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  • A Maldição de Hesse
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Hesse Darmstadt, um grão-Ducado alemão criado em 1567, tornou-se famoso entre os grandes nomes da realeza europeia quando a filha do grão-duque Luís II, lá nascida e criada, se casou com o czarevich da Rússia, Alexandre Nikolaevich, futuro Alexandre II.

A sua fama viria a aumentar quando, em Julho de 1862 o grão-duque Luís IV se casou com a segunda filha mais velha da rainha Vitória do Reino Unido, a princesa Alice e ambos passaram a viver uma vida calma, quase de classe média, longe das atenções que outros membros da família de Alice recebiam. No entanto o azar sempre perseguiu esta família e muitos chegam mesmo a dizer que os seus membros eram vitimas de uma suposta maldição. Se estas afirmações são credíveis, é difícil de dizer, mas a verdade é que a maioria dos membros da família e dos seus descendentes teve um final trágico.


Luís IV com a sua esposa, a princesa Alice do Reino Unido

Uma das primeiras tragédias que abalou a família no século XIX aconteceu em 1865 quando a irmã do grão-duque Luís, a princesa Ana, morreu inesperadamente de febre puerperal uma semana depois de dar à luz uma filha. Tinha apenas vinte-e-um anos. A sua filha, a princesa Ana Isabel de Mecklenburg-Schwerin, sobreviveu aos primeiros anos de vida, mas viria também a morrer de doença aos dezassete anos de idade.


Ana de Mecklenburg-Schwerin, filha da princesa Ana de Hesse-Darmstadt

Em finais de Maio de 1873 os irmãos Frederico, de 2 anos, e Ernesto de 5 (filhos de Luís e Alice) brincavam no quarto da mãe. A certa altura Ernesto correu até outro quarto no lado direito e acenou pela janela para o seu irmão mais novo. Alice foi até ao quarto onde se encontrava o seu filho mais velho para o afastar da janela. Quando o fez, o pequeno Frederico subiu para uma cadeira que estava ao pé de uma janela aberta para ver melhor o seu irmão. A cadeira caiu e Frederico foi projectado, caindo a uma distância de cerca de 60cm até um arbusto. A queda não foi muito violenta, mas a criança tinha sido diagnosticada com Hemofilia poucos meses antes e acabou por morrer durante a tarde com uma hemorragia cerebral. Ernesto sofreu muito com a morte do irmão mais novo e, a partir desse dia, passou a ter um medo quase obsessivo de um dia vir a morrer sozinho.


O príncipe Frederico de Hesse-Darmstadt

A tragédia voltou a atingir a família em 1878. No dia 5 de Novembro toda a família estava reunida na sala quando a irmã mais velha, Vitória, começou a sentir a garganta irritada. Vitória contou o que sentia à mãe e ela pensou que a filha estava a sofrer de papeira dizendo que seria "cómico" se todos a apanhassem. Nessa noite sentiu-se bem o suficiente para ler "Alice No País Das Maravilhas" aos seus irmãos mais novos enquanto a sua mãe se sentava numa cadeira próxima a conversar com a sua amiga Katie Macbean que estava a substituir uma dama-de-companhia. Maria, a irmã mais nova, foi para o colo da mãe e implorou por mais uma fatia de bolo. As irmãs pediram a Miss Macbean para tocar piano para que pudessem dançar e foram dormir bem-dispostas.

Vitória foi diagnosticada com Difteria e às três da manhã do dia 12 de Novembro o mesmo aconteceu a Alix de 6 anos. A princesa Alice ordenou que fosse levado um inalador de calor para o quarto da sua segunda filha mais nova (que estava gravemente doente) para impedir que ela sufocasse até à morte. Algumas horas mais tarde Maria de 4 anos, muito próxima da sua irmã dois anos mais velha, fugiu para o seu quarto, subiu para a cama dela e deu-lhe um beijo. Nessa tarde começou a sofrer os primeiros sintomas da doença com febre alta e manchas brancas na parte de trás da garganta. No dia seguinte foi a vez da sua irmã Irene ficar doente e no dia 14 de Novembro a doença foi diagnosticada ao seu irmão Ernesto e ao seu pai Luís. Alice e os médicos desdobraram-se em esforços para tratar de toda a família.

