Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.422
Total de mensagens
369.427
Total de tópicos
26.911
  • Perguntas e respostas directas - A Cabala.
    Iniciado por César Pedrosa
    Lido 7.684 vezes
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.

Léo Reisler

Pertence ao mistério ser conhecido.
Mas também pertence ao mistério
continuar mistério no conhecimento.

- É indispensável conhecer hebraico para estudar Cabala?

Não creio que seja, mas que ajuda muito, isso ajuda! O mesmo se aplica à leitura de outros textos tais como os Vedas e os Sutras budistas, escritos em sânscrito ou em pali. Há traduções maravilhosas, mas ler o original seria mesmo muito melhor. Infelizmente, não dá para fazer tudo. Pessoalmente prefiro deixar aos tradutores competentes esse trabalho e empregar o meu tempo estudando e, talvez, "sacando as coisas". Há um dicionário cabalístico em inglês que não resolve tudo mas ajuda muito: Godwin's Cabalistic Encyclopedia, publicado pela Llewellyn's Sourcebook Series, dos EUA. Sem contar com outras fontes tais como as traduções dos textos do Mar Morto e os textos gnósticos encontrados em Nag Hammadi, no Egito, em 1947, já disponíveis em inglês, desde 1987. William S. Gray, diz a propósito:
A Árvore não precisa ser colocada em hebraico, porque falará em qualquer língua.

-Quais e quantas são as "Escolas de Pensamento do Cabalismo"?

Conheço apenas as "escolas" antigas de Narbonne (França), Gerona (Espanha) e Safed - Sfed - (Palestina). Não estou considerando o aspecto da ortodoxia exotérica Hassídica como "escola" bem como a de certas evoluções do cabalismo não judaico. Imagino que deva ter havido um grande número de "grupos de estudo" com pouca ou nenhuma divulgação, responsáveis, quem sabe, por grandes desenvolvimentos do pensamento humano ocidental. Z'ev ben Shimon Halevi pensa o seguinte sobre isso:
Já foi dito que um grupo esotérico é um jardim-da-infância para os jovens, um refúgio para os fracos, um hospital para os doentes, e um ginásio para os fortes. Cada pessoa que se une a semelhante grupo possui todos estes quatro elementos em si mesmo, de modo que cada um trará para o grupo sua experiência de vida para ser partilhada. O que estabelece a diferença entre um grupo kabbalístico e uma reunião de altos ideais, é que aquele procura uma conexão prática com os planos superiores, para se tornar disponível a desempenhar qualquer Trabalho que seja necessário naquela época e naquele lugar. Tal operação passa desapercebida ao mundo. Um kabbalista trabalhando em assuntos raciais, ou na arte, ou na ciência, pode ajudar a alterar o curso da história introduzindo a dimensão espiritual em uma importante reunião de conselho, num livro original sobre psicologia, ou em uma invenção socialmente importante. Tais contribuições podem não ser grandiosas, mas assim trabalham muitas tradições espirituais.

- Os judeus mantêm escolas de Cabala?

Sim. Os livros do Dr. Philip S. Berg e de outros cabalistas são editados pelo The Research Center of Kabbalah, onde, acredito, deva haver um ensino sistemático. Pelo menos os livros que esse centro de pesquisa cabalística edita costumam ser muito bons. Ressalte-se aqui que muitos judeus, em lugar de estudar a Cabala, a encaram como uma espécie de bruxaria, capaz de criar monstros (Golem), do mesmo modo como muitos cristãos se referem, lamentavelmente, ao Candomblé. É uma pena que a superstição cause tantos danos às pessoas e seus semelhantes. No Brihadaranyaka Upanishad indiano consta que: Aquele que venera uma outra divindade que não seja a sua própria, pensando "Ele é um, eu sou outro", nada sabe.
Ainda a propósito de Golems, observo que nós, constantemente, criamos personagens horríveis. As nossas criaturas costumam ser muito mais feias do que o Golem judeu, do que o monstro do Dr. Frankenstein. Se você não acredita, é só olhar ao redor prestando atenção (um grande exercício de Cabala), que você enxergará vários desses monstros no escritório, em famílias conhecidas, e, cuidado, até entre as suas quatro paredes... São criaturas, coitadas, feitas geralmente só de barro, que não enxergam, não escutam e, mais grave, não amam. Uma extraordinária imagem dessas criações está no maravilhoso livro de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray. Seguindo o roteiro do livro, ou do filme, tem-se uma das fórmulas de criar um Golem. Basta viver exclusivamente em função do deslumbre pela matéria e você também poderá criar um; vivenciando um óptimo exemplo de "magia negra". É só viver o ritual da sua vida às avessas e, pronto! Está criado o seu monstro particular. Mas chamar alguém mais sábio e culto de mago no mau sentido é uma mania mundial. Os chineses também viam os seus monges taoístas como magos ou bruxos, dependendo de quanto eram crédulos e confusos em decorrência da sua educação. Bastava (ou ainda basta:) ter algum conhecimento menos formal e saber usá-lo, mesmo sem o conhecimento do real significado dos seus actos, para levar a alcunha de bruxo ou mago. Merecida ou imerecidamente... Os monges taoístas bem como os monges zen, grandes humoristas, divertiam-se muito com isto. Eles realmente eram sábios!
Aliás, Karen Armstrong coloca muito bem o seguinte:
Vimos que o místico era muitas vezes visto como uma disciplina esotérica, não porque os místicos quisessem excluir o rebanho vulgar, mas porque estas verdades apenas poderiam ser percebidas pela parte intuitiva da mente após treinamento especial.
O que, de forma alguma, coloca o místico como verdadeiramente esotérico. Esotérico, como já vimos, quer dizer em grego "o que está oculto", e apenas está oculto porque você ainda não sabe ou não estudou. E estudar, às vezes - sobretudo no Brasil -, parece ser um "treinamento especial". Que pena, não é mesmo?

