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  • Só Jesus Cristo tinha poder no seu tempo?!
    Iniciado por moody
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Ele nasceu do útero de uma virgem e seu nascimento foi anunciado por um anjo.

Reuniu ao seu redor um grupo de leais seguidores a quem transmitiu uma avançada mensagem de igualdade e fraternidade.

Foi um agitador das massas e as suas palavras tanto desagradaram aos romanos que acabaram por matá-lo. Em vida fazia inúmeros milagres: curava inválidos, anulava pragas, expulsava o demónio das pessoas e certa vez até ressuscitou uma menina.

Mas o maior dos seus feitos foi sua própria ressurreição, é claro.

Completa a sua missão, ocupou o seu lugar ao lado do Pai, do Espírito Santo e de sua própria mãe, também arrebatada aos céus, deixando aos seus seguidores em terra a dura tarefa de explicar como tinha tanta gente no céu se Deus era para ser único. ;)

Ah sim, esqueci-me de dizer que não estou a falar de Jesus Cristo. Estou a falar de Apolônio de Tiana.

Filósofo neo-pitagórico nascido na Capadócia no século I, um dos muitos profetas de seu tempo que, apesar das semelhanças no currículo, não teve a sorte de se tornar tão popular quanto seu colega Jesus.

Apolónio era basicamente um Cristo com maiores e melhores poderes. Além de fazer ver os cegos e andar os mancos, transformar a água em vinho e outros milagres usuais, Apolônio podia estar em dois lugares ao mesmo tempo, era capaz de ler pensamentos e falava línguas que nunca tinha aprendido. Certa vez, aprisionado pelo imperador romano, que o acusou de traição, escapou, milagrosamente é claro.

Mas não só de poderes mágicos se constrói um Messias.

Um autêntico Messias precisa de um plano de salvação espiritual, de uma mensagem revolucionária de paz e amor. Apolônio tinha isso também.

Como Jesus, Apolônio permaneceu celibatário e deu tudo o que tinha aos pobres, que não era pouco pois seus pais lhe deixaram uma polpuda herança ao morrer. Como J.C., Apolônio se opunha às danças, aos prazeres carnais e aos violentos espetáculos dos gladiadores. Contrariamente a Jesus no entanto, Apolônio era vegetariano e condenava os sacrifícios de animais, tão frequentes em seu tempo (o que teria garantido pontos extras se eu estivesse considerando abraçar o cristianismo). Apolônio rezava, mas considerava desprezível a ideia de que Deus pudesse ser demovido de Seu supremo propósito para atender as súplicas mundanas.
Seres com que se podia fazer pactos, pregava Apolônio, não eram deuses, eram menos do que homens.

Começo a entender porque a audiência de Apolônio tornou-se tão menor que a do Jesus... quem ia querer saber de um deus que não atende pedidos em pleno Mundial de futebol?!

Diz-se que Apolônio era sempre sereno e nunca se zangava, ou seja, não era do tipo que armaria a maior barracada por causa de camelos vendendo quinquilharias em pleno templo.
Nisso eu defendo o Jesus. Queria ver o Apolônio manter a serenidade diante de uma banca de adesivos "Deus é Fiel" e camisas camufladas escritas "Exército de Deus, Aliste-se Agora".

Apolônio, como Jesus, tinha um jeito com as palavras; quando, dias antes de ser morto, avisou aos seus apóstolos onde estaria depois de ressuscitar, um deles lhe perguntou: "você estará vivo ou o quê?" ao que Apolônio respondeu: "Do meu ponto de vista estarei vivo, do de vocês estarei revivido". Como convém aos verdadeiros profetas, como Jesus, o Oráculo de Matrix, o Mestre dos Magos e tantos outros, Apolônio sempre dava um jeito de falar por enigmas. Se ele soubesse a confusão que isso poderia causar alguns milhares de anos depois entre seus seguidores, teria sido mais objetivo.

Apolônio era popular em seu tempo; foi saudado por centenas ao adentrar os portões da cidade grega de Alexandria, assim como Jesus o foi ao chegar a Jerusalém. A sua partida para o reino dos céus parece ter sido mais teatral, entretanto. Depois de entrar num templo grego, Apolônio simplesmente desapareceu, enquanto um coro de virgens entoava cânticos em sua homenagem.

