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  • Lenda do Penedo da Saudade
    Iniciado por anjinha
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Segundo reza a lenda os duques de Caminha: D. Miguel Luís de Meneses e sua esposa D. Juliana formavam um feliz casal que vivia uma vida muito recatada no seu palácio, afastado do bulício e das intrigas da Corte e da política bem efervescente naquele ano de 1641.
Mas... certo dia foram surpreendidos por um dos seus criados que anunciou a chegada do senhor Marquês de Vila Real, pai de D. Miguel de Meneses.
D. Juliana teve logo o presságio de que algo de grave se tratava, dado que se levantou empalidecida. Em vão, seu esposo, D. Miguel, tentava acalmar a sua amantíssima esposa. Entretanto, mandou entrar seu pai.
Não obstante o desejo do Marquês falar a sós com seu filho, este insistiu para que a esposa ficasse presente.
«Seja!» - concordou por fim o Marquês de Vila real. O seu aspecto era grave o que deixou o casal ainda mais inquieto. D. Miguel quis saber da visita de seu pai: «O que se passa, senhor meu pai?...»
Este encarou bem de frente o filho e retorquiu-lhe: «Senhor Duque de Caminha e meu filho, chegou a hora de el-rei D. João IV pagar a sua tirania! A conspiração está organizada e dela fazem parte o arcebispo-primaz, o Conde de Armamar, D. Agostinho de Vasconcelos, eu e vós!».
Muito surpreendido, D. Miguel que não havia sido anteriormente consultado, tentou não fazer parte da conjura: «Não meu pai! ... Não fui consultado nem farei parte de tal conjura! ...considero loucura o que ides fazer! ...quereis que a nossa pátria perca de novo a independência?».
O velho fidalgo quase que fuzilou o filho com o olhar: «E se vos der uma ordem?... não deveis trair-nos!». Houve um silencio trágico. O marquês rompeu-o: «Então? Que dizeis á ordem que acabo de transmitir-vos?». D. Juliana assistia atónita e horrorizada ao diálogo trágico travado entre seu sogro e o seu marido.
Cabisbaixo e bastante consternado, D. Miguel, não tendo outra alternativa o duque respondeu: «Só me resta cumpri-la».
Perante a louca decisão de seu amado esposo, D. Juliana caiu desmaiada num canapé, onde, momentos antes, partilhara as carícias do seu esposo que tanto amava.
     
Gorada a conjura, feitos prisioneiros todos os conjurados, entre os quais estava o Duque de Caminha, seriam encarcerados na fortaleza de S. Vicente de Belém (Torre de Belém - Lisboa).
Aí, no silêncio da noite, estendido nas palhas putrefactas do cárcere, D. Miguel tomou noção da sua fraqueza em ter acedido às ordens de seu pai! Tomou então a decisão de escrever a el-rei pedindo-lhe perdão: «Senhor meu Rei: Pedir perdão de um crime que não cometi é bem mais doloroso e cruel do que me sentir culpado. Mas, Senhor, de um só delito posso e devo ser acusado: não denunciei meu próprio pai. Procedi com deslealdade para com o meu Rei... mas que espécie de coração seria o meu, se fosse denunciar aquele que me deu a vida? Não quero ser tido como traidor para com o meu Rei. Mas também não poderia ter sido parricida! Que a vossa magnanimidade possa compreender a minha angustiosa situação, é tudo quanto vos peço e espero de Vós, da vossa misericordiosa bondade.»
Recebeu o rei a carta de D. Miguel. Leu-a atentamente. Mas sabia que não poderia fraquejar numa altura em que o seu trono não estava ainda bem alicerçado. O perdão não foi concedido.
Foi a vez de D. Juliana Maria, duquesa de Caminha, ir lançar-se aos pés do rei de Portugal. Vestiu-se com simplicidade e sem joias. Levava o rosto molhado de lágrimas e a sua voz era dramaticamente suplicante: « Senhor! Senhor meu rei! Se tendes coração, escutai os rogos desta pobre mulher que vedes a vossos pés! Juro-vos, Senhor, que o meu marido está inocente! Assisti á conversa do marquês de Vila Real com o duque. Sei como ele lutou para não pertencer ao grupo dos que estão condenados. Lutou até ao último momento. Mas a vontade do pai foi mais forte. Senhor, libertai-o! Servir-vos-á com fidelidade, juro-vos! E a felicidade voltará de novo ao meu lar agora desfeito!»
Por momentos o rosto do rei tomou uma expressão menos dura. Dir-se-ia que ia ceder. Mas, na realidade, o facto teria que ser tomado como e lição. D. Miguel de Meneses subiu ao cadafalso e com a morte pagou a fidelidade que o ligava a seu pai.
Inocente?... Culpado?... a decisão fora sua!
Para o povo, ele estaria inocente e pagou pelo crime do pai.
Refugiada em S. Pedro de Moel, a jovem viúva, ia todos os dias chorar as suas desgraças num penedo solitário. Ela e o mar! Ela na grandeza da sua dor, perante a imensidade das águas oceânicas! Os seu soluços e as ondas marulhando formavam uma orquestra. Falava sozinha, por vezes. E a brisa levava ao infinito as suas lamentações: «Miguel, meu amor, nunca mais vos verei! Como posso viver sem vós, meu querido esposo? Como não me faz estoirar o coração esta saudade que me sufoca?...» 
E era assim, muitas vezes, a balada dolente, a trágica canção de saudade que o mar acompanhava.
Perante tamanha dor, o povo de S. Pedro de Moel, passou a chamar àquele rochedo,
o Penedo da Saudade.
Há quem afirme ainda que, ao escutar nesse rochedo os murmúrios do mar, pode distinguir também, como em eco, as lamentações da duquesa de Caminha...


http://planeta.ip.pt/~ip224640/lenda.htm
: Vejo nos seus olhos seu jeito de amar, vejo no seu jeito o prazer de te amar!!!
Esquecer você seria: perder a minha identidade, mudar a minha personalidade, apagar a melhor parte da minha vida... Tudo isso porque te amo!

Só conhecia o Penedo da Saudade em Coimbra :)