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  • "Illuminati" e os Arcontes - 1
    Iniciado por All
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All
Boas

Resolvi criar este tópico para falar de umas entidades chamadas pelos Gnósticos de Archons, e que penso serem uma importante "peça do puzzle" para perceber o mundo em que vivemos.

Em 1945 foram encontrados na cidade egípcia de Nag Hammadi um conjunto de textos redigidos por Gnósticos, naquilo a que se denomina atualmente por Biblioteca de Nag Hammadi (http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_de_Nag_Hammadi).

Os Gnósticos eram indivíduos que procuravam aquilo a que designavam por "verdadeiro conhecimento" e, em sintese, postulavam que o Homem não devia de viver a sua vida na procura de obtenção de bens materiais mas antes na procura da sua ligação ao mundo espirítual. Vários estudiosos do Gnosticismo acham que se trata de uma corrente filosófica cristã dada a semelhança com os textos bíblicos, contudo, penso que há algo mais a tratar do que meramente apontar os gnosticos como mero seguidores de um pensamento exegético.

De entre os textos encontrados em Nag Hammadi importa referir, para efeitos deste tópico, o texto "Hipóstase dos Arcontes", "Sobre a Origem do Mundo" e "Exegese da Alma".

O nome Arcon (em inglês "Archon") era utilizado na Grécia Antiga para se referir a alguém que ocupava uma posição de Governação nas mais altas instâncias daquela civilização. O próprio termo em inglês "monarch", que se liga a uma posição de governação conotada com a figura do Rei, parece derivar deste antigo termo grego que significa algo como "aquele que governa". Os Arcontes foram retratados nos textos gnosticos encontrados em Nag Hammadi como seres/entidades que serviam o "Demiurgo", que segundo tais textos era o deus criador do mundo físico. Como o caro leitor já deve ter percepcionado, o "Demiurgo" será em termos bíblicos Deus. Desde logo se evidência o porquê de muitos estudiosos destes textos conotarem o Gnosticismo com a filosofia cristã.

Nos textos gnosticos são indicados a existência de dois tipos de Mundos, o mundo físico de carne e osso que designamos por Terra ou mais amplamente Universo, sendo retratado como o mundo inferior no qual é o seu máximo regente o Demiurgo. Haveria ainda um mundo superior, um mundo ligado à alma que cada ser Humano e eventualmente todos os seres que se integram no mundo físico (inferior) possuem, e que não pode e consequentemente não é perceptível pelo mundo físico, entenda-se pelos 5 sentidos que cada corpo físico (Humano ou não Humano) possuem, em regra, desde o seu nascimento.

Nos textos encontrado em Nag Hammadi anteriormente referidos, é mencionado que o "Demiurgo" sempre quis impedir o Homem de se conectar a um Deus Transcendental, à fonte de toda a luz e conhecimento, aquilo a que atualmente a maioria das pessoas entende por Consciência (Consciousness), que mais não é do que um verdadeiro estado de atenção/percepção na sua máxima força, estar num só lugar e em todos ao mesmo tempo, ser a luz e a escuridão simultâneamente, algo que só seria possível através da obtenção por parte do Homem do verdadeiro conhecimento (o conhecimento de quem somos nós, o que é esta "realidade" em que nascemos/vivemos/morremos, e qual o destino do Homem após a morte). O "Demiurgo" seria (é?) um ser que pretendia(e) impedir o Homem de atingir tal estado de ser, e, os Arcontes eram as suas tropas na colocação do Homem num estado de ignorância perpétuo.

Como referi em tópicos anteriormente criados por mim, e em comentário a tópicos criados por membros do forúm, decorre literalmente do Velho Testamento da Bíblia, mais concretamente do Livro de Génesis, que o referido "Deus" não queria que o Homem come-se da árvore do conhecimento pois no momento em que come-se o seu fruto "abriria os olhos", aperceber-se-ia da "verdadeira realidade" e seria ele mesmo um "deus". Como também consta do Velho Testamento, o Deus ai retratado é claramente o "Deus de Israel" e só desse povo (!) como é tantas vezes referido no Livro do Êxodo e Levítico, por força do pacto feito com Abraão (por trás de cada cristão encontra-se um israelita[!]).