O que a Igreja Católica diz sobre Apolônio? O argumento mais frequente é que a história de Apolônio Cristo não foi escrita por testemunhas oculares. Bem, até aí nada, já que a de Jesus Cristo também não foi.
Aliás, se há uma coisa sobre a qual concordam todos os historiadores modernos é que nenhum dos evangelhos do novo testamento foi escrito por alguém que tenha pessoalmente conhecido Jesus (sobre isso recomendo duas fontes sérias: "Jesus e Javé" de Harold Bloom, um renomado intelectual judeu e "A História do Cristianismo" de Paul Johnson um dos maiores historiadores vivos, do qual li até hoje só os três primeiros capítulos). Pelo contrário: é geralmente aceito que os evangelhos foram escritos baseados em tradições orais quase meio século depois da morte de Jesus.

Já de Apolônio quase tudo o que se sabe foi escrito pelo filósofo ateniense Flavius Philostratus entre os anos de 205 a 245 d.C baseado nos escritos de um dos discípulos contemporâneos de Apolônio: Damis de Nineveh. Philostratus foi instruído a escrever a biografia de Apolônio por Domna Julia, esposa do imperador Septimius Severus, uma amante da filosofia que tinha em seu templo particular estátuas de alguns grandes homens sábios, como Orpheus, e o próprio Apolônio. Da biografia escrita por Philostratus nasceu o culto Apolônico, que durou muitos séculos mas, como se sabe, nunca foi tão bem sucedido quanto Jesus.

Num jogo de "Super-Trunfo" que trouxesse profetas em vez de carros ou tanques, a carta de Apolônio certamente perderia no requisito "popularidade" e "flagelo" mas ganharia facilmente em "santidade" .
Afinal, enquanto Jesus era visto com prostitutas, tinha uma história mal contada com Maria Madalena (aquela história da lavagem dos pés não lembra o diálogo sobre pés e massagem em Pulp Fiction?) e regalava-se com vinho e carne, Apolônio era abstémio, não comia nada que não viesse da terra e era visto como um homem santo já em vida.
Digamos que Dan Brown teria mais dificuldade em fazer intrigas com a vida sexual de Apolônio do que teve com Jesus (o que nos teria rendido um best-seller mal escrito a menos se a história tivesse sido diferente). Sendo assim o velho jogo do "meu Messias é melhor que o seu" começou logo cedo e continua até hoje.

Os primeiros historiadores cristãos, como Eusébio de Cesareia, no século III, até reconheciam os milagres e a santidade de Apolônio mas diziam que, enquanto os milagres de Jesus eram manifestações de Deus, os de Apolônio eram coisa do diabo (o original grego usa a palavra "daemon", que significa apenas um ser espiritual, mas a conotação negativa foi a empregada pelos sucessivos teólogos cristãos). Mais tarde a tática para desacreditar Apolônio passou a ser acusar Philostratus de plagiar os evangelhos cristãos, algo que Eusébio, que estava na época e no lugar certo para saber disso, nunca fez.

Hoje discute-se se não foram os escribas cristãos que se inspiraram na biografia de Apolônio.

A história de Apolônio me fascina. Primeiramente porque mostra como as histórias de milagres na antiguidade e de homens santos que ressuscitaram não são únicas nem tão especiais quanto os cristãos imaginam.
Em segundo lugar porque como admirador das minorias alternativas e geralmente fracassadas, como PDAs Newton, e Ceticismo Português, é bom saber que tenho uma alternativa para o dia em que pensar em me converter; só preciso de crer em Apolônio.


Nota: Há pouquíssimos links sobre Apolônio em português, mas se pesquisarem bem certamente vão encontrar.

Por: Porto Reis com acrescentos meus e modificações, Tendo várias fontes incluindo a Wikipédia.

fialves
#1
O que aqui escreve não é totalmente verdade. A história de Apolónio foi escrita por Filóstrato, no início do século III. Ou seja, é posterior aos próprios evangelhos e provavelmente inspirada neles, em alguns pontos.

A história de Apolónio foi usada pelo governo romano pagão na sua propoganda anti-cristã do final do século III/início do século IV, na altura da chamada Grande Perseguição lançada pelo imperador Diocleciano.

Apolónio era provavelmente um médium e um mago.