- O que representa na doutrina cabalista a Sheshinah?

Significa, basicamente, a habitação. O quarto mandamento diz: "Santificarás o dia do Shabath", um dia em cada 7 em que deveria haver a sua união com Deus. Na cerimónia do Shabath estaria presente o espírito da Sheshinah, a presença "feminina" de Deus. Poder-se-ia dizer que ela equivale a Nossa Senhora, no rito cristão; Amaterassu-o-Kami, no rito xintô; e Shiva ou Kali, no vedanta. Sempre a vontade feminina da geração e extermínio:
(...) fazendo uma longa prece a Kali, a estranha deusa que bate e que consola, aquela que acaricia e devora. (Mahabharata)
É a sefira Malkuth (o Reino)!

- O que é Cabala Prática?

Também, a meu ver, deveria ser aquela empregada para terapia social e individual e não em rituais absurdos como os engendrados por S. L. MacGregor Mathers e Aleister Crowley para a Sociedade da Aurora Dourada nos estertores do século passado e início deste. Diz Frances King:
Mathers julgava-se ser a reincarnação do Rei James IV, o rei Mago dos Escoceses... e andava de bicicleta por Paris vestido com o uniforme escocês completo.
E ainda sobre isso, Z'ev ben Shimon Halevi diz:
Cabala prática é uma forma de lidar com o diabólico. É uma forma de magia, a perigosa arte de obter poder sobre o Mundo psicológico (Yetzirático) através do uso de símbolos; mas alguns rabinos consideram esse uso legítimo se empregado escrupulosamente. No decorrer do tempo tais práticas tornaram-se corruptas e deram à Cabala uma reputação duvidosa. A validade de tais técnicas permanece, porém, em que certos exercícios podem trazer profundas modificações na consciência e remover problemas psicológicos que em épocas antigas eram vistos como uma intrusão do demónio.
Substituindo-se "diabólico" por ego, temos nesse texto uma descrição de psicoterapia, inclusive quanto às advertências para um comportamento ético denominado Cabala e originado com Moisés ou Abraão, há pelo menos 3.200 anos. Diria mais. O propósito da Cabala é o de desobstruir a nossa mente dos parâmetros da lógica e da razão a fim de que possamos ultrapassar os limites determinados pelos nossos sentidos. Quando sonhamos, fazemos este exercício. Quando meditamos competentemente, também. Empregando-se hipnose podemos nos libertar da consciência e literalmente viajar sem tempo e espaço. Vejamos o que diz esse texto encontrado na Hermética, traduzido do grego e do latim por Sir Walter Scott:
"E o incorpóreo não pode ser encerrado por nada; mas pode em si, encerrar todas as coisas; é a mais rápida de todas as coisas; e você verá que é assim. Peça à sua alma que viaje a qualquer região que escolher, e assim que você tiver pedido para ir, lá ela estará. Peça que passe de uma terra para o oceano, e lá estará não menos rapidamente; ela não se moveu como nos movemos de um lugar para outro; mas está lá. Peça que voe para o céu, e ela não terá necessidade de asas; nada poderá barrar o seu caminho, nem o forte calor do sol, nem o rodopiar das esferas - planetas; rompendo o seu caminho através de tudo, ela ira voar até que alcance o mais externo de todas as coisas corpóreas."
Isto é, viajar livremente, observando cuidadosamente o universo como uma forma plena de informações capaz de nos elevar física e psiquicamente. Jacob teve 12 filhos a quem abençoou. Se observarmos atentamente o céu veremos os doze símbolos do Zodíaco que os representam. Abrindo a nossa mente, poderemos receber essas mesmas bênçãos sob forma de compreensão ou, talvez, de sabedoria. Em decorrência, revela-se energia (ki)*, poder verdadeiro e paz de espírito.

(*) Correspondente ao famoso KI oriental, que permeia o universo, a nossa vida e que desavisadamente desaprendemos a usar na nossa evolução ocidental. A prática de qualquer DO (caminho) oriental costuma ter como premissa básica o desenvolvimento do KI.
Com muita propriedade, Alberto Lyra diz:
Uma das finalidades da Qabalah é a compreensão total do universo, primeiramente através do lógico. Ao querer superar as incongruências e contradições, o estudante e o exegeta da Qabalah são levados a tal esforço mental, que ultrapassam as barreiras lógicas e vão atingir o inconsciente profundo, alcançando a experiência transpessoal, trans-humana, ou até, cósmica. E o processo análogo ao do Budismo Zen, em que o praticante, ao concentrar-se na significação do absurdo, como seja bater palmas com uma só mão, termina por alcançar Satori.
Lyra refere-se neste final, ao koan Zen, propiciado pelo mestre ao aluno, deixando este último perplexo, de maneira que se liberte da dualidade sim/não. Em Cabala seria deixar de lado as colunas laterais (Árvore do Bem e do Mal) para integrar-se à coluna central (Árvore da Vida), sem medo dos Querubins postados à entrada do Éden. Eles estão lá apenas para assustar, tal qual as figuras da carta da Lua dos arcanos maiores do Tarot. Para correr o risco, torna-se necessário libertar-se da "casca" de ideias pré-concebidas, de dogmas e padrões sociais limitadores. Perder a couraça e correr os riscos pela liberdade para crescer.
Lyra diz ainda mais:
O estudo e a aplicação do Tarot, em relação à Árvore Sefirótica, pode auxiliar muito o estudante.
O uso do Tarot está para a Cabala assim como em informática o uso do Windows está para alguns programas. No computador, o Windows ajuda muito ainda que, às vezes, seja lento e limitador.
O uso constante e contínuo do conhecimento de Cabala permite um sensível desenvolvimento da criatividade, por ser, sem dúvida, uma ferramenta de ligação com o inconsciente. Quem lida com as chamadas actividades criativas terá nela uma fonte inesgotável de inspiração. Mas não necessariamente com rituais fantásticos.
Diz Milarepa, o santo iogue indiano:
"As visões das formas das Divindades sobre as quais meditamos são apenas os sinais que acompanham a perseverança na meditação. Não têm valor intrínseco em si mesmas. [...]
Consegui transformar meus inimigos em afectuosos amigos; portanto, não preciso de preces ou de oferendas expiatórias. Não preciso também de exorcismos ou ritos propiciatórios contra qualquer demónio; transformei os maus augúrios e os maus pressentimentos em Divindades Guardiãs da Fé (isto é, nas Realizações da Verdade, nascidas da vida religiosa) [...]
Cabala também não está para fantasias como as atribuídas a John Dee e Edward Kelley, dois ingleses do século XIX - possivelmente praticantes da Cabala Mágica -, que tentavam "acordar" os mortos.
Sobre este assunto fala também Marie Louise von Franz, no seu livro Os Sonhos e a Morte:
Pois agora sabemos que no inconsciente há um "conhecimento", que Jung denominou "conhecimento absoluto". Isto é, o inconsciente pode conhecer as coisas que não podemos conhecer conscientemente, de forma que todas as provas ou declarações de identidade dos "espíritos" nas sessões mediúnicas poderiam igualmente ser explicadas como manifestações do inconsciente grupal dos participantes, e não como comunicações genuínas dos mortos. Só os fenómenos de materialização é que não seriam directamente afectados por esse argumento. Não obstante, "acredito" que os mortos ocasionalmente se manifestem em eventos parapsicológicos, embora isso no momento não me pareça poder ser provado de modo inequívoco.