Os Arcontes são retratados nestes textos gnosticos como entidade malévolas, cujo objectivo e propósito é o de impedir o Homem de atingir altos estados de consciência/percepção (da realidade deste mundo "físico"), fruto da vontade do "Demiurgo" (Deus bíblico em paralelo com o Velho Testamento).
Fazendo a ligação entre a figura do "Demiurgo" e dos Arcontes com o Velho Testamento da Bíblia, e mais concretamente com a figura da serpente do Jardim do Éden entendida pelos ignorantes bíblicos como o Diabo/Satanás. O próprio nome Satanás/Satã é traduzido do hebraico e árabe como "aquele que acusa" ou "aquele que se opõe" (http://pt.wikipedia.org/wiki/Satan%C3%A1s), e, repare-se que a serpente do Éden é interpretada como sendo Satanás pelo "simples" facto de  ter dado a saber ao Homem que se come-se o fruto da árvore do conhecimento atingiria o "verdadeiro conhecimento", algo que o Deus (de Israel) bíblico não pretendia (!). Nos textos gnóstico não se faz referência à serpente do Éden mas sim a Sophia, entendida por estes com um sentido feminino como "sabedoria", ou um aspecto análogo àquilo a que se entende por "alma" (http://en.wikipedia.org/wiki/Sophia_%28Gnosticism%29[/i]).

Por esta altura o caro leitor deve estar a perguntar-se sobre o que são afinal os Arcontes?

Segundo os textos gnosticos de Nag Hammadi eles são seres malévolos, subservientes do "Demiurgo", que pretendem impedir que o Homem acesse a estados de consciência/percepção/espírito superiores. Estas figuras são encontradas por várias culturas, sendo conhecidos por uns quanto à sua natureza intencional como "demónios", na cultura árabe são conhecidos por "Génios" ("djins"), e na cultura budista/hindu são conhecidos por "Devas".
A expressão "demónios" deriva da expressão grega "daemon", utilizada para se referir a entidades não humanas conotadas como "espíritos da natureza", onde algumas destas entidades possuem um carácter a que designariamos por bondoso e outras destas entidades teriam um carácter maldoso (http://en.wikipedia.org/wiki/Daemon_%28classical_mythology%29). A expressão "demónio" utilizada pela maioria das religiões, com enfase no catolicismo/cristianismo, é conotada com os "daemons" gregos de carácter maldoso.

Os Arcontes são as mesmas entidades a que os gregos se referiram como "daemon" negativo (maldoso) e a que a maioria das religiões atuais conota como "demónios".
Estas entidades designadas pelos Gnósticos por Arcontes, e para a maioria das pessoas por Demónios, são entidades que se encontrariam num plano dimensional imperceptivel aos sentidos humanos e inferior ao "mundo superior" referido pelos Gnósticos, e alimentar-se-iam das vibrações/sentimentos negativos do Homem nomeadamente aquilo a que a Bíblia se refere por pecados mortais, isto é, os sete pecados mortais: Gula, Avareza, Luxúria, Ira, Inveja, Preguiça, Soberba (vaidade, orgulho).

Reparem que os sete pecados mortais tem como principal característica o seus aspecto materialistico, o seu apego ao mundo físico identificado pelos textos gnósticos como o mundo inferior regido pelo Demiurgo! (talvez a personagem Jesus de Nazaré seja simbólica da acção que o Homem deve empreender para se conectar ao mundo superior referido pelos gnósticos, ao qual o demiurgo tanto luta para não acontecer...)


Continuação em "Illuminati" e os Arcontes - 2


Cumprimentos,

All