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  • O amor é eterno
    Iniciado por Templa
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                                     O Amor é Eterno


     Há muito que as três amigas não se viam. Nenhuma delas se lembrava do último encontro, se tinham decorrido simplesmente meses, ou mais de duas décadas,  desde a derradeira tertúlia com o resto dos amigos quando a turbulência da idade e os encontros e desencontros do amor, mesmo sem elas saberem, começavam a fazer os primeiros estragos na vida de cada uma.

     A ela parecia-lhe, simplesmente, que não teriam passado mais do que uns breves meses após a última festa, o último exame da faculdade, o divórcio de uma e o casamento da outra, mais os filhos que uma teve e outra não, ambas por opção, ou talvez por acaso. Talvez tivesse sido mesmo antes, quando nada disso tinha ainda acontecido, muito menos os filhos,  que condicionam sempre a vida e os encontros entre amigas. Andariam todas na casa dos 30 e muitas faltas iriam ainda cometer pela vida fora. Grandes e pequenas.

     Hoje, iriam jantar a três a casa da mãe dela. Foi o que combinaram quando, nesse mesmo dia, se encontraram por acaso logo pela manhã.

     As amigas chegaram primeiro. Ela acabara por ir por um caminho diferente, onde perdeu as horas observando a paisagem das videiras, tosquiadas para o renascimento da primavera. E quando ela própria chegou as amigas estavam na cozinha à sua espera. Não vira a mãe a quem estupidamente se esquecera de avisar. E já era um bocado tarde quando entrou em casa.

     Num tacho, sobre o fogão a gás, havia rojões à moda do Minho, suficientes para todas e havia ainda um outro tacho de arroz branco. A mesa não estava sequer posta.

     A mãe estaria, com toda a razão, aborrecida com ela. Sem sequer se preocupar com as amigas, a quem deu toda a liberdade para estarem à vontade, resolvera ir para o quarto, mesmo ali ao lado da cozinha. E ela sentiu que estava mais do que na hora de lhe pedir desculpas.

     Bateu à porta, entrando a seguir com a autorização devida.

     O rosto da mãe estava bastante transpirado e, apesar do esquecimento, ela parecia não estar muito zangada.

     Reparou então como era bonita. Alta e morena, nos cabelos lisos mal se via uma branca.

     Nunca se tinham entendido bem as duas, mas ela nunca deixara de sentir a falta da mãe, que um afastamento inexplicável lhe tinha tirado anos antes, acentuando-se na adolescência logo após os seus primeiros actos de rebeldia. O pior era que nenhuma delas sabia de quem era a culpa.

     Mas hoje estava ali, com as duas amigas da faculdade na cozinha à sua espera para jantarem e a mãe estava ali à sua frente.

     Num impulso sem precedentes, abraçou a mãe, que lhe retribuiu com um abraço, quente e imenso como nunca sentira antes. Afinal, a mãe não era a mulher fria que sempre julgara e ela nem percebia porque tinha demorado tanto tempo a pedir-lhe aquele colo, onde agora se sentia outra vez pequenina. Tanto aconchego trazia uma aceitação tácita e sem censura de todas as coisas menos boas que ela fizera ao longo da vida, no decurso das suas rebeldias. Por seu lado, pela primeira vez ela sentia a mãe inteira, aceitando-se mutuamente nas especificidades próprias de cada uma. E ali, naqueles instantes de verdadeiro afecto, todas as diferenças se diluíram e ela sentiu que finalmente tinha mãe e que acabara de regressar a casa, depois de uma longa ausência.

     Quando acordou, recordou aquele abraço como a melhor sensação da sua vida de filha. Só que a mãe tinha morrido há mais de 20 anos...

     Depois, ao rememorar o passado, pensou que aquele sonho devia ter sido mesmo a maneira de uma mãe morta reconfortar a filha viva e dizer-lhe através de um abraço que os laços do amor nunca se quebram e que talvez a vida seja mesmo eterna...

PS - Foi retirado um parágrafo por sugestão que muito agradeço
Templa - Membro nº 708

Que bonito e triste... Agridoce!
Gostei  :)
"A ciência não só é compatível com a espiritualidade; é uma profunda fonte de espiritualidade" - Carl Sagan

Escrito a partir de um sonho... Obrigada, Filipa84.