- A numerologia actual tem alguma fundamentação cabalística?

Leibnitz*, sem dúvida um cabalista, deve ter "sacado" o cálculo infinitesimal pela Cabala, com o auxílio do Tzeruf, do Notarikon, da Guematria, e da Temurah.** Para praticar a numerologia adequadamente, qualquer "numerólogo" deveria conhecê-los a fundo e isso não é o que acontece. De forma geral, há um enorme engano com relação à numerologia, quando não um engodo.

- Quem ou, o que é Delis cabalisticamente falando, e segundo qual "escola"?

Particularmente, eu prefiro a forma abaixo que não pertence a nenhuma escola:

E disse Deus a Moisés na montanha: "Eu sou aquele que e" (EHEIH).
Ou então:
O verdadeiro Tao é aquele que não pode ser explicado.
Em seu Sete Sermões aos Mortos, C. J. Jung coloca, no primeiro sermão:
[...] porque o eterno é desprovido de qualidades.
Gosto muito da história que Karen Armstrong conta em um de seus livros:
[...] mesmo em Auschwitz alguns judeus continuaram a estudar o Talmud e a observar os festivais tradicionais, não porque eles esperavam que Deus os salvasse mas porque fazia sentido. Há a história de que um dia em Auschwitz, um grupo de judeus submeteu Deus a um julgamento. Eles o acusaram de crueldade e traição. Como Job, eles não encontraram consolo nas habituais respostas ao problema do diabólico e do sofrimento em meio a essa actual obscenidade. Eles não conseguiram encontrar nenhuma desculpa, nenhuma circunstância atenuante, e consideraram-No culpado e, presumivelmente, condenável à morte. O Rabino pronunciou o veredicto. E então ele olhou para cima e disse que o julgamento havia terminado: estava na hora da prece nocturna.

Seria também interessante que ao invés de constantemente estarmos tentando preocupa-Lo connosco, que nós nos preocupássemos um pouco com Ele... Pergunto-me: que resultado nós obteríamos desta inversão menos egóica? Apenas a título de exemplo diria que poluiríamos menos a natureza, amaríamos mais e melhor aos outros, veríamos a vida com outros olhos e... Estudaríamos Cabala com mais afinco e menos delírios semelhantes aos de John Dee!

- E os anjos e arcanjos, como são conceituados em Cabala?

Os anjos pertencem à Cabala de Ar, "Vau" da palavra Jeová (YHWH), e os arcanjos à Cabala de Água, o primeiro "Heh" da mesma palavra. São dez anjos, com as suas hostes celestiais, e dez arcanjos; cada um deles correspondendo a um dos 10 estágios (sefiras) das suas respectivas cabalas (AR- anjos e ÁGUA - arcanjos). Em linguagem mais moderna (junguiana) esses níveis correspondem respectivamente ao da nossa consciência pessoal (anjos) e ao do inconsciente individual (arcanjos). Poderíamos chamar esse último de "a nossa forma essencial", aquela que faz a máquina, o nosso robô, andar, ainda que essa máquina seja burra e teimosa... Para viver com saúde deveríamos ouvir atentamente essa nossa "forma essencial". Quando a contrariamos, ficamos doentes. Somatizamos!
(*) Gottfried Wilhelm Leibnitz (1646 - 1716). Dividiu com Isaac Newton a descoberta do cálculo infinitesimal (1648).
(**) Tzeruf combinação de um mesmo grupo de letras, a fim de formar com elas, novas palavras de sentido diferente, particularmente para fins místicos; Notarikon -permite considerar a palavra como se fosse contraída de várias outras, segundo alusão contida nas letras isoladas que a compõem, e que passam a ser consideradas como iniciais das outras palavras a que supostamente aludem; Guematria - consiste na comutação de urna palavra em outra, de significado diverso, porém de mesmo valor numérico, em face do valor aritmético adicionalmente atribuído a cada letra; Temurah - operação pela qual se comuta uma palavra em outra, também de significado diferente, mediante a substituição de suas letras por outras, de acordo com regras convencionalmente preestabelecidas.
Lembro apenas que os Devas (anjos) indianos não têm asas; pertencem a outra cultura onde os indivíduos não sonham ou deliram com entidades aladas.