Na manhã do dia 16 de Novembro, Maria sufocou até à morte devido à membrana que lhe cobria a garganta. Alice sentou-se junto do corpo e beijou-lhe o rosto e as mãos tentando encontrar uma forma de dar a notícia ao seu marido doente. Depois observou o corpo da sua filha mais nova ser levado dentro de um caixão para o mausoléu da família.


A princesa Maria de Hesse-Darmstadt

Durante várias semanas Alice escondeu a morte de Maria dos seus irmãos que perguntavam frequentemente por ela e tentavam enviar-lhe brinquedos. A notícia foi apenas transmitida no inicio de Dezembro com grande pesar principalmente por parte de Alix e de Ernesto, com 10 anos na altura, que eram os mais próximos da irmã mais nova. Ernesto recusou-se a acreditar e teve um ataque de choro que foi acalmado pela sua mãe que o abraçou e beijou, apesar de saber do risco de infecção. No dia 7 de Dezembro Alice reconheceu os primeiros sintomas da doença e acabaria também por morrer uma semana mais tarde. A princesa foi enterrada junto da sua filha mais nova e foi construída uma estátua na sua sepultura onde Alice está a segurar a pequena Maria nos braços.


A princesa Alice do Reino Unido

Depois da morte da mãe os seus filhos desdobraram-se entre a Inglaterra e a Alemanha, mas o azar iria persegui-los a eles e aos descendentes.

A filha mais velha, Vitória, casou-se em 1884 com um príncipe menor alemão que tinha mudado de nacionalidade e vivia em Inglaterra. Durante o período de ódio alemão que ocorreu durante a Primeira Guerra Mundial o seu marido, um alto oficial da marinha, foi forçado a abdicar do seu posto e dos seus títulos a pedido do rei e ambos viveram uma vida modesta a partir de então. O casal teve quatro filhos:

Alice – casada com o príncipe André da Grécia, foi diagnosticada com Esquizofrenia e forçada a separar-se dos filhos até recuperar. Viveu grande parte da vida no exílio depois da queda da monarquia na Grécia. Um dos seus filhos foi o príncipe Filipe é casado com a rainha Isabel II.

Luísa – recebeu um pedido de casamento do rei Manuel II de Portugal, mas recusou-o dizendo que nunca se casaria com um rei ou com um viúvo, no entanto acabou por fazer as duas coisas quando se casou com o rei Gustavo da Suécia aos 34 anos. Era uma mulher excêntrica e, depois de quase ser atropelada por um autocarro em Londres, passou a andar sempre com um cartão que dizia: "Eu sou a rainha da Suécia". Apenas teve uma filha que nasceu morta.

Jorge – era um brilhante matemático. Morreu aos 45 anos de Leucemia deixando dois filhos.

Luís – um alto Admiral e melhor amigo do rei Eduardo VIII. Casou-se com Edwina Ashley de quem teve duas filhas e acabou assassinado quando uma bomba colocada no seu barco pelo Exército Republicano Irlandês explodiu. Com ele morreram o seu neto, a sogra da filha mais nova e um ajudante.


Vitória de Hesse-Darmstadt com a família

A segunda filha, Isabel, casou-se também em 1884 com o rígido grão-duque Sergei Alexandrovich, filho do czar Alexandre II. Viveu um casamento apático, sem filhos e viu o seu marido ser assassinado por revolucionários russos em 1905. Poucos anos depois juntou-se a um convento e acabaria por ser também ela assassinada por bolcheviques no dia 18 de Julho de 1918.


