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  • Espiritismo - Estudo Profundo I
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josecurado
ESPIRITISMO



I



O Espiritismo é uma doutrina espalhada pelo mundo inteiro. Conta milhões de adeptos e simpatizantes.

Esta doutrina mergulha nas origens misteriosas da humanidade.

Mais religião do que filosofia, mais crença do que ciência, o Espiritismo é uma aventura fantástica que vai beber nas irrupções infinitas da imaginação.

A abordagem espírita dá testemunho das maiores angústias da espécie humana:

- Os lancinantes desgostos provocados pelo desaparecimento das pessoas amadas;

- Os terrores que a morte inspira.

Dá também o testemunho da... esperança.



O Espiritismo em Traços Gerais



O Espiritismo é uma doutrina de origens primitivas. Assenta na crença arcaica do dualismo do corpo e da alma. Para além desta, admite ainda a existência de um terceiro princípio a que os antigos egípcios chamavam "ká", os teósofos chamam "corpo astral" e os espíritas modernos "perispírito".

Segundo esta concepção, o corpo é um composto material enquanto a alma possui uma essência imaterial superior, divina. Quanto ao perispírito, é constituído por um "fluido" transformável; trata-se de uma espécie de invólucro com propriedades electromagnéticas que, durante a vida corporal, mantém a alma no corpo. Este invólucro não se aniquila com a morte; antes obriga a alma a permanecer no nosso planeta e a errar nele ainda durante algum tempo. As formas, visuais ou não, designadas fantasmas e espectros são, na realidade, "espíritos", isto é, almas ainda prisioneiras do seu perispírito e que aguardam uma nova reencarnação ou o retorno definitivo a Deus. Estes espíritos têm a faculdade de se manifestar e até de se "materializar" em certas condições.

Para além das suas crenças e rituais, os espíritas defendem posições a nível moral e social. Eles apresentam-se como defensores de um "espiritualismo" e de um "socialismo" hostis, muitas vezes ferozmente, às teorias materialistas.

Os espíritas procuram penetrar num mundo imaterial pelas vias do sobrenatural, mundo esse em que o racionalismo científico não aceita embrenhar-se. No entanto, a psicologia, a fisiologia e a biologia modernas, ao rejeitarem os postulados espíritas, não negam a existência de forças ainda misteriosas que parecem escapar às leis que normalmente regem os fenómenos físicos.



O que é um Espírito?



O espiritismo, seja moderno ou antigo, não reúne consensos satisfatórios, nem mesmo entre as diferentes escolas por onde se espalham milhões de indivíduos. A doutrina é combatida por forças tão diferentes como a Igreja Católica e os movimentos de inspiração materialista e discutida, senão repelida, sobretudo na sua teoria "kardecista", pela maior parte dos metapsiquistas e dos psicanalistas ocidentais.

O espiritismo moderno, fundado por Allan Kardec, para fortalecer e comprovar as suas teses doutrinárias, recorre muito aos textos bíblicos, principalmente ao Novo Testamento.

Em que é que a Bíblia nos poderá ajudar sobre esta temática? Não está toda ela estruturada no Espírito e nos espíritos? Ali se afirma que "Deus é Espírito".

Como devemos entender a palavra "espírito"?

Os Evangelhos apresentam um relato em que nos é possível atingir, quase na totalidade, a solução do problema colocado pelos "espíritos", desde que saibamos enquadrar o nosso raciocínio na correcta perspectiva de análise. Os textos em estudo são extraídos do Evangelho Unificado, dado que só através deste livro é que possuímos a necessária visão de conjunto do que foi a vida terrena de Jesus o Cristo.

Então, leia-se atentamente o extracto seguinte:



«Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus;

E, falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou,

E pôs-se no meio deles, e disse-lhes: "Paz seja convosco".

E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.

E ele lhes disse: "Porque estais perturbados? e porque sobem tais pensamentos aos vossos corações?

Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho".

E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos, e os pés, e o lado.

E não crendo eles ainda, por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: "Tendes aqui alguma coisa de comer"?

Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado e um favo de mel.

O que ele tomou e comeu diante deles.»

(Lucas 24: 36 a 43. João 20: 19, 20).



O acontecimento teve lugar depois da crucificação e sepultura de Jesus, mais exactamente no dia em que ele ressuscitou, um Domingo. O Sol já se tinha posto e a Lua-Cheia subia no céu estrelado a Oriente de Jerusalém, na direcção do nascente, sobre o Monte das Oliveiras. Neste local, os discípulos encontravam-se reunidos numa casa com as portas trancadas. Jesus chegou ali e, depois, se apresentou no meio deles.

Por onde entrou Jesus? Atravessou as portas fechadas ou as paredes da casa? Para um espírito, supostamente imaterial, seria fácil. Por isso, os discípulos ficaram espantados e atemorizados, pensando que viam algum espírito. E é aqui que começa o quebra-cabeças.