- É verdade que a Cabala fala em 4 mundos e em 4 "Adãos"?

Sim.
1. O homem vive no mundo da manifestação (terra), ou seja, na matéria, chamado originalmente em hebraico de Assiah (Olamha-Assiah, OShYH - 385), onde tudo acontece.
Existem, ainda mais 3 mundos não visíveis, além da matéria (terra), mas que são sentidos por todos nós.
2. A consciência, ou o mundo da formação (ar), Yetsirah (YTZYRH-315), mundo através do qual comandamos a matéria.
3. O inconsciente individual (água) ou o mundo da criação chamado de Briah (BRYAH-218).
4. O inconsciente colectivo (fogo) em cada um de nós, ou o mundo da formação ou do arquétipo chamado de Atziluth (ATZYLWTh 537).
Todo ser humano teria em si esses quatro níveis ou talvez os quatro "Adãos" puros e perfeitos. Esses quatro mundos interligam-se formando, quando simbolicamente encaixados um sobre o outro, a Escada de Jacob, através da qual podemos compreender os processos psicológicos e iniciáticos da evolução do indivíduo no decorrer de sua vida.

- O ser humano, do ponto de vista cabalístico, foi criado à imagem e semelhança de seu Criador ou de Adão Kadmon?

O Adão Kadmon seria o homem puro e perfeito criado à imagem e semelhança de Deus. Por isso, imagina-se, teria Joshua (YHWShO - 391), ou Jesus, respondido, quando perguntado se era filho de Deus: "Meu nome é Joshua ben Adam (Jesus filho de Adão)". E, neste caso, de Adam Qadmon (ÀDM QDMWN -1455, 895, 245).
E continua mais adiante:
A Mitologia celeste do Livro da Criação tornou-se a história genética da terra.

Bem hajam na luz e com a Luz.
:angel7:
Que a LUZ que nos une prevaleça sobre as trevas que nos afastam.
Bem Hajam

Minha opinião:

A Cabala originalmente só era estudada pelos judeus, homens e maiores de 40 anos. De um tempo pra cá ela foi se tornando "pop", haja vista que até a Madonna se diz cabalista...risos.

A Cabala prática, já existia muito antes de Samuel Liddell MacGregor Mathers, Dr. William Wynn Westcott e William Robert Woodman (fundadores da Ordem Hermética da Golden Dawn). Importante dizer que o Aleyster Crowley nada tem a ver com isso, ele foi apenas MEMBRO da Golden Dawn e foi EXPULSO da mesma.

Mas a Cabala prática SÉRIA é muito interessante, digo séria porque como hoje ela é "pop" tem muito enganador aí. O Sistema de Cabala Prática da Golden Dawn é muito bacana e também muito difícil de operar, quem se interessar o melhor livro para se basear é "Golden Dawn" de Israel Regardie.

Agora os comentários de Léo Reisler (acima) são bem preconceituosos sobre o assunto.

Bom, eu recomendo a Cabala prática é um ensinamento muito rico que nada tem de diabólico.
Na verdade, em um sentido mais profundo, nem nascemos e nem morremos. São as identidades e sonhos que vão mudando...

Bem este é um apanhado de respostas directas respondidas e compiladas de várias fontes e Leo Reisler creio ter organizado este texto mas não serem única e exclusivamente o seu ponto de vista...mas uma espécie de "manual" de iniciação para quem se sente curioso em relaçaõ à cabala.
Bem hajas na luz e com a luz.
:angel: :angel: :angel:
Que a LUZ que nos une prevaleça sobre as trevas que nos afastam.
Bem Hajam

heavens butterfly
Bem, já que há entendidos nesta matéria (eu não sou) vou fazer aqui uma grande "fofoca" e gostaria de saber a opinião de alguém que entende da materia. Vamos lá:
Após um e-mail recebido sobre evidencias numericas com o nº 11 em relação ao 11 de Setembro (que eu também já tinha notado - não todas, mas algumas sim) e de ter descoberto (através de uma reportagem que não vi mas ouvi falar) que o bin laden tinha um "feiticeiro", um "sábio" que lhe indicava a melhor altura para atacar - através da posição dos astros e assim... - fiquei a pensar:
Desde sempre soube que estava alguem com ele, mas pensava que era um imã...depois de ter sabido que era "um feiticeiro" e de ter notado as evidencias numericas só me vem ao pensamento um cabalista. É um cabalista que está por trás dele, essa já ninguém me tira tão cedo; mesmo assim, gostava de saber a opiniaõ dos 2, já que entendem minimamente do assunto

Olha, não duvido de nada, pode até ser que sim, mas acho muito difícil que o tal "feiticeiro" seja cabalista, porque Bin Laden é um terrorista fundamentalista e sua guerra é contra os EUA e Israel, não acho que ele usaria da cabala "judaica" pra ajudá-lo. As diversas coincidências numéricas são realmente de se pensar, mas não é só a cabala que trabalha com os números.

Se existe algum "feiticeiro" acho mais fácil que seja um Sufi ou coisa do gênero do que um cabalista.
Na verdade, em um sentido mais profundo, nem nascemos e nem morremos. São as identidades e sonhos que vão mudando...

Citação de: Resurgam em 14 dezembro, 2009, 02:08
Olha, não duvido de nada, pode até ser que sim, mas acho muito difícil que o tal "feiticeiro" seja cabalista, porque Bin Laden é um terrorista fundamentalista e sua guerra é contra os EUA e Israel, não acho que ele usaria da cabala "judaica" pra ajudá-lo. As diversas coincidências numéricas são realmente de se pensar, mas não é só a cabala que trabalha com os números.