Quanto à comparação com Jesus, para lá das comparações forçadas, são personagens muito diferentes, sobretudo na doutrina. Jesus pregou o amor incondicional e o perdão aos inimigos.

Citação de: moody em 08 fevereiro, 2013, 06:09


Ele nasceu do útero de uma virgem e seu nascimento foi anunciado por um anjo.

Reuniu ao seu redor um grupo de leais seguidores a quem transmitiu uma avançada mensagem de igualdade e fraternidade.

Foi um agitador das massas e as suas palavras tanto desagradaram aos romanos que acabaram por matá-lo. Em vida fazia inúmeros milagres: curava inválidos, anulava pragas, expulsava o demónio das pessoas e certa vez até ressuscitou uma menina.

Mas o maior dos seus feitos foi sua própria ressurreição, é claro.

Completa a sua missão, ocupou o seu lugar ao lado do Pai, do Espírito Santo e de sua própria mãe, também arrebatada aos céus, deixando aos seus seguidores em terra a dura tarefa de explicar como tinha tanta gente no céu se Deus era para ser único. ;)

Ah sim, esqueci-me de dizer que não estou a falar de Jesus Cristo. Estou a falar de Apolônio de Tiana.

Filósofo neo-pitagórico nascido na Capadócia no século I, um dos muitos profetas de seu tempo que, apesar das semelhanças no currículo, não teve a sorte de se tornar tão popular quanto seu colega Jesus.

Apolónio era basicamente um Cristo com maiores e melhores poderes. Além de fazer ver os cegos e andar os mancos, transformar a água em vinho e outros milagres usuais, Apolônio podia estar em dois lugares ao mesmo tempo, era capaz de ler pensamentos e falava línguas que nunca tinha aprendido. Certa vez, aprisionado pelo imperador romano, que o acusou de traição, escapou, milagrosamente é claro.

Mas não só de poderes mágicos se constrói um Messias.

Um autêntico Messias precisa de um plano de salvação espiritual, de uma mensagem revolucionária de paz e amor. Apolônio tinha isso também.

Como Jesus, Apolônio permaneceu celibatário e deu tudo o que tinha aos pobres, que não era pouco pois seus pais lhe deixaram uma polpuda herança ao morrer. Como J.C., Apolônio se opunha às danças, aos prazeres carnais e aos violentos espetáculos dos gladiadores. Contrariamente a Jesus no entanto, Apolônio era vegetariano e condenava os sacrifícios de animais, tão frequentes em seu tempo (o que teria garantido pontos extras se eu estivesse considerando abraçar o cristianismo). Apolônio rezava, mas considerava desprezível a ideia de que Deus pudesse ser demovido de Seu supremo propósito para atender as súplicas mundanas.
Seres com que se podia fazer pactos, pregava Apolônio, não eram deuses, eram menos do que homens.

Começo a entender porque a audiência de Apolônio tornou-se tão menor que a do Jesus... quem ia querer saber de um deus que não atende pedidos em pleno Mundial de futebol?!

Diz-se que Apolônio era sempre sereno e nunca se zangava, ou seja, não era do tipo que armaria a maior barracada por causa de camelos vendendo quinquilharias em pleno templo.
Nisso eu defendo o Jesus. Queria ver o Apolônio manter a serenidade diante de uma banca de adesivos "Deus é Fiel" e camisas camufladas escritas "Exército de Deus, Aliste-se Agora".

Apolônio, como Jesus, tinha um jeito com as palavras; quando, dias antes de ser morto, avisou aos seus apóstolos onde estaria depois de ressuscitar, um deles lhe perguntou: "você estará vivo ou o quê?" ao que Apolônio respondeu: "Do meu ponto de vista estarei vivo, do de vocês estarei revivido". Como convém aos verdadeiros profetas, como Jesus, o Oráculo de Matrix, o Mestre dos Magos e tantos outros, Apolônio sempre dava um jeito de falar por enigmas. Se ele soubesse a confusão que isso poderia causar alguns milhares de anos depois entre seus seguidores, teria sido mais objetivo.

Apolônio era popular em seu tempo; foi saudado por centenas ao adentrar os portões da cidade grega de Alexandria, assim como Jesus o foi ao chegar a Jerusalém. A sua partida para o reino dos céus parece ter sido mais teatral, entretanto. Depois de entrar num templo grego, Apolônio simplesmente desapareceu, enquanto um coro de virgens entoava cânticos em sua homenagem.