Isabel de Hesse-Darmstadt

Em 1888 a terceira irmã, Irene, casou-se com o príncipe Alberto da Prússia indo contra a sua avó, a rainha Vitória. Teve três filhos. O mais velho, Waldemar, e o mais novo, Henrique, sofriam de Hemofilia. Henrique acabou por morrer com 4 anos de idade depois de cair e bater com a cabeça, o que originou uma hemorragia interna. Waldemar acabaria também por morrer devido a complicações derivadas da doença em 1945 quando tinha 56 anos.


Irene de Hesse-Darmstadt

O único irmão, Ernesto, também não teve uma vida fácil. Depois de passar uma infância atormentada com a morte dos dois irmãos mais próximos e da mãe, casou-se em 1894 com a princesa Vitória de Saxe-Coburg e Gotha. O casamento foi infeliz desde o inicio, mas mesmo assim o casal teve uma filha a quem chamaram Isabel em 1895 que se tornou na base de união de um casamento que, de outra forma, não teria durado mais de alguns meses.

Em 1900 o casal teve um bebé morto que afectou irremediavelmente o casamento. Vitória começou a ter um caso com o grão-duque Kyril da Rússia e começaram a circular rumores sobre os amantes sexuais de Ernesto. O divórcio chegou no dia 21 de Dezembro de 1901.

Dois anos depois, em 1903, a única filha do casal morreu com 8 anos de idade de Febre Tifóide quando estava de férias na Polónia com os tios, Alexandra e Nicolau II e as primas. Na altura circularam rumores de que ela tinha comido a refeição envenenada do czar por engano. Ernesto ficou destroçado com a morte da filha e, em vez de um tradicional funeral negro, organizou uma cerimónia onde todos os pormenores desde as roupas às decorações passando pelos cavalos que transportavam o caixão de prata da criança oferecido pelo seu tio, o czar, eram brancos.


A princesa Isabel de Hesse-Darmstadt

Em 1905 Ernesto voltou a casar-se, desta vez com a Princesa Leonor de Solms-Hohensolms-Lich e o casal teve dois filhos:

Jorge – casou-se com a princesa Cecília da Grécia, filha da sua prima mais velha (irmã de Filipe, duque de Edimburgo, casado com a rainha Isabel II) e juntos tiveram 3 filhos. No dia 16 de Novembro de 1937, menos de um mês depois da morte de Ernesto, Jorge, a sua esposa (grávida do quarto filho), os dois filhos mais velhos (Luís de 6 anos e Alexandre de 4), a mãe Leonor e uma dama-de-companhia decidiram ir de avião de Darmstadt até Londres para assistir ao casamento do seu irmão mais novo. Quando sobrevoavam Ostend, na Bélgica, o aparelho foi contra uma chaminé de uma fábrica e despenhou-se, matando todos os ocupantes. Entre os destroços foi encontrado um bebé, o que prova que Cecília deu à luz durante a queda. O único membro da família que não ia a bordo do avião era a filha mais nova, Joana, que tinha 14 meses na altura e foi adoptada pelo seu tio Luís de Hesse.

Luís – casou-se com Margaret Campbell-Geddes no dia a seguir à morte da mãe, irmão mais velho e família. Adoptou a filha mais nova do irmão, e tinha planos para a criar como sua própria filha, mas ela também acabou por morrer apenas 20 meses depois dos pais, irmãos e avó, de Meningite com 2 anos e meio de idade. Luís e a sua esposa nunca tiveram filhos e, quando ele morreu aos 60 anos, escolheu Moritz de Hesse como seu sucessor.


Jorge de Hesse-Darmstadt com a sua esposa, Cecília da Grécia

Finalmente, a filha mais nova do casal, a princesa Alice, casou-se em 1894 com o czar Nicolau II da Rússia, adoptando o nome de Alexandra Feodorovna. Depois de um reinado atribulado, marcado pela doença do filho mais novo, Alexandra foi assassinada juntamente com toda a sua família a 17 de Julho de 1918 pelos bolcheviques.


Alexandra Feodorovna com a sua família, os Romanov