Se existe algum "feiticeiro" acho mais fácil que seja um Sufi ou coisa do gênero do que um cabalista.


idem idem ""
Bem hajas...
Que a LUZ que nos une prevaleça sobre as trevas que nos afastam.
Bem Hajam

heavens butterfly
Eu sei que vos custa a crer que seja um cabalista porque vivem na beleza da "coisa".
Inteirei-me e na reportagem falaram num astrólogo (realmente ele foi altamente preciso na interpretação astrológica) mas, o que me surpreende é o jogo que ele fez com o nº 11; todas as continhas feitas batem no 11. Ainda não percebi a mensagem que este quer transmitir com isto...
Agora, qualquer um pode aprender astrologia (de verdade) assim como a cabala e usa-la para fins menos proprios.
acham que um sufi chega a tanto? Não tinha pensado nestes, realmente... achei-os sempre tão simples no que toca a conhecimentos (e concretização dos mesmos) nestes domínios...
Este, infelizmente, parece que sabe muito bem o que está a fazer.
Apesar de eu não ser grande conhecedora de cabala, sei que não se prende só com numerologia (mas, fundamentalmente sim -desculpem mas é a ideia que tenho); agora gostaria, efectivamente, de saber quais as areas de trabalho: astrologia, numerologia e que mais? É uma área que se prende com adivinhação conjugando várias metodologias, certo?
César desculpa, sei que não era isto que pretendias com este tópico, mas aproveito já para esclarecer algumas dúvidas.


heavens, eu só acho que um terrorista fundamentalista muçulmano dificilmente usaria da cabala por ser ela eminentemente judaica, mas, como disse, não duvido. Note também que os grandes cabalistas, quase todos são Judeus.

Quanto aos sufis, eles tem uma cultura bem interessante e rica, apesar das aparências têm grandes conhecimentos  ;)

Com relação à Cabala, vou postar um texto aqui do Rabino DovBer Pinson, renomado estudioso, pensador e escritor de assuntos espirituais. Entre suas obras publicadas estão "Reencarnação e judaísmo" e "Em direção ao infinito: o caminho da meditação cabalística". Ele também dirige o Instituto Iyyu, um centro judaico em Brownstone Brooklyn.

Acredito que as informações complementam o belíssimo post do César Pedrosa:


Uma introdução básica aos três tipos de Cabalá

A tradução literal da palavra Cabalá é 'aquilo que é recebido". Para receber, devemos ser receptivos. Devemos nos abrir, criando um receptáculo para absorver aquilo que desejamos entender, até nos tornarmos parte da Cabalá. Abrir o ser para uma realidade mais elevada, visualizar o espírito dentro da matéria, elevar nossa consciência até o ponto em que nossa percepção da realidade é completamente mudada, e o Divino dentro de toda a Criação é revelado.

Falando de forma geral, a Cabalá está dividida em três categorias: a teórica, que se preocupa basicamente com as dimensões interiores da realidade; a dos mundos espirituais, almas, anjos e coisas semelhantes, e a meditativa, na qual a meta é treinar a pessoa que está estudando para atingir estados meditativos mais elevados de consciência e talvez, até um estado de profecia através do emprego dos Nomes Divinos, permutações de letras e assim por diante. Este último tipo de Cabalá é o mágico, que se preocupa em alterar e influenciar o curso da natureza.

A grande maioria dos textos mais importantes da Cabalá mágica jamais foi publicada, talvez por um bom motivo. Além de ser um assunto altamente complexo para dominar, mesmo quando dominado às vezes pode ser perigoso. R. Joseph Della Reina (1418-1472) foi um dos grandes mestres da Cabalá mágica. Conta a lenda que ele tentou utilizar seus poderes espirituais para trazer a suprema Redenção, e no processo de fracasso ficou espiritualmente ferido. Alguns dizem que cometeu suicídio, ao passo que outros afirmam que se transformou num apóstata. Outros ainda dizem simplesmente que enlouqueceu.

Muitos cabalistas na geração seguinte tomaram suas ações como uma advertência contra a prática da Cabalá transcendental avançada e mágica. A partir de então, os elementos mágicos da Cabalá têm, para todos os fins e propósitos, se extinguido, e seu conhecimento completamente esquecido.

Qualquer que seja o motivo, a Cabalá meditativa nunca foi uma disciplina popular. Um dos grandes proponentes da Cabalá meditativa foi Rabino Abraham Abulafia (1240-1296). A escola mística que ele dirigia estava basicamente interessada num método para atingir estados meditativos mais elevados. Ele acreditava que através do seu método de meditação, a pessoa estava apta a atingir um nível de profecia.

Ele propunha usar um mantra escrito, querendo dizer que em vez do costumeiro mantra verbal ou visual, a pessoa deveria escrever uma palavra repetidamente, muitas vezes, em diversos estilos e configurações. Deveria tentar alterar a seqüência da palavra e permutar e circundar as letras da palavra em todas as maneiras possíveis: combinando e separando as letras, compondo associações completamente novas de letras, agrupando-as e depois juntando-as com outros grupos, e assim por diante. Isso era feito até a pessoa atingir um estado mais elevado de percepção.

Ora, embora Abulafia fosse um escritor prolífico e autor de mais de quarenta livros durante sua vida, mesmo assim a maioria de suas obras jamais foi publicada. De fato, mesmo durante sua vida, muitos dos outros grandes cabalistas se opuseram a ele e aos seus ensinamentos.

Portanto, a Cabalá, na qual a meta era atingir o estado transcendental de consciência, jamais se tornou importante embora em nível individual, havia diversos cabalistas, especialmente aqueles da Safed do século dezesseis, que incorporaram seus ensinamentos como uma maneira de atingirem estados mais elevados de percepção e consciência.

O que nos resta é a dimensão teórica da Cabalá. A vasta maioria da Cabalá que foi e está sendo continuamente produzida está toda dentro do âmbito teórico. O corpo principal deste tipo de Cabalá é o sagrado livro Zohar, uma obra de ensinamentos do místico talmúdico do segundo século, Rabi Shimon bar Yochai, que foram transmitidos de geração em geração até serem publicados no final do Século Treze pelo cabalista R. Moshe de Leon.

