Bem-vindo ao Portugal Paranormal. Por favor, faça o login ou registe-se.
Total de membros
19.422
Total de mensagens
369.427
Total de tópicos
26.911
  • Ser hóspede no nosso próprio corpo (3 irmãos com a mesma experiência)
    Iniciado por autumnrain
    Lido 6.540 vezes
0 Membros e 1 Visitante estão a ver este tópico.
Eis um caso interessante a vários níveis, os entendidos que se pronunciem.

A despersonalização (e, se é na realidade este o caso) acontece muito frequentemente, como disse o Mephisto nas artes dramáticas (cinema ou teatro) e na literatura.

Temos o exemplo de Fernando Pessoa, que inclusive teorizou sobre o seu próprio caso, e citando o próprio:
"É extraordinariamente bem-feita a sua observação sobre a ausência em mim do que possa legitimamente chamar-se uma evolução qualquer. Há poemas meio escritos aos vinte anos, que são iguais em valia - tanto quanto posso apreciar - aos que escrevo hoje. Não escrevo melhor do que então, salvo quanto ao conhecimento da língua portuguesa - caso cultural e não poético. Escrevo diferentemente. Talvez a solução esteja no seguinte. O que sou essencialmente por trás das máscaras involuntárias do poeta, do raciocinador e do que mais haja - é dramaturgo. O fenómeno da minha despersonalização instintiva (...) conduz necessariamente a essa definição. Sendo assim, não evoluo: VIAJO. (...) Vou mudando de personalidade, vou (aqui é que pode haver evolução) enriquecendo-me na capacidade de criar personalidades novas, novos tipos de fingir que compreendo o mundo, ou, antes, de fingir que se pode compreendê-lo. Por isso dei essa marcha em mim como comparável, não a uma evolução, mas a uma viagem: não subi de um andar para outro; segui, em planície, de um para outro lugar. Perdi, é certo, algumas simplezas e ingenuidades, que havia nos poemas de adolescência; isso, porém, não é evolução, mas envelhecimento.

Fonte: Carta a Casais Monteiro datada de 20-1-1935, in Obras em Prosa, vol.V, Círculo de Leitores, Lisboa, p.330
"Somos seres espirituais com corpo físico, e não seres humanos que buscam a condição espiritual." (Sara Marriott).

Sandrareginabr
Já estive às voltas com psiquiatras por causa das EFCs e quase me convenceram que eu sofria de despersonalização, entre outras coisas, e junto, no pacoto, a tal da "desrealização" vale à pena dar uma olhadinha, já que o caso em questão não é semelhante à nada que já vivenciei.

Despersonalização / DesrealizaçãoA desrealização é a alteração da sensação a respeito de si próprio, enquanto a despersonalização é a alteração da sensação de realidade do mundo exterior sendo preservada a sensação a respeito de si mesmo. Contudo ambas podem acontecer simultaneamente. A classificação norte-americana não distingue mais a desrealização da despersonalização, encarando-as como o mesmo problema.
Contrariamente ao que o nome pode sugerir, a despersonalização não trata de um distúrbio de perda da personalidade: este problema inclusive não tem nenhuma relação com qualquer aspecto da personalidade normal ou patológica.
O aspecto central da despersonalização é a sensação de estar desligado do mundo como se, na verdade, estivesse sonhando. O indivíduo que experimenta a despersonalização tem a impressão de estar num mundo fictício, irreal mas a convicção da realidade não se altera. A desrealização é uma sensação e não uma alteração do pensamento como acontece nas psicoses onde o indivíduo não diferencia realidade da "fantasia". Na despersonalização o indivíduo tem preservado o senso de realidade apesar de ter uma sensação de que o que está vendo não é real. É comum a sensação de ser o observador de si próprio e até sentir o "movimento" de saída de dentro do próprio corpo de onde se observa a si mesmo de um lugar de fora do próprio corpo.
A ocorrência eventual das sensações de despersonalização ou desrealização é comum. Algumas estatísticas falam que aproximadamente 70% da população em geral já experimentou alguma vez esses sintomas, não podendo se constituir num transtorno enquanto ocorrência esporádica. Porém se acontece continuamente ou com freqüência proporcionando significativo sofrimento, passa a ser considerado um transtorno. A severidade pode chegar a um nível de intensidade tal que o paciente deseja morrer a continuar vivendo.
O diagnóstico desse transtorno dissociativo só pode ser feito se outros transtornos foram descartados como as síndromes psicóticas, estados de depressão ou ansiedade, especialmente o pânico. Nessas situações as despersonalizações e desrealizações são comuns constituindo-se num sintoma e não num transtorno à parte.
Não há tratamento eficaz conhecido para esses sintomas isoladamente.
Fonte: psicosite , Transtornos Dissociativos

Considero-me uma pessoa bastante lógica, e quando li o artigo do Mephisto, fez-se luz, apesar de só me identificar com um sintoma (o critério A, sentimos que estamos a olhar pelos olhos de outra pessoa), mais nenhum critério coincide com o que sentimos, nem os factores agravantes, por norma isto acontece ou quando estamos sozinhos, ou com uma pessoa, nunca aconteceu em situações estressantes, nem no meio de multidões etc.
Mas como para mim as coisas têm de fazer um certo sentido, acho que de facto pode ter ocorrido uma perda de entidade com a perda do nosso pai (ele saiu de casa e não voltou), daí ter afectado os 3 irmãos.
E também explica o ter vindo a diminuir tanto de intensidade como de periodicidade, acredito que com o passar dos anos, nós próprios vamos voltando ao nosso eu.