Jesus apressa-se a tranquilizá-los, afirmando que não é um espírito mas sim ele mesmo e convida-os a apalparem-no para sentirem a sua pessoa, pois um espírito não tem carne nem ossos. Como nem assim acreditavam, pede-lhes comida e come diante deles, pois os espíritos também não comem.

O quebra-cabeças está sem solução: como é que Jesus entrou naquela casa se não era um espírito, mas ele próprio em pessoa, com carne e ossos, palpável? Será que o texto evangélico é irrealista e, por isso, mentiroso? Estamos tentados a pôr de parte este assunto, dada a sua extravagância. Todavia, não queremos arrumar o assunto desta maneira tão fácil e cómoda. Portanto, seguimos em frente.

Entrou pelo telhado? Se foi por aqui que entrou, já teremos um começo de solução apesar de surgirem outras dificuldades. Habitualmente, as casas situadas no campo palestino possuíam acesso ao telhado, quer por intermédio de uma escada colocada no exterior como no interior. Neste último caso, havia uma abertura para subir ao telhado e dele descer. Porém, a escada de acesso exterior devia ter sido retirada a fim de evitar a eventual escalada dos judeus que perseguiam os discípulos. Estes estavam espantados porque não só o seu Mestre ressuscitado subiu ao telhado pelo lado exterior como até desceu pelo interior, colocando-se no meio deles, de onde a escada devia ter sido igualmente retirada. Jesus, literalmente voou! (levitou?). Assim eles estavam na incerteza e ficaram atemorizados. Se aceitarmos esta cena como um facto e conseguirmos descobrir a explicação plausível de tão estranha fenomenologia, suspeitamos que as teses espíritas ficarão em má situação e com elas todo o espiritismo tal como é vulgarmente entendido.

A nossa perplexidade no entendimento desta narrativa decorre das seguintes premissas:



- Jesus morreu e ressuscitou em carne e ossos, não em espírito ou ser imaterial;

- A sua presença pessoal e material não invalida a conjectura que o pudesse ter feito de forma espiritual.



Sendo assim, é forçoso reconhecer que existe um flagrante equívoco por parte do espiritismo acerca da concepção do "espírito" e da interpretação deste termo nas escrituras sagradas. Aliás, a palavra "espírito" parece ser a que está mais carregada de equívocos, mesmo nos textos bíblicos.

Várias formações religiosas cristãs têm procurado oferecer fórmulas para identificarmos os espíritos. Uma dessas fórmulas é no mínimo curiosa, sendo fornecida pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida por Mormonismo.

Admitamos que Joseph Smith não foi um inventor da religião que fundou. Para os seus seguidores, é uma pura questão de fé e de crença exercidas nos mesmos arquétipos das outras religiões. Será possível uma atitude científica face aos mesmos fenómenos que nos esclareça se a Joseph Smith aconteceu algo que ele transformou em religião mas não sabemos bem o quê? A comunidade científica também não aceita o mormonismo, classificando o seu fundador de hábil mentiroso. Mas esta é, igualmente, uma atitude demasiado simplista e cómoda que não conduz ao esclarecimento de certos enigmas que envolvem o aparecimento de tão desconcertante religião.

Colocamos à vossa consideração um excerto da doutrina de Joseph Smith, contida num livro intitulado "Doutrina e Convénios" e que se baseia nas suas pretensas visões e revelações (pág. 279 na edição portuguesa):



«1. Nos céus existem duas espécies de seres, a saber: Anjos, que são pessoas ressuscitadas, tendo corpos de carne e ossos —

2. Por exemplo, Jesus disse: Apalpai-me e vêde; pois um espírito não tem carne nem ossos, como vêdes que eu tenho.

3. Segundo: Os espíritos de homens justos aperfeiçoados, os quais não são ressuscitados, mas que herdam a mesma glória.

4. Quando um mensageiro aparecer dizendo trazer uma mensagem de Deus, oferece-lhe a tua mão e pede que aperte a tua.

5. Se for um anjo, ele o fará e tu sentirás a sua mão.

6. Se for o espírito de um homem justo aperfeiçoado, ele virá em sua glória; pois esse é o único meio em que pode aparecer -

7. Pede que te dê a mão, e ele não se moverá, porque é contrário à ordem dos céus que um homem justo engane; mas ele ainda te dará a sua mensagem.

8. Se for o diabo, fazendo-se de anjo de luz, quando pedires que te dê a mão, ele a dará, e tu não sentirás coisa alguma; poderás então discerni-lo.

9. Estas são as três grandes chaves pelas quais poderás saber se uma administração provém de Deus.»



Parece ser uma óptima receita para distinguir os anjos dos espíritos e estes e aqueles do diabo! Mas se, num acto de boa vontade, continuarmos a dar crédito a Joseph Smith, quais foram as experiências por que passou e que ele interpretou desta maneira? Por muito estranho que pareça, existe aqui algo de muito semelhante ao que se relata em certos casos de Ufologia. Algumas testemunhas tentaram agarrar seres brilhantes com aspecto humano mas... encontraram o vazio nas suas mãos. Tal experiência causou-lhes imenso terror: esses seres não possuíam matéria!

Decididamente, não acreditamos em milagres mas acreditamos em tecnologias mesmo que estas estejam fora do alcance da nossa compreensão e sejam utilizadas por "alguém" que não se identifica. Ou talvez sim!

A ciência tecnológica humana já consegue projectar imagens em relevo, os hologramas, recorrendo à tecnologia dos raios "laser". É um trabalho de laboratório altamente sofisticado, ainda em fase de investigação e experiência. Prevê-se que no futuro seja possível utilizar a holografia de um modo prático e torná-la acessível à bolsa do comprador, tal como é agora a televisão a cores em ecrã panorâmico e som estereofónico. Então, ver-se-á a projecção de imagens, num espaço restrito, de objectos e seres de uma forma tão realista que parecerá poder-se tocar mas que não terão matéria tangível. Vê-se mas não se agarra! São imagens compostas por energia pura.

A tecnologia hologramica poderá fazer da palavra "espírito" um sinónimo de "energia". Neste caso, energia luminosa criando efeitos ópticos. De repente, certos enigmas das religiões, das lendas e dos mitos, que emergem da conotação com o mundo dos "espíritos", se tornam compreensíveis.

Estaremos a querer explicar um absurdo por meio de outro absurdo?

Quem envia (transmite) os "espíritos" não pode deixar de ser "alguém" de "carne e ossos", possuidor de tecnologias científicas que a nossa ciência humana ainda não domina nem entende. Os cientistas, como é óbvio, não podem aceitar o que não compreendem por não estar em conformidade com os postulados das suas teorias científicas no presente estágio, tal como não estavam, há cem anos atrás, os da televisão actual que praticamente todos temos em casa, onde recebemos a todo o momento, dentro de caixas, os "espíritos" de pessoas vivas que se encontram nos estúdios da TV (transmissão em directo) ou de pessoas já falecidas (transmissões em diferido, registos magnéticos e cinema).

A Ciência não se constrói com postulados de fé e de crenças ao nível da virtualidade da mente, mas sim com o recuo da ignorância rechaçada pelo avanço das investigações científicas. No entanto, parece que temos de salvaguardar a possibilidade de ter existido uma Super Ciência detida pelos nossos primeiros antepassados superiores que chegaram à Terra e que apenas sobrevive nas nossas memórias atávicas. Ciência que a humanidade começa, agora, a redescobrir.

Mas, para os ignorantes (referência não pejorativa) que se vêem confrontados com fenómenos deste tipo, provocados por entidades superiores que ainda existem nos Céus (Espaço) e ainda intervêm na Terra, só resta um caminho a seguir: o da religião vulgar a qual é uma forma um tanto irracional de viver aquilo que não se compreende mas que é, sem dúvida para o crente religioso, proveniente de uma ciência imensamente superior, transcendente e de natureza divina. É o domínio dos "espíritos", dos "deuses", ou de Deus se quisermos reduzir toda esta complexidade espiritual a um conceito abstracto mas passível de um culto prático, qualquer que ele seja.

Se as atitudes religiosas são muitas vezes incompatíveis com os postulados científicos e vice-versa, resta-nos ainda uma terceira via: a filosofia como forma de pensamento racional que permite reunir e compreender tudo o que se nos afigura incompatível entre Religião e Ciência. A filosofia humana, porém, constrói-se à medida que se obtém ciência ou saber e se faz recuar, no nosso pensamento, esse grande mal que nos aflige: a ignorância. O que implica muito esforço cerebral numa procura tenaz da causa primeira e última que se encontra por detrás da fenomenologia espírita.



II



A Primeira Visão de Joseph Smith



Parecer-vos-á incrível, mas o mormonismo talvez tenha trazido a chave que poderá explicar o espiritismo.

Analisemos a primeira visão, tal como está descrita no livro "Nosso Legado" (pág. 3):



«Numa bela manhã em meados de 1820, sozinho num bosque perto de sua casa, Joseph ajoelhou-se e abriu o coração a Deus, pedindo-lhe que o orientasse. Ele descreve o que aconteceu então da seguinte forma:

» "(...) Apenas fizera isto, quando fui subitamente subjugado por uma força que me dominou inteiramente, e seu poder sobre mim era tão assombroso que me travou a língua de modo que eu não pude falar. Intensa escuridão envolveu-me e pareceu-me por algum tempo que estivesse destinado a uma destruição repentina". (JS 2: 15).

»O adversário de toda a rectidão sabia que Joseph tinha um grande trabalho a fazer e tentou destruí-lo. Joseph, porém, empregando todas as suas forças, clamou a Deus e foi imediatamente salvo.

» "(...) justamente nesse momento de grande alarme, vi uma coluna de luz acima da minha cabeça, de um brilho superior ao do sol, que gradualmente descia até cair sobre mim.

Logo após esse aparecimento, senti-me livre do inimigo que me havia sujeitado. Quando a luz repousou sobre mim, vi dois Personagens cujo resplendor e glória desafiam qualquer descrição, em pé, acima de mim, no ar. Um Deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando paro o outro: Este é o Meu Filho Amado. Ouve-o!" (JS 2: 16, 17).

»Tão logo voltou a si, perguntou ao Senhor qual das seitas religiosas estava certa e a qual deveria filiar-se. O Senhor respondeu que "não [se] unisse a nenhuma delas, porque todas estavam erradas" e que "todos os seus credos eram uma abominação à Sua vista". Disse que tinham "religiosidade aparente", mas negavam "o Meu poder". (JS 2: 19). Disse muitas outras coisas a Joseph.

»Ao término da visão, Joseph percebeu estar deitado de costas, olhando ainda para o céu. Aos poucos, foi recobrando as forças e volteou para casa.»



Joseph Smith tinha 14 anos de idade quando recebeu esta visão.

Sabendo o que já sabemos sobre a fenomenologia ufológica actual, afigura-se-nos difícil aceitar que aquele adolescente tenha inventado tal visão. O paralelismo com os fenómenos ocorridos em Fátima em 1917, quase um século depois, são surpreendentes; também aqui, os três pastorinhos, apenas crianças, não os podiam ter inventado.

Voltando à visão do jovem Joseph, consideremos os seguintes pontos importantes:



1. A visão inicia-se quando o Sol, radioso, está próximo do meio-dia. Simultâneamente, ele sente-se paralisado por uma força estranha no seu corpo e uma escuridão a envolvê-lo. No bosque em que se encontrava, as árvores são altas e as copas não deixam ver o que está acima delas, no céu, interposto entre o Sol e o vidente. Tanto a força paralisante como a escuridão são sentidas como uma tentativa do diabo para o destruir. Actualmente, diríamos que eram as consequências directas da presença de um UFO: forças ou energias antigravíticas provenientes de um objecto a tapar o Sol naquele lugar.



2. Neste cenário de paralisação e escuridão, o vidente observa a descida de uma "coluna de luz", por entre os troncos das árvores, que se detém sobre a sua cabeça. Essa coluna (teleportador?) transporta duas personagens que se apresentam como sendo uma o próprio Deus em pessoa, no dizer de Joseph, e a outro o seu Filho Jesus Cristo. Seriam seres de "carne e ossos" ou "espíritos"? Joseph não esclarece, mas é lógico supor, dada a sua extrema luminosidade, que fossem projecções holográficas (espíritos) de seres reais situados noutro lugar.



Esta visão de Joseph Smith propõe questões teológicas aberrantes. Deus aparece antropomorficamente, à maneira das antigas mitologias, o que é inaceitável, quer para judeus, quer para cristãos católicos. O Criador do Universo jamais apareceria assim a um simples mortal, só porque este o solicitou numa prece. Ora, o mormonismo sustenta que o Deus Criador do Universo, juntamente com o seu Filho Jesus Cristo, apareceu ao seu profeta, no que os mórmones acreditam profundamente.

Vale ainda a pena observar as circunstâncias em que ocorreu a visão. O jovem Joseph encontrava-se perante um dilema causado pelas dissensões entre os vários grupos religiosos cristãos cujos líderes pregavam nos Estados Unidos da América.

O fenómeno das dissensões cristãs começou logo no início da organização da chamada Igreja dos Gentios. O grande organizador desta Igreja foi o Apóstolo Paulo, inicialmente perseguidor dos cristãos e que depois teve uma visão: «E indo ele a caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: "Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: "Quem és, Senhor?" E disse o Senhor: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues. (...) (Actos 9: 3 a 5). Depois desta visão, Paulo converteu-se ao cristianismo, tendo-se especializado no Evangelho proclamado por Jesus.

Quando a Igreja de Corinto já estava implantada, Paulo teve conhecimento de que haviam ali graves dissensões dado que se estavam a formar partidos em torno do próprio Paulo, de Apolos, de Pedro e de Cristo. Os partidários respectivos rejeitavam qualquer intermediário e as contendas giravam à volta da interpretação do Evangelho, ao sabor do estilo de cada evangelizador, pelo que Paulo teve de definir a doutrina do Mestre por meio de intensa pregação e das suas Epístolas. Numa dessas epístolas, ele escreve: «Gálatas 1: 6 Maravilhando-me de que, tão depressa, passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo, para outro evangelho; 7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transformar o evangelho de Cristo. 8 Mas ainda que nós mesmos, ou um anjo do céu, vos anuncie outro evangelho, além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.»

Será que algum anjo do céu anunciou outro evangelho a Joseph Smith?

Depois da primeira visão, Joseph recebeu visitas dum anjo chamado Moróni. Foi este anjo do céu que instruiu e anunciou outro evangelho que o mormonismo pretende ser paralelo ou complementar à Bíblia, o que estará em contradição com o que a igreja primitiva do Cristo ensinou a Paulo?

Que entidades tentadoras estarão por detrás da manipulação religiosa? Neste caso, manipulação espírita, porque o mormonismo fundamenta-se no espiritismo clássico, tal como se pode ler num folheto intitulado "O Progresso Eterno - Guia de Estudo 4":

«(...) Ao morrer, o espírito se separa do corpo terreno, mas o espírito continua vivendo e vai ao mundo dos espíritos. Ali esperamos a ressurreição e o julgamento. (...) No mundo dos espíritos, o evangelho será ensinado a todos que morreram sem terem tido a oportunidade de aceitar Jesus Cristo e seu evangelho.»

Allan Kardec e o Espiritismo Moderno



Allan Kardec foi contemporâneo de Joseph Smith. O primeiro nasceu em 1804, viveu na Europa e morreu em 1869; o segundo nasceu em 1805, viveu na América e foi assassinado em 1844. Logo a seguir à morte de Joseph, parece que a América foi varrida por uma onda de espiritismo.

O caso mais marcante aconteceu numa noite de 1847, cerca da uma hora da manhã, em Hydesville, perto de Nova Iorque. O casal Weckman acordou sobressaltado com um urro de terror vindo do quarto contíguo onde dormia a filha. Enquanto a mãe paralisou de angústia, o pai levantou-se com um salto e correu para o quarto da filha. Quando abriu a porta, sentiu no rosto uma grande lufada de ar frio. Tomou a filha nos braços e levou-a para uma cama do casal. A menina gemia um pouco. Aparentemente não tinha nada mas parecia estar sob o efeito de um choque emocional intenso. O seu olhar revelava um grande terror. Pouco a pouco, retomou os sentidos e contou o que se tinha passado.

Ela tinha sido acordada por barulhos que se pareciam com "estalidos de ramos secos". Apavorada, ergueu-se na cama, mas um animal enorme tinha subido para cima dela e deslizou até ao pescoço. Uma coisa mole e gelada rastejou pela sua cara. Quando tentou afastar essa coisa, sentiu que se tratava de uma mão, com dedos que mexiam. Gritou muito alto, louca de terror e, depois, perdeu os sentidos.

A família Weckman ficou tranquila: tinha sido um pesadelo. Mas a filha estava embrutecida. Chamado um médico, este não lhe encontrou nada de sério e, também ele, atribuiu este medo a um mau sonho.

Algumas semanas mais tarde, o incidente quase tinha sido esquecido. A menina tinha acalmado e recuperado a vivacidade habitual. Porém, numa outra noite, foram acordados por barulhos surdos e irregulares; parecia que alguém tentava deitar abaixo uma parede com uma maça. A menina começou a gritar. Depois, não se ouviu mais nada. Todos esperavam, ofegantes. Voltou o silêncio da noite.

A família Weckman acabou por abandonar a casa, pois convenceram-se de que estava assombrada. Mas foi nesta casa que os vivos aprenderam a comunicar com os mortos! Nela foi concebido o espiritismo moderno que acabou por nascer em França onde Allan Kardec se tornou o seu profeta.



A Família Fox



A casa abandonada pela família Weckman teria ficado desabitada se um fervoroso metodista chamado John Fox não se tivesse decidido a ir habitá-la com a mulher e duas filhas, Margaret de 14 anos e Kate de 12. O casal Fox tinha fortes convicções religiosas e eram muito considerados na igreja episcopal onde gozavam de uma certa autoridade. John chegara mesmo a fazer, em determinadas ocasiões, prédicas o que, posteriormente, fez dizer a algumas pessoas que ele era pastor.

Mal os Fox tinham acabado de arrumar a mobília, começaram a dar-se fenómenos estranhos. Quase todas as noites, sempre entre a uma e as duas horas da manhã, os habitantes eram acordados por pancadas nas paredes. Ouvia-se alguém caminhar com um andar pesado. As fechaduras rangiam. As madeiras dos móveis e do soalho estalavam. Tinha-se a impressão de que os objectos rachavam e quebravam. O ar vibrava, como que "sacudido por uma descarga eléctrica". Os Fox teriam jurado que estavam "electrizados".

John Fox avisou os vizinhos e pediu a intervenção das autoridades religiosas. Isto causou perturbação em Hydesville; a população decidiu, de comum acordo, montar guarda durante algum tempo, a fim de apanhar o autor destas graças e de o punir.

Organizou-se, portanto, uma vigilância nocturna. Quatro homens ficaram no jardim, observando toas as paredes da casa. No interior, outros quatro ficaram de alerta na grande sala de jantar, diante da chaminé.

Para acalmar as raparigas, uma lâmpada devia ficar acesa no seu quarto cuja porta ficava aberta. Margaret e Kate, amedrontadas nos primeiros dias, acabaram por se habituar aos fenómenos e familiarizaram-se mesmo com eles.

Certa noite, foram acordadas por pancadas muito perto delas. Eram pancadas secas. Pareciam estalidos de dedos. As moças sentaram-se na cama, esperando ver um fantasma. Começaram a falar e a rir. Na frente delas, continuavam-se a dar estalidos com os dedos.

Kate disse para a irmã:

- Vamos fazer o mesmo barulho para ver se responde.

- És louca! - objectou Margaret - como queres que responda?

Mas Kate estalou os dedos três vezes seguidas, como na escola para chamar a atenção da professora. Para grande surpresa delas, fizeram-se ouvir três estalidos de dedos, como um eco, precisamente na sua frente, a um metro.

Margaret, muito impressionada, meteu a cabeça dentro dos lençóis. A irmã prosseguiu o jogo. Era-lhe respondido ao mesmo ritmo. Ela foi acordar os pais. Diante da mãe, Kate fez estalar os dedos. O eco respondeu. A senhora Fox ficou perturbada, e depois, sem acreditar nisso, ordenou:

- Conta até dez!

Ouviu-se então uma mão invisível bater com os dedos dez vezes seguidas.

- Agora, diz-me a idade de Kate! - insistiu a senhora Fox.

Os dedos fizeram entender doze vezes o mesmo barulho.

A senhora Fox sentiu uma viva angústia. apertou Kate, que começava a ter medo, nos braços. Quanto a Margaret, tinha ficado escondida nos lençóis.

A senhora Fox perguntou:

- É um fantasma? Nesse caso, peço-lhe, não nos deixe inquietas. Se é um espírito, faça ouvir duas pancadas.

Os dedos invisíveis estalaram duas vezes.

O coração da senhora Fox batia com grande rapidez. E nessa noite, esgotada, ela não teve mais força para prosseguir o diálogo.

Era preciso tomar providências. Mas quais? Se falassem deste caso, tudo haveria a recear. Decidiram guardar segredo...

Na noite seguinte, a família juntou-se no quarto das filhas. Acenderam várias lâmpadas e aguardaram.

Cerca da uma hora da manhã, ouviram-se estalidos de madeira; sentiu-se como que um sopro gelado. A luz das lâmpadas vacilou, pareceu extinguir-se e, depois, tornou-se anormalmente brilhante. Nessa altura, o fantasma manifestou a sua presença. Durante cerca de uma hora foi travada com ele uma conversa confusa. Punham-se perguntas. Ele deveria dar uma pancada em caso afirmativo e duas em caso negativo.

A senhora Fox perguntou:

- Se mandarmos vir os vizinhos poderá continuar a responder às perguntas?

Fez-se ouvir uma pancada.

Decidiu-se, pois, alertar as autoridades. Evidentemente, Hydesville em peso ficou perturbada. A maioria das pessoas perguntava-se se os Fox não estariam loucos. Algumas pessoas acusaram a senhora Fox de bruxaria e pretenderam que as filhas estavam possessas do memónio. Todavia, um pastor, um juiz e um médico decidiram passar a noite seguinte na casa assombrada, com as quatro pessoas que constituíam o turno de guarda. Além disso, uma parte da aldeia ficou de guarda à casa até de manhã.

Uma mulher viu um cavalo branco voar no céu. O marido pegou-lhe no braço e teve de a afastar. Foi o único incidente.

No interior da casa, as coisas passaram-se de uma maneira inteiramente diferente. Os três notáveis instalaram-se no primeiro andar, com os Fox, no quarto das moças, bem iluminado. O juiz estava munido de uma espingarda.

Cerca de uma hora da manhã, ouviram-se três pancadas de maça nas paredes, depois estalidos de madeira. O juiz julgou distinguir o galope de um cavalo. Tudo voltou a cair no silêncio. De repente a lâmpada apagou-se. Sentiu-se um vento frio, como se a janela se tivesse aberto. O médico levantou-se para a fechar, mas estava bem fechada.

O pastor gritou:

- Se és um espírito responde com uma pancada!

Na parede foi dada uma grande pancada. Nessa altura, entabulou-se um diálogo sobre o qual diferem os testemunhos.

Este caso teve uma enorme repercussão.

No decorrer das noites seguintes, pessoas diferentes vieram com a intenção de discutir com o fantasma. A casa assombrada transformou-se numa espécie de teatro; vieram pessoas de Nova Iorque e de toda a região.

Para acabar com aquilo que considerava um escândalo, a igreja metodista expulsou os Fox e proibiu que os fieis se dessem com indivíduos "relacionados com o diabo".

No entanto, um quaker chamado Isaac Port teve a ideia de compor um alfabeto correspondente a um número preciso de pancadas e de o propor ao fantasma. Este aceitou a conversa e conseguiu, através deste processo, dar a conhecer a sua identidade e contar a sua história. Declarou ser o espírito de um tal Charles Ryan, bufarinheiro de profissão, que tinha sido assassinado em 1832, com 31 anos. O Seu cadáver tinha sido transportado para esta casa e enterrado na cave. Recusou-se a indicar o nome do seu assassino porque "pertencia doravante a um mundo donde estava excluída toda a vingança". O tal Charles Ryan tinha efectivamente desaparecido em 1832. Remexeu-se o chão da cave e descobriram-se ossadas humanas cuja presença não se conseguia explicar.

A população de Hydesville ficou muito dividida. Muitas pessoas acreditaram na sinceridade dos Fox, mas as outras, a maioria, manifestaram, por vezes grosseiramente, a sua hostilidade. Os mais exaltados, aterrados com "a presença do demónio", falavam em incendiar a casa depois de matarem os seus habitantes. Os menos expeditos punham apenas a hipótese de deitar fogo à casa, deixando os Fox entregues à graça de Deus.

Avisados destas más intenções, os Fox tiveram como única preocupação fugir o mais rapidamente possível de Hydesville e do seu fantasma. Em Abril de 1848, refugiaram-se em Rochester, em casa da filha mais velha, a senhora Fish, que era professora de música.

Eles julgavam que o seu infortúnio tinha terminado. Mas... meu Deus! a casa da senhora Fish tornou-se, por sua vez, teatro de acontecimentos fantásticos. Era muito pior do que em Hydesville. À noite, luzes estranhas iluminavam intermitentemente as janelas. Dentro, os móveis rangiam, mexiam sozinhos. Viu-se mesmo caçarolas deslocarem-se no espaço, como que transportadas por seres invisíveis.

Uma vez conhecidos da população estes factos, as pessoas começaram a desfilar em casa da senhora Fish. Em Junho, distinguiu-se uma forma branca que rastejou, se elevou e desapareceu. Uma mão humana, isolada, passeou-se pelo ar, como uma ave, e roçou, ao passar, pelas faces dos assistentes gelados de terror. Estes fenómenos e muitos outros do mesmo género foram contados e comentados em toda a América e, depois, na Europa.

Uma testemunha, Capron, no seu livro Modern Spiritualism, its Facts and Fanaticism (Boston, 1855), escreveu: «A desordem tornou-se tão grande que a senhora Fish não conseguiu continuar a dar lições de música e tornou-se impossível ocupar-se, em casa, das lides domésticas.»

Foi então que o incrível se deu. Ainda segundo Capron, e também segundo uma das irmãs Fox, Lea Underhill, no seu livro The Missing Link in Modern Spiritualism (Nova Iorque, 1885), os espíritos, intimados a não importunarem mais os vivos, fizeram saber que toda a sua barafunda tinha um único objectivo: era chegada a hora de "dar a conhecer a verdade ao mundo inteiro".

Os espíritos em vão afirmaram "que eram parentes e amigos"; os Fox combinaram não dar seguimento às suas reivindicações. A senhora Lea Underhill explicou-se, a esse propósito, nestes termos:

«Gostaria de pôr em evidência que os sentimentos de toda a nossa família, de todos nós, eram hostis a essas coisas bizarras e incongruentes; nós encarávamo-las como uma desgraça, como uma espécie de praga que caía sobre nós, não se sabe de onde nem porquê! De acordo com as opiniões que nos chegaram de fora, as nossas próprias tendências e as ideias que nos tinham sido inculcadas na infância levavam-nos a atribuir esses acontecimentos ao "espírito maligno"; eles tornavam-nos perplexos e atormentavam-nos; além disso, eles lançavam sobre nós um certo descrédito na região. Nós tínhamos resistido a esta obsessão e lutado contra ela fazendo orações fervorosas pela nossa salvação e, no entanto, estávamos como que fascinados por essas maravilhosas manifestações que, contra nossa vontade, nos faziam sofrer forças e agentes invisíveis aos quais nos sentíamos impotentes para resistir, que não podíamos dominar nem compreender. Se a nossa vontade, os nossos desejos mais sinceros e as nossas orações tivessem conseguido triunfar, todas essas coisas teriam acabado nessa altura e ninguém, para além da nossa vizinhança mais próxima, jamais teria ouvido falar dos "espíritos batedores" de Rochester nem da infeliz família Fox. Mas não estava em nosso poder acabar ou dominar os acontecimentos.»

Em Novembro de 1848, os "espíritos" informaram a família de que já não podiam lutar contra a resistência que lhes era oposta e que, na sequência da insubmissão dos médiuns ao pedido dos espíritos, estes seriam obrigados a abandoná-los. Os médiuns responderam que não tinham qualquer objecção a opor a isso, "que nada lhes podia ser mais agradável e que eles apenas exigiam a partida dos espíritos".

Aksakof, conselheiro de Estado do Czar da Rússia, no seu livro Animism et Spiritism, publicado nas edições Leymarie (Paris, 1906), traduzido por Berthold Sandow, escrevueu:

«As manifestações acabaram efectivamente; durante doze dias, não se ouviu bater uma única pancada. Mas, entretanto, deu-se uma mudança brusca nas ideias dos membros da família; eles sentiram um profundo desgosto por terem sacrificado às considerações mundanas um dever que lhes tinha sido imposto em nome da verdade e quando, a pedido de um amigo, as pancadas se fizeram ouvir novamente, foram saudadas com alegria. "Parecia que recebíamos velhos amigos, escreveu Lea Underhill, amigos a que antes não tínhamos sabido dar o devido valor". No entanto, como anteriormente, as pancadas não cessavam de repetir imperiosamente: "Tendes um dever a cumprir; queremos que torneis públicas as coisas de que sois testemunhas". Os interlocutores invisíveis traçaram eles mesmos o plano de operações que nós devíamos adoptar, com os mais minuciosos pormenores; era preciso alugar o grande salão público Corinthia Hall: os médiuns deviam subir ao estrado na companhia de alguns amigos; as pessoas designadas para ler a conferência eram G. Willes e C. W. Capron, devendo este último fazer os historial das manifestações; um comité composto por cinco pessoas designadas pela assistência devia fazer investigações nesta matéria e redigir um relatório que seria lido na reunião seguinte. Os espíritos prometiam manifestar-se de modo a serem ouvidos em todo o salão. Esta proposta foi categoricamente rejeitada.

Não tínhamos, de modo nenhum, vontade — afirma Capron — de nos expormos ao riso público e não procurávamos criar para nós uma celebridade deste género (...). Mas garantiram-nos que era a melhor maneira de silenciar as calúnias e de dar direito à verdade, e que prepararíamos assim o terreno para o desenvolvimento das comunicações espirituais num futuro próximo.»

O receio de enfrentar a opinião pública continuava a impedir os Fox de executarem as instruções dos espíritos. Estes propuseram-se então fazer "reuniões espiritualistas" em salões de casas privadas. Eles manifestar-se-iam e fariam ouvir as suas mensagens destinadas a acalmar os vivos sobre os mistérios do Além e a mostrar-lhes as vias terrenas da paz e da felicidade. Nunca os espíritos ameaçaram os Fox; eles revelaram-se, pelo contrário, dóceis e amáveis, mostraram-se mesmo por vezes suplicantes. Eles pediam desculpa pela desordem e pelos medos que provocavam nos vivos através de manifestações físicas que não podiam impedir. Não havia que ter medo deles; não eram de modo algum maléficos. Garantiam que se comportavam como anjos da guarda, afastando dos seres que lhes eram queridos as ciladas que os vivos não têm nem a faculdade de discernir nem o poder de evitar.

De guerra aborrecida, decidiu-se aceder aos desejos dos espíritos e decidiu-se fazer reuniões secretas em casas de pessoas amigas e discretas. Essas reuniões tiveram lugar como estava previsto e constituíram os primeiros ajuntamentos espíritas da História.

Essas manifestações multiplicaram-se com bastante rapidez e contou-se bem depressa com uma centena de adeptos convencidos da autenticidade dos fenómenos e da sua origem espírita.

O entusiasmo foi tal que o pequeno grupo de iniciados decidiu obedecer aos espíritos organizando uma grande reunião pública. Esta foi levada a cabo em 14 de Novembro de 1849, perante centenas de pessoas, no Corinthian Hall de Manchester. Temos de recordar esta data: ela marca o ponto de partida oficial do movimento espiritualista e espírita. Foi considerável o sucesso deste movimento. Basta apenas imaginar que havia, um ano mais tarde, nos diversos "círculos", só na cidade de Nova Iorque, cerca de dez mil espíritas. O movimento espiritualista e espírita é, portanto, de origem americana.

Expusemos de um modo exaustivo, reconhecidamente enfadonho, as peripécias do nascimento do espiritismo na América para que os irmãos esquadrinhadores tenham a oportunidade de reter certos pormenores decisivos e fazer a desmontagem da intriga que deu origem ao movimento. Esses pormenores, enquadrados noutros estudos no âmbito da Especulatividade, imprimirão forte avanço na obtenção do conhecimento sobre o real motor da paranormalidade espírita.

(Continua em "Espiritismo - Estudo Profundo II")

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