Os três estágios do desenvolvimento da Cabalá teórica

É o aspecto teórico da Cabalá que tem sido desenvolvido através dos tempos em diversos estágios. Para fins práticos, a tradição deste estilo de Cabalá pode ser dividido em três estágios básicos. O primeiro é a era da publicação do Zohar, com a mística do livro e a geração seguinte que articulou estes ensinamentos. O segundo seriam os místicos do Século 16 que viveram na cidade de Safed. Este período específico da história é mencionado como a grande Renascença Cabalista. O movimento foi guiado pelos profundos e sistemáticos ensinamentos de R. Yitschac Luria (1534-1572). Ultimamente, o terceiro desenvolvimento da Cabalá foi com o nascimento de R. Yisrael ben Eliezer (1698-1760), conhecido como Báal Shem Tov, o Mestre do Bom Nome, fundador do Movimento Chassídico, que de maneira direta ou indireta tem orientado todos os outros movimentos até os dias de hoje.

Alguém que tenha tido apenas vislumbres da Cabalá teórica – o novato – tende a considerá-la um escrito repleto de fantasia, ocorrências e imagens estranhas, fantásticas paisagens místicas, aparentemente irracionais, irreais e sem base na realidade. Ao abrir a obra clássica da Cabalá teórica, o Zohar, a pessoa se surpreende com a imaginação dos autores, mas talvez o fascínio termine aí. Para o novato ele se parece com um livro de fantasia, nada além disso. Um famoso mestre cabalista, o Tsadic de Zitshav, disse certa vez sobre a Cabalá que estes três estágios em seu desenvolvimento podem ser relacionados com uma parábola.

Numa época em que viajar era uma aventura perigosa e árdua e a maioria da pessoas jamais saíra de sua própria aldeia, um homem viajou a um país distante. Ao voltar, reuniu o povo de seu vilarejo e entusiasmado, relatou as aventuras de sua viagem. Falou sobre uma ave que tinha visto num país distante, cuja aparência era fantástica. Por exemplo, o pássaro tinha feições humanas; as pernas eram como as de uma girafa. Os aldeões zombaram da história, considerando-a pura fantasia.

Inspirado pelas aventuras que ele contou, um aldeão saiu para fazer a mesma viagem, determinado a ver o mundo por si mesmo. Anos depois retornou à aldeia, um homem do mundo. Assim como o viajante que tanto o inspirara, ele reuniu as pessoas do lugar e relatou suas aventuras. Também falou sobre aquele pássaro fantástico, mas sua descrição era um pouquinho diferente. A face da ave, disse ele, não era realmente humana, embora lembrasse bastante um homem, e as pernas eram longas e finas, definitivamente lembrando uma girafa; no entanto, não eram realmente pernas de girafa. Ao ouvirem a história deste homem, os aldeões ficaram divididos. Alguns acreditaram piamente no homem, cuja história era mais convincente que a do primeiro viajante. Apesar disso havia muitos cépticos, para quem a história ainda soava inventada e irreal.

Um dos habitantes da vila estava determinado a pôr um ponto final no assunto deste pássaro estranho e empreendeu a longa viagem para vê-lo por si mesmo. Ao voltar, reuniu os moradores locais e triunfante, declarou: O assunto está resolvido! Abriu uma bolsa grande e dali retirou a estranha e fantástica ave. Desta vez ninguém duvidou.

Esta parábola se relaciona com os três estágios de desenvolvimento do âmbito teórico da Cabalá. O autor do Zohar, a obra magna do pensamento cabalista, Rabi Shimon bar Yochai, foi o primeiro a descrever a Divina presença e nosso relacionamento com o Ein Sof. No Zohar, encontramos histórias tão estranhas e fantásticas, configurações e imagens tão míticas e místicas, que mal podemos acreditar. No Século 16 em Safed, a cidade dos místicos, a Cabalá começou a adotar uma forma de análise mais abrangente e detalhada. Os padrões e os processos de pensamento sistemático começaram a aparecer na literatura cabalista. Por fim, com o nascimento do Movimento Chassídico, a Cabalá amadureceu.

O Chassidismo é o movimento místico fundado pelo R. Yisrael ben Eliezer, o Báal Shem Tov. Ele trouxe a imagem do Criador até a realidade. Estes conceitos místicos não eram mais irreais e distanciados, mas se tornaram uma parte concreta da nossa vida diária, afetando cada faceta da criação. O Céu foi trazido à Terra.

A jornada cabalista completa um círculo

A opinião das pessoas sobre o propósito da Cabalá está repleta de equívocos. Um dos mais populares é que o estudo da Cabalá pretende transformar a pessoa num vidente, capaz de ter habilidades miraculosas e sobrenaturais. Isso, no entanto, é equivocado. O supremo propósito no estudo da Cabalá é a perfeição do Ser. Transformar o Ser num indivíduo melhor, mais expandido, mais transcendente, mais sintonizado com a essência e as raízes da própria alma, é isso que a Cabalá oferece àqueles que realmente desejam recebê-la.

O critério da jornada autêntica e cabalista é aquele que faz um círculo completo e a pessoa termina voltando ao mundo do aqui e agora. O Talmud fala dos quatro Sábios que entraram no pomar celestial e tiveram uma experiência transcendental. Ben Azzai olhou e morreu. Ben Zoma olhou e ficou transtornado. Em outras palavras, ficou louco. Acher (o outro, nascido Ben Avuyah) olhou e arrancou suas plantas, ou seja, transformou-se num herege. Rabi Akiva entrou e saiu em paz. O pomar representa os reinos espirituais mais elevados. Rabi Akiva foi o único sábio, dentre estes quatro, que pôde entrar e sair no pomar místico sem sofrer danos.

Sendo um homem de grande estatura espiritual, um mestre verdadeiro e equilibrado, ele percebeu que o objetivo não é se identificar com a luz e não retornar, como fez Ben Azzai, ou mentalmente, como Ben Zoma. Também não era sentir alívio pessoal ou êxtase, mas sim ir e voltar para cá, com a sabedoria adequada para servir aqui e agora. A jornada deve percorrer um círculo completo no comportamento do dia-a-dia da pessoa.

Agora, porém, o âmago de toda a Cabalá é o objetivo distinto de atrair a Luz Infinita da santidade abstrata para a realidade do dia-a-dia. E os primeiros cabalistas eram conhecidos como "Homens de labuta" – seus esforços não eram de natureza física, mas trabalharam durante toda a vida para se aperfeiçoarem e elevar seu nível de consciência até o ponto de uma percepção espiritual da realidade. Com a chegada do Báal Shem Tov, esta noção adquiriu um significado novo. Com os ensinamentos do Báal Shem Tov, a trilha tornou-se tão clara a ponto de este refinamento poder ser alcançado.

Conhecer a Cabalá é viver cabalisticamente

A Cabalá é comparada à proverbial "árvore da vida". É um estudo da vida, e assim como a vida não pode ser estudada num livro, mas somente através da própria vida, também o estudo da Cabalá somente é eficaz quando se pratica os seus ensinamentos em nossa vida diária. A Cabalá estudada como uma matéria escolar num livro é como alguém que estuda 'amor', mas jamais o experimenta por si mesmo.

R. Simchá Bunem de Pshischá, famoso mestre chassídico, disse certa vez sobre um famoso cabalista que ele não tinha compreensão sobre a Cabalá. Explicou que embora fosse verdade que ele era versado na literatura cabalista, não tinha um verdadeiro entendimento. Para ilustrar o que queria dizer, ofereceu a seguinte metáfora. Digamos, por exemplo, que uma pessoa deseja se familiarizar com Paris. Compra um mapa e um guia da cidade e os estuda diligentemente, até conhecer todos os detalhes e os caminhos da cidade; porém, é desnecessário dizer que se ele jamais visitar aquela cidade, jamais saberá realmente como é Paris. O coração e o pulso de qualquer cidade somente podem ser sentidos quando se vai lá. Assim também, concluiu Reb Bunem, para entender totalmente a Cabalá, a pessoa deve vivê-la, e isso aquele cabalista não tinha feito.

O refinamento do caráter

É preciso apenas um breve vislumbre da obra dos grandes mestres da Cabalá teórica para perceber que a grande maioria dos textos não tratam de transformação do caráter. Embora seja verdade que a literatura mística cabalista seja voltada ao ato de relacionar o teórico com a vida diária, a Cabalá em si parece não se importar tanto com a pessoa. Ao contrário, parece estar interessada em explicar as esferas celestiais, anjos, almas e 'coisas' deste tipo, não como o indivíduo pode vencer o comportamento negativo.

No entanto, isso não implica que a Cabalá não esteja interessada na pessoa em si. Ao contrário! Na verdade, há incontáveis declarações em todas as obras da Cabalá sobre a negatividade dos maus traços de caráter, como raiva, preguiça, depressão, e outros. A condenação mais severa da depressão, fúria e outras emoções prejudiciais são encontradas nas obras da Cabalá. Porém o método cabalista de refinamento de caráter é uma abordagem bem diferente daquela que estamos acostumados a encontrar. Não é uma batalha que combate a negatividade em seu próprio campo, e também não se trata de superar o negativo com o positivo. Sua abordagem é vir de outro ponto de vantagem e ver as coisas sob outras perspectiva.

O objetivo fundamental do pensamento místico é fazer a pessoa entender que não há nada além do Infinito. Ao ler as várias configurações, mapas e diagramas que a Cabalá apresenta, a pessoa desperta à conscientização de que tudo que realmente existe é o Ein Sof. Há uma sensação que deve ser despertada quando penetramos nas verdades da Cabalá, e esta é a sensação de que o mundo como temos a tendência de percebê-lo, separado, independente de um criador, é apenas uma ilusão, e na realidade não há nada que não seja a luz infinita. Tendo esta noção em mente, consciente ou subconscientemente, estamos aptos a conquistar todas as nossas emoções e traços negativos.

O ego: o falso senso do ser como fonte de todas as emoções negativas

Rabi Eliyahu ben Moshe di Vidas, um cabalista do Século 16, declara que há três traços negativos básicos, que podem ser considerados "os traços principais'" a partir dos quais ocorre toda dissensão. São eles: arrogância, teimosia e fúria, dos quais todos alegam originar-se na mesma fonte, ou seja, o ego. O ego é a fonte a partir da qual brota toda a negatividade. O âmago de toda a corrupção é aquele falso senso de ser/ego, que vive num estado incessante daquilo que pensa que irá causar a sua sobrevivência.

É o ego que faz surgir todas as emoções negativas. Por exemplo, quando uma pessoa fica furiosa, é a maneira do ego de demonstrar sua objeção porque não está feliz. O ego, quando sente que está ameaçado, é aquele que protesta: 'como você pode fazer isso comigo' – o que desperta a raiva. O medo da aniquilação é a constante condição do ego. A raiva é apenas uma manifestação da preocupação da pessoa com sua presunção imaginária de sobrevivência. O total envolvimento com o "eu" ilusório é a raiz de todas as emoções negativas.

Ao superar este falso senso de ser, que brota da falsa estimativa de sobrevivência da pessoa, as emoções negativas são dominadas. Por meio do estudo da Cabalá, chegamos à percepção de que o falso senso de ser/ego é apenas um disfarce de nossa real dinâmica interior, nossa alma transcendente. A sensação que temos quando contemplamos a Cabalá é que tudo existe é Ein Sof. Procuramos sentir isso num nível cósmico, e então entendê-lo em nosso próprio nível.
Conseqüentemente, a ilusão de separação/ego e, como resultado, a preservação dessa miragem começará lentamente a desaparecer, e com ela desaparecerão as emoções negativas que são a manifestação do ego.

Em vez de ver o ego como um inimigo real que precisa entrar na batalha para ser superado, começamos a perceber que não há nada além da Luz, e tudo o mais é simplesmente uma ocultação daquela verdade. Esta é a abordagem cabalista para a auto-perfeição. Não lida com o ataque negativo, de maneira alguma. Ao contrário, busca a fonte de todos os problemas, o Eu/ego, e por extensão, toda a realidade física, e demonstra como, de fato, estas realidades aparentemente independentes não passam de uma camuflagem. Ao perceber isso, nossa negatividade é dominada com mais facilidade.
Na verdade, em um sentido mais profundo, nem nascemos e nem morremos. São as identidades e sonhos que vão mudando...

heavens butterfly

heavens, eu só acho que um terrorista fundamentalista muçulmano dificilmente usaria da cabala por ser ela eminentemente judaica, mas, como disse, não duvido. Note também que os grandes cabalistas, quase todos são Judeus.

Este é um ditado muito antigo: "Se não podes vencê-los, junta-te a eles... então depois..."
O próprio Saladino (III se não estou em erro) disse quando lhe perguntaram o que era Israel para ele:
"Nada...e Tudo."

Quanto aos sufis, eles tem uma cultura bem interessante e rica, apesar das aparências têm grandes conhecimentos  ;)

Sim eu sei, estudados à luz da parapsicologia são mestres do ilusionismo... Na minha opinião, claro. Por isso não os acho capazes de chegar a tanto; são inocentes demais para uma estrutura, dentro do domínio do "oculto", tão bem montada e concretizada.

Gostei muito do texto. Mas mesmo assim, a minha pergunta ficou por responder: para além do ideal e filosofia da arte cabalística e desenvolvimento de capacidades paranormais (a visão profética), a cabala funciona como oráculo, ou não? É que eu pensava que também estudavam astrologia e numerologia....ou seja, a capacidade profética aliada a estas "ciencias" (chamemos-lhes assim); um oráculo poderoso  onde se pode confirmar a margem de erro...
É uma religião ou uma prática do espírito? Ou as duas coisas juntas? Pelo que percebi do texto aponta para os dois lados; é que mesmo estando interligadas são 2 coisas distintas.
Sorry, mas eu sou mesmo chata...e, quanto a cabala, sou uma leiga (apenas sabia que foi uma prática iniciada por judeus e pouco mais)...
E deixemos os sufis de lado. Gostaria apenas de obter resposta a esta pergunta.
Obrigada pela paciência.

heavens, vou tentar responder  :)

1º A Cabala funciona como oráculo ou não ?

Definição da palavra Oráculo pelo dicionário aurélio :

s.m. Vontade de Deus anunciada pelos profetas. / Fig. Decisão proveniente de pessoas de grande autoridade, de grande saber: os oráculos da Faculdade. / Essas mesmas pessoas: ele era o oráculo de seu partido. / Fig. Decisão infalível. // Falar como um oráculo, falar pertinentemente, falar muito bem, dizer coisas verdadeiras. / Na antiga Grécia e em Roma, era a resposta à pergunta feita a um deus. &151; A palavra pode, também, significar o sacerdote ou outros recursos através dos quais a resposta era dada. Também designa o lugar em que a resposta era dada. Os dois oráculos gregos mais conhecidos eram o de Apolo, em Delfos, e o de Zeus, em Dodona.

A cabala traz em seus ensinamentos uma forma de entender o material e o imaterial, entender a si mesmo e as coisas que te rodeiam. Através dos números, das sephiroth é possível sim ter respostas às questões mundanas. Então em um sentido amplo a cabala pode ser vista como um oráculo (apesar de não gostar da palavra, mas é muito mais do que isso.

2º Cabala, astrologia e numerologia

A Cabala tem sua essência principalmente na questão dos números, ela é conhecida como a Ciência dos números também.
Com relação à Astrologia, dentro da cabala existem duas abordagens da Astrologia. Uma coletiva e uma individual. A primeira que nos fala da divisão do ano em 12 meses, sendo cada um regido por uma constelação e representada por um signo. Então a cada mês ocorre uma manifestação diferente da energia divina.
A segunda trabalha com o Tikkun que é a correção ou o caminho do nosso crescimento espiritual. Este é o nosso mapa individual que é colocado dentro da árvore da vida nos permitindo saber quais centros energéticos estão ativos em nós e quais precisam ser ativados. Ainda com o nosso mapa descobrimos os anjos que nos acompanham.

3º É uma religião ou uma prática de espírito

A Cabala não é uma religião, é uma ciência e, sim, uma prática de espírito.

Espero ter ajudado  ;)
Na verdade, em um sentido mais profundo, nem nascemos e nem morremos. São as identidades e sonhos que vão mudando...

heavens butterfly
Obrigada 8)
Respondeste a tudo o que queria saber (afinal sempre soube o que era a cabala, só não sabia que sabia e são estas coisas que às vezes me assustam um bocado, bem...).
Para ser sincera também detesto a palavra oráculo - soa horrivelmente nos meus ouvidos...
E, tenho de concordar quando te referes à cabala como uma espécie de ciência pois, realmente dá para confirmar a margem de erro, ou pelo menos tentar.
Não, não faço oráculos... 
Obrigada mais uma vez pela paciência aqui com a curiosa :angel:

Na verdade, em um sentido mais profundo, nem nascemos e nem morremos. São as identidades e sonhos que vão mudando...

Iei Or (faça-se luz)
Shalom Aleichem