O que a Igreja Católica diz sobre Apolônio? O argumento mais frequente é que a história de Apolônio Cristo não foi escrita por testemunhas oculares. Bem, até aí nada, já que a de Jesus Cristo também não foi.
Aliás, se há uma coisa sobre a qual concordam todos os historiadores modernos é que nenhum dos evangelhos do novo testamento foi escrito por alguém que tenha pessoalmente conhecido Jesus (sobre isso recomendo duas fontes sérias: "Jesus e Javé" de Harold Bloom, um renomado intelectual judeu e "A História do Cristianismo" de Paul Johnson um dos maiores historiadores vivos, do qual li até hoje só os três primeiros capítulos). Pelo contrário: é geralmente aceito que os evangelhos foram escritos baseados em tradições orais quase meio século depois da morte de Jesus.

Já de Apolônio quase tudo o que se sabe foi escrito pelo filósofo ateniense Flavius Philostratus entre os anos de 205 a 245 d.C baseado nos escritos de um dos discípulos contemporâneos de Apolônio: Damis de Nineveh. Philostratus foi instruído a escrever a biografia de Apolônio por Domna Julia, esposa do imperador Septimius Severus, uma amante da filosofia que tinha em seu templo particular estátuas de alguns grandes homens sábios, como Orpheus, e o próprio Apolônio. Da biografia escrita por Philostratus nasceu o culto Apolônico, que durou muitos séculos mas, como se sabe, nunca foi tão bem sucedido quanto Jesus.

Num jogo de "Super-Trunfo" que trouxesse profetas em vez de carros ou tanques, a carta de Apolônio certamente perderia no requisito "popularidade" e "flagelo" mas ganharia facilmente em "santidade" .
Afinal, enquanto Jesus era visto com prostitutas, tinha uma história mal contada com Maria Madalena (aquela história da lavagem dos pés não lembra o diálogo sobre pés e massagem em Pulp Fiction?) e regalava-se com vinho e carne, Apolônio era abstémio, não comia nada que não viesse da terra e era visto como um homem santo já em vida.
Digamos que Dan Brown teria mais dificuldade em fazer intrigas com a vida sexual de Apolônio do que teve com Jesus (o que nos teria rendido um best-seller mal escrito a menos se a história tivesse sido diferente). Sendo assim o velho jogo do "meu Messias é melhor que o seu" começou logo cedo e continua até hoje.

Os primeiros historiadores cristãos, como Eusébio de Cesareia, no século III, até reconheciam os milagres e a santidade de Apolônio mas diziam que, enquanto os milagres de Jesus eram manifestações de Deus, os de Apolônio eram coisa do diabo (o original grego usa a palavra "daemon", que significa apenas um ser espiritual, mas a conotação negativa foi a empregada pelos sucessivos teólogos cristãos). Mais tarde a tática para desacreditar Apolônio passou a ser acusar Philostratus de plagiar os evangelhos cristãos, algo que Eusébio, que estava na época e no lugar certo para saber disso, nunca fez.

Hoje discute-se se não foram os escribas cristãos que se inspiraram na biografia de Apolônio.

A história de Apolônio me fascina. Primeiramente porque mostra como as histórias de milagres na antiguidade e de homens santos que ressuscitaram não são únicas nem tão especiais quanto os cristãos imaginam.
Em segundo lugar porque como admirador das minorias alternativas e geralmente fracassadas, como PDAs Newton, e Ceticismo Português, é bom saber que tenho uma alternativa para o dia em que pensar em me converter; só preciso de crer em Apolônio.


Nota: Há pouquíssimos links sobre Apolônio em português, mas se pesquisarem bem certamente vão encontrar.

Por: Porto Reis com acrescentos meus e modificações, Tendo várias fontes incluindo a Wikipédia.

"transformar a água em vinho e outros milagres usuais"

Eu, que não percebo nada disto, só queria saber porque é que transformam sempre a agua em vinho e nunca em sumo de laranja ou algo mais saudável...
Quanto ao assunto em si só vem provar que o conto em que se baseia a religião não saiu assim do nada e teve várias versões e aperfeiçoamentos  até chegar á obra prima.
Não me trates por VOCÊ!!!
Respeito mais tratando-te por TU do que tu a tratares-me por VOCÊ!