Abraço


Templa
Templa - Membro nº 708

sofiagov
gostei imenso Templa...como a Filipa disse bonito e triste  :-*

Citação de: sofiagov em 04 abril, 2014, 17:47
gostei imenso Templa...como a Filipa disse bonito e triste  :-*


Talvez não tanto, para quem acredita na vida para além da morte. Depois, o aconchego fora bom..., o abraço...
Templa - Membro nº 708

CRI(P)TICO
Cara Templa, a minha análise é a seguinte:

- A 'ideia' geral do texto é bonita e seguramente a mensagem que pretende ser transmitida também. Contudo, a estruturação do mesmo está confusa e a situação temporal pouco explícita. Passamos da introdução propriamente dita, à ideia de escrever sobre o trio, seguida do 'dia do jantar' e do reencontro com a mãe... e de repente está a acordar do sonho. Faltam elementos de ligação/distinção entre estes diversos 'tempos'.

- Há um uso excessivo e desnecessário de vírgulas, sendo que noutros casos estão colocadas fora do local certo. Exemplo:

Citação de: Templa em 04 abril, 2014, 16:46
Deviam ser mesmo esses os tempos, quando, um dia, o próprio dia, à noite, resolveu escrever a sua história, tendo-as às três como protagonistas.

- Deviam ser mesmo esses os tempos, quando um dia, o próprio dia à noite, resolveu escrever a sua história, tendo-as às três como protagonistas.

Venham mais opiniões. Força, continue a escrever! :)

#6
Simples, eu acho, o sonho acontecera agora, mas referia-se à época em que ela e as amigas tinham
30 anos. Foi a noite do sonho (agora)  que promoveu o encontro entre as duas, no passado. Ela, a pessoa que sonhara regredira uns anos no tempo, dentro do sonho.

Isto é, a personagem começa por estar confusa em relação aos acontecimentos. Mas acaba por situá-los nos seus trinta anos. A frase que cita é como que uma antecipação da realidade que a personagem vive quando acorda. Além de que a "realidade" dos sonhos normalmente é descontínua...

Quanto às vírgulas que cita, de facto, não eram lá precisas, sendo certo que se lá não estivessem o texto ficaria menos ininteligível... Eu, por acaso, também não sou muito fã de pontuação excessiva. Geralmente, deixa o texto muito gago, aos soluços... E aceito as crítica quanto às vírgulas...Confesso que  são o meu calcanhar d'Aquiles.

Bom, é o que posso explicar  
Templa - Membro nº 708

CRI(P)TICO
Citação de: Templa em 04 abril, 2014, 16:46
     A ela parecia-lhe, simplesmente, que não teriam passado mais do que uns breves meses após a última festa, o último exame da faculdade, o divórcio de uma e o casamento da outra, mais os filhos que uma teve e outra não, ambas por opção, ou talvez por acaso. Talvez tivesse sido mesmo antes, quando nada disso tinha ainda acontecido, muito menos os filhos,  que condicionam sempre a vida e os encontros entre amigas.

     Deviam ser mesmo esses os tempos, quando, um dia, o próprio dia, à noite, resolveu escrever a sua história, tendo-as às três como protagonistas. Embora tivesse outros propósitos para ela e mais alguém... Andariam todas na casa dos 30 e muitas faltas iriam ainda cometer pela vida fora. Grandes e pequenas.

     Hoje, iriam jantar a três a casa da mãe dela. Foi o que combinaram quando, nesse mesmo dia, se encontraram por acaso logo pela manhã.

Pessoalmente tiraria então o parágrafo do meio. Creio que não é estritamente necessário ao desenrolar da história e tornaria a sucessão de eventos mais compreensível! Senão veja-se o seguimento... alusão a um reencontro entre amigas... o 'próprio dia à noite' onde resolve escrever a história... mas logo de seguida é novamente hoje/o próprio dia (em que iriam jantar a casa da sua mãe). Torna-se um pouco confuso, mas sem o parágrafo do meio ficaria mais fluído. É o que penso. :)

De qualquer das maneiras... gostei da ideia e da moral da história. A vida é curta demais para estarmos de costas voltadas com aquelas pessoas que são realmente importantes, e parte integrante dela!

Ideia aceite, obrigada.


Templa
Templa - Membro nº 708