança autorreforçar-se a repetir o comportamento do pai ou da mãe. Pode ocorrer também a identificação defensiva, quando a criança está a ser ensinada a viver em sociedade, e as exigências pessoais internas dos pais são passadas para o filho, levando a criança a ter sentimentos de punição, agressão, raiva, gerando um conflito interno e interiorizando estes padrões, formando, assim, um traço de caráter rígido.

Para Freud os primeiros objetos sexuais da criança são as pessoas que as alimentam e que delas cuidam, logo será sua mãe ou quem a substitua. Este tipo de relação é chamado de anaclítico ou de ligação, que ocorre no primeiro momento em que a criança investe a sua energia libidinal (sexual, de prazer) no objeto e não no ego. Por isso, para este autor, ocorrem processos diferentes em relação ao homem e à mulher no processo de escolha do objeto. O amor objetal é propriamente masculino, pois a libido é sempre masculina e sempre ativa. O primeiro objeto de amor será a mãe a quem ele irá investir a sua libido.

Portanto, a tarefa do menino é identificar-se com o seu pai, resolvendo o complexo de Édipo, que é um conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que ele sente em relação ao pai. Sob forma positiva, o complexo apresenta-se como o desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e o desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob a forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto.


Para Freud a criança, neste caso o menino, começa a ter interesse pelos seus órgãos genitais, sendo logo repreendida por este fato. Na manipulação do seu órgão sexual, a criança sente muito prazer e demonstra explicitamente tal comportamento. Assim, ela internaliza a repressão que é imposta pelos outros, como uma ameaça, entendendo que, se continuar com tal atitude, pode perder o seu órgão sexual. Esta repressão ganha mais força quando o menino visualiza a falta do objeto amado na menina, o seu órgão sexual, sendo que se continuar com tais atitudes um dia também poderá perder o seu.

Surge então o conflito em investir a sua energia nesta parte genital ou investir libidinalmente no objeto parental, geralmente aqui o menino dá as costas ao Édipo para iniciar a fase de identificação, pois sabe que não poderá investir a sua energia para conquistar a mãe, podendo ser repreendido. Passa agora a introjetar a autoridade dos pais, dando início assim a formação do superego, que impossibilitará a criança de regredir e tentar novamente aplicar sua energia no objeto parental, provocando o incesto.

Na teoria de Freud sobre o complexo de Édipo, a criança tem duas possibilidades de satisfazer o seu desejo. Uma será ativa, em que ela vai utilizar sua fantasia para se colocar no lugar do outro e obter por completo o que tanto almeja, ter uma relação com a sua mãe ou com o pai, o menino vai colocar-se no lugar do pai e ter a relação com a mãe, e a menina coloca-se no lugar da mãe, para ter a relação com o pai. Outra será forma passiva, assumindo o lugar da mãe ou do pai e, assim, sendo amada pelo sexo oposto a quem ela considera como um rival.

A organização do complexo de Édipo feminino (complexo de Electra) acontece de maneira um pouco diferente. A primeira diferença é que a menina não identifica a falta do pénis como um órgão sexual, ela entende como se o tivesse como parte integrante do seu corpo e que lhe foi tirado. No entanto, não aceita essa perda e, com o tempo, vê que não terá o seu falo de volta. Então, a menina guarda inconscientemente este sentimento, ajudando a estruturar-se, para mais tarde, construir uma relação e ter o filho deste homem que dará o presente que ela perdeu, o falo.


E são estes processos psicológicos que estão na base das nossas escolhas amorosas enquanto adultos.

Fonte: Psicologado.com

Que pensam vocês de tudo isto?
Será que as nossas escolhas amorosas refletem ou não aquilo que identificamos nos nossos pais?
Porque razão, quando terminamos uma relação acabamos sempre por atrair outra pessoa que é exatamente igual ou pior à anterior?

..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Eu sei lá o que é que penso... :P

Mas sinceramente não sei... tanto podem reflectir como não. Há quem precise de tudo menos alguém com essa "identificação".

No meu caso, é mais o eu sogro que me lembra o meu pai quando eu era pequenina... :)
O meu marido também, especialmente quando interage com crianças. É "menineiro" como o meu pai: tudo para os meninos, deixa estar o/a menino/a, dá tudo o que pedem, só mimo, ui... :)

CitaçãoE são estes processos psicológicos que estão na base das nossas escolhas amorosas enquanto adultos.

O pior é que a psicologia, na maior parte dos estudos, analisa grupos-alvo de casamentos recentes ou de casais divorciados. Os casamentos de "longa duração" não têm essas características porque começam, em geral, nos bancos de escola.

"A organização do complexo de Édipo feminino (complexo de Electra) acontece de maneira um pouco diferente. A primeira diferença é que a menina não identifica a falta do pénis como um órgão sexual, ela entende como se o tivesse como parte integrante do seu corpo e que lhe foi tirado. No entanto, não aceita essa perda e, com o tempo, vê que não terá o seu falo de volta. Então, a menina guarda inconscientemente este sentimento, ajudando a estruturar-se, para mais tarde, construir uma relação e ter o filho deste homem que dará o presente que ela perdeu, o falo."

Não sabia que era assim.
O complexo de Edipo / Electra é necessãrio para a estrutura e identidade sexual de homens e mulheres.

Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

Pois neste caso, a Psicologia debruça-se sobre os estudos de desenvolvimento e o que aqui está patente é uma realidade que temos no dia-a-dia. Quando procuramos um companheiro, tendemos sempre a identificar alguém com as caraterísticas do nosso pai ou da nossa mãe... ou pelo contrário, procurar alguém completamente diferente deles... mas na realidade, acabamos por sintonizar com pessoas com caraterísticas idênticas a eles.

Isto significa que as relações familiares precoces são importantíssimas no desenvolvimento e construção dos sujeitos, pois estes farão "escolhas" idênticas que serviram de referência para si, na sua infância.

Cleo, a identificação é uma organização emocional perante uma figura de referência. Se houver um "problema" nessa identificação, quer do rapaz, quer da menina, obviamente que isto aportará influências nas suas escolhas futuras ao nível das "fontes de prazer".
..."no woman no cry... cause when one door is closed, many more is open"...
Membro nr. 34334

Citação de: Faty Lee em 14 abril, 2015, 14:08
(...)
Isto significa que as relações familiares precoces são importantíssimas no desenvolvimento e construção dos sujeitos, pois estes farão "escolhas" idênticas que serviram de referência para si, na sua infância.

Cleo, a identificação é uma organização emocional perante uma figura de referência. Se houver um "problema" nessa identificação, quer do rapaz, quer da menina, obviamente que isto aportará influências nas suas escolhas futuras ao nível das "fontes de prazer".


Isto quererá dizer que, se houver uma má gestão da identificação da figura de referência (pai ou mãe), a criança pode desenvolver traumas e desvios de comportamento?
Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem

#6
Sim, ao que parece a todos os níveis, desde problemas de personalidade, psicopatologias e afins, bem como transtornos sexuais :(

Dai a importância concedida à relação primária entre mãe-bebé e também o pai :)
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Membro nr. 34334

#7
Bom tópico  :)

Citaçãonós praticamos um processo de escolha antes de nos unirmos a alguém, composto de três etapas: a primeira a ser observada são as caraterísticas externas da pessoa. Neste primeiro momento, será observado se esta pessoa combina fisicamente, a idade e também se a classe social são compatíveis. No segundo momento, observamos as atitudes e crenças em relação ao sexo, religião, se as escolhas são semelhantes às suas ou não. Já, no terceiro e último momento, a compatibilidade relaciona-se aos ideais sobre sexo, relacionamento, família e filhos, aspetos que são fortes influenciadores para o escolhido. Portanto, para Bee somos atraídos por quem é parecido connosco.
Concordo com as etapas. Apesar de abordar a questão muito no foro mental e não tanto emocional. Há sentimentos que se desenvolvem, elos de atracção/ligação muito antes dessas etapas estarem concluídas ou até sem nunca serem bem sucedidas. Para mim, um factor super importante e que não é referido é a parte emocional da pessoa, se é uma pessoa com coração, sensivel, meiga ou uma pessoa fria e demasiado lógica. Até pode passar nas etapas todas mas se não for uma pessoa calorosa, não vale a pena. De certa forma, alguém que veja e sinta o amor da mesma forma que eu.
Sim, é importante que a pessoa seja parecida connosco para termos alguma afinidade, gostos e crenças em comum...Mas também penso que é benéfico haver na mesma medida algumas diferenças, para trazer algum dinamismo ao romance e, de certa forma, equilibrar o casal e contribuir para a sua evolução como indivíduos.


CitaçãoA identificação é um ato de amor, que só ocorre quando houver entre a criança e os seus pais, uma ligação de amor.
Pode acontecer uma criança não se 'identificar' com os pais, não procurando seguir os modelos deles e acabando por ser algo completamente destoante dos progenitores (exterior e interiormente)? Acredito que sim mas o que significa?


CitaçãoPorque razão, quando terminamos uma relação acabamos sempre por atrair outra pessoa que é exatamente igual ou pior à anterior?
Penso que é uma questão de vibração, como já foi falado noutro tópico. O primeiro passo de mudança tem de partir de nós mesmos.

- Uma questão: como é visto na psicologia o caso de pai que em criança teve má experiência com os progenitores? Tem probabilidade de vir a ser bom pai ? Ou a tendência é cometer os erros que cometeram com ele?

Citação de: SaraRS em 14 abril, 2015, 14:27
Pode acontecer uma criança não se 'identificar' com os pais, não procurando seguir os modelos deles e acabando por ser algo completamente destoante dos progenitores (exterior e interiormente)? Acredito que sim mas o que significa?

A identificação tem sempre que ocorrer entre os 4/5 anos de idade, seja pelos pais ou pelos substitutos. A criança com esta idade não tem noção do certo e do errado das relações, pois aquilo que tem como modelo, é aquilo em que acredita como verdadeiro. Por exemplo, uma criança alvo de abuso sexual, só mais tarde irá compreender, com o seu grupo de pares, que aquilo que lhe acontecia não era "normal" nas outras famílias, compreendes?

Mas independentemente disso, ou seja, se a identificação for realizada com um significativo as lacunas emocionais continuam lá, pois há uma substituição do amor que deveria ser amor, por outro amor igualmente significativo, mas a "dor" e a "mágoa" de não serem os seus pais, permanecerá. E é esta que poderá dar origem a mil e um problemas...

Citação de: SaraRS em 14 abril, 2015, 14:27
- Uma questão: como é visto na psicologia o caso de pai que em criança teve má experiência com os progenitores? Tem probabilidade de vir a ser bom pai ? Ou a tendência é cometer os erros que cometeram com ele?

Os progenitores não determinam nada em termos de comportamento futuro e determinam tudo. O que é que isto significa? Se um pai, teve ele próprio um pai severo, ou ele tem uma grande compreensão e aceitação de tudo e agirá de forma diferente para com o seu filho, ou certamente que irá dar continuidade àquilo que sempre foi o seu modelo.

Conheço um caso de um pai que teve um pai muito rígido porque não lhe dava nada e o obrigava a trabalhar para dar valor às coisas. Ele sempre disse que quando tivesse um filho, que não iria fazer-lhe isso, pelo sofrimento que ele próprio sentiu. No entanto, a estratégia encontrada não foi a melhor, ou seja dá tudo ao filho. Este é um caso em que o pai, não compreendeu a essência da sua educação e, por conseguinte, opta por agir de uma forma completamente contrária e não se apercebe, que talvez, o meio termo seria a atitude mais sensata, compreendes?

Os estudos sobre violência mostram que as mães vítimas de violência doméstica e/ou abuso sexual, passam facilmente de vítimas a perpetradoras quando nascem os seus filhos :( Não é fácil romper o padrão. Vê o caso, por exemplo, da Sinead O'Connor, cuja mãe abusava dela sexualmente...

A Psicologia aceita o sujeito como dinâmico, o que significa que por muitas vicissitudes que tenham surgido na vida do sujeito, por muito peso que haja na transmissão biológica e social (educacional), o sujeito pode sempre mudar e fazer diferente. Mas nem todos os sujeitos têm disso consciência, porque o que é normal é que as pessoas reproduzem, enquanto adultos, aquilo que aprenderam. A mudança pressupõe um salto quântico, interior, que nem sempre é conseguido. As pessoas que conseguem são exatamente designadas de resilientes.
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Coloco aqui uma questão relacionada, que já tinha colocado anteriormente num outro tópico, à qual não cheguei a uma resposta conclusiva.

Então imaginemos um bebé que vive com uns pais adotivos desde, imaginemos, os 12 meses de vida. Essa criança quando decidir escolher o parceiro irá buscar características dos pais adotivos ou terá algum impulso involuntário dentro de si que o faz escolher um parceiro parecido com os pais biológicos?

Desculpem a pergunta mas gostava de ter uma resposta concreta :)
I see now that the circumstances of one's birth are irrelevant, is what you do with the gift of life that determines who you are"

Citação de: cody sweets em 14 abril, 2015, 21:44
Coloco aqui uma questão relacionada, que já tinha colocado anteriormente num outro tópico, à qual não cheguei a uma resposta conclusiva.

Então imaginemos um bebé que vive com uns pais adotivos desde, imaginemos, os 12 meses de vida. Essa criança quando decidir escolher o parceiro irá buscar características dos pais adotivos ou terá algum impulso involuntário dentro de si que o faz escolher um parceiro parecido com os pais biológicos?

Desculpem a pergunta mas gostava de ter uma resposta concreta :)

Nessa altura, o processo de identificação ocorreu com os pais adotivos, pela ausência dos biológicos. O que significa que a incorporação dos aspetos físicos e emocionais foi com os pais adotivos, que no fundo (bem ou mal) substituíram os pais biológicos. No entanto, apesar da identificação ter sido realizada com estes,, não significa que não existam outras pessoas de referência e que ajudaram de alguma forma ao processo de identificação, nomeadamente a existência de avós, de irmãos mais velhos, etc... que podem ser auxiliado o processo de identificação.

Imagina um menino dessa idade que é colocado num orfanato. Quando chega ao processo de identificação, ele terá que o fazer com alguém que esteja mais próximo dele, nomeadamente a pessoa que mais cuida dele, pois esse é sempre o processo.

À medida que essa criança vai crescendo e vai maturando sob o ponto de vista do certo e do errado, poderá aproximar-se ou distanciar-se dessa figura de vinculação, procurando relações futuras com caraterísticas desses cuidadores (quando há aproximação) ou completamente diferentes (quando há distanciamento). Os modelos que foram incorporados servem de referência quer para serem repetidos quer para serem excluídos do repertório, compreendes? E por isso se diz, de alguma forma, que eles condicionam as escolhas.
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Com todos estes estudos  psicológicos, e com os resultados que temos sobre casamentos/ divórcios, hoje em dia, e dado o o limitado número de casamentos que resistem para além dos 5 anos, parece chegarmos à conclusão que os pais de hoje devem ser muito piores que os de há umas décadas, Como se compreende que os casamentos há umas décadas fossem muito mais consolidados.?Provavelmente, mesmo com um nível mais baixo de escolaridade, esses modelos/pais/figuras de referência tinham uma melhor influência sobre os filhos.

Citação de: oculto em 15 abril, 2015, 08:32
Com todos estes estudos  psicológicos, e com os resultados que temos sobre casamentos/ divórcios, hoje em dia, e dado o o limitado número de casamentos que resistem para além dos 5 anos, parece chegarmos à conclusão que os pais de hoje devem ser muito piores que os de há umas décadas, Como se compreende que os casamentos há umas décadas fossem muito mais consolidados.?Provavelmente, mesmo com um nível mais baixo de escolaridade, esses modelos/pais/figuras de referência tinham uma melhor influência sobre os filhos.

Para mim isto é sem dúvida! Antigamente, mesmo existindo pais "problemáticos" os filhos não se "desviavam" tanto, como agora! :)
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sofiagov
Entre o agora e o antigamente...tudo também é diferente...Hoje em dia troca-se a educação pelo facilitismo...os miúdos tem tudo à mão ...
em regra falta o dialogo entre pais e filhos...tanta coisa mudou...até aquelas simples brincadeiras de rua...e nesse tempo o que era o telemovel, o PC, etc...isso nem fazia parte do imaginário infantil que queria mas era jogar à bola, apanhar cada negra e arranhões ... ;D


Apesar de antes os casamentos durarem muito mais, porque as pessoas não queriam nem eram bem vistas por se divorciarem...e apesar disso contribuir para as pessoas investirem mais nos casamentos/relações e não desistirem por qualquer coisa...A verdade é que muitas mulheres e maridos sofreram nas mãos uns dos outros porque antigamente não havia o diálogo (media, etc) e a mente aberta que há hoje. Havia violência doméstica, por exemplo, como há hoje, mas as mentalidades achavam 'normal' e que se tinha de aguentar...era tudo muito mais encoberto.
Nem tudo nos dias de hoje